Legado Puritano
Quando a Piedade Tinha o Poder
Textos
Daniel 1
 
O nome de Jacó foi mudado para Israel, porque este significa príncipe de Deus, indicando que aqueles que levam este nome, como participantes daquele a partir do qual Deus formou a nação eleita para reger povos e nações, também são príncipes de Deus tal como Jacó, porque reinarão juntamente com Cristo, conforme o propósito eterno de Deus.
É muito significativo que se saiba isto, para que possamos não somente compreender tal propósito eterno de Deus, como também, entender o caráter de grande parte das profecias da Bíblia.
Deus prometeu fazer de Israel uma nação santa e reino sacerdotal para todas as nações (Ex 19.6).
Dentre tantas nações, Ele elegeu e formou somente uma para que regesse através dela.
Será em Israel, e mais especificamente em Judá que estará o cetro de governo de todas as nações sob o império do Messias, que é o Rei dos reis e Senhor do senhores da terra (Gên 49.10).
Muitas nações estarão debaixo do Seu governo, mas governarão juntamente com Ele, aqueles que pertencem ao verdadeiro Israel, que é formado tanto por gentios, quanto por judeus convertidos a Cristo (Apo 5.10; 20.4,6; 22.5).
Assim, como as nações dominadas da antiguidade ficavam debaixo do domínio do rei da nação que as havia subjugado, dar-se-á o mesmo em relação ao reino do Messias, só que o Seu governo é um governo perfeitamente justo.
Por isso, Jesus, em Seu ministério terreno ministrou somente a Israel (Rom 15.8), porque foi dado pelo Pai como Rei para Israel, e como luz para as demais nações (Is 49.6).
Por isso importa, que a sede do Seu governo, no milênio, esteja sobre o monte Sião, em Jerusalém, para que se cumpra o propósito de Deus de ter uma nação através da qual governe toda a terra.
Este é um grande mistério, mas é um grande fato, que num universo tão imenso, o Senhor tenha fundado a terra, e que tenha elegido somente a Israel para ser a nação onde estarão todos os príncipes regentes que reinarão toda a terra juntamente com Cristo.
Nós podemos ver isto nas seguintes profecias, dentre outras: Is 42.6; 49.6; 54.3; 60.3, 5, 11, 12, 16; 61.6,9; 62.2; 66.18; Jer 3.17; 4.2; Dn 7.14; Am 9.12; Mq 4.2,3; Zc 8.22; 12.3; 14.16; Ml 1.14; 3.12; e também nos seguintes textos do Novo Testamento que confirmam tais profecias: Mt 2.2; 27.42;  Mc 15.2; Lc 23.3; Jo 19.21; Apo 15.4; 21.24,26. 
É com tal verdade em perspectiva que podemos entender, especialmente a profecia do livro de Daniel.
Porque a profecia de Daniel é a resposta de Deus para a pergunta relativa à questão do reino de Israel, particularmente, quanto ao tempo em que seria firmado sobre todas as nações sob o reinado do Messias. 
Esta continua sendo uma pergunta para muitos judeus, porque eles têm uma promessa específica de Deus relativamente a isto.
Daí entendermos a pergunta que os próprios apóstolos fizeram a Jesus por ocasião da sua ascensão ao céu: “Aqueles, pois, que se haviam reunido perguntavam-lhe, dizendo: Senhor, é nesse tempo que restauras o reino a Israel?” (At 1.6).
E antes deles, o próprio Daniel havia feito tal pergunta em seu coração, quando concluiu que o tempo de cativeiro dos judeus em Babilônia, de 70 anos, conforme profetizado por Jeremias, já havia sido cumprido, e então ele pensou que a promessa da vinda do reino de Deus sobre toda a terra sob o reinado do Messias prometido, teria imediato cumprimento, mas ele foi devidamente instruído quanto ao tempo de tal cumprimento, conforme podemos ver no nono capítulo do seu livro.
Foi principalmente para o propósito de revelar o tempo da restauração futura e final de Israel, e não propriamente a do tempo em que eles retornariam do cativeiro de 70 anos em Babilônia para a sua própria terra, que Daniel foi também conduzido para Babilônia e permaneceu junto à corte dos reis babilônicos, e dos persas depois destes, para que lhes fossem dadas instruções específicas sobre a esperança futura de Israel, sendo estabelecida como reino para sempre sobre todas as nações da terra. 
Estas instruções seriam passadas através de sonhos e visões dadas a reis de Babilônia, e que ensejariam interpretações que seriam concedidas por Deus a Daniel, como também em sonhos e visões revelados diretamente ao próprio Daniel. 
Então este primeiro capítulo do seu livro, tem o propósito de descrever como ele foi instalado na corte de Babilônia, e como se manteve fiel ao Senhor ali no meio daquele reino pagão, e como recebera de Deus capacitações e dons espirituais que não haviam sido dadas a seus três amigos, que receberam somente conhecimento e  inteligência em toda cultura e sabedoria, os quais haviam sido dados também a Daniel.
Daniel era um verdadeiro israelita, a saber, destes que haverão de reinar juntamente com Cristo, e por isso lhes foram passadas as revelações que não eram particularmente de seu próprio interesse, mas de todos aqueles que aguardam pelo estabelecimento final do reino do Messias com poder e glória. 
 
