Legado Puritano
Quando a Piedade Tinha o Poder
Textos
Curados pelo Amor – Parte 3
Baseado no Capítulo IV do livro Conversão de autoria de Stanley Jones

O Dr. Grace Stewart, professor de psicologia, afirma que há três necessidades básicas à personalidade humana: amor, sentido e segurança". A primeira e a maior de todas é o amor. É estranho que depois de dois mil anos esta declaração seja o eco da que São Paulo pronunciou: "Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três: porém o maior destes é o amor". Contudo, não é estranho, pois o Autor de nossos seres e o Autor do Livro é o mesmo Deus e a supremacia do amor não está escrita somente no texto da Escritura, mas também na tessitura de nossos seres.
Um jovem par fez questão de ouvir três vezes a mesma canção num realejo - Era a canção que falava de um rapaz que vagava à procura da resposta à vida e a encontrará, afinal, em "amar e ser amado". O jovem par ouviu-a três vezes pela mesma razão pela qual Jesus perguntou a Pedro três vezes se ele O amava. A mesma resposta dera o realejo.
O Padre C. Hilmer Myers, referindo-se a um grupo de meninos delinquentes, disse: "Tais garotos podem ser alcançados se lhes for dado o que eles mais anseiam possuir: o amor de alguém que esteja pronto a ajudá-los numa emergência".
Uma senhora bonita, sábia e verdadeira cristã compôs ao marido uma obra prima em prosa, onde, linha após linha, o acusava impiedosamente. Pretendia deixar em seu travesseiro quando partisse de casa, para não mais voltar. Depois, retrocedeu, tomou a carta, meteu-a em sua bolsa, e em lugar dela deixou o famoso poema de Elizabeth Barret Browning intitulado "Como eu te amo." Redimiu-se, e possivelmente redimira o esposo.
Havia um bêbedo inveterado na comunidade. Certa manhã, disse:
"Samuel, os meninos me apedrejaram ontem à noite." O amigo lhe respondeu: "Talvez tentassem fazer de você um homem melhor;" Ao que o pobre bêbedo replicou: "Nunca ouvi falar que Jesus tivesse atirado pedras num homem, a fim de torná-lo melhor." Os fariseus tentaram dessa forma - careciam de redenção. Jesus tentou o amor - e redimiu a mulher.
Como alguém já disse: "Deus ama os sub-homens até se tornarem santos". Não existe outra maneira de fazer santos.
Uma garotinha, que nunca havia sido amada, tinha uma profunda atração pelo seu cachorro e lutou quando a separaram dele, encaminhando-a a um orfanato, sob os cuidados de um amigo. Nas primeiras horas mordeu o médico, bateu na enfermeira, deu ponta-pés no superintendente. Certo dia ficara tão furiosa que cravou seu braço numa porta de vidro. Sangrando e assustada, correu para a mãe diretora, que lhe deu atenção e amor. Desde aquele instante a garota começou a dar e a receber amor. Transformou-se numa garota capaz e em quem se podia confiar. O amor operara aquilo.
Bem disse William Law: "O amor é infalível; não comete erros, porque os erros são a falta de amor." Ele poderia ter acrescentado que o amor é infalível, pois se a pessoa se nega a receber amor, o que o dá é mais amoroso por o ter dado. A retribuição está na pessoa. O amor não pode perder.
Uma oficial do Exército da Salvação foi assaltada por uma mulher que ali entrara para ser socorrida por insignificante acidente, um dedo que devia receber um curativo. Enquanto a salvacionista procedia ao curativo, a mulher a espancou tanto que a deixou quase desacordada.
Vendo o que fizera, começou a chorar: "Eles me matarão, se descobrirem o que eu fiz." "Não", respondeu-lhe a oficial salvacionista, "ninguém jamais saberá. Nada lhes direi." Foi o bastante. A infeliz se rendeu pelo amor, e converteu-se.
Outra oficial do Exército da Salvação foi chamada com urgência. Uma mulher gritava e se preparava para se suicidar, ameaçando com uma faca quem quer que tentasse interferir. A salvacionista bateu à porta. De faca em punho a mulher gritou: "Eu vou morrer e não vejo por que você não deverá morrer também." Ergueu a faca para desferir o golpe, quando a salvacionista disse: "Bem, eu estou pronta para morrer.
E você? Se vamos morrer, devemos repetir uma prece." Ajoelhou-se e a mulher ajoelhou-se também. Na oração a mulher derramou sua alma em confissão. Era uma enfermeira e por beber em excesso fora despedida do hospital. Irritada, agravara ainda mais sua condição, afogando-se em bebida. Ambas se ergueram, e a que havia pouco estava ameaçada de ser morta pela infeliz, curvou-se e a beijou. Estudaram-se os meios favoráveis, de modo que a enfermeira voltou ao seu antigo emprego; hoje é superintendente do hospital.
O primeiro ministro de um estado hindu, presidente de uma das minhas assembleias, comparou a reunião daquela noite a outras noites, de cinquenta anos atrás, quando a multidão -importunou e até mesmo atirou pedras. "Hoje este auditório mantém-se num silêncio que nos permite ouvir até a queda de um alfinete, para ouvir a mensagem de Cristo. Que é que mudou? Há algumas milhas daqui se encontra um dos maiores hospitais da Índia, onde homens e mulheres, cristãos devotados, servem ao povo, sem olhar sua condição social, raça, credo ou cor. Há um leprosário onde servem os leprosos com serviço cristão.
No Ashram de Gandhi, os companheiros fazem serviço de servente. Mas há serviço do tipo mais elevado. Tomam conta dos párias e lavam seus corpos, almas, e espíritos, e os transformam em cidadãos respeitáveis."
O amor converteu aquela atmosfera. Um fabricante hindu, em nosso Ashram de Sat Tal, disse: "Vocês sabem por que vim? Há anos atrás, quando eu era garoto, atirei com outros moleques tomates num missionário que pregava no bazar. Ele limpou o suco do tomate do rosto, e depois da reunião levou-nos à confeitaria e comprou doces para nós. Vi o amor de Cristo naquele dia, e é por isso que estou aqui".
Um amigo meu falava a um sapateiro hindu que tinha perdido seu filho e estava muito abalado. "Lembre-se, disse meu amigo, que Deus é amor." A face do hindu resplandeceu, e ele disse" "Sim, eu sei que Deus é amor." "Mas como sabe disto?" perguntou meu amigo. E o sapateiro respondeu: "Trabalhei certa vez para Foy Sahib em Cawnpore, e ninguém poderia trabalhar para Foy Sahib e ignorar que Deus é amor."
Um membro de nosso Ashram na América, muito benévolo e amável, me disse: "Trouxemos nossa filha adotiva de um hospital, onde ela morria por falta de amor. Durante três meses não tinha engordado nem um pouco, e nada ajudava. O médico deu uma possibilidade de vida em cem. Apenas o amor poderia salvá-la. Nós lhe demos. Hoje ela é uma jovem mãe feliz."
Stanley Jones
Enviado por Silvio Dutra Alves em 28/05/2013
Comentários
Site do Escritor criado por Recanto das Letras