Como Tratar com a Autoridade Civil – Parte 5
Notas: 1 - O uso da palavra “igreja” neste texto nunca se refere a instituições ou denominações religiosas, mas ao número daqueles que amam a Jesus Cristo.
2 – Este texto é uma tradução e adaptação do Pr Silvio Dutra, do texto em inglês, em domínio público, de autoria de John Macarthur.
A sociedade, especialmente do mundo ocidental, é uma sociedade pragmática.
Os governantes dos países ricos estão afirmando que só existe um deus no mundo, e este é o mercado.
Os países pobres são explorados pelos países ricos.
Mas no reino do anticristo haverá uma conjugação de países pobres e ricos, servindo a mesma causa comum: a do engano e da mentira.
Valendo-se de argumentos aparentemente justos como o da erradicação da miséria no mundo, do combate à violência, o mundo continuará sujeito ao príncipe das trevas e ao pecado, obedecendo o senhorio de ambos.
E vivemos como povo de Deus numa terra estrangeira, não somos deste mundo, mas estamos vivendo nele, e devemos ter o cuidado de ter a paz de Cristo em nossos corações, o espírito de moderação, mas também de ousadia para proclamar a Palavra de Deus em meio a uma geração perversa e má, lutando com as armas espirituais de Deus.
Dando o mais elevado exemplo de cidadania em relação a todas as cousas que devem ser obedecidas em relação à autoridade civil, mas tendo a ousadia com moderação para rejeitar tudo aquilo que contrariar os princípios claramente revelados na Palavra, assim como fizeram os cristãos da Igreja Primitiva, e todos aqueles que viveram e têm vivido dando o bom testemunho de Cristo, que é mediante a Sua Palavra.
Lembremos sempre que não recebemos de Deus a missão de consertar o mundo, de ser a sua palmatória, mas a de dar testemunho da verdade, de ser sal e luz num mundo de trevas.
E isto é feito com a pregação da Palavra e com oração.
Ainda que seja louvável a intenção daqueles que têm levantado as mais diferentes bandeiras para modificar a ordem social, procurando condições mais justas de vida pelo confronto das autoridades constituídas, saiba que isto não deve ser feito em nome de Cristo, porque não é esta a missão que Ele deu à Igreja.
Não foi este o exemplo que Ele deixou para nós, e nenhum dos seus apóstolos.
A nossa missão não é a de consertar o mundo, até porque ele nunca teve e jamais terá conserto, mas a de resgatar pessoas que estão no mundo, das trevas para a luz do Senhor.
Há muito o que fazer em testemunho de boas obras, mesmo para aqueles que são do mundo, e isto faremos sendo bons cidadãos e empregados, com o temor de Deus no coração, sendo obedientes e submissos àqueles que foram constituídos como autoridade acima de nós.
Em Atos 6.8 lemos que Estevão era cheio de graça e poder, e fazia prodígios e grandes sinais entre o povo.
Mas lemos nos versos seguintes que em razão de alguns judeus não terem podido resistir à sabedoria e ao Espírito, pelo qual ele falava, subornaram homens para dizerem que tinham ouvido ele proferir blasfêmias contra Moisés e contra Deus, e sublevaram o povo, os anciãos e os escribas o arrebatando e levando-o ao Sinédrio.
E ali usaram testemunhas falsas contra ele.
Mas os que estavam no Sinédrio viram o rosto de Estevão como se fosse rosto de anjo.
E você conhece bem o resto da história que culminou com sua morte por apedrejamento.
Ele pregou um sermão poderoso aos seus acusadores, antes de ser apedrejado, e foi um sermão cheio do poder do Espírito.
Todavia, segundo o juízo comum, ele foi derrotado porque com todo o poder de suas palavras, graça, sabedoria, fé, poder do Espírito, não logrou livrar-se dos seus falsos acusadores e encontrou a morte.
