Desvio da Pregação da Cruz para o Ataque Moralista
Nós não vemos em nenhuma passagem do Novo Testamento, uma ação de Jesus e dos apóstolos no sentido de atacarem certos grupos da sociedade, por determinadas práticas que são consideradas abomináveis diante de Deus.
Eles condenaram sim estas práticas, mas nunca atacaram pessoas, grupos ou sociedades, por praticá-las, porque conheciam muito bem qual é o campo da missão de resgate relativo aos pecadores, que se encontram todos, sem uma única exceção, mortos espiritualmente falando, aos olhos de Deus, e em estado de inimizade latente contra Ele e a Sua justiça.
Por isso nós lemos em II Cor 5.17-21:
Comecemos com o verso 17: “E assim, se alguém está em Cristo, é nova criatura: as cousas antigas já passaram; eis que se fizeram novas.”.
As coisas antigas passam e coisas novas vêm quando uma pessoa é uma nova criatura em Cristo.
Agora todas estas coisas novas são de Deus que nos reconciliou consigo mesmo por meio de Cristo e nos deu o ministério de reconciliação (v 18), isto é, que Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não imputando aos homens as suas transgressões, e nos confiou a palavra da reconciliação (v 19). De sorte que somos embaixadores em nome de Cristo, como se Deus exortasse por nosso intermédio. Em nome de Cristo, pois, rogamos que vos reconcilieis com Deus. (v 20). Porque, aquele que não conheceu pecado, ele o fez pecado por nós; para que nele fossemos feitos justiça de Deus. (v 21).
Com este argumento, está claro que esta passagem diz que a novidade está relacionada a estar em Cristo; que Deus tem buscado reconciliar os pecadores consigo mesmo por meio de Cristo, e nesta reconciliação, produzir uma nova criatura na qual tudo é novo.
E Deus nos tem dado, de acordo com o verso 18, o "ministério da reconciliação.". No verso 19 Ele nos deu a "palavra" ou a mensagem "de reconciliação.". Nós somos então os "embaixadores de Cristo", e Deus está chamando através de nós, os pecadores a se reconciliarem com Ele por meio de Jesus Cristo, o qual se fez pecado por nós para que nele pudéssemos ser feitos justiça de Deus.
O ministério de reconciliação com Deus por meio de Cristo é que produz retidão, transformação, e uma nova criação.
Há porém, hoje, no cristianismo, um desvio desta verdade, com uma ênfase em outro tipo de esforço.
O esforço para produzir moralidade.
Há uma chamada para que os cristãos se envolvam num nível mais alto de moralidade; para mudar o caráter moral do país.
Muitos cristãos estão se ocupando deste esforço, valendo-se principalmente da mídia, neste sentido.
No assunto da salvação, o Governo civil nada pode fazer. O mandato para os cristãos não é algum tipo de moralidade cultural. O mandato é sobre a salvação. E o governo não tem qualquer parte nisto.
O nosso ministério é de reconciliação. É a palavra de reconciliação do pecador com Deus por meio de Cristo.
Não é moralidade que nós pregamos como nosso objetivo final e principal.
É reconciliação com Deus por meio de Cristo, pela pregação do evangelho.
Nós devemos desejar a virtude, a integridade, a honestidade e a moralidade, e essas coisas expressam a vontade de Deus e a lei de Deus, mas não é lutando diretamente contra aqueles que não buscam uma vida virtuosa, que estaremos cumprindo a missão da qual fomos encarregados por Deus.
Não é que não sejamos contra a imoralidade, mas contra os meios que são apresentados como solução.
Como por exemplo lutar para que haja leis que coíbam tais práticas, ou que haja manifestações públicas denunciando as mesmas.
O campo de missão da Igreja de Cristo foi claramente delineado por Ele, e não inclui este tipo de ação.
Não podemos esquecer que tanto a mera moralidade, quanto a imoralidade, não podem remover uma pessoa de debaixo da maldição de Deus, e livrá-la da condenação eterna.
Somente o sangue de Cristo pode realizar este trabalho, e é para que haja o citado trabalho que se prega o evangelho da graça, mediante a fé em Jesus.