Legado Puritano
Quando a Piedade Tinha o Poder
Textos
A Fé Aumenta na Adversidade
A plenitude da vida passa pela adversidade e o triunfo da fé consiste nisso. O triunfo da fé na adversidade resulta em vida e plenitude.
A adversidade constitui o desafio da fé. A fé olha na adversidade a sua oportunidade, e afirma o que lemos no Sl 118.17: "Não morrerei, mas viverei, e contarei as obras do Senhor.”. Esta é a vitória da fé.
A vida que recebemos do alto pela fé já não morre, e por isso temos a mesma experiência espiritual do salmista podendo afirmar junto com ele: “não morrerei, antes viverei,”, e a razão desta certeza: a vida do Senhor Jesus deve aumentar em nós em graus cada vez maiores para que sejamos frutíferos para Deus, e assim, sabermos que o que recebemos é a vida abundante de Cristo, e não morte, para que possamos afirmar: “contarei as obras do Senhor”, porque certamente a vida que se manifesta em nós será também compartilhada com outros.
A Bíblia nos apresenta três chaves mestras para podermos compreender o objetivo da revelação, a saber: fé, vida e plenitude.
A fé abre a primeira porta. Esta porta conduz à próxima porta que é a da vida, e a da vida conduz à próxima, da plenitude. De maneira que não se pode ter vida eterna sem fé, e não se pode ter a plenitude de Deus sem experimentar o crescimento desta vida, em experiências reais com o Espírito Santo no corpo de Cristo.
A vida de plenitude de Deus em nós está escondida detrás de muitas portas, e a chave que abre cada uma delas é a fé e o próprio aumento progressivo desta vida que nos conduz a experimentar graus cada vez maiores da plenitude do próprio Cristo.
Então, a incredulidade sempre resultará em limitação desta vida e desta plenitude, uma vez que a porta que conduz a ambas é a da fé.
Onde há incredulidade, não é possível fazer qualquer avanço na vida espiritual, e muito menos alcançar a plenitude de Deus.
Na verdade não haverá nenhuma vida.
Assim estas três realidades (fé, vida e plenitude) não podem ser separadas, porque se apóiam mutuamente.
Segundo o propósito eterno de Deus, nossas vidas estão relacionadas à plenitude espiritual, sem o quê, não podemos dizer que estamos experimentando da verdadeira vida que permanece para sempre.
Por isso é crucial para a vida cristã, estes três aspectos relacionados à fé: a) fé provada; b) fé confirmada e c) fé aperfeiçoada (I Pe 5.10).
A fé deve portanto ser provada para que possa ser confirmada e aperfeiçoada, porque é somente uma fé confirmada e aperfeiçoada que pode experimentar a plenitude da vida de Deus.
Tudo isto se fundamenta no fato de que Deus sempre reage ao que é vazio da Sua própria vida. Plenitude significa estar cheio. Por isso se ordena que sejamos cada vez mais cheios do Espírito Santo. Foi para este propósito que fomos criados, de maneira que Deus sempre terá repugnância e reagirá contra uma vida que seja vazia do Espírito.
Além de toda a compreensão, Deus pensa em termos de plenitude.
Assim, Jesus nos alertou sobre o perigo de manter a nossa casa espiritual vazia (Mt 12.43-45). É algo muito perigoso porque se não for Deus quem estiver nos enchendo, o diabo ocupará estes espaços vazios da vida divina. Daí ser importante nos precavermos de condições negativas e de não sermos achados definidos em nosso posicionamento quanto a estarmos de fato empenhados em buscar toda a plenitude de Deus.
“e conhecer o amor de Cristo, que excede todo o entendimento, para que sejais cheios até a inteira plenitude de Deus.” (Ef 3.119).
Agora, o que queremos dizer com plenitude de Deus? Não é nada menos que a natureza de Deus que enche todas as coisas. "Deus é luz" (I Jo 1.5). Então onde Deus está reinando não há nenhuma treva, não há nenhum quarto escuro, porque no Senhor tudo é luz (Ef 5.8).