Mas, a causa de Deus e a Palavra de Deus triunfou através do testemunho da sua vida, porque tudo aquilo balançou as convicções de Saulo, lhe preparando para a sua futura conversão no caminho de Damasco, e certamente outros escribas e fariseus foram trazidos à fé pelo testemunho maravilhoso de Estevão.
Ele pregou uma mensagem evangelística confrontativa.
E Saulo jamais pôde esquecer a face angelical, o coração perdoador e o poder da pessoa de Estevão.
A Palavra de Deus diz que devemos estar sujeitos a toda instituição humana, não diz algumas, mas a toda e qualquer instituição.
Você diz:
“Mas temos juízes ruins em nossos tribunais. Respondemos a isto com uma ilustração tirada de Is 3.1,2, onde lemos:
“porque eis que o Senhor, o Senhor dos Exércitos, tira de Jerusalém e de Judá o sustento e o apoio, todo sustento de pão e todo sustento de água; o valente, o guerreiro e o juiz; o profeta, o adivinho e ancião; o capitão de cinquenta, o respeitável, o conselheiro, o hábil entre os artífices e o encantador perito.”.
Por que Deus vai fazer tudo isso?
Ele vai julgar o homem poderoso e o guerreiro, Ele vai julgar o juiz e o profeta, o adivinho e o ancião.
Em outras palavras, Ele vai julgar todos.
Ele baixa uma lista longa.
Por que?
Verso 8: “Porque Jerusalém está arruinada, e Judá, caída; porquanto a sua língua e as suas obras são contra o Senhor, para desafiarem a sua gloriosa presença.”.
Esta não é a primeira vez que houve juízes ruins, esta não é a primeira vez que houve líderes ruins. Mas quem os julga? Quem os julga? Deus os julga.
Vemos isto também em Dn 9.11,12:
“Sim, todo o Israel transgrediu a tua lei, desviando-se para não obedecer à tua voz; por isso, a maldição e as imprecações que estão escritas na Lei de Moisés, servo de Deus, se derramaram sobre nós, porque temos pecado contra ti. Ele confirmou a sua palavra, que falou contra nós e contra os nossos juízes que nos julgavam, e fez vir sobre nós grande mal, porquanto nunca, debaixo de todo o céu, aconteceu o que se deu em Jerusalém.”.
E novamente Daniel mostra o fato que havia juízes injustos, juízes injustos na sociedade na qual ele estava vivendo com as pessoas em cativeiro. Isto não é nada novo. Isto não é nada incomum.
Miqueias 7.2-4 diz:
“Pereceu da terra o piedoso, e não há entre os homens um que seja reto; todos espreitam para derramarem sangue; cada um caça a seu irmão com rede. As suas mãos estão sobre o mal e o fazem diligentemente; o príncipe exige condenação, o juiz aceita suborno, o grande fala dos maus desejos de sua alma, e, assim, todos eles juntamente urdem a trama. O melhor deles é como um espinheiro; o mais reto é pior do que uma sebe de espinhos. É chegado o dia anunciado por tuas sentinelas, o dia do teu castigo; aí está a confusão deles.”.
Paulo viveu certamente em dias que os juízes eram ruins quando ele escreveu Rom 13.
Pedro também viveu certamente em dias que os juízes eram ruins quando ele escreveu I Pe 2, afinal os juízes estavam arrastando os cristãos aos tribunais, injustamente.
E o próprio Paulo e Pedro foram vítimas de uma execução injusta que lhes tirou a vida.
Mas não devemos resistir a toda esta realidade da vida humana, o foco da Bíblia está em ser sujeito às autoridades, porque foram instituídas por Deus.
Esta que é a ordenança bíblica.
Não é que você deva consertar o mundo através da revolução civil.
O trabalho de julgar as autoridades instituídas é um trabalho do próprio Deus, porque foram instituídas por Ele.
E você tem que permitir que Deus seja soberano porque Ele está regendo como lhe apraz.
Robert Culver escreveu um livro muito importante chamado Para uma Visão Bíblica do Governo Civil.
