ESTER 6
Naquela mesma noite do dia em que Hamã mandou construir a forca para que nela executasse Mardoqueu, ele não se contendo de ódio, não pôde adiar o pedido da sua morte para o dia do banquete e se dirigiu ao palácio real.
Mas como o livramento é do Senhor, por mais rápido que queira agir o Inimigo, Deus não permitiu que o rei tivesse sono naquela noite, e então ele pediu que lhe trouxessem o livro de crônicas do reino para lerem-no perante ele, e como ele próprio havia mandado que se registrasse no livro das crônicas real a lealdade de Mardoqueu para com ele, quando havia denunciado uma conspiração de dois homens que pretendiam matá-lo, ele indagou qual foi a distinção honrosa que havia sido feita ao judeu Mardoqueu.
Quando lhe disseram, nenhuma, o seu coração foi disposto para corrigir aquela falta, de maneira, que ainda que tardiamente, fosse dada a devida demonstração de gratidão e honra a quem havia livrado a sua vida da morte.
Nesse comenos Hamã chegou ao palácio e sendo admitido à presença do rei não teve nenhum tempo para expor o seu pedido, porque o rei lhe perguntou o que achava que se devia fazer ao homem a quem o rei queria honrar.
Diante de tudo o que vinha acontecendo ele pensou em seu coração que tal pessoa poderia ser somente ele próprio, e então abusou na sugestão, pensando que seria aplicado a ele o que havia sugerido ao rei quanto ao que ele deveria fazer à pessoa que quisesse honrar.
Para sua grande surpresa e horror o rei disse então que ele mesmo se apressasse a fazer tudo aquilo que havia sugerido, com o judeu Mardoqueu, e não lhe restou nenhuma alternativa senão obedecer a vontade do rei, porque a desobediência implicaria na sua própria morte.
Foi então com grande constrangimento, vergonha e raiva disfarçada que ele percorria as ruas da cidade puxando o cavalo do rei no qual Mardoqueu se encontrava assentado com as vestes reais, proclamando em voz alta a todos por onde passava que era aquilo que se deveria fazer à pessoa à qual o rei pretendesse honrar. E o pior de tudo é que tudo foi feito em conformidade com o conselho do próprio Hamã.
Depois do feito, tendo chegado arrasado em sua casa, sua mulher Zeres, filhos e amigos, lhe disseram que se Mardoqueu era judeu, e havia acontecido tal coisa, então aquilo era um presságio de que Hamã cairia em desgraça total diante dele, porque era apenas o começo da sua tragédia.
O mal que alguém desejar aos seus inimigos acabará se voltando contra si próprio, e ainda que isto não ocorra neste mundo, ocorrerá no futuro quando o Justo Juiz julgar todas as ações de todos os homens.
A luta de Hamã não era contra os judeus, mas contra Deus que é o rei deste povo.
Quem se levanta contra os cristãos e contra uma obra que eles estejam fazendo para o Senhor, não é contra o homem e contra a obra que eles se levantam, mas contra o próprio Deus.
E é uma coisa lamentável quando isto é feito pelos próprios cristãos, por viverem deliberadamente de modo carnal. Certamente o Senhor não os deixará sem a devida correção, ainda que sejam Seus filhos, tal como havia corrigido e castigado os israelitas de várias formas nos dias do Velho Testamento, quando andavam contrariamente à Sua vontade, e conforme vemos no relato das Escrituras.
De Deus não se zomba, e Ele dará o pago a cada um segundo as suas obras.
Por isso podemos estar convictos de que se o Inimigo se levanta para desonrar o nosso ministério, Deus mesmo se levantará também em nosso favor e não somente nos honrará como sujeitará à vergonha e desonra os nossos inimigos.
Se alguém se levanta contra Cristo e a verdade do Seu evangelho, seja cristão ou não cristão, terá que arcar com as consequências do seu procedimento insano junto do próprio Deus.
“1 Naquela mesma noite fugiu o sono do rei; então mandou trazer o livro de registro das crônicas, as quais se leram diante do rei.
2 E achou-se escrito que Mardoqueu tinha denunciado Bigtã e Teres, dois dos camareiros do rei, da guarda da porta, que tinham procurado lançar mão do rei Assuero.
3 Então disse o rei: Que honra e distinção se deu por isso a Mardoqueu? E os servos do rei, que ministravam junto a ele, disseram: Coisa nenhuma se lhe fez.
4 Então disse o rei: Quem está no pátio? E Hamã tinha entrado no pátio exterior da casa do rei, para dizer ao rei que enforcassem a Mardoqueu na forca que lhe tinha preparado.
5 E os servos do rei lhe disseram: Eis que Hamã está no pátio. E disse o rei que entrasse.
6 E, entrando Hamã, o rei lhe disse: Que se fará ao homem de cuja honra o rei se agrada? Então Hamã disse no seu coração: De quem se agradaria o rei para lhe fazer honra mais do que a mim?
7 Assim disse Hamã ao rei: Para o homem, de cuja honra o rei se agrada,
8 Tragam a veste real que o rei costuma vestir, como também o cavalo em que o rei costuma andar montado, e ponha-se-lhe a coroa real na sua cabeça.
9 E entregue-se a veste e o cavalo à mão de um dos príncipes mais nobres do rei, e vistam delas aquele homem a quem o rei deseja honrar; e levem-no a cavalo pelas ruas da cidade, e apregoe-se diante dele: Assim se fará ao homem a quem o rei deseja honrar!
10 Então disse o rei a Hamã: Apressa-te, toma a veste e o cavalo, como disseste, e faze assim para com o judeu Mardoqueu, que está assentado à porta do rei; e coisa nenhuma omitas de tudo quanto disseste.
11 E Hamã tomou a veste e o cavalo, e vestiu a Mardoqueu, e o levou a cavalo pelas ruas da cidade, e apregoou diante dele: Assim se fará ao homem a quem o rei deseja honrar!
12 Depois disto Mardoqueu voltou para a porta do rei; porém Hamã se retirou correndo à sua casa, triste, e de cabeça coberta.
13 E contou Hamã a Zeres, sua mulher, e a todos os seus amigos, tudo quanto lhe tinha sucedido. Então os seus sábios e Zeres, sua mulher, lhe disseram: Se Mardoqueu, diante de quem já começaste a cair, é da descendência dos judeus, não prevalecerás contra ele, antes certamente cairás diante dele.
14 E estando eles ainda falando com ele, chegaram os camareiros do rei, e se apressaram a levar Hamã ao banquete que Ester preparara.”