Legado Puritano
Quando a Piedade Tinha o Poder
Textos

O Grande Drama da Existência


 
Não se deve pensar quando a Bíblia fala de morte espiritual, que isto signifique inatividade do nosso espírito, ou muito menos, que ele se ache aniquilado.
Em primeiro lugar deve ser afirmado que o espírito está destinado a existir para sempre.
Fixado este ponto de partida, poderemos entender melhor, à luz da Palavra de Deus, qual é a condição espiritual real em que nos encontramos, seja de morte, ou seja de vida.
A de morte significa separação de Deus e a consequente falta de comunhão com Ele, e ausência ou deformação dos Seus atributos divinos e celestiais em nosso espírito.
O espírito que se encontra na condição referida inclina-se para o mal, e é facilmente influenciado e conduzido pelos espíritos malignos (demônios).
Isto se agrava pela impossibilidade de se firmar nas coisas espirituais celestiais e divinas, porque falta ao espírito o conhecimento pessoal de Deus, e portanto, encontra-se desprovido, para tal propósito, de todo o aparato de graça e poder, que lhe seria provido caso tivesse comunhão com o Senhor.
Então, como a Bíblia ensina, a comunhão com Deus é vida, e a falta desta comunhão é morte, porque o nosso espírito responde ao bem ou ao mal, segundo a presença ou ausência, respectivamente da referida comunhão.
Daí se afirmar em Romanos 8.16-13, que a inclinação da carne é morte, e a do Espírito Santo é vida.
Mesmo nos cristãos há a necessidade de se exercitar nos dons e graças, sobretudo pela vigilância, oração e prática da Palavra, para que as impurezas remanescentes no espírito após a conversão, ou a antiga tendência de se inclinar para o mal, sejam expurgadas.
Nós vemos isto na exortação apostólica de 2 Coríntios 7.1:    
 
“Tendo, pois, ó amados, tais promessas, purifiquemo-nos de toda impureza, tanto da carne como do espírito, aperfeiçoando a nossa santidade no temor de Deus.”
 
Somente pela fé em Cristo, e pela permanência na Sua Palavra, que o espírito pode achar a vida celestial e divina, e inclinar-se para o bem, conforme ele é definido na Bíblia (fruto do Espírito Santo).
Os delitos e pecados (obras da carne), ou seja, a violação, a transgressão dos mandamentos de Deus, é o que define a condição chamada de morte do espírito, porque não há força espiritual em nós (não há força na morte) para vencermos o mal. 
É em Cristo, na comunhão com Ele, que achamos a vida do espírito que vence o pecado e todas as potestades do mal, que operam a chamada morte espiritual.  
Por isso lemos em Efésios 2.2-6, o seguinte:
 
“Efs 2:2 Ele vos deu vida, estando vós mortos nos vossos delitos e pecados,
Efs 2:2 nos quais andastes outrora, segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe da potestade do ar, do espírito que agora atua nos filhos da desobediência;
Efs 2:3 entre os quais também todos nós andamos outrora, segundo as inclinações da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos; e éramos, por natureza, filhos da ira, como também os demais.
Efs 2:4 Mas Deus, sendo rico em misericórdia, por causa do grande amor com que nos amou,
Efs 2:5 e estando nós mortos em nossos delitos, nos deu vida juntamente com Cristo, —pela graça sois salvos,
Efs 2:6 e, juntamente com ele, nos ressuscitou, e nos fez assentar nos lugares celestiais em Cristo Jesus;”
 
Resumindo:
É imperioso decidir sermos uma pessoa do bem, mas isto não é tudo, porque, como vimos, necessitamos do poder de Cristo, para que o nosso espírito possa ser inclinado e movido pelo Espírito Santo, a expressar a vida celestial, conforme ela se encontra na pessoa de Deus. 
Sem isto, o próprio pecado e o diabo podem nos enganar, deixando-nos debaixo da ilusão de que somos pessoas muito justas e boas, porque não praticamos nenhum mal aparente, sem que nos demos conta, no entanto, que somente por este pensamento comprovamos que estamos mortos, porque um espírito que foi vivificado pelo Espírito Santo, conhece perfeitamente que não habita nele naturalmente, qualquer bem; que não pode adorar e servir a Deus, e ter comunhão com Ele, senão somente pela capacitação recebida do Espírito Santo.
Não é de se admirar que nossa condição seja tão dramática, porque fomos criados para participarmos da vida de Cristo, em plena comunhão com Ele, e nos encontramos, naturalmente falando, desprovidos disto, por causa do pecado, que nos afastará mais e mais do Senhor, caso não seja mortificado e vencido pelo poder do Espírito Santo.
A condição é dramática porque demanda uma batalha espiritual diária, para não permitirmos que o nosso espírito seja influenciado e conduzido pelas paixões da nossa carne, e pelos principados e potestades do mal. 
Somente quando esta guerra é vencida, que se pode ter vida e paz. A paz de Cristo em nossos corações, a qual se manifesta em toda e qualquer circunstância.         
 
 
Silvio Dutra Alves
Enviado por Silvio Dutra Alves em 03/05/2013
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