Legado Puritano
Quando a Piedade Tinha o Poder
Textos
Não Se Turbe o Vosso Coração
Por Charles Haddon Spurgeon

"Não se turbe o vosso coração; credes em Deus, crede também em
mim. Na casa de meu Pai há muitas moradas; se não fosse assim,
eu vo-lo teria dito. Vou preparar-vos lugar. E quando eu for, e vos
preparar lugar, virei outra vez, e vos levarei para mim mesmo,
para que onde eu estiver estejais vós também. Mesmo vós sabeis
para onde vou, e conheceis o caminho." (João 14:1-4)
Devemos nos alegrar pelo povo de Deus, cujas vidas estão gravadas no
Antigo e Novo Testamento, que eram homens de paixões assim como
nós. Tenho conhecido vários pobres pecadores que tiram esperanças
enquanto observam os pecados e problemas daqueles que foram salvos
pela Graça. E tenho conhecido que muitos dos herdeiros do Céu
encontraram consolação enquanto observaram quantos seres
imperfeitos como nós prevaleceram com Deus em oração e se
entregaram nos tempos de angústia. Estou muito contente que os
Apóstolos não eram homens perfeitos – eles teriam entendido tudo o
que Jesus disse de uma só vez – e nós teríamos perdido as explanações
instrutivas do Senhor. Eles teriam vivido acima de qualquer
perturbação – e então o Mestre não teria dito estas palavras de ouro:
“Não se turbe o vosso coração”.
É, entretanto, muito evidente a partir do nosso texto que não é da
vontade do Senhor que algum de Seus servos tenha um coração
atribulado. Ele não tem prazer algum na dúvida ou inquietude de Seu
povo. Quando Ele viu isso por causa do que disse a eles, a tristeza
encheu os corações dos Apóstolos, Ele suplicou-lhes em grande amor e
rogou para que se consolassem. Como uma mãe consola seu filho, Ele
clamou: “Não se turbe o vosso coração”. Jesus diz o mesmo para você,
meu amigo, se você é um de Seus angustiados. Ele não quer lhe ver
triste. “Console-se, console-se Meu povo; falem consolavelmente a
Jerusalém” é o seu mandamento mesmo na antiga dispensação, e estou
bastante certo sobre essa clara revelação, que o Senhor quer ter Seu
povo livre da angústia.
O Espírito Santo não tem especialmente se encarregado do trabalho da
consolação a fim de efetivamente fazê-lo? Tentações deprimem os
corações dos filhos de Deus, para as quais o mais terno ministério falha
em consolar – e é então mais doce para o consolador imperfeito
lembrar-se do Consolador perfeito – e confiar o caso do entristecido
espírito nas mãos Divinas. Vendo que uma Pessoa da bendita Trindade
se encarregou de ser o Consolador, podemos perceber quão importante
é que nossos corações se encham de consolação. Alegre é a religião
onde nosso dever é se alegrar! Bendito Evangelho pelo qual somos
proibidos de turbar o nosso coração! Não é grandemente admirável que
o Senhor Jesus tenha pensado tão cuidadosamente de Seus amigos
naquela ocasião?
Grandes angústias pessoais podem muito bem ser uma desculpa se a
tristeza dos outros é um pouco negligenciada. Jesus estava indo para
Sua última agonia amarga e para a morte, e ainda derramou compaixão
aos Seus seguidores. Se fosse você ou eu, pediríamos compaixão para
nós mesmos. Nosso clamor teria sido: “Tenham pena de mim, Ó meus
amigos, para que a mão de Deus me alcance!”. Mas, ao invés disso,
nosso Senhor lança suas esmagadoras tristezas em terra e inclina Sua
atenção para o trabalho de sustentar Seus escolhidos sobre suas tão
inferiores tristezas. Ele sabia que seria “extremamente doloroso até a
morte”. Ele sabia que Ele estaria em sofrimento agonizante “no castigo
da nossa paz”. Mas antes d’Ele mergulhar no abismo, Ele tinha que
secar as lágrimas daqueles que Ele tanto amou, portanto, Ele disse
mais carinhosamente: “Não se turbe o vosso coração”.
