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Lutero - A Fé que Opera pelo Amor – P 2
Por Charles Haddon Spurgeon
II. Em segundo lugar, consideraremos POR QUE A FÉ FOI ESCOLHIDA COMO MEIO DE SALVAÇÃO. Gostaria de lembrar que, se não pudermos responder a essa pergunta, não há qualquer problema – desde que o Senhor escolheu o crer como meio de Graça, não cabe a nós contestarmos Sua escolha. Os mendigos não devem escolher! Confiemos, se assim ordena o Senhor. Mas de certo modo podemos responder a essa pergunta. Primeiro, é claro que nenhuma outra maneira é possível. Não nos é possível sermos salvos por nossos próprios méritos, já que violamos a Lei de Deus, e a obediência futura, sendo devida desde já, não pode compensar os defeitos do passado. “Minhas lágrimas podem cair eternamente, Meu zelo pode não conhecer descanso, Tudo não poderia expiar o pecado Você deve salvar, e você sozinho.” O caminho das boas obras está bloqueado pelos nossos pecados passados, bem como a certeza de ser ainda mais obstruído pelos nossos futuros pecados – nós devemos, portanto, nos alegrar por Deus ter escolhido para nós a estrada aberta da Fé! Deus escolheu o caminho da Fé, que é a salvação pela Graça Divina. Se tivéssemos que fazer algo para salvar a nós mesmos, teríamos a certeza de imputar uma porção de virtudes para o nosso feito, ou ainda bons sentimentos, ou orações, ou atos de caridade e, assim, nós diminuiríamos a pura Graça de Deus. Mas a salvação vem de Deus como um puro ato de favor – uma imerecida generosidade e benevolência – e o Senhor, portanto, apenas a coloca na mão da Fé, porque esta nada arroga para si mesma. A Fé, na realidade, repudia toda a ideia de mérito, e o Senhor da Graça, portanto, opta por colocar o tesouro de Seu amor nas mãos da Fé. Novamente, é pela Fé que não pode se jactanciar, porque se a nossa salvação está do nosso fazer ou em nosso sentir, temos a certeza da glória. Mas se é pela Fé, não podemos ter glória em nós mesmos. “Onde, pois, a jactância? Foi de todo excluída. Por que lei? Das obras? Não; pelo contrário, pela lei da fé.” A Fé é humilde e atribui todo louvor a Deus. A Fé é verdadeira e confessa sua obrigação para com a Graça Soberana de Deus. Eu bendigo o Senhor por ter escolhido este caminho da Fé, por ser tão adequado para os pobres pecadores. Alguns entre nós, esta noite, nunca teriam sido salvos se a salvação só tivesse sido preparada para os que são bons e justos. Eu estou, diante do meu Deus, culpado e auto-condenado. Nenhum jovem jamais teve um sentido de culpa mais aguçado do que eu tinha. Quando eu me reconheci culpado pelos meus pecados, eu vi os meus pensamentos e desejos do meu ego e do meu ser e querer ser vãos aos olhos de Deus – e eu também me tornei vil aos meus próprios olhos. Fui levado ao desespero, e eu sei que jamais poderia ter sido confortado por qualquer plano de salvação, exceto aquele da Fé. O Pacto de Obras, por causa da nossa fraqueza, não nos confere de forma alguma esperança, em qualquer momento, e em certas circunstâncias, vemos isso muito claramente. Suponha que você estivesse à beira da morte. Que boas obras você poderia fazer? Lá, morrendo, o ladrão descobriu aquilo de bom que, pela Fé, poderia confiar no Crucificado – e, antes do pôr do sol, poderia estar com Ele no Paraíso! A Fé é uma forma adequada para os pecadores, especialmente para os pecadores que estão prestes a morrer! Em certo sentido, estamos todos nessa condição, e alguns de nós, talvez, estejam especialmente assim. Qual homem entre nós sabe se ele vai ver o amanhecer de amanhã? Louvo a Deus, mais uma vez, que o caminho da salvação seja pela Fé, porque é um caminho aberto até para o mais inculto. Nessa teologia que temos hoje – a de pensamentos profundos, eles a chamam, os homens descem tão profundamente em seus assuntos e, dessa forma, agitam a lama do fundo, de modo que nem você pode vê-los, nem eles podem ver a si mesmos! Eu receio que nem os professores dessa escola, eles próprios, sabem do que estão falando. Agora, se a salvação fosse apenas para ser aprendida pela leitura, através de páginas enormes, o que seria de multidões de pobres almas em Bow, Bethuel Green e Seven Dials[2]? Se o Evangelho consistisse em uma massa de aprendizagem, como poderia o inculto ser salvo? Mas, agora, podemos ir a cada um deles e dizer: “Jesus morreu” – “Há vida em olhar ao Crucificado! Há vida, neste momento, para você!” Mesmo sendo pouco o seu conhecimento, você sabe que tem pecado. Saiba, então, que Jesus veio para aniquilar o pecado, e que quem nele crê é imediatamente perdoado e entra para a vida eterna. Este breve e bendito Evangelho é adequado para qualquer pessoa, de príncipes a camponeses, e não me admira que a Fé foi escolhida como o caminho da salvação.
Charles Haddon Spurgeon
Enviado por Silvio Dutra Alves em 15/06/2013
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