Richard Baxter Falando Sobre o Pastor
“Para um homem ser um verdadeiro pregador, ele tem de ser um verdadeiro pastor. Temos de reconhecer a centralidade da pregação, mas será que não utilizamos isso como desculpa para a covardia e a indiferença pastoral? O fato de que pregamos publicamente contra os pecados dos homens nos absolve da responsabilidade de confrontá-los, em seus lares, a respeito dos mesmos pecados? Somos chamados para ser estudantes diligentes, para trabalhar na Palavra, para estar em nosso lugar secreto. No entanto, o estudo pode se tornar um refúgio conveniente para fugirmos da realidade, e podemos facilmente por meio da leitura de mais um livro tranquilizar nossa consciência no que diz respeito a uma visita não realizada. Muitos de nós temos descoberto, para nossa vergonha, que a coragem com que temos pregado pode evaporar-se durante o trajeto até à porta da casa da pessoa para a qual estamos nos dirigindo, a fim de visitá-la. Havendo trovejado, com ousadia, contra o pecado, nos encontramos procurando conciliar-nos, por meio de um sorriso e de um aperto de mãos, com aquelas mesmas pessoas cujas consciências estávamos procurando ferir; estamos procurando ser amigos e nos alegrarmos com eles; estamos preferindo que Deus fique irado com eles, ao invés de eles ficarem irados conosco.
Na tentativa de ressaltarmos a importância da pregação, é possível reagirmos de maneira errônea, por minimizarmos a obra pessoal. O aconselhamento pessoal não pode ser um substituto para a Palavra pregada, mas, como um instrumento de reforçar e aplicar a Palavra à consciência do indivíduo, o aconselhamento pastoral cumpre uma função singular. Além disso, serve também para nos tornar pregadores melhores, e não piores.
Quando visitamos de casa em casa, a neblina de nosso estudo será desfeita e voltaremos a fim de preparar sermões de acordo com a vida e na linguagem do povo.”