Enquanto eu admiro essa condescendente ternura de amor, ao mesmo
tempo não posso deixar de admirar a maravilhosa confiança do nosso
bendito Senhor, que, apesar de saber que seria posto em vergonhosa
morte, não sentia medo, mas ordena que Seus discípulos confiem n’Ele
implicitamente. A mais negra escuridão da terrível meia-noite estava
por cercá-Lo, porém, como Suas palavras foram corajosas: “Crede
também em Mim”. Ele sabia que naquela alarmante hora, Ele tinha
vindo do Pai e que Ele estava no Pai e o Pai n’Ele – e Ele também diz:
“Credes em Deus, crede também em mim”. A postura calma de seu
Mestre deve ter pesado no firmamento da fé dos Seus servos. Enquanto
vemos aqui Sua confiança como Homem, também sentimos que isso
não é um discurso que qualquer homem teria proferido, mesmo tendo
sido um bom homem – nenhuma criatura teria se comparado a Deus.
Que Jesus é um bom Homem, poucos questionam. Que Ele é Deus, logo
é provado por essas palavras. Teria Jesus ordenado que confiemos no
braço da carne? Não está escrito: “Maldito é o homem que confia no
homem, e faz a carne o seu braço”? Porém o Santo Jesus diz: “Credes
em Deus, também crede em mim”. Essa associação de Si mesmo com
Deus, como um objeto de confiança humana em tempos de tribulação,
denota a consciência de Seu poder Divino e Divindade – e esse é um
mistério que nas dificuldades a fé tem prazer – ver o nosso Senhor
Jesus, a fé do Homem em Si mesmo – e a fidelidade de Deus para com
os outros.
Então, venham queridos amigos, acheguem-se ao texto e deixem o
Espírito Santo de Deus ser com vocês! Eu lerei novamente o texto bem
devagar. Orem para que vocês possam sentir as palavras ainda mais
poderosamente do que os apóstolos a sentiram, pois eles ainda não
tinham recebido o Consolador, e então eles se deixaram levar por toda a
Verdade de Deus – e nisto nós os superamos em como eles estavam
naquela noite – vamos, portanto, esperançosamente orar para que nós
conheçamos a Glória das palavras do Senhor, e ouvi-las falar à nossa
alma através do Espírito Santo. “Não se turbe o vosso coração; credes
em Deus, crede também em mim. Na casa de meu Pai há muitas
moradas; se não fosse assim, eu vo-lo teria dito. Vou preparar-vos lugar.
E quando eu for, e vos preparar lugar, virei outra vez, e vos levarei para
mim mesmo, para que onde eu estiver estejais vós também. Mesmo vós
sabeis para onde vou, e conheceis o caminho”.
Estas palavras são em si mesmas, melhores que qualquer sermão. O
que pode ser nosso discurso além de uma dissolução do essencial
espírito da consolação contido nas Palavras do Senhor Jesus? Vamos,
em primeiro lugar, provar das águas amargas do coração atribulado, e
depois, vamos beber intensamente a doce água da Divina consolação!

I. Primeiramente, portanto, VAMOS BEBER DAS ÁGUAS AMARGAS.
“Antes, porque isto vos tenho dito, o vosso coração se encheu de tristeza.”
Eu não vou restringir a consolação a nenhuma forma de aflição, pois há
um bálsamo para cada ferida. Mas ainda assim, seria bom averiguar o
que era o problema particular dos discípulos? Pode ser que seja algo
que alguns de nós estejamos passando agora, ou então estejamos
mergulhados. E era isto – Jesus estava para morrer – o Senhor deles, a
quem eles sinceramente amavam, estava para partir por uma
vergonhosa e dolorosa morte. Qual terno coração poderia suportar em
pensar naquilo? Porém Ele os tinha avisado que assim seria – e eles
começaram a lembrar-se das Suas antigas Palavras que Ele disse que o
Filho do Homem seria traído pelas mãos dos ímpios e seria flagelado até
a morte.
Eles estavam agora por passar por toda a amargura de vê-Lo acusado,
condenado e crucificado. Em pouco tempo Ele seria apreendido,
obrigado, carregado até a casa do Sumo Sacerdote, corrido para Pilatos,
então para Herodes, de volta para Pilatos, estripado, flagelado,
zombado, insