Legado Puritano
Quando a Piedade Tinha o Poder
Textos
Curados pelo Amor – Parte 1
Baseado no Capítulo IV do livro Conversão de autoria de Stanley Jones

A CONVERSÃO DE NOSSO AMOR PRÓPRIO

Vimos que o que há de mais profundo na conversão é a conversão do ego pela auto-rendição. Vamos ver agora o que há de mais profundo no ego - a aspiração de amar e ser amado - e pensar na conversão dessa aspiração.
Em meu último livro, Maturidade Cristã, afirmei que mais profundo do que o ego, sexo e os anseios da natureza humana é a aspiração de amar e ser amado, e que, portanto, somos amadurecidos como pessoas, na medida em que somos no amor, e não mais. Maturidade é maturidade no amor. Se "Deus é amor" - sublime e suprema verdade sobre Deus - e se Ele nos criou à sua imagem e semelhança, então devemos ter selado no âmago de nosso ser Seu mais profundo anelo – o de amar e ser amado. Na estrutura íntima de nosso ser, fomos criados para amar e ser amados. Se não amamos e não somos amados, violamos a mais profunda lei do nosso ser.
Portanto, a conversão é conversão de nosso amor. Em nossa cegueira, estupidez e teimosia, temos amado as coisas falsas com o amor falso. Pervertemos nossa mais profunda aspiração de amar e ser amado e atamos esse amor às coisas erradas - em nós mesmos e nos transformamos em Deus; no sexo, como um fim em si mesmo, e nosso amor se transforma em sexualismo; na sociedade, e nos transformamos em adoradores da sociedade, dominados por ela. Nosso Ágape original perverteu-se no Eros. O Eros é o Ágape que não se converteu. Logo a conversão é conversão da perversão.
Como pode Deus converter nossos amores? Ordenar-nos que amemos? Isto seria a Palavra transformada em moralidade. Mostrar-nos como o ódio produz consequências más e o amor boas? Isto seria a Palavra transformada em Filosofia. Estabelecer leis e regulamentos que ordenassem a vida comunal? Isto seria a Palavra transformada em instituição. Em todas elas a Palavra se tornou palavra. Todas elas são aquém da Verdade. A Palavra deve transformar-se em carne.
Deus, para redimir-nos na porção mais profunda de nossa natureza - a aspiração de amar e ser amado - deve revelar sua natureza de um modo incrível e impossível. Deve revelá-la na cruz. Na cruz Deus envolveu seu coração em carne e sangue e o deixou cravado nela, para nossa redenção. A cruz lança luz sobre a natureza de Deus como amor.
Ali "Ele carregou nossos pecados em seu próprio corpo no lenho". Um amigo meu, que é dos Malkanas - seita de maometanos da Índia – se converteu ao cristianismo e é agora o amado mestre da seita. Certa vez, quando viu duas facções de Malkanas guerreando-se com varas de bambu, cujas pontas eram incrustadas de ferro, correu e ficou entre eles, recebendo os golpes em sua própria cabeça. O sangue jorrou e maculou-lhe as vestes brancas. Os inimigos interromperam a luta para acudi-lo; uns correram em busca do médico, outros o levaram para sua casa. Naquele momento a reconciliação se operou – reconciliação nascida de seu próprio sangue; Meu amigo comentou: "Se algumas gotas de sangue de um pecador podem reconciliar uma vila inteira, quanto mais pode o sangue do Filho de Deus reconciliar o mundo todo?"
Junto à cruz duas coisas se deram - reconciliação e revelação - reconciliação obtida por Ele receber o castigo de nossos pecados em seu próprio corpo, e revelação de seu próprio coração de amor.
Esta história nos vem do coração do mundo ocidental. O Dr. William L. Stidger nos fala de um grande navio repleto de soldados que estavam sendo transportados através do Atlântico, em tempo de guerra.
O capitão viu um submarino inimigo erguer-se à superfície da água e atirar um torpedo justamente na direção do navio - a marca branca do torpedo era inconfundível. Gritou pelo alto-falante: "Rapazes, ei-lo que vem!” Não havia tempo para desviar o navio. Acontece que o capitão de um pequeno destróier que o escoltava também viu o submarino e o torpedo. Sem um momento de hesitação, deu a seguinte ordem: "Para frente, a todo vapor". E, cruzando o torpedo, o pequeno destróier recebeu todo o impacto. Bipartindo-se, afundou rapidamente, e todos os membros da tripulação morreram. Disse o capitão do navio-transporte ao Dr. Stidger: " O capitão do destróier era o meu melhor amigo. Um verso da Bíblia agora tem especial significação para mim: Ninguém tem maior amor do que este, de dar a vida a seus amigos". Jesus deu a sua vida não somente por seus amigos, como também por seus inimigos.
Stanley Jones
Enviado por Silvio Dutra Alves em 28/05/2013
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