A plenitude que devemos obter é a própria Pessoa de Cristo.
Este não é um pequeno ensino. Estas coisas são muito pertinentes e dizem respeito à nossa necessidade.
Todo o trabalho de Satanás é tentar impedir ou limitar o que é de Deus, tornando-o tão pequeno quanto possível, e mantê-lo assim.
Os pensamentos de Deus, claro que são completamente o contrário; mas os pensamentos de Deus não operam e vêm automaticamente à realização, sem que haja um trabalho da cruz em nossas vidas, conforme veremos adiante.
Ele está lidando com pessoas vivas, não com um mundo mecânico. Então para se ter a plenitude de Deus, todo o trabalho do Inimigo deve ser vencido.
E este trabalho do Inimigo não é somente no exterior, como também no interior. Satanás tem um conhecimento muito forte e profundo da natureza do homem. Ele sabe que já existe em nós uma predisposição para a incredulidade, e ele faz tudo ao seu alcance para reforçar esta nossa posição.
A posição essencial do que somos por natureza, é de incredulidade, de forma que a fé verdadeira nos vem do alto como um dom de Deus, e necessita ser aperfeiçoada e aumentada em nós, através do processo de contínuas provações.
"O pecado que nos assedia tão de perto” (Hb. 12.1) que impede, retarda, e nos prende na corrida espiritual, é o da incredulidade. Tanto que o autor de Hebreus fala disto logo depois do capítulo 11, da galeria dos heróis da fé. Fazendo portanto um contraste entre a fé deles e o pecado da incredulidade que nos persegue tão de perto.
Então a fé estará sempre sendo testada naquelas coisas que parecem contrariar, frustrar e tragar a fé que nos foi dada por Deus.
Por isso a vida cristã normal em crescimento sempre apresentará um grande conflito em relação a Deus e à Sua vontade, porque haverá frustrações, incapacitações, limitações de esforços e atividades, de maneira que se algum erro for cometido tudo precisa ser revisado. Nestas ocasiões, o Inimigo ataca de maneira muito dura com perguntas. É um tempo de prova severa da fé.
E isto se aplica tanto à vida coletiva da Igreja quanto individualmente na vida de cada crente.
Ter uma visão de Deus e permanecer firme na fé, apesar de toda sorte de circunstância adversa, e das próprias solicitações de Deus que põem à prova a nossa fé, é o caminho necessário que todos terão que percorrer para obter tanto a vida espiritual em experiências reais, quanto a plenitude de Deus.
Por isso o pecado que é a raiz de todos os demais pecados é a incredulidade, e daí a necessidade de permanecer firme na palavra ou ordem que Deus nos deu, no dia da tentação.
Por isso é necessária a confirmação da fé (estabelecer firmemente).
Mas se a plenitude espiritual é uma necessidade, e se o trabalho de Deus, o testemunho de Jesus, precisa ser liberado e aumentado, isto não é igualmente verdadeiro no assunto da confirmação da fé, com o estabelecimento das pessoas do Senhor?
Se Deus buscar plenitude, Ele está igualmente interessado em trabalhar em nós aquilo que é firme e sólido, para que tenha firmeza, probidade, fidelidade, estabilidade, responsabilidade e profundidade. Daí a necessidade da confirmação dos crentes para que possam estar habilitados para o serviço do Senhor.
Não pode haver nenhum trabalho para Deus sem que esta posição objetiva seja alcançada. Na verdade, seria muito perigoso envolver-se numa obra do Espírito de Deus sem ter alcançado tal posição. Isto explica a necessidade de primeiro discipular e ensinar os crentes a andarem no Senhor para depois envolvê-los na obra de missões ou evangelização.
Como o Inimigo será enfrentado, é preciso firmeza para poder resistir aos seus ataques, que certamente serão desferidos contra aqueles que atacarem o seu reino.