E nele ele diz isto “Os homens da Igreja cujo ativismo Cristão levou principalmente a anunciar, enquanto marchavam, enquanto protestavam e gritavam poderiam bem observar o autor destes versos... chamado Paulo... primeiro na oração, depois pregando com os seus amigos e depois disso pregando nas casas e nos lugares públicos. Quando Paulo chegou a ser ouvido pelos poderosos, foi para defender a sua ação como pregador do caminho para o céu.".
Você vê, se nós seremos perseguidos e se nós seremos encarcerados, deve ser porque nós fomos pregadores da justiça, e não os desafiantes da lei.
É muito importante saber que o que dá a investidura à autoridade é a posição ocupada por ela, e não a qualidade do seu caráter.
Pedro tinha um caráter infinitamente superior ao daqueles que prenderam Jesus.
Mas o que foi que o Senhor lhe disse quanto tomou da espada e cortou a orelha do servo do sacerdote?
Ele disse que os que usassem a espada em vingança sem estarem na posição de autoridade que permite o uso da espada, morreriam pela espada da autoridade, ministro de Deus para tal propósito.
Jesus mesmo reconheceu a autoridade terrena dos que o prenderam permitindo-se deixar ser preso por eles.
Na terra, nem ele, nem Pedro, na ocasião ocupavam qualquer posição como magistrados reconhecidos pela sociedade.
Eles estavam assim sujeitos às autoridades constituídas.
E foi por isso que Jesus reconheceu que havia em Pilatos tal poder sobre a Sua pessoa, que fora dado por Deus.
Se Deus não tivesse instituído as autoridades civis, Pilatos não teria qualquer poder sobre Jesus, mas como era um dos chefes da administração romana, que governava o mundo de então, tinha o direito legal de fazer valer a autoridade de que estava instituído, ainda que por um governo que não era justo e imparcial, porque crucificaram o próprio Cristo que sequer tinha qualquer pecado e era Deus.
Aí está um bom exemplo então para meditarmos e entendermos que nenhum levante contra a autoridade constituída poderá ter a aprovação de Deus, ainda que seja por uma causa justa, ou em nome da justiça.
Não podemos exercer a lei com as próprias mãos. Isto é tarefa para os ministros de Deus que foram instituídos para serem autoridade mantendo a ordem civil e o cumprimento da lei.
Agora, a má autoridade responderá perante Deus, porque está designado um modo para que ela funcione.
Ela deve elogiar os que praticarem o bem e castigar os malfeitores.
Mas há cada vez mais uma troca disto no mundo em que vivemos.
Ao bem chamam mal, e ao mal chamam bem.
Autoridades que estão em conluio com criminosos. E que perseguem o povo de Deus pela simples condição de serem reconhecidos como contrários à prática da injustiça, do suborno, e de todo comportamento que é condenado pela Palavra de Deus.
Certamente prestarão contas a Deus dos seus atos.
Em Rom 13.6,7 lemos:
“Por esse motivo, também pagais tributos, porque são ministros de Deus, atendendo, constantemente, a este serviço. Pagai a todos o que lhes é devido: a quem tributo, tributo; a quem imposto, imposto; a quem respeito, respeito; a quem honra, honra.”.
Alguém diria... eu ouvi as pessoas dizerem isto... eu conheço várias pessoas que me disseram: "eu não pago meus impostos."
Eu disse, “porque não?"
"Eu não sou um cidadão deste mundo.".
Um homem me falou que ele não pagava impostos há 25 anos.
Por que?
"Eu não sou um cidadão deste mundo. Eu não tenho que pagar meus impostos. Eu não tenho que obedecer leis terrenas. Eu sou um cidadão do céu.".
Toda vez que eu vejo uma transgressão da vontade de Deus deste tipo, isto me irrita.
Não somos livres para sermos devedores, para dar mau testemunho, somos livres para servir a Deus, e é da vontade de Deus que sejamos cidadãos corretos neste mundo, que cumprem todas as suas obrigações de cidadania.
Nossa cidadania celestial, nossa liberdade em Cristo não nos permite abusar dos padrões que Deus estabeleceu para nós na terra.