COMO TER DOMÍNIO PRÓPRIO P 5
Sabendo que a carne luta contra o Espírito porque sabe intuitiva e instintivamente que é Ele o único poder que pode dominá-la, cabe então ao cristão o dever de vigiar e orar constantemente para que a carne seja trazida em sujeição ao Espírito, para ser progressivamente mortificada, de maneira que a carne fique cada vez mais fraca, e a graça cada vez mais forte.
À medida que este trabalho de crescimento na graça e no conhecimento de Jesus vai progredindo, o cristão perceberá que se cumprirá também em sua vida a experiência do apóstolo Paulo de estar crucificado para o mundo e o mundo para ele, de maneira que não exercerá mais nenhum atrativo sobre a alma, em devaneios, ilusões, paixões, por coisas que são enganosas, aparentes, passageiras, e que não podem de modo algum ser em qualquer grau, o objetivo pelo qual vivamos, porque toda a vida que temos na carne é para ser vivida para Deus e não para a satisfação dos nossos desejos, que ainda que sendo lícitos, poderão colidir com a vontade de Deus e impedir-nos de fazê-la, seja em cumprimento do que está revelado na Palavra, ou que tenha sido determinado por Ele direta e pessoalmente a nós, especialmente nas coisas que se referem ao cumprimento do ministério que Ele nos tiver designado para cumprir.
A Palavra de Deus nos ordena portanto o dever de vigiar, orar e lutar para que os desejos da carne sejam vencidos pelo exercício do nosso domínio próprio.
Não permitiremos que nada além do Espírito de Deus e da Palavra do Senhor, nos domine. Nem sequer a nossa própria vontade que está contaminada pelo pecado e sujeita ao seu domínio.
Nossos desejos naturais que se transformam em paixões, devem ser dominados. E isto não pode ser feito sem o fruto do domínio próprio do Espírito Santo.
Em Gál 5.23 a palavra para domínio próprio no original grego é egkrateia, que significa auto (eg) controle, domínio, governo (krateia).
Literalmente poderia ser traduzido como controle, domínio ou governo do ego.
A suma de tudo o que temos dito, pela própria Palavra, é que deve existir uma completa consagração ao Senhor, não meramente em pensamento, mas de fato e de verdade, numa vida de efetiva vigilância espiritual e oração contínuas, em aplicação da Palavra de Deus à vida pelo Espírito, porque sem isto, como vimos antes, quem terá sempre o domínio serão os desejos corrompidos da alma e não o nosso espírito, estando ele próprio, purificado pela presença e poder operativo e atuante do Espírito Santo de Deus.
Estas paixões da alma devem ser submetidas à crucificação por causa do princípio do pecado que opera na carne – natureza terrena decaída, onde residem todos estes desejos pecaminosos.
Mortificar a carne é o dever de todo cristão porque foi crucificado juntamente com Cristo, e consequentemente morreu para o pecado para poder viver em novidade de vida para Deus.
“E os que são de Cristo crucificaram a carne com as suas paixões e concupiscências.” (Gál 5.24).
Ser cristão significa ser transformado progressivamente pelo poder da graça à imagem e semelhança de Jesus, e estar numa aliança com Deus para a santificação total de corpo, alma e espírito (I Tes 5.23).
Não cabe portanto qualquer dúvida quanto a ser um dever de todo cristão a mortificação da carne, para um progressivo e cada vez maior revestimento de Cristo (Rom 13.14).
Assim, não é bastante que deixemos de praticar o mal, porque é também necessário aprender a fazer aquilo que é bom e agradável a Deus.
O cristianismo não somente nos obriga a mortificar o pecado mas também a viver em retidão; não somente a nos opormos às obras da carne, mas também produzir o fruto do Espírito.
“Como a cidade derrubada, sem muro, assim é o homem que não pode conter o seu espírito.” (Pv 25.28)
“Melhor é o que tarda em irar-se do que o poderoso, e o que controla o seu espírito do que aquele que toma uma cidade.” (Pv 16.32)