E este discipulado não consiste meramente em ensinar a Bíblia aos crentes, ainda que necessário, mas aprenderem a andar no Espírito, serem batizados no Espírito e terem experiências reais com o Espírito Santo, aprendendo a obedecer a Sua direção e instrução no viver diário, e especialmente permanecer firme na fidelidade ao Senhor em face de todas as oposições que se possa experimentar.
Então a confirmação da fé demandará a remoção de toda falsa base em que estiver sendo apoiada a nossa confiança ou visão relativa ao reino de Deus.
Na verdadeira base do nosso relacionamento com Deus não entram nossos sentimentos, teorias, tradições e apoios externos.
Para manter a realidade e a verdadeira vida, Deus quebra todas as falsas posições, e faz treme toda base falsa e lança fora toda confiança vã.
Isto se aplica às nossas vidas e ao nosso trabalho.
Podemos ver o exemplo disto na vida de Paulo que mesmo em face da morte que o aguardava na prisão em Roma, e quando foi abandonado por muitos dos seus velhos amigos, escreveu a segunda epístola a Timóteo, na qual vemos a sua grande confiança de fé.
Assim, Deus trabalha ao longo desta linha de confirmação da fé, enquanto busca eliminar todos esses elementos em nós que são fracos, incertos, incapazes para que possamos assumir compromissos e responsabilidades pesados.
As tempestades das provações nos fundamentam fazendo com que lancemos raízes profundas que nos darão firmeza. De maneira que onde não há nenhuma prova ou tentação, nenhuma adversidade, nós somos fracos e incertos.
Por isso a Bíblia abre com a árvore da vida, e fecha com a árvore da vida, e é isso do princípio ao fim o seu grande assunto.
Deus nos revelou claramente na Sua Palavra que o Seu pensamento é vida, e vida em plenitude; tal como Jesus afirmou abertamente que veio para que tenhamos vida abundante (Jo 10.10).
Assim, plenitude depende de vida.
O elemento essencial nesta vida é sua eternidade. Um aumento de vida sempre é uma indicação de algo que foi mais profundamente concluído no coração.
É somente com vida e plenitude que podemos ser mais resolutos e decididos quanto aos assuntos e interesses de Deus.
É pelo caminho do crescimento na fé na adversidade que se alcança tal vida espiritual e plenitude divina, de sorte que isto não se alcança através de mero aumento do conhecimento intelectual das coisas divinas, por conhecer melhor a Bíblia, ainda que isto seja importante, mas a confirmação da fé não vem por este caminho do conhecimento da letra, mas do testemunho da vida eterna em nós mesmos, da sua manifestação real em nós.
Por isso João afirma que: “E o testemunho é este: Que Deus nos deu a vida eterna, e esta vida está em seu Filho.” (I Jo 5.11).
O testemunho é Cristo vivendo em nós pela fé. É a manifestação desta vida de Cristo em nós que é a vida eterna que Deus nos deu, e da qual podemos experimentar nada, pouco ou muito, não pelo nosso grau de conhecimento intelectual, mas pelo grau da nossa consagração a Deus, por uma real obediência à Sua vontade.
É assim que esta vida tem um aumento constante.
Então o testemunho de Deus em nós é vida, a vida do Seu Filho. Esta é a evidência de uma verdadeira experiência da plenitude de Deus em nós, isto é, de estarmos de fato sendo enchidos continuamente com o Seu Espírito, em experiências reais de vida com Ele.
A proposta de Deus para o homem no Éden não era a vida natural, mas a vida eterna da árvore da vida. Vida esta que o homem não perdeu, porque nunca chegou a experimentá-la. É em Jesus Cristo que temos acesso a esta vida. É nEle que ela está disponível a nós. Devemos lembrar contudo que esta vida possui uma plenitude que devemos buscar através do crescimento na fé, e isto somente Deus poderá fazer em nós através das adversidades que teremos que enfrentar, especialmente aquelas relacionadas à Sua obra em nossa vida na igreja, na comunhão dos santos.
