Fortalecidos pela Graça
À luz de tudo o que havia dito no primeiro capítulo, Paulo exorta Timóteo conclusivamente a fortificar-se na graça de Jesus Cristo para que pudesse continuar cumprindo o seu ministério sem temor, naqueles dias difíceis.
Não somente Timóteo, mas todos os ministros do evangelho, diante de perseguições, tribulações, aflições, necessitam estar fortalecidos na graça de Jesus, porque nada mais poderá mantê-los firme em tais circunstâncias.
É preciso ter um espírito inabalável e em paz em todo o tempo, e somente a graça de Jesus pode nos conceder esta bênção.
Porém, para ser fortalecido pelo Senhor com a Sua graça, Timóteo deveria permanecer fiel na execução de determinados deveres, e se manter constante em certas atitudes que o apóstolo lhe recordou neste capítulo, a saber:
- confiar as sãs palavras da verdade que havia aprendido do apóstolo a outros homens fiéis que fossem idôneos para também as ensinarem a outros.
- suportar as aflições do evangelho juntamente com Paulo, com a atitude de um bom soldado de Jesus Cristo; lembrando-se que nenhum soldado se envolve com negócios desta vida para poder agradar a quem o alistou para a guerra.
Timóteo deveria lembrar que o reino de Deus possui leis próprias, e portanto, o ministro do evangelho somente poderá triunfar se lutar o bom combate da fé segundo estas normas espirituais relativas ao reino, assim como um atleta só pode ser considerado vencedor se competir segundo as normas.
Um evangelista, como era Timóteo, deve trabalhar pacientemente como um lavrador, e tal como este, deve ter fruto do seu trabalho.
Se não houver frutos, dos quais o evangelista deve ser o primeiro a participar, assim como o lavrador em sua lavoura, então algo está errado no trabalho que está sendo efetuado, pois não está recebendo da parte de Deus a bênção da frutificação.
Paulo estava encorajando Timóteo a ser constante e perseverante no seu trabalho, não confiando no seu próprio poder e capacidade, mas por estar fortalecido na graça de Jesus.
Não é possível trabalhar para Deus se não estivermos fortalecidos pela graça.
É preciso força para combater o bom combate da fé, e esta força deve ser do Senhor.
A força do homem nada poderá fazer contra principados e potestades e não manterá o espírito firme nas aflições.
Este fortalecimento na graça deve aumentar em graus, porque assim como aumentam as nossas tentações em número e intensidade, nós temos necessidade de ficarmos cada vez mais fortes em nossas resoluções e em nosso amor a Cristo.
Deste modo, aqueles que confiam na sua própria suficiência não poderão fazer grande progresso no reino de Cristo.
Há graça suficiente em Cristo para todos os cristãos. Muito mais do que água nos oceanos para os peixes.
Paulo estava dizendo a Timóteo naquela hora difícil para a Igreja: Seja forte! Mas lembrou-lhe que não deveria procurar esta força em si mesmo, senão em Cristo.
Ele deveria ter forças para continuar treinando outros para levarem adiante o trabalho de pregação do evangelho.
Ele deveria ordená-los, tendo o cuidado de observar se eram fiéis e idôneos para serem ordenados para pregarem a Palavra de Deus e cuidar da Sua Igreja.
Timóteo deveria estar preparado para suportar dureza tal como um soldado de Jesus Cristo em combate.
Jesus é o capitão da nossa salvação, e caso alguém esteja a Seu serviço, deve esperar ter que suportar lutas e tristezas neste mundo porque terá que lutar para poder se manter fiel à Sua vontade, e terá que se acostumar a isto se pretender continuar íntegro na realização do trabalho que faz em Seu nome.
Assim como um soldado que se encontra em combate numa guerra convencional neste mundo, o cristão engajado no serviço do ministério não pode também se embaraçar com os negócios desta vida.
Isto não significa necessariamente que não deve trabalhar secularmente para se sustentar e à sua família, mas que não deve se emaranhar em suas atividades temporais, de maneira que não venha a se desviar do seu dever para com Deus.
Todo cristão deve ter a permanente preocupação quanto ao que deve ser e fazer para agradar a Cristo.
Deve se inteirar quanto ao que deve ser e fazer na Igreja.
Contudo, deve sempre aferir se as suas atitudes estão agradando efetivamente a Cristo e cooperando para o avanço do Seu reino, em cooperação com a obra do Espírito Santo, ou se está agindo apenas para agradar à carne.
Por isso todos os cristãos são chamados a juntar tesouros no céu e não na terra, porque onde estiver o seu tesouro ali estará também o seu coração.
Se o objetivo de vida de um cristão diz respeito apenas às coisas deste mundo, ele não poderá, de modo algum, agradar ao capitão da sua salvação, que o tem alistado para um combate espiritual contra o pecado, Satanás e o mundo.
Se quisermos vencer batalhas contra esta trindade maligna, nós temos que lutar, mas sempre com as armas espirituais, como se vê em II Cor 10.3-5.
Se pretendermos colher frutos como o lavrador, temos que trabalhar.
Se desejamos ser coroados com a coroa da vida, nós temos que correr a carreira espiritual que nos está proposta segundo as normas estabelecidas por Deus.
Muitos cristãos estão empenhados numa corrida mas não para almejarem o prêmio da soberana vocação em Cristo Jesus. Assim o alvo deles não é o que foi proposto por Deus para que tenham mais de Seu Filho e Sua vontade, de maneira que o prêmio máximo é para aquele que ganhar mais do próprio Cristo.
Esta corrida é portanto para os que são humildes e mansos de coração.
É uma corrida, que caso estejamos correndo segundo as normas divinas, nos trará perseguição, privações, lutas e até mesmo em alguns casos, martírio, como ocorria com os cristãos da Igreja Primitiva.
Então o conselho de Paulo a Timóteo significava que ele deveria buscar nada além do próprio Cristo, e considerar, como ele, Paulo, todas as demais coisas como estrume para poder ganhar mais de Cristo.