E este significado não foi removido, até hoje, e jamais será removido, até que tudo se cumpra, porque Deus tem colocado diante de cada homem, tanto a possibilidade da vida quanto da morte.
O homem, apesar de ter sido criado perfeito e bom, à semelhança do próprio Deus, sendo um agente moral livre quanto ao exercício da sua vontade, tende, tal como Adão fizera, a se inclinar para buscar governar e não ser governado; a fazer valer a sua própria vontade e não a do Criador; a ser independente e não a criar laços eternos de amor; e assim agindo, se envereda por causa de suas atitudes e comportamento pelo caminho que conduz à morte. Deus não criou o homem para que ele viva para si mesmo, senão para o Seu Criador. Não o criou para fazer a sua própria vontade, senão a do seu Senhor.
Isto não é um capricho, mas uma demanda da vida, porque não pode haver vida eterna a não ser na comunhão do homem com Deus, participando da Sua natureza divina. Antes da queda no pecado, Adão era inocente, e onde há inocência não há imputação de pecado, porque a imputação do pecado demanda que haja consciência do pecado, que haja discernimento do que seja o mal e do que seja o bem, tornando o homem responsável perante o Seu Criador.
A inocência de Adão foi perdida quando Ele desobedeceu a Deus comendo o fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal.
E se achando debaixo da sentença de morte produzida pelo pecado, o homem não pode lançar mão do fruto da árvore da vida, porque a vida eterna, a vida de Deus, não está reservada para aqueles que se encontram em estado de inimizade contra Ele, senão apenas para aqueles que são seus amigos, e o comprovam pelo fato de Lhe amar e obedecer. Como somente o próprio Deus pode gerar esta disposição e capacidade para ser obedecido e amado, então o homem, não poderá de si mesmo, viver de modo aprovado por Deus.
Ele concederá tal capacidade pela operação do Espírito Santo, somente àqueles que se arrependerem do estado ruim em que se encontram os seus espíritos, para que sejam capacitados e transformados pelo Espírito Santo para amarem e obedecerem ao Senhor.
O homem caído pode portanto ser levantado por Deus caso se disponha a buscar a vida eterna que há em Cristo, pelo simples arrependimento e fé na bondade e misericórdia de Deus que estende a mão para o pecador, para que seja livrado da morte e reviva.
Por isso a justiça própria ofende tanto a graça do Senhor. Porque por ela o homem insiste em não reconhecer que naturalmente encontra-se indisposto contra Deus e contra a Sua vontade e mandamentos. Que se encontra naturalmente condenado à morte eterna, por conta desta inclinação carnal.
Enquanto não reconhecer pelo convencimento operado pelo Espírito Santo que é um pecador condenado, por ser inimigo de Deus e da Sua vontade, não poderá jamais ser justificado pela fé e ser reconciliado com o Senhor. Agora, não é suficiente o reconhecimento da condição de ser pecador, é necessário também rejeitar o mal e buscar o bem; buscar a face do Senhor, confiar na sua bondade, perdão e misericórdia, dispor-se a servi-lo por amor, por todos os dias da nossa vida.
Concluímos assim, que a condição de inimizade contra Deus está intimamente relacionada à natureza caída no pecado. Ela reside no fato de estar o homem afastado de Deus. De não estar se alimentando do fruto da árvore da vida, que é Cristo. O único alimento espiritual que dá vida eterna a todo aquele que nEle crê.
Bendito seja o Senhor, que proveu, por sua graça e misericórdia, um escape da morte eterna para o homem que crê.
De modo que ninguém precisa permanecer irremediavelmente perdido e condenado, porque Jesus derramou o Seu sangue na cruz para que pudéssemos ser resgatados da morte para a vida. Bendito seja o Seu santo nome. Louvaremos para sempre a glória da Sua maravilhosa graça.