Esta vida plena espiritual é inteiramente diferente da vida natural, e não pode ser tocada pelo homem e por nada que seja terreno, porque esta vida nos vem diretamente do céu, e já não morre mais.
O direito para aquela vida que não foi desfrutada por Adão, e da qual ficaram desprovidos todos os seus descendentes, por causa da desobediência e incredulidade, é restabelecido pela fé no Senhor Jesus.
Quando Adão pecou ele entrou na ilusão de uma vida falsa. Uma ilusão profunda e terrível, porque nada da vida natural tem a ver com esta vida de plenitude divina que se alcança e aumenta pela fé.
Onde não está havendo um aumento de fé há um grande vazio da vida de Deus. E por isso não pode haver satisfação nem alegria e paz reais mesmo naqueles que têm muitos bens deste mundo, porque estes bens não podem atender à verdadeira satisfação que é decorrente da vida e plenitude de Deus em nós. Ao contraio, quanto mais se tem de bens deste mundo, mais se quer, e maior é a insatisfação de tais pessoas.
Quanto mais os homens têm das coisas deste mundo, mais descontentes eles ficam.
Nada satisfaz porque este tipo de viver pela carne, pela vida natural, foi a vida que o diabo deu ao homem no lugar da vida eterna com Deus, que estava representada no Éden na árvore da vida.
Esta vida plena divina nada tem a ver com coisas, mas com uma Pessoa. Esta vida procede de uma fonte viva, a saber: Jesus Cristo vivendo em nós.
Por isso esta vida divina tem suas marcas características de frescor (novidade de vida – Rom 6.4), sendo portanto algo que sempre se renova e nunca morre; porque é livre do toque do homem e do toque de tudo o que é terreno. Tudo que é deste mundo morre e está fadado a desaparecer. A única coisa que não morrerá jamais é esta vida eterna que nos tem sido dada e que é do céu, não apenas no sentido de ter provindo do alto, mas de ser a única forma de vida que pode existir e subsistir lá na glória celestial.
Deus não tem nenhum interesse em qualquer coisa que seja velha. Deus só está interessado naquela vida em nós que é dEle, e o interesse dele é mantê-la fresca.
Outra característica da vida divina em nós é a produtividade; porque o método de Deus é aumento e crescimento. Deus multiplica e aumenta a vida interior. Vida produz vida, de maneira que aquele que tiver alcançado a plenitude desta vida divina dará fruto, e multiplicará esta vida em outras pessoas.
Por isso se não houver nenhum aumento, então há algo errado no assunto da vida. Se não estivermos dando fruto, e se não estivermos crescendo nesta direção, então precisamos examinar em que temos apoiado a nossa fé, e se temos de fato nos exercitado nos deveres espirituais que nos são ordenados para o nosso crescimento (oração, jejum, comunhão, consagração, adoração etc). Se estes canais estiverem bloqueados a nossa fertilidade também cessará.
Uma outra característica da vida plena em Deus é a sua inesgotabilidade, isto é, ela não tem nenhum fim e não envelhece. Nós podemos envelhecer exteriormente, mas não esta vida interior que recebemos do céu.
Esta vida é também incorruptível porque é a vida de Deus, e a presença desta vida sempre vencerá a corrupção do pecado em quem ela se manifestar.
O assunto, então, para vencer, e ficar livre de toda a corrupção, é um assunto de vida. O corretivo para o falso ensino não é portanto nenhuma ortodoxia; porque o corretivo para o erro é vida. É somente quando se vive a verdade que se vence o erro e a mentira. Não é portanto o mero conhecimento intelectual da verdade que nos livrará de uma vida errada, mas o conhecimento experimental da verdade no nosso viver.
È uma questão de se ter verdadeira comunhão com a Pessoa de Jesus Cristo. Por isso João diz que aquele que tem o Filho tem a vida eterna, ma aquele que não tem o Filho não tem a vida (I Jo 5.11,12). É neste sentido que Jesus afirma ser a vida.
