A DIFERENÇA ENTRE CAMINHAR ATRAVÉS DE VISTA, E CAMINHAR POR FÉ – PARTE 4
Por John Wesley (adaptado)
"Porque caminhamos por fé, e não através de vista". (2 cor 5:7)
13. Cuide para que seus afetos, seu desejo, sua alegria, sua esperança, sejam fixados não em objetos passageiros, em coisas que desaparecem como uma sombra, mas naquelas coisas que não mudam e que são incorruptíveis; aquelas coisas que permanecerão mesmo quando o céu e a terra passarem, e não se achar nenhum lugar para eles.
Se você fizer uma justa avaliação das coisas, segundo Deus as vê, então o seu corpo será todo luminoso, porque o seu olhar será bom, pois verá com os olhos da alma, como quem vê o invisível, e estará caminhando por fé e não por vista. Toda a sua alma desfrutará da luz de Deus, e verá a luz do Seu glorioso amor; não somente verá, como também lhe será concedido pelo Senhor poder experimentá-lo com alegria e paz inefáveis.
14. Cuide portanto, para que todo o seu desejo esteja voltado para o Senhor, e Ele mesmo lhe fará participante de todas as coisas que são lícitas e boas. Você terá uma relação adequada com todas as coisas deste mundo sem ser dominado por nenhuma delas, porque não será nelas que estará todo o seu desejo e coração.
15. Cuide para se precaver de desejos tolos e danosos que surjam de qualquer coisa visível ou temporal. Todos estes desejos foram resumidos pelo apóstolo João, naquela expressão geral de advertência de não amarmos o mundo nem as coisas do mundo (I João 2.15).
Não dê lugar a nenhum desejo da carne, dos olhos, ou à soberba da vida (desejo de honrarias, posições, louvores pessoais), que não procedem de Deus Pai, mas do mundo (I João 2.16). A razão disso é expressada pelo apóstolo da seguinte forma: “E o mundo passa, e a sua concupiscência; mas aquele que faz a vontade de Deus permanece para sempre.” (I João 2.17). Nós temos aqui a mesma advertência que Paulo havia feito aos coríntios: “E os que usam deste mundo, como se dele não usassem, porque a aparência deste mundo passa.” (I Cor 7.31).
16. Observe bem: Esta é a religião cristã verdadeira, e somente esta; não esta ou aquela opinião, ou sistema de opiniões. A verdadeira religião é um viver e entrar na eternidade, e isto só pode ser alcançado por aquela vida que está escondida com Cristo Jesus, em Deus. De maneira que, se não permanecemos em Cristo, não podemos permanecer na verdade, na fé, na vida eterna.
17. Esta verdadeira religião não será portanto, apreciada pelos que são do mundo, antes será odiada por eles, porque se opõe ao sistema do mundo. Não é do mundo. Não ama o mundo. E assim, o mundo não pode amar aquilo que não é seu e que não lhe ama. Se fosse do mundo, o mundo a amaria. Mas, como não demonstra interesse, afeto e desejo pelo que o mundo oferece, não pode então contar com a apreciação do mundo, e será perseguida por ele. Não somente porque seja diferente, mas por ser um modo de vida infinitamente mais elevado do que aquele que o mundo tem a oferecer, e que é passageiro, enganoso, que não valoriza as coisas eternas e invisíveis que Deus preparou para que colocássemos nelas todo o nosso interesse e afeto.
Este é o ensino direto da Bíblia, é o ensino de Jesus e dos apóstolos, e que é chamado de verdade. A única verdade, como já dissemos anteriormente. Para quem anda por vista e não por fé soará exagerado, radical, fanático, desequilibrado, alienado ou qualquer outro adjetivo que costumam atribuir-lhe os que têm mente carnal, mas para os que são espirituais; é toda a sua vida, é o verdadeiro tesouro, é a pérola de grande valor, é a certeza e a garantia da salvação de suas almas, e somente estes podem ver e experimentar isto, porque é concedido àqueles que caminham por fé e não por vista.
“26 Se alguém vier a mim, e não aborrecer a seu pai, e mãe, e mulher, e filhos, e irmãos, e irmãs, e ainda também a sua própria vida, não pode ser meu discípulo.
27 E qualquer que não levar a sua cruz, e não vier após mim, não pode ser meu discípulo.
28 Pois qual de vós, querendo edificar uma torre, não se assenta primeiro a fazer as contas dos gastos, para ver se tem com que a acabar?
29 Para que não aconteça que, depois de haver posto os alicerces, e não a podendo acabar, todos os que a virem comecem a escarnecer dele,
30 Dizendo: Este homem começou a edificar e não pôde acabar.
31 Ou qual é o rei que, indo à guerra a pelejar contra outro rei, não se assenta primeiro a tomar conselho sobre se com dez mil pode sair ao encontro do que vem contra ele com vinte mil?
32 De outra maneira, estando o outro ainda longe, manda embaixadores, e pede condições de paz.
33 Assim, pois, qualquer de vós, que não renuncia a tudo quanto tem, não pode ser meu discípulo.” (Lc 14.26-33).