A Pregação da Cruz – Parte 2
Há uma tendenciosa prática cultural chamada “evangélica” em nossos dias, que nada tem a ver com o verdadeiro evangelho.
Conquista de fama, bens matérias, status, poder e tudo o mais que o mundo busca, relativamente à criatura, à criação, e não a consagração da vida ao Criador, ao Senhor, e à Sua vontade soberana, para as nossas vidas, que é a santificação.
Assim, as bocas falam e os teclados escrevem não aquilo que procede do coração de Deus, mas do próprio coração humano, não regenerado ou não santificado.
Os homens podem considerar uma tolice, um absurdo, um escândalo, a idéia de que Deus tenha encarnado num corpo humano e morrido numa cruz para carregar os nossos pecados sobre Si, na pessoa de Seu Filho, mas esta é a pura verdade que se comprova na transformação das vidas daqueles que creem na mensagem da cruz.
Os que estão buscando glória terrena e o louvor dos homens, certamente desprezarão a cruz, porque ela é uma convocação à humilhação e mortificação do nosso ego, e o instrumento que nos leva a nos submetermos à vontade Deus, em obediência voluntária e amorosa de coração.
O próprio Cristo em nós é o poder e a sabedoria de Deus, de forma que, se tivermos algum poder ou sabedoria relativa às coisas celestiais e divinas, isto não provém propriamente de nós mesmos, mas o temos recebido do alto pelo Espírito, por causa da nossa comunhão com Cristo.
Daí Paulo ter dito que foi o próprio Jesus que foi feito para os cristãos, da parte de Deus, a sua sabedoria, justiça, santificação e redenção (I Cor 1.30), de modo que nenhum cristão se glorie em si mesmo, senão unicamente no Senhor, ao verem existirem e operarem neles todas estas virtudes, porque tudo lhes é concedido pela exclusiva graça e misericórdia de Cristo.
Cuidado portanto com os pastores que se proclamam poderosos, sábios, justos, santificados, abençoados, gloriando-se em si mesmos, e não no poder do Senhor, para que vidas sejam salvas e abençoadas.
Muito mais do que ter cuidado, devemos nos desviar daqueles que se gloriam na sabedoria deste mundo (I Cor 1.19; Is 29.14), porque Deus prometeu aniquilar tal sabedoria, e todos aqueles que se gloriam nela, serão juntamente aniquilados no porvir, por terem confiado nela, e não na verdadeira sabedoria de Deus para o mundo que é Cristo crucificado, para nos remir dos nossos pecados.
O evangelho da cruz é portanto, o instrumento de aniquilação de toda a sabedoria mundana, que seja especulativa quanto à salvação.
Porque a simplicidade do evangelho e a humilhação que ele requer são rejeitadas pelos sábios segundo o mundo.
Eles pensam que é preciso algo mais elaborado, mais sofisticado, mais profundo (segundo os homens) para a salvação.
Não nos deixemos iludir pela aparência do que seja grande e sofisticado aos olhos dos homens, ao contrário, estejamos sempre vigilantes e desconfiemos de tudo aquilo que não se conforme à simplicidade do evangelho da cruz, de forma que nós mesmos não sejamos separados da simplicidade e da pureza que há em Cristo, pela corrupção de nossas mentes, que em vez de serem renovadas pela verdade, serão desviadas da mesma, por darmos crédito àquilo que é fruto da própria imaginação humana (II Cor 11.3).
Silvio Dutra Alves
Enviado por Silvio Dutra Alves em 14/04/2013