Assim a resposta para a corrupção não é nenhum argumento, mas a vida divina.
Também é uma característica desta plenitude de vida divina que todo aquele que a possui reconhece aqueles que a possuem, e também aqueles que não a possuem.
Aqueles que não a possuem não podem entender nada sobre esta vida. Eles podem reconhecer que há algo diferente naqueles que a possuem e que eles não possuem, mas seus entendimentos ficam infrutíferos porque não podem discernir o que é espiritual, que pode ser discernido somente espiritualmente.
Somente os que estão vivos espiritualmente podem entender a vida que neles está.
E esta vida é toda ela governada somente por fé.
Se você e eu estamos passando então, por um tempo quando nossa fé está sendo extremamente provada, peçamos ao Senhor que nos ajude a nos ajustarmos a isto, porque isto não é para a morte, mas para a vida.
O Senhor pretende nos conduzir a uma vida maior.
Lembremos que a fé cresce e produz vida por tentação, prova, sofrimento e adversidade, porque somos ensinados a permanecer firmes em Deus a par de tudo o que tente nos levar a crer que o que nos espera é morte e não vida.
Fique portanto firme na fé em todas as circunstâncias adversas porque a recompensa da fé sempre é vida.
O que deve morrer é o nosso ego, o nosso apego ao mundo. Nós não somos chamados de um modo objetivo para deixar o mundo. O mundo tem que nos deixar. Veja o que Israel fez no deserto. Eles deixaram o Egito, mas o Egito não os deixou: o Egito ainda estava nos corações deles, e eles constantemente estavam procurando voltar ao Egito.
Por isso se faz necessário um trabalho profundo da cruz.
Veja o caso de Abraão que havia deixado a idolatria de Ur dos caldeus, mas que teria que vencer também a idolatria de Canaã.
E Deus não pode nos dar da Sua plenitude enquanto houver em nós alguma forma de idolatria. E a idolatria é um princípio de colocar outras coisas, valores e interesses na frente dos de Deus.
Deus deve ser o nosso tudo, ou então não será nada para nós.
Enquanto alguma coisa estiver tendo a precedência no lugar de Deus, Ele não poderá dar da plenitude da Sua vida a nós.
A circuncisão do Velho Testamento era um símbolo da Cruz do Senhor Jesus pela qual é feita uma separação absoluta entre aquilo que é de Deus e aquilo que é relativo à carne.
Este trabalho é feito pelo Espírito mas depende da nossa consagração. Não devemos fazer algo porque alguém diz somente porque devemos fazer, porque isto é legalismo. Peça para o Senhor que o Espírito dele possa trabalhar em seu coração no princípio da Cruz do Senhor Jesus. Você verá que o Espírito Santo fará uma separação silenciosa lhe ensinando aquilo que é de Deus e aquilo que não Lhe pertence e agrada, de maneira que será pelo mover do Espírito que você deve ser conduzido a obedecer toda a vontade de Deus, de modo espontâneo e com alegria no coração. O que passa disto não é fruto da verdadeira vida de Deus em nós. Não é algo a que fomos conduzidos pela fé, e portanto não poderia gerar a verdadeira vida espiritual e a plenitude desta vida divina em nós.
Mas se o trabalho for de Deus baseado numa fé sincera, então Ele apertará cada vez mais intimamente todas aquelas coisas que contribuirão para o nosso crescimento na fé, de maneira que tenhamos mais da plenitude da Sua vida.
Lembremos entretanto que a ambição por posição, ainda que na obra de Deus é uma grande armadilha, porque poderá nos levar a fazer muito esforço e aplicação em atitudes meramente externas que visem alcançar o reconhecimento dos homens, sem que tenhamos de fato qualquer governo do Espírito resultante de uma real vida de fé. E assim poderemos alcançar altas posições enquanto estamos inteiramente desprovidos da vida divina, e muito menos da sua plenitude.
Nosso alvo é ter mais de Cristo em nós. Mais do conhecimento e obediência à Sua vontade revelada a nós.
O caminho da fé nos conduzirá a aflições e não a um pináculo de glória. Lembremos que Cristo se esvaziou a si mesmo e tomou a forma de servo e sofreu até a morte de cruz (Fil 2.7) e somos chamados a seguir o Seu exemplo. Por isso a tribulação produz a paciência.
E Deus se vale disto para que possamos aprender a andar conforme a Sua vontade.
Nada matará mais completamente que qualquer outra coisa a ambição, do que ser mantido em espera. Não há nada que discipline mais nossos motivos do que ser mantido em expectativa, e aprender o quão impacientes somos por natureza, e de quanta paciência precisamos para poder fazer a vontade de Deus.
Deus pediu primeiro a Abraão que lhe desse seus parentes de Ur, desligando-se deles, depois pediu a própria terra de Ur, ordenando-lhe que fosse para Canaã, depois pediu a ele seu repouso seguro em um único lugar deste mundo fazendo-o peregrino na terra, depois pediu-lhe o seu próprio filho. Tal como fez com Abraão, Deus fará com todo aquele que pretender ser usado por Ele. Deus lhe pedirá tudo, até que Deus mesmo passe a ser o seu tudo.
É somente depois que formos desprendidos de tudo o que formos e tivermos, é que estaremos realmente dispostos a obedecer ao Senhor indo para onde Ele bem pretenda nos enviar; e a não voltarmos ao lugar do qual Deus nos tirou por terem rejeitado a Sua Palavra.
Por isso Jesus disse o que lemos em Lc 14.33: “Assim, pois, todo aquele dentre vós que não renuncia a tudo quanto possui, não pode ser meu discípulo.”. Nós estamos de certo modo a caminho de Sião, não como um lugar, mas como um estado de plenitude espiritual.
Esta posição espiritual em Sião é alcançada pela fé na doutrina da ressurreição em Jesus Cristo, e isto não é simplesmente fé no fato histórico da ressurreição de Jesus Cristo. É fé na ressurreição de Cristo como um poder ativo presente. Não é algo para ser somente lembrado uma vez por ano na Páscoa. Não é nenhuma coisa meramente sentimental. É para ser algo diariamente em nossas vidas. Toda manhã nova tem que ser uma ocasião nova para provarmos o poder da Sua ressurreição.
Se você está de qualquer forma comprometido no ministério, ou no trabalho do Senhor, não importa quanto você estude, quanto leu sobre este assunto, e quanto seja diligente em sua pesquisa, porque isto não contará para nada, caso não haja por detrás disto tudo uma experiência real do poder da ressurreição - quer dizer, uma profunda experiência do poder real da vida do Senhor. O Senhor não tem nenhum lugar para meros professores mecânicos e pastores reprodutores de ensinos meramente intelectuais. O princípio do Senhor é trazer a todos uma relação experimental com a Sua própria Pessoa e poder.
A vara de Arão floresceu e dava amêndoas para confirmar que era o escolhido de Deus para o ministério do sacerdócio, para servir de ilustração que o que ministramos é vida que surge de um princípio de ressurreição do que estava morto, tal como aquela vara morta reviveu pelo poder de Deus e deu frutos.
Devemos ter vida espiritual em nós mesmos porque não é afirmado pelo Senhor que a luz é algo objetivo para nós, mas que nós mesmos somos a luz do mundo (Mt 5.14).
Para ser luz é preciso portanto ter vida com Deus, e para ter esta vida é preciso ter fé. Então, a luz que é mencionada aqui está claro que é luz vital, isto é, que gera vida espiritual e conhecimento da vontade de Deus, e não luz natural.
Assim, esta luz e vida são alcançados não por mero ensino, não por interpretações, não por doutrinas, mas por uma experiência real de fé com a Pessoa de Jesus Cristo.
A luz da vida nasce da experiência, a experiência da ressurreição, novamente e novamente. A experiência do crente que cresce na fé é um constante morrer para a carne, para o mundo, para um viver cada vez maior em novidade de vida.
