Legado Puritano
Quando a Piedade Tinha o Poder
Textos
Interpretação da 5ª Petição da Oração do Pai Nosso – Parte 2
 
“e perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós também temos perdoado aos nossos devedores;” – Mt 6.12
 
Tradução e adaptação realizadas pelo Pr Silvio Dutra, do original em inglês, de autoria de Thomas Watson, em domínio público, intitulado A Oração do Senhor.
 
 Que tipo de fé nós devemos exercitar na hora da tribulação? Fé em nossa própria capacidade e poder? Não! Fé em Jesus para estarmos firmes. Este é o coração do evangelho.
Satanás sempre nos acusará e nos tentará para buscarmos a vitória sobre ele em nós mesmos, em nossa justiça própria. Ele até mesmo sugerirá que nos santifiquemos e nos acusará quando pecarmos. Ele terá uma boa base para nos acusar quando estivermos gemendo em nossas limitações e pecados porque atendemos  às suas insinuações de tentar achar a pérola de grande valor em nós mesmos. A justiça que agrada a Deus em nossa própria natureza. Não é aí que as encontraremos, senão somente em Cristo, que é, Ele próprio, a Nossa Justiça.  
  “Naqueles dias Judá será salvo e Jerusalém habitará em segurança; e este é o nome que lhe chamarão: O SENHOR É NOSSA JUSTIÇA.”  (Jer 33.16).
Assim, a nossa vitória sobre o pecado, sobre a morte, sobre Satanás, deve ser buscada somente em Cristo. É para o Autor e Consumador da nossa fé que devemos olhar enquanto caminhamos em nossa jornada neste mundo.
Deste modo, lutemos não somente para confessar, mas para termos nossas dívidas espirituais pagas por Cristo, nossa Justiça e Fiador. Digamos: “Senhor perdoa as nossas dívidas”, e Cristo pagará tudo. 
Cristo é o nosso único Fiador. Tenha fé no sangue de Jesus e a dívida será liquidada. Nós não temos com que pagar a dívida mas Deus proveu para nós um Fiador fidedigno que a pagará por nós.
Mas este Fiador tem uma condição para perdoar as nossas dívidas: ele exige que perdoemos também os nossos devedores. O nosso perdão das dívidas de outros não é portanto a causa de sermos perdoados por Deus, mas a condição sem a qual Ele não nos perdoará.    
Muitos demoram a alcançar a salvação por este motivo. Eles se recusam a perdoar outros e somente recebem a salvação de Deus quando se dispõem a perdoar os seus devedores. 
Eles pensam de Deus como de si mesmos, como se houvesse nEle alguma dureza de coração ou amargura. No entanto Deus é inteiramente benigno, compassivo, bondoso, amoroso, perdoador, e não podemos entender de maneira adequada, de forma alguma, o que Ele seja, e por isso somos chamados a exercer fé, a crer naquilo que Ele afirma de Si mesmo na Sua Palavra, e alcançaremos misericórdia se formos também misericordiosos pedindo-Lhe graça para que possamos perdoar e amar os nossos inimigos. E temos um bom motivo para isto, porque disto depende o nosso próprio perdão.
“Quem é Deus semelhante a ti, que perdoas a iniquidade, e que te esqueces da transgressão do resto da tua herança? O Senhor não retém a Sua ira para sempre, porque ele se deleita na benignidade.” (Mq 7.18).
O homem pode perdoar um pecado contra ele, mas ele não pode perdoar uma transgressão contra Deus, e como todo pecado é uma transgressão contra Deus podemos afirmar que nenhum homem pode perdoar completamente o pecado e remover a culpa do pecador. Isto é, se alguém peca contra o seu próximo e é perdoado por ele, no entanto aquele que foi perdoado continuará sem perdão e culpado diante de Deus caso não busque ser perdoado por Ele. 
Um cristão pode e deve perdoar o seu irmão (Col 3.13), mas não tem o poder de  isentar a sua culpa perante Deus. Somente em Cristo a culpa do pecado pode ser removida. Daí serem tantas as ilustrações no Antigo Testamento dos sacrifícios de animais que tipificavam a remoção da culpa que pode ser feita somente através do sangue do sacrifício de Cristo, do qual aqueles eram apenas figura. 
Assim  a autoridade para perdoar pecados que Cristo concedeu aos ministros do evangelho (João 20.23) é apenas declarativa, mas não efetiva. Se aquele que foi perdoado pelo pastor, não se arrependeu efetivamente dos seus pecados, ele não será perdoado por Deus, ainda que possa enganar os Seus ministros com um arrependimento superficial ou falso. 
Mas quando o arrependimento é sincero e há humilhação pelo pecado, o ministro pode e deve declarar o perdão do pecado daquele que se arrependeu, para que a sua consciência seja acalmada, e para que seja também recebido na comunhão dos santos, por conversão ou por nova reconciliação. E o ministro não perdoa o pecado pela sua própria autoridade, mas como um arauto, no nome de Cristo, em quem e por  quem os pecados são efetivamente perdoados.
Tal como na Aliança da Lei, quando Deus limpava o leproso, era dever do sacerdote declará-lo oficialmente limpo. De igual modo Deus perdoa o pecado e o ministro declara o penitente perdoado.
Nenhum mortal recebeu de Deus autoridade e poder para poder perdoar pecados em seu próprio nome, ou por sua própria eficácia, porque a dívida de pecados que temos é para com Deus e não para com os homens. Nenhum homem é credor de outro em relação a pecados praticados contra eles.
“Eu, eu mesmo, sou o que apago as tuas transgressões por amor de mim, e dos teus pecados não me lembro.”  (Is 43.25).
Quem mais além de Deus tem o poder de apagar as transgressões dos pecadores?
O perdão é tirado dos intestinos da misericórdia de Deus e não há nada que possamos fazer para merecer isto, nem nossas orações, lágrimas ou boas obras podem comprar o perdão.
Assim se os homens pensam que eles podem comprar o perdão de pecados com os seus deveres e esmolas, tanto eles quanto as suas obras e dinheiro perecerão juntamente. 
É principalmente pelo perdão de pecados que Deus comprova tanto aos homens de boa vontade, quanto aos anjos que Ele é completamente benigno, misericordioso, bondoso e cheio de graça. Ele não é um Deus cruel, duro, perverso, como o diabo costuma enganar os homens, usando por argumento as aflições que há no mundo, só que não lhes dizendo que ele próprio foi quem introduziu dores num mundo que era perfeito ao ter enganado o primeiro casal no jardim do Éden. As aflições que existem no mundo não foram causadas por Deus mas pelo próprio pecado do homem.  Em vez de aflições, Deus poderia e deveria, por causa do Seu atributo de Justiça, ter destruído a humanidade, porque o salário do pecado é a morte, mas Ele, sendo misericordioso e bom, planejou perdoar os pecadores que se arrependessem dos seus pecados e confiassem em Cristo como Salvador deles. 
É pelo sangue de Cristo que nós temos redenção (Ef 1.7). A culpa do pecado era infinita, e nada mais do que aquele sangue de Alguém que não era somente homem, mas também o Deus infinito poderia obter perdão para uma culpa infinita. 
Foi a graça de Deus que descobriu uma maneira de redenção através de um Mediador.
A culpa por todos os nossos pecados foi colocada sobre Cristo e Deus executou a sentença sobre a dívida destes pecados fazendo-O morrer por nós na cruz.
É por isso que Ele diz em Hb 8.12, quanto à aliança que faria através da Mediação de Cristo:
“Porque serei misericordioso para com suas iniquidades, e de seus pecados não me lembrarei mais.”  (Hb 8.12).
 O preço pago pela nossa redenção, a saber, o sangue de Jesus, desviou completamente de nós a ira da Justiça de Deus em relação aos nossos pecados:
“Eu sararei a sua apostasia, eu voluntariamente os amarei; porque a minha ira se apartou deles.”  (Os 14.4).
