Encorajamento para o Ministério - 2 Timóteo 1a
A bênção de Paulo dada a Timóteo no início da epístola para que lhe fosse concedida da parte de Deus Pai e de Jesus Cristo “graça, misericórdia e paz” é na verdade quase tudo que um ministro necessita antes que se envolva na obra do evangelho.
Os que falarão da graça e que a comunicarão a outros devem estar fortalecidos eles próprios pela graça.
Aqueles que pregarão a misericórdia devem estar sendo alvos da misericórdia de Deus.
Os que impetrarão a paz devem estar vivendo na paz do Espírito.
Enfim, quem ministra a vida eterna deve estar cheio da vida espiritual que procede de Deus.
Logo, não era uma simples saudação formal que Paulo estava dirigindo a Timóteo, mas coisas absolutamente essenciais que devem ser encontradas naqueles que estão engajados na obra do ministério.
Por este motivo, o apóstolo disse que orava por Timóteo dia e noite, porque sem que se peça tais bênçãos espirituais a Deus, não poderemos contar com elas em nossas vidas.
Paulo atribuiu toda a glória a Deus por estas orações que fazia por Timóteo, e rendeu-Lhe graças porque reconhecia que, pela intercessão do Espírito e pelo Seu poder, era capacitado a orar de tal maneira por Timóteo e ver a mão do Senhor operando em sua vida.
Quando o apóstolo disse que orava dia e noite, nós podemos deduzir disto que ele era um homem de oração. Que orava de fato sem cessar.
Nisto, deixou um exemplo para nós do que devemos também fazer para que sejamos bem sucedidos na obra do evangelho.
Deus colocava no coração de Paulo as pessoas pelas quais deveria interceder e os motivos para estas intercessões porque o apóstolo servia ao Senhor com uma consciência pura, isto é, ele vivia de modo verdadeiramente santo, com um coração puro diante de Deus.
Quando o vaso está limpo, o Senhor derrama nele o Seu poder.
Por isso se diz que a condição básica para uma vida de verdadeiro poder é manter o coração purificado.
A grande prova de se ter o poder de Deus na vida não é profetizar, ter dons de curar, milagres, ou qualquer outro dom extraordinário do Espírito, mas sobretudo ter orações respondidas por Deus, porque é por meio destas que se prova qual é a real intimidade que temos com Ele.
Até o próprio Judas, que era filho da perdição, estava entre os apóstolos, sendo um deles, expulsando demônios, operando curas e tudo o mais que se pode fazer através dos dons extraordinários do Espírito, mas ter a graça do Espírito no coração, pela qual se comprova a nossa real união com Deus é outra coisa muito diferente.
Os dons extraordinários não estão ligados à vida, e isto explica porque Balaão e Saul profetizaram, e até mesmo porque a mula de Balaão falou.
Contudo, para ter orações respondidas continuamente por Deus, é preciso ter verdadeira intimidade com Ele pela habitação da Sua graça no nosso coração.
Esta graça não é operante e não se manifesta a não ser por uma boa consciência e pela purificação do coração.
A falta de uma boa consciência para com a vontade de Deus é a causa da falta de vigor, de vida espiritual em muitos cristãos.
Eles têm a habitação do Espírito, mas apagaram o poder do Espírito por tê-lo entristecido com a sua vida carnal.
Assim, é basicamente a lembrança destas verdades que Paulo estava trazendo a Timóteo nesta epístola, de maneira que jamais se desviasse delas.
A fé de Timóteo era verdadeira. Era uma fé que havia sido provada e aprovada nas tribulações e no exercício do ministério.
Todavia, àquela hora extremamente difícil, que não somente Paulo, mas todos os cristãos estavam experimentando, debaixo das perseguições do imperador romano Nero, estava ocorrendo muito recuo na fé e na ousadia em se pregar o evangelho.
Por isso Paulo exortou a Timóteo a despertar o dom de evangelista que havia recebido de Deus pela imposição das suas mãos, dando continuidade à obra mesmo em meio àquela circunstância difícil.
Se não nos dispusermos a ousar na fé trabalhando para o Senhor, o dom que recebemos dEle ficará apagado, e em vez de, ousadia, amor e moderação, seremos vencidos pelo espírito de temor.
Por isso Paulo exortou Timóteo a prosseguir na realização da obra do ministério e nunca se envergonhar de dar testemunho do Senhor, e que também não se envergonhasse dele, Paulo, por encontrar-se aprisionado por causa do evangelho; ao contrário deveria participar juntamente com ele das aflições do evangelho segundo o poder de Deus.
Importa, segundo a vontade do Senhor, que sejamos achados sempre em fidelidade diante dEle e da Sua vontade, principalmente nas aflições que sofremos e suportamos por amor ao evangelho, porque esta fidelidade traz grande glória ao Seu nome, e nos ensina a buscarmos e fazermos o que seja da Sua vontade, e não propriamente o que seja do nosso interesse e conforto.
De um modo ou de outro, Satanás sempre perseguirá a obra do evangelho e procurará tudo fazer para deter o seu avanço.
Devemos estar preparados para enfrentar resistências, dificuldades e tribulações enquanto trabalhamos para o Senhor.
Não devemos ficar intimidados por estas coisas que nos fazem sofrer e que nos entristecem, especialmente aquelas relativas aos muitos cristãos que recuam na fé em face das dificuldades, mas como bons ministros devemos permanecer fiéis ao Senhor, tudo suportando por amor a Ele, e prosseguir adiante sem espírito de temor, mas com ousadia, amor e moderação.
Se sofremos por causa da justiça, por causa do evangelho e por amor a Cristo, somos bem-aventurados e devemos ter isto por motivo de toda alegria e não de tristeza.
A alegria que procede do Senhor por causa do Seu agrado em relação à nossa obediência e fidelidade à verdade, será a nossa fortaleza em graça e nos conduzirá adiante.
No meio dos vales de tristezas teremos alegria e paz em nosso espírito pela certeza de que Ele tem caminhado conosco e feito a Sua vontade em nossas vidas e através de nós.