 
 
“1 No ano terceiro do reinado de Jeoaquim, rei de Judá, veio Nabucodonosor, rei da Babilônia, a Jerusalém e a sitiou.
2 O Senhor lhe entregou nas mãos a Jeoaquim, rei de Judá, e alguns dos utensílios da Casa de Deus; a estes, levou-os para a terra de Sinar, para a casa do seu deus, e os pôs na casa do tesouro do seu deus.
3 Disse o rei a Aspenaz, chefe dos seus eunucos, que trouxesse alguns dos filhos de Israel, tanto da linhagem real como dos nobres,
4 jovens sem nenhum defeito, de boa aparência, instruídos em toda a sabedoria, doutos em ciência, versados no conhecimento e que fossem competentes para assistirem no palácio do rei e lhes ensinasse a cultura e a língua dos caldeus.
5 Determinou-lhes o rei a ração diária, das finas iguarias da mesa real e do vinho que ele bebia, e que assim fossem mantidos por três anos, ao cabo dos quais assistiriam diante do rei.
6 Entre eles, se achavam, dos filhos de Judá, Daniel, Hananias, Misael e Azarias.
7 O chefe dos eunucos lhes pôs outros nomes, a saber: a Daniel, o de Beltessazar; a Hananias, o de Sadraque; a Misael, o de Mesaque; e a Azarias, o de Abede-Nego.
8 Resolveu Daniel, firmemente, não contaminar-se com as finas iguarias do rei, nem com o vinho que ele bebia; então, pediu ao chefe dos eunucos que lhe permitisse não contaminar-se.
9 Ora, Deus concedeu a Daniel misericórdia e compreensão da parte do chefe dos eunucos.
10 Disse o chefe dos eunucos a Daniel: Tenho medo do meu senhor, o rei, que determinou a vossa comida e a vossa bebida; por que, pois, veria ele o vosso rosto mais abatido do que o dos outros jovens da vossa idade? Assim, poríeis em perigo a minha cabeça para com o rei.
11 Então, disse Daniel ao cozinheiro-chefe, a quem o chefe dos eunucos havia encarregado de cuidar de Daniel, Hananias, Misael e Azarias:
12 Experimenta, peço-te, os teus servos dez dias; e que se nos deem legumes a comer e água a beber.
13 Então, se veja diante de ti a nossa aparência e a dos jovens que comem das finas iguarias do rei; e, segundo vires, age com os teus servos.
14 Ele atendeu e os experimentou dez dias.
15 No fim dos dez dias, a sua aparência era melhor; estavam eles mais robustos do que todos os jovens que comiam das finas iguarias do rei.
16 Com isto, o cozinheiro-chefe tirou deles as finas iguarias e o vinho que deviam beber e lhes dava legumes.
17 Ora, a estes quatro jovens Deus deu o conhecimento e a inteligência em toda cultura e sabedoria; mas a Daniel deu inteligência de todas as visões e sonhos.
18 Vencido o tempo determinado pelo rei para que os trouxessem, o chefe dos eunucos os trouxe à presença de Nabucodonosor.
19 Então, o rei falou com eles; e, entre todos, não foram achados outros como Daniel, Hananias, Misael e Azarias; por isso, passaram a assistir diante do rei.
20 Em toda matéria de sabedoria e de inteligência sobre que o rei lhes fez perguntas, os achou dez vezes mais doutos do que todos os magos e encantadores que havia em todo o seu reino.
21 Daniel continuou até ao primeiro ano do rei Ciro.” (Daniel 1)
 
Silvio Dutra Alves
Enviado por Silvio Dutra Alves em 24/01/2013
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