Legado Puritano
Quando a Piedade Tinha o Poder
Textos
 
 
PREGANDO A QUEM JULGAM COMUM OU IMUNDO
 
O evangelho deve ser pregado a toda criatura debaixo do céu (Mc 16.15;  Col 1.23).
Observado o critério estabelecido pelo Senhor de não se ministrar àqueles que se revelam ainda resistentes à Palavra, e que desdenham da mesma, não se pode esconder de qualquer pessoa a verdade de que Jesus morreu por todos para que os que nEle crerem tenham vida eterna.
Houve muita resistência no início da pregação do evangelho quanto a se aceitar o fato de que a salvação em Jesus era para ser oferecida não apenas aos judeus, mas também aos gentios (At 11.2,3) pois a própria lei de Moisés proibia o ajuntamento de judeus com pessoas de outras nações (At 10.28).
O Senhor mesmo quebrou esta resistência dando a Pedro a visão de um objeto como se fosse um grande   lençol que descia do céu, contendo toda sorte de quadrúpedes, répteis e aves que eram considerados como animais imundos pela lei, ordenando-lhe que se alimentasse deles. Pedro se recusou a fazê-lo dizendo que jamais havia comido cousa alguma comum e imunda (At 10.14).
Mas ouviu uma voz que lhe dizia: Ao que Deus purificou não consideres comum (At 10.15).
Esta visão foi preparatória para que Pedro não resistisse à ordem que lhe seria dada pelo Espírito Santo (At 10.19) para que fosse à casa de um centurião romano que residia em Cesareia (At 10.1). Pedro, na ocasião, estava na cidade de Jope.
No dia anterior ao da citada visão, um anjo apareceu a Cornélio e ordenou-lhe que enviasse mensageiros a Jope para chamarem a Pedro, que lhe diria palavras mediante as quais ele seria salvo, e toda a sua casa (At 11.14).
Enquanto Pedro falava, o Espírito Santo veio sobre eles e falavam em línguas e engrandeciam a Deus (At 10.44-48; 11.15-17).
Com isto, os cristãos da circuncisão que estavam em Jerusalém glorificaram a Deus e reconheceram que também aos gentios havia sido dado por Deus o arrependimento para a vida (At 11.18).
A visão dos animais imundos foi reveladora dos sentimentos que os cristãos da circuncisão ainda abrigavam em relação aos gentios. Consideravam-nos da mesma forma como as coisas comuns e imundas que lhes eram vedadas pela lei de Moisés.
Hoje ainda, apesar de gentios, não estamos livres como cristãos, de abrigar os mesmos sentimentos em relação aos que não têm a Cristo. Podemos tê-los na conta de uma cousa sem valor, comum, imunda. No entanto, cada criatura é valiosíssima para Deus, a ponto de ter pago o preço do sangue derramado na cruz para comprar pecadores para Si.
Especialmente quando se trata de pessoas que vivem debaixo de pecados que são classificados pela lei como abominação ao Senhor.
Muitos de nós precisamos de visões repreendedoras como a que Pedro tivera, para que  nossas mentes e corações possam  ser  dilatados, de  maneira  a  estarmos abertos para receber e levar a Palavra a qualquer pecador, que se arrependa e que se volte para Deus.
Há muitas pessoas que no fundo, são tementes a Deus, assim como era Cornélio, apesar de ainda não terem tido um encontro pessoal com Cristo.
Estão ainda debaixo da escravidão do pecado, e sujeitas aos poderes das trevas. Estão muitas delas já prontas, esperando somente que alguém lhes anuncie a palavra de Deus, conduzindo-as à salvação.    
Tendo sido quebrada a resistência dos cristãos da circuncisão quanto à aceitação dos gentios, a partir da experiência de Pedro, já comentada, o caminho estava aberto para a pregação de Paulo.
Paulo tentou no início pregar o evangelho em Jerusalém, pensando que o seu testemunho de perseguidor convertido seria de grande impacto entre os judeus.
Eles o conheciam bem naquela cidade. O templo era como a sua residência. Tudo era familiar. E assim, no seu entendimento, seria muito fácil convencê-los a abraçar a mesma fé.
Sempre a velha lógica humana pretendendo tomar a dianteira da vontade de Deus!
No entanto, o Senhor apareceu-lhe enquanto ele orava no templo ordenando-lhe que se apressasse e saísse logo da cidade porque os judeus não aceitariam o seu testemunho, e que o enviaria para longe aos gentios (At 22.17-21).
Independente da onisciência do Senhor quanto à rejeição da pregação de Paulo por parte dos judeus de Jerusalém, havia também o fato de que a igreja da circuncisão já  estava  constituída  sob  a liderança de Tiago, Pedro e João (Gál 2.9). E Deus não é de confusão, mas de paz em todas as igrejas.
Paulo pregou em Jerusalém, não sabemos se antes ou depois de ter sido alertado pelo Senhor, mas discutia com os judeus helenistas, que procuraram tirar-lhe a vida, e por isso foi levado pelos irmãos para Cesareia, de onde foi levado para Tarso, sua cidade natal (At 9.26-30).
Paulo que estava acostumado a transitar livremente entre os sacerdotes, recebendo deles autorização para perseguir a Igreja com toda a facilidade e aprovação, homem decidido que ia toda a parte, procurando fazer aquilo que entendia que era o correto, começava a aprender agora, a duras penas, que sob o governo do Senhor, as coisas são feitas com uma metodologia muito diferente.
Que humilhação para o campeão dos fariseus !
Ter que fugir às pressas do local onde pretendia estabelecer o seu posto de comando.
Ele seria o mais incansável e mais destacado apóstolo do Senhor, mas devia considerar de si para si mesmo que já o havia alcançado logo após a sua conversão.
Uma longa e dura preparação o aguardava, e ele ainda não estava plenamente cônscio disto.
Mas, Paulo aprendeu devidamente a lição, conforme se pode depreender de suas próprias palavras em Gál 1.10.
Antes da sua conversão esforçava-se para fazer a vontade dos sacerdotes, ainda que esta fosse simplesmente política. É bem possível também que procurasse cair no agrado do povo de Israel pensando um dia ser reconhecido e ocupar um cargo mais elevado no Sinédrio.
Mas havia aprendido definitivamente que não é deste modo que se agrada ao Senhor.
A falta de humildade aprendida nos campos de prova do Senhor, é a principal dificuldade para a promoção da unidade da Igreja, e também dos avivamentos espirituais.
Quando pessoas se julgam acima da verdade, pensando ter atingido um patamar de espiritualidade e santidade que as coloque acima de qualquer crítica, traz como consequência sérios transtornos para si mesmas e para a Igreja.
 
Silvio Dutra Alves
Enviado por Silvio Dutra Alves em 02/02/2013
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