O que é a Fé? Como se consegue?
"Porque pela graça sois salvos, por meio da fé" (Ef 2.8)
Neste texto desejo considerar especialmente as últimas palavras do texto: “por meio da fé.”. Porém chamarei antes a atenção sobre a origem da nossa salvação, a qual é a graça divina: “Pela graça sois salvos.”. Deus abunda em graça, aqui está o motivo pelo qual os pecadores são perdoados, são convertidos, são purificados, em suma, são salvos. São devido, não a alguma coisa “deles”, melhor dizendo “neles”, senão ao imenso amor, bondade, compaixão, misericórdia e graça de Deus.
Fixem bem o que acabamos de dizer, de outra forma sofreriam um equívoco. Fixem somente a fé, a qual é o conduto da salvação, sem esquecer a graça que é a origem e fonte da fé mesma. A fé é a obra da graça de Deus em nós. “Ninguém pode dizer que Jesus é o Cristo senão pelo Espírito Santo.” (I Cor 12.3). “Ninguém pode vir a mim, se o Pai que me enviou não o trouxer.” (Jo 6.44). Assim é que o vir a Cristo ou em outras palavras a fé, é o resultada da atração divina.
A graça é o manancial e a corrente: a fé é o aqueduto pelo qual o rio da misericórdia flui, refrescando ao mortais sedentos. Que lástima que o conduto chegue alguma vez a romper-se ! Nos arredores do México se apresenta o quadro triste de muitos aquedutos notáveis que já não conduzem água à cidade, pois os arcos estão rompidos e aquelas maravilhosas obras se encontram arruinadas. É preciso que o conduto se conserve íntegro, a fim de conduzir a corrente.
Assim também a fé tem que ser firme e sã, constituindo um conduto útil e direto entre Deus que está acima e nós que estamos abaixo, e deste modo comunique a graça às nossas almas.
I. Pergunta. O QUE É A FÉ ? Com respeito à qual se diz “pela graça sois salvos por meio da fé”; Muitas descrições da fé têm saído à luz, mas quase todas que tenho encontrado me têm feito compreender menos do que antes o que havia conhecido. Espero não incorrer na mesma falta.
A fé é o mais simples dos atos mentais. Talvez por esta mesma simplicidade se nos faz mais difícil explicá-la.
Que, pois é a fé ? Resposta: A fé se compõe de três elementos, a saber: o conhecimento, a essência e a confiança.
1. Primeiro o conhecimento. Certos teólogos afirmam que o homem pode crer naquilo que todavia não conhece. Talvez alguém seja capaz de fazê-lo, mas eu não. “Como crerão naquele de quem nada ouviram?” (Rom 10.14). Devo estar inteirado de um fato antes de poder crê-lo. Várias são as coisas que creio, porém não posso afirmar que creio numa multidão de coisas que jamais tenho ouvido. “A fé vem pelo ouvir.”. Temos que ouvir primeiro, a fim de alcançarmos o que nos convém crer. “Em ti, pois confiam os que conhecem o teu nome,” (Sl 9.10). Nossa medida de ciência é essencial à fé; está aqui a importância de adquirir conhecimentos: “Inclinai os vossos ouvidos e vinde a mim: ouvi e a vossa alma viverá.” (Is 55.3). Tal foi a palavra do profeta, e tal é a palavra do Evangelho, todavia. “Esquadrinhais as Escrituras” e aprendei o que ensina o Espírito Santo acerca de Cristo e da salvação. Procurai saber que Deus existe e que “é galardoador dos que o buscam” (Hb 11.5). Que Ele vos conceda o espírito de conhecimento e de temor de Jeová ! (Is 11.2). Conheçam o Evangelho, saibam o que são as boas novas, e como falam estas de perdão gratuito e da troca de coração, da adoção na família de Deus e de outras bênçãos incontáveis.
Conheçam a Deus, conheçam seu Evangelho, e especialmente a Jesus Cristo o Filho de Deus, o Salvador dos homens, unido a nós pela sua natureza humana e unido a Deus, posto que é divino, e portanto idôneo para atuar como mediador entre Deus e o homem. Jesus sabe colocar as mãos entre os dois, servindo de elo que une o pecador com o Juiz de toda a terra.
Esforça-te em conhecer mais e mais a Cristo. Paulo, depois de vinte anos de convertido, manifestou aos Filipenses que desejava conhecer mais a Cristo. Fixa isto: quanto mais conhecemos acerca de Cristo, tanto mais entrará o desejo de conhecer-lhe, a fim de que aumente a nossa fé. A fé pois, começa com o conhecimento. Daqui se deduz a utilidade de ser instruído na verdade divina, posto que o conhecimento de Cristo é vida eterna (Jo 17.3).
2. Em seguida, a inteligência se dispõe a crer nas coisas que são certas. A alma crê que há um Deus e que este escuta o clamor dos corações sinceros, que o Evangelho é de Deus, e que a justificação pela fé é a grande verdade que Deus tem revelado com suma claridade. Logo o coração crê que Jesus de fato e em verdade é nosso Deus e Salvador, o Redentor dos homens, o profeta, sacerdote e rei de seu povo.
Queridos ouvintes, rogo a Deus que desde logo venhais a crer nisto firmemente, que “o sangue de Jesus Cristo, o querido Filho de Deus, nos limpa de todo pecado” (Jo 1.7), que o sacrifício consumado por ele é aceito por Deus como cabal e perfeito, pelo qual, aquele que crê em Jesus não está sob condenação.
3. Pelas considerações anteriores já temos feito avanços consideráveis até a fé. Contudo, antes de completar a idéia da fé salvadora, é absolutamente necessário agregar outro ingrediente, a saber: a confiança. Entrega-te ao Deus misericordioso; faça que tua esperança descanse no Evangelho da graça. Confia tua alma ao Salvador que uma vez morreu, porém agora vive. Lava teus pecados no sangue expiatório; aceita a justiça perfeita; e tudo estará bem. A confiança é o sangue vivificador da fé. Sem esta confiança a fé deixa de existir.
II. A FÉ EXISTE EM VÁRIOS GRAUS, segundo os conhecimentos do indivíduo e outras circunstâncias. Em alguns casos a fé não passa além do ato de ir a Cristo.
1. Fixa tua atenção por um momento na madressilva, que cresce em nossos jardins. Talvez esteja caída e estendida desordenadamente sobre o solo coberto de cascalho. Faça que a planta descanse sobre um arbusto, ou um estrado. Logo se agarra a estes objetos graças a uns ganchinhos providos pela natureza, com os quais se une a qualquer objeto que se lhe ofereça.
De modo semelhante, todo filho de Deus tem em sua alma ganchinhos espirituais, isto é, pensamentos, desejos e esperanças, pelos quais se une com Cristo e suas promessas.
Ainda que a citada fé é de um caráter simples, constitui, sem dúvida, um grau sumamente completo e eficaz.
Poderíamos dizer que neste caso, o coração é a essência de toda fé. Nos acolhemos a ela ao nos encontrarmos em grandes apuros, ou quando nos achamos transtornados por alguma enfermidade, ou abatidos em nosso espírito.
E como não temos outro recurso, nos agarramos a algum objeto, e isto é a alma da fé. Oh pobre coração ! se todavia não conheces tudo o que desejarias conhecer acerca do Evangelho, apega-te ao que já conheces. Se até agora te assemelhas somente à ovelha que penetra um pouco dentro do rio da vida, e não chegas a imitar o leviatã, que faz revolver as águas do fundo do mar, nem por isso deixes de beber. Porque o beber, mais que o submergir é o que te salvará. Afiança-te, pois a Cristo, une-te a ele, pois isto é a alma da fé. Imita a madressilva.
2. Outra forma da fé é, quando um indivíduo se associa com outro em virtude do conhecimento que tem da superioridade de seu companheiro, e consente em seguir sob seu mando. Este grau da fé requer maiores conhecimentos que o anterior.
Um cego tem confiança em seu guia, porque sabe que vê. Anda confiantemente por onde ele o conduza. Talvez seja cego de nascimento, e desconhece o que é a visão, porém sabe que existe, e que seu amigo a possui. Por conseguinte segura com toda espontaneidade a mão do guia e segue sua direção.
Esta representação ou imagem da fé, é a mais exata que podemos imaginar. Sabemos que Jesus tem em si méritos, poderes e bênçãos não possuídos por nós. Portanto, nos entreguemos a Ele e nos ponhamos sob sua direção.
O menino que vai à escola está obrigado a ter fé na ilustração de seu mestre. Este lhe ensina, por exemplo, Geografia, instruindo-lhe sobre os continentes, os oceanos, os diversos países, cidades e governos. O menino não pode saber por si mesmo que estes dados sejam exatos, porém confia em seu professor e nos livros colocados em sujas mãos.
Isso é precisamente o que tereis que fazer com relação a Cristo, se é que desejais ser salvos. Haveis de saber, porque ele o tem dito; e haveis de crer, porque ele o tem assegurado; e haveis de confiar, porque ele vos promete a salvação. Quase tudo o que sabemos, o temos adquirido mediante a fé.
Acaba de se obter uma descoberta científica, e confiamos em sua verdade. E no que baseamos nossa confiança ? Na autoridade de certos sábios bem conhecidos, e cuja reputação está bem estabelecida. Não temos presenciado, nem temos praticado os experimentos destes senhores, não obstante, cremos em seu testemunho.
Assim vocês devem obrar com relação a Cristo. Posto que ele lhes ensina certas verdades, vocês serão seus discípulos, crerão em suas palavras e confiarão em sua pessoa. Ele lhes supera infinitamente e se apresenta à sua aceitação como mestre e senhor. Se o aceitam e suas palavras, serão salvos.
3. Outro grau da fé, todavia superior, é o que nasce do amor. Por que a criança confia em seu pai ? Pode ser que eu ou vocês saibamos mais sobre aquele pai que é o Filho e não obstante, confiamos menos implicitamente nele. A razão porque o filho confia em seu pai, se encontra no amor que o primeiro tem pelo segundo.
Bem-aventurados e felizes os que possuem uma doce fé em Jesus, mesclada com um amor profundo.
Ficam encantados com seu caráter, satisfeitos com sua missão, e extasiados pela sua benignidade, que sempre tem manifestado. Não podem deixar de confiar nele, posto que tanto o admiram, quanto o reverenciam e o amam.
Difícil é que alguém nos faça duvidar da pessoa a quem amamos. Se em último caso nos tentem obrigar a isso, então surge a terrível paixão dos zelos, que é forte como a morte e cruel como o sepulcro. Porém antes que venha o quebrantamento de coração, o amor é pura confiança, completa segurança.
4. A fé realiza a presença do Deus vivente e do Salvador. Cria na alma certa tranqüilidade e repouso parecido aos que se achavam na alma de uma menina durante uma tempestade. Sua mãe se alarmava, porém a amável menina estava muito contente e aplaudia no momento em que o céu relampejava mais vivamente, e gritava com modulações infantis:
“Olha mamãe, que bonito ! Que bonito ! sua mãe contestou: - menina sai daí porque o relâmpago me espanta. Mas a menina pedia que lhe permitisse contemplar a luz tão linda que Deus produzia no céu. Isto porque estava segura que Deus não faria nenhum mal a quem era sua filha.
- Porém, escuta os trovões tão terríveis ! respondeu a mãe. – Não disseste mamãe, que Deus fala no trovão ? Sim, respondeu a mãe. Oh! Disse a menina – que bonito é ouvir-lhe! fala mui sério, porém eu creio que é porque ele quer que a gente surda o ouça. Não é assim mamãe ?
Arrisco-me a dizer que sua mãe conhecia muito mais acerca das leis naturais e das forças elétricas que sua filha, mas estes conhecimentos lhe traziam pouco consolo. Os conhecimento da mãe seriam pretensiosos; em troca eram muito mais acertados e consoladores que os da filha.
De minha parte preferiria ser outra vez um menino, que vir a perverter-me com a sabedoria. A fé nos faz portar-nos como menino para com Cristo, crendo nele como em uma pessoa real e presente, que está muito interessada em nós e pronta a bendizer-nos.
Talvez isto seja um sonho infantil, porém nos convém chegar a semelhante simplicidade, se desejamos ser felizes no Senhor. “Em verdade vos digo que, se não vos converterdes e não vos tornardes como crianças, de modo algum entrareis no reino dos céus.” (Mt 18.3). A fé aceita a palavra de Cristo, assim como o menino confia em seu pai e com toda simplicidade lhe confia o passado, o presente e o futuro. Que Deus nos conceda tal fé !
5. Outro grau da fé provem dos conhecimentos já comprovados. A esta classe de fé acompanha o crescimento em graça: crê em Cristo porque o conhece, e tem confiança nele, porque Cristo se tem revelado infalivelmente fiel. Esta fé não busca sinais, senão crê com atrevimento.
Contempla a fé do marinheiro em seu capitão. Causa-me admiração. O marinheiro solta o cabo, e o impulso do vapor do barco o separa do embarcadouro. Passam dias, semanas e ainda meses, sem que se divise outra embarcação ou alguma terra. Entretanto, segue de dia e de noite impávido até que certa manhã se acha defronte ao porto desejado. Como tem descoberto a rota sobre o Oceano ? Tem confiado em sua bússola, em sua carta marítima, no seu telescópio e nos corpos celestes. Obedecendo as indicações destes auxiliares e sem ver a terra, navega com grande acerto. Ao terminar a viagem, não necessita alterar um só ponto para entrar no porto. Coisa maravilhosa é esta de navegar sem vista !
Falando agora espiritualmente, consideramos bem-aventurado aquele que, abandonando as costas da vista, diz um adeus à emoções interiores, às providências consoladoras, aos sinais, e a tudo isso. Crê em Deus, e desde logo se dirige até ao céu. “Bem-aventurados os que não têm visto, e todavia creram.” (Jo 20.29). A eles será ministrada ao fim uma entrada abundante ao céu, e lhes será concedido uma viagem próspera no caminho.
III. Concluiremos com o terceiro ponto. COMO PODEMOS OBTER E AUMENTAR A FÉ ?
Esta pergunta é para muitos bastante séria. Dizem que desejam crer, porém que não podem. Nos convém, pois, tratar isto de uma maneira prática e não suscitar questões absurdas. Em vez de perguntar, o que ele deve fazer para crer, corresponderia crer de uma vez, e não fixar-se em pequenices. Logo saberemos o que é a fé, se desde logo cremos o que aceitamos como certo. Se o Espírito Santo inspira em vocês franqueza e pureza creiam na verdade no instante em que esta lhes seja apresentada. Temos o mandamento de crer em Cristo, e sabendo que ele é seguro, nos convém confiar nele de uma vez. De toda maneira o mandato é firme e claro: “Crê no Senhor Jesus Cristo e serás salvo.”.
1. Se tropeçarem com alguma dificuldade, apresentem-na a Deus na oração. Comuniquem ao Pai a sua perplexidade, e roguem-lhe que por seu Espírito Santo resolva a dúvida. Se não posso aceitar alguma afirmação contida em um livro, me permito interrogar ao autor sobre o sentido de suas palavras. Com maior razão a explicação do autor divino satisfará ao investigador sincero. O Senhor está pronto para fazer-se conhecer. Atendam a ele e verão se não é certo.
2. Depois se a fé lhes parece difícil, se lhes fará fácil ouvindo com freqüência e com atenção as coisas que lhes manda crer. Cremos uma multidão de coisas por havê-las ouvido tantas vezes. Não têm notado que na vida comum, se ouvem uma coisa afirmada cinqüenta vezes ao dia, ao fim chegam a crê-la ? Alguns por este método têm chegado a crer até no que é falso. Deus empregará este método para operar a fé em vocês acerca do que é certo: “A fé é pelo ouvir” (Rom 10.17).
3. Em caso de que ditos conselhos pareçam inadequados, agregarei o seguinte: “Ouçam o testemunho de outros.”. Os samaritanos creram por causa do que a mulher lhes disse acerca de Jesus. Muitas de nossas crenças se estribam no testemunho de outros. Creio, por exemplo, que há um país chamado Japão. Nunca o tenho visto, entretanto, creio que existe, pois outros têm estado ali. Também creio que morrerei. Jamais tenho tido esta experiência, porém muitos de meus conhecidos têm morrido, e tenho a convicção de que eu também morrerei.
O testemunho de muitos convence da verdade. Escuta, pois, àqueles que te contam a maneira de sua salvação, de como foram perdoados, e de como tiveram uma troca em seu caráter. Escutando descobrirás que outros semelhantes a ti têm alcançado a salvação.
Se alguém tem sido ladrão, saiba que um ladrão se regozijou ao lavar seus pecados na fonte do sangue de Jesus. O que tem sido desonesto em sua vida, encontrará a outros que havendo caído de um modo semelhante ao seu, chegaram a purificar-se e transformar-se.
Se estás desesperado, conversa um pouco com o povo de Deus, e inquire sobre isto, e compreenderás que vários que também estiveram desesperados, poderiam dizer-te como ele os salvou. E ao escutar a vários daqueles que têm posto à prova a Palavra de Deus, o Espírito divino te persuadirá a crer.
Talvez vocês tenham ouvido falar do africano que ouviu de um missionário que, em alguns países, a água pode fazer-se tão firme e maciça que um homem pode andar sobre ela. O africano declarou que aceitava muitas coisas que o missionário lhes havia dito, porém que jamais poderia crer em semelhante absurdo. Depois chegou a visitar a Inglaterra e sucedeu, num dia de grande frio, que o rio estava gelado, mas o africano não se arriscou a entrar nele. Porém se deixava persuadir. Então seu amigo andou sobre ele, e o africano o imitou, e entrou onde outros haviam se arriscado.
Assim é que, ao ver a outros crerem, e ao notar a alegria e a paz que desfrutam, nós mesmos seremos persuadidos a confiar em Cristo. Este é um dos métodos empregados por Deus para ajudar-nos na fé pelo seu bom Espírito.
4. Outro plano todavia melhor é o seguinte: fixem-se na autoridade que lhes ordena que creiam. Isto lhes ajudará muito. A autoridade não é minha, em tal caso poderiam com razão rechaçá-la. Nem é a do Papa, porque poderiam também rechaçá-la. A fé é mandada por Deus mesmo. Ele lhes manda crer em Cristo e vocês não podem negar obediência ao seu Criador.
O supervisor de certa fábrica no norte da Inglaterra havia ouvido muitas vezes o evangelho, porém estava cheio de temor de que não poderia entregar-se a Cristo. Seu chefe um dia lhe enviou um bilhete em que dizia: Vem à minha casa logo que acabares o trabalho. O supervisor se apresentou à porta da casa de seu chefe. Saindo este, disse bruscamente: Que queres João ? Por que me molestas a esta hora ? O trabalho já terminou. Que fazes aqui ? Senhor, disse seu subordinado – recebi um bilhete seu avisando-me que deveria vir aqui depois de ter concluído o trabalho. – Queres dizer que, simplesmente porque recebeste de mim um bilhete, por isso vieste à minha casa molestar-me depois do expediente ? Sim senhor – respondeu o supervisor. Não o entendo. Mas me parece que ao me ordenar eu teria a obrigação de vir. – Entende João, disse seu chefe – tenho outro recado que desejo dar-te. E logo se sentou, e leu as seguintes palavras: “Vinde a mim todos os que estais cansados e sobrecarregados que eu vos aliviarei.”. Crês que depois de receber semelhante mensagem de Jesus, seria uma imprudência esconder-te da mesma ? O pobre supervisor compreendeu todo o negócio, e creu. Entendeu que teria boa autoridade e faculdades suficientes para fazê-lo.
5. Se todas estas sugestões não os firmam na fé, pensem no que haverão de crer: que o Senhor Jesus sofreu no lugar dos homens, e pode salvar a todos os que confiam nele. Pois este é o fato, o mais precioso, é ele que pede aos homens que creiam, a verdade mais consoladora e divina que jamais se tem posto à vista dos homens. Eu lhes aconselho que meditem muito sobre ele, e que vocês esquadrinhem o amor e a graça que contém.
6. Se ao fim não bastam as indicações já feitas, pensem na pessoa de Cristo. Pensem no que é, no que fez, no lugar em que habita, e na glória de seu estado exaltado. Pensem muito e profundamente acerca do Filho de Deus, e o Espírito Santo criará a fé nos seus corações.
Baseado e adaptado do original inglês de Spurgeon, traduzido por Silvio Dutra.