Deste modo, embora um filho de Deus, depois de ter sido perdoado em Cristo, possa incorrer no Seu desgosto paternal, contudo a ira judicial dEle é afastada pelo sangue de Jesus. Assim os santos poderão ser corrigidos pelos seus pecados presentes, mas não destruídos.
“30 Se os seus filhos deixarem a minha lei, e não andarem nas minhas ordenanças,
31 se profanarem os meus preceitos, e não guardarem os meus mandamentos,
32 então visitarei com vara a sua transgressão, e com açoites a sua iniquidade.
33 Mas não lhe retirarei totalmente a minha benignidade, nem faltarei com a minha fidelidade.
34 Não violarei o meu pacto, nem alterarei o que saiu dos meus lábios.” (Sl 89.30-34).
Esta porção deste Salmo é parte da promessa que foi feita aos que são da casa de Davi, e nós fazemos parte desta casa pela nossa união com Cristo.
E estes pecados presentes são tratados também pelo sangue de Cristo, mediante arrependimento. E o arrependimento é composto de três partes principais: contrição, confissão e conversão.
Contrição é o quebrantamento de coração, é a tristeza pelo pecado, uma vez convencidos deste pelo Espírito Santo. Os contritos são os que choram que serão consolados, conforme previsto na bem-aventurança (Mt 5.4). Como esta contrição vem antes do perdão e prepara o coração para recebê-lo, daí Jesus ter afirmado que os tais são bem-aventurados.  
A confissão do pecado deve ser humilde, sincera, sem reservas, voluntária, tal como a do publicano da parábola que Jesus citou para mostrar o quanto estavam errados os fariseus julgando-se justificados diante de Deus pela justiça própria deles. 
Como disse Agostinho: “A confissão fecha a boca do inferno e abre o portão do paraíso.”.
O terceiro ingrediente do arrependimento é a conversão, isto é,  deixar o pecado e fazer a vontade de Deus.
Pode haver tristeza pelo pecado, pode haver confissão e no entanto  não se deixar a prática do pecado, isto é, não haver conversão; então não houve um verdadeiro arrependimento porque ficou faltando este terceiro componente da conversão.
A conversão é na verdade a mudança de todo o direcionamento da vida para Deus, isto é, uma mudança completa que leva em conta não somente o abandono de um pecado específico mas do pecado em todas as suas formas, porque tentar esconder um só malfeitor na casa diante do nosso Rei, nos torna culpados de rebeldia contra Ele. E quem esconde um rebelde é um traidor da Coroa e merece a morte.   
Por isso se diz que o arrependimento é para com Deus (At 20.21) porque não é apenas um ato de se deixar o pecado, mas de se voltar para Deus com integridade de coração.
E este arrependimento é o modo que conduz ao perdão de Deus, como se vê em Is 55.7:
“Deixe o ímpio o seu caminho, e o homem maligno os seus pensamentos; volte-se ao Senhor, que se compadecerá dele; e para o nosso Deus, porque é generoso em perdoar.”  (Is 55.7).

 
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Veja tudo sobre as Escrituras do Velho Testamento no seguinte link:
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Veja tudo sobre as Escrituras do Novo Testamento no seguinte link:
http://livrono.blogspot.com.br/

A Igreja tem testemunhado a redenção de Cristo juntamente com o Espírito Santo nestes 2.000 anos de Cristianismo.
Veja várias mensagens sobre este testemunho nos seguintes links:
http://retornoevangelho.blogspot.com.br/
http://poesiasdoevangelho.blogspot.com.br/

A Bíblia também revela as condições do tempo do fim quando Cristo inaugurará o Seu reino eterno de justiça ao retornar à Terra. Com isto se dará cumprimento ao propósito final relativo à nossa redenção.
Veja a apresentação destas condições no seguinte link:
http://aguardandovj.blogspot.com.br/ 
 

 
 
Silvio Dutra Alves
Enviado por Silvio Dutra Alves em 11/02/2013
Alterado em 10/07/2014
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