Legado Puritano
Quando a Piedade Tinha o Poder
Textos
Curados pelo Amor – Parte 4
Baseado no Capítulo IV do livro Conversão de autoria de Stanley Jones

Não há ninguém que não se cure ao compreender o amor, desde os bebês que não crescem, até os maiores bêbados. Não há portas fechadas ao amor. Alguém disse, falando de uma cristã jubilosa: "Ela pode ir a qualquer lugar, para qualquer pessoa, porque ela trabalha por amor." Um homem disse: "Li 995 páginas de livro de um escritor persa sobre relações humanas, e ele resumiu tudo numa sentença - e esta sentença poderia se resumir numa palavra - amor."
Quando perguntaram a John Jones, Chefe do Clube Atlético da Polícia de Nova Iorque, a causa da delinquência juvenil, ele respondeu: "A falta de amor e atenção." Isto é verdade em qualquer lugar, no Oriente, e no Ocidente. O cristianismo nos assegura basicamente que temos amor e atenção - Deus é amor. Platão disse: "O amor é para quem ama." Mas o cristianismo diz que o amor é para todos – quem ama, quem não ama, o bom, o mau. Deus não o ama porque você é bom, mas porque Ele é amor. Ele pode não aprová-lo, mas Ele o ama.
O Dr. W. E. Sangster citou as palavras do cientista Laplace, agonizante: "A ciência é simplesmente insignificante. Só o amor é real."
E o Dr. Sangster acrescentou: "A ciência em si está "descobrindo" o amor, e um congresso internacional de saúde mental declarou que a causa das doenças mentais é falta de amor. Os psicólogos infantis declararam que não importa se a criança recebe ou não castigo corporal; o que importa é que a criança receba amor. Os sociólogos diagnosticam a delinquência como carência de amor, e alguns criminalistas veem em sua falta uma das primeiras causas do crime."
De cada lado a vida converge para um ponto - amor. Isto é básico e dele não se escapa. Portanto, o centro da conversão é a conversão do amor. Quando nos entregamos a Cristo Ele toma nosso amor atormentado, e o substitui por seu próprio amor. Veja o que diz o coronel britânico Gardiner: "Eu me curei efetivamente do pecado da sexualidade, ao qual estava preso tão fortemente, que achava que só poderia curar-me com um tiro na cabeça, e todo o desejo e inclinação para isso foram removidos inteiramente, como se eu fosse uma criança, e a tentação não voltou até hoje." E uma testemunha acrescenta: "Ouvi frequentemente o coronel dizer como estava preso à impureza, antes de seu contato com a religião; mas assim que ele foi iluminado do alto, sentiu o poder do Espírito Santo transformando sua natureza de um modo tão maravilhoso, que sua santificação sob esse aspecto parecia mais notável que em qualquer outro."
Buda sentia que a libertação do novo nascimento vem através da libertação do desejo. "Apaga todo o desejo, mesmo o desejo de viver." O cristianismo ensina que não se pode livrar do desejo, pois o desejo de se livrar do desejo é desejo. O poder expulsivo de uma nova afeição substitui os antigos desejos. A única maneira de se livrar de um desejo é substituí-lo por outro mais elevado. Este desejo mais elevado é o amor de Cristo. Através dEle "o amor de Deus é derramado em nossos corações pelo Espírito Santo, que nos foi outorgado" (Rm 5.5). A resposta cristã termina positivamente ao invés de negativamente, e esse positivo é o que há de mais positivo, criativo no universo o amor. Como disse um grande diplomata, há algum tempo: "O Cristianismo não é renúncia, mas realização" Talvez isto possa ser dito deste modo: É renúncia num certo nível, para ser realização num nível mais elevado. Mas o fim é realização - realização no que é mais elevado no universo, a realização no amor. Uma mulher italiana ouviu Deus lhe dizer: "Observe-Me e veja se há alguma coisa além do Amor". Não O podemos ver em Deus, a não ser que O vejamos na face de Jesus Cristo. Precisamos de Cristo para ter certeza de que Deus é amor. O mais sublime em Deus é o mais profundo em nós - a necessidade de amar e ser amado. Na França, no tempo de Luís XIV, os teólogos discutiam se a língua primitiva era o hebraico ou o grego. Decidiram fazer uma experiência. Tomaram duas crianças e não falaram com elas nenhuma língua. Os teólogos queriam ver que língua elas falariam, quando alcançassem a época de falar. Num ano e meio ambas as crianças morreram - morreram por falta de amor! Um médico se referiu a uma criança que não fora amada nos primeiros três meses de sua vida. Não pôde fazer nada para salvá-la, apesar de a criança não ter qualquer indisposição física. Ela morreu por falta de amor. Um casal foi a um orfanato adotar uma criança. Um garoto atraiu-os especialmente. Falaram sobre as coisas que lhe dariam - roupas, brinquedos, uma casa bonita. Nenhuma dessas coisas parecia atrair muito o garoto. Finalmente eles perguntaram: "O que você mais deseja?" Ele respondeu: "Quero apenas alguém que me ame."
Esse desejo por alguém que nos ame e de amar alguém é a coisa mais profunda na vida, e a mais sublime em Deus. Portanto, o mais profundo no homem e o mais elevado em Deus não entram em conflito - coincidem. Ser convertido no amor é ser convertido no berço da alma. É tornar-se verdadeiramente natural. Toda vinda a Jesus traz o sentimento de regresso ao lar.
Se o amor é o mais elevado em Deus e o mais profundo em nós, é também a coisa mais bela que existe em nosso planeta. Mathilde Wrede, baronesa na Finlândia, filha de um governador de província, recebeu educação aprimorada, adquiriu grande cultura, e tinha dom para a música. Na sua adolescência, deixou-se possuir pela cruz e tornou-se prisioneira de Cristo. Dedicou toda a sua vida aos prisioneiros da Finlândia. Em seu próprio lar, vivia com a mesma alimentação que os prisioneiros recebiam, e eles sabiam disso. Geralmente estava cansada, e dizia a seu corpo: "Ó meu pobre corpo! Vamos tentar continuar. Até agora você se mostrou obediente e paciente quando o amor o empurrou ao trabalho. Muito obrigada. Sei que hoje você não me deixará em dificuldades". O amor a impulsionava sempre.
Uma exilada cristã na Sibéria escreveu: "Há aqui uma sociedade sem Deus; um dos membros está unido a mim de modo especial. Ela me disse: "Não posso compreender que tipo de pessoa você é; tantos aqui a insultam e abusam de você, mas você ama a todos." Ela me causou muito sofrimento, mas orei por ela. Mais tarde, perguntou-me se eu poderia amar. Estendi minhas mãos para ela; abraçamo-nos e começamos a chorar. Agora oramos juntas. Bárbara converteu-se e foi atirada na prisão. Perguntei-lhe através das grades: "Bárbara, você lamenta ter feito isto?" "Não, respondeu ela; se eles me libertassem, iria novamente e falaria a meus camaradas do maravilhoso amor de Cristo.
Estou tão feliz, porque o Senhor me ama e me considerou digna de sofrer por Ele." Aqui o amor brilhou através das grades da prisão, da dureza humana e de invernos gelados. O amor é um fogo que não pode ser apagado.
Tio Sam, que nasceu sob a escravidão, viveu na ilha de Santa Helena, na Carolina do Sul. Uma vez, quando um jovem negro malévolo entrou em complicações e algumas pessoas tentavam corrigi-lo" disse: "Vocês apenas devem amá-lo." Aquele velho negro proferira a coisa mais profunda que poderia ser dita neste Universo. É o que Deus disse, quando nos viu presos em nossos pecados e suas consequências,
"Devemos amá-los." Ele tomou a cruz para nos amar. E aquela cruz era amor ilimitado. Era a graça de Deus em ação. Não havia outro caminho para nos converter, a não ser morrer por nós. Não é de admirar que "O símbolo da fé cristã" não é um arbusto ardente, nem uma pomba, nem um livro aberto, nem uma auréola ou halo envolvendo o semblante submisso de alguém, nem esplêndida coroa em honrosa cabeça. É uma cruz. Não poderia ser nada mais. Pois a cruz é suprema em amor. A cruz quebranta-me, sucumbe-me, transpassa-me em amor.
Aplicado aos negócios humanos, o amor seria a resposta. Um vagão cheio de prisioneiros americanos estava sendo levado pela Alemanha. Depois de ficarem dois dias sem comer, num desvio da estrada de ferro, os alemães jogaram lá dentro uma caixa da Cruz Vermelha, de "dieta de prisioneiros de guerra." Eles pensaram que iriam lutar e matar-se mutuamente, para comer. Um rapaz loiro, com uma atadura sangrenta na cabeça, agarrou-a e disse: "Rapazes, façamos disso uma comunhão." Assim fizeram. Todos receberam um pedaço de cada coisa, em porções iguais. Isso mudou tudo - transformou uma briga num sacramento. Aquele trem fora bombardeado, mas nenhuma pessoa se feriu naquele vagão. Ainda que não estivessem protegidos de balas, estavam salvos, pois "o amor nunca falha" - quer na vida, quer na morte.
Stanley Jones
Enviado por Silvio Dutra Alves em 28/05/2013
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