Assim, a resposta para encher igrejas não é entretenimentos e atrações, mas luz viva.
Você é uma parte do Corpo de Cristo que é a expressão da plenitude do Seu ser, e assim você tem uma parte nos sofrimentos que são comuns a todos que fazem parte do povo de Deus. Nós estamos sofrendo juntamente com Ele. Lembremos que juntamente significa que estamos sofrendo com Cristo. É nosso sofrimento coletivo ou incorporado com Cristo - da mesma maneira que o reinarmos com Ele será coletivo e incorporado. (Rom 8:17b; 2 Tim 2:12).
Assim o que nunca poderia vir individual e pessoalmente a nós, vem por causa de nossa relação com algo muito maior que o Senhor quer usar. Nós somos envolvidos em algo que não é, afinal de contas, nossa própria responsabilidade pessoal. O Senhor busca um recipiente, e nós somos uma parte do recipiente; que é a Sua igreja.
Você pode estar só em um lugar remoto, mas você está amarrado a tudo aquilo que se relaciona à Igreja, tudo aquilo está acontecendo com a Igreja, tudo aquilo que a Igreja está sofrendo, tudo aquilo para o que a Igreja está sendo chamada.
Então esta plenitude de vida que é oriunda de uma verdadeira fé pode ser medida pelo grau de nosso comprometimento com os interesses da igreja de Cristo. Isto corresponde a dizer que aquele que tiver maior experiência da vida eterna não viverá para atender aos seus próprios interesses mas aos do reino de Deus, e este será o maior e principal objetivo de sua vida. Isto sucede porque a vida de Cristo se manifesta no seu corpo que é a Igreja.
E ao falar em progresso da igreja não nos referimos às coisas materiais relativas á sua administração, mas ao progresso espiritual do reino de Deus com a salvação e edificação de almas, para a comunhão espiritual em amor com Cristo e uns com os outros.
Então se não vivermos a plenitude da vida de Deus pela fé, nós não podemos cumprir a nossa missão como Igreja, conforme ela deve ser cumprida, porque certamente isto não se fará somente com estudo da Bíblia, ou reuniões sociais, mas com as manifestações do Espírito Santo e de poder.
Agora, o grande trabalho do Inimigo é tentar trazer escuridão e sombras, por meio de qualquer coisa que ele possa fazer para eclipsar a luz que a Igreja é chamada a ser. Ele teve um grande sucesso fazendo aquilo que ele sempre costuma fazer. Nós sabemos que assim que surge qualquer coisa de diferença, discordância, divisão, falta de amor, há uma sombra, há escuridão. Mas quão abençoado é perceber isto e tomar uma posição firme no Senhor para preservar a unidade do Espírito no vínculo da paz; porque é somente seguindo o pendor do Espírito que se pode ter vida e paz (Rom 8.6).
Produzido pelo Pr Silvio Dutra com base no livro de T. Austin-Sparks de mesmo título, em domínio público.
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Veja tudo sobre as Escrituras do Velho Testamento no seguinte link:
http://livrosbiblia.blogspot.com.br/
Veja tudo sobre as Escrituras do Novo Testamento no seguinte link:
http://livrono.blogspot.com.br/
A Igreja tem testemunhado a redenção de Cristo juntamente com o Espírito Santo nestes 2.000 anos de Cristianismo.
Veja várias mensagens sobre este testemunho nos seguintes links:
http://retornoevangelho.blogspot.com.br/
http://poesiasdoevangelho.blogspot.com.br/
A Bíblia também revela as condições do tempo do fim quando Cristo inaugurará o Seu reino eterno de justiça ao retornar à Terra. Com isto se dará cumprimento ao propósito final relativo à nossa redenção.
Veja a apresentação destas condições no seguinte link:
http://aguardandovj.blogspot.com.br/
Silvio Dutra Alves
Enviado por Silvio Dutra Alves em 07/02/2013
Alterado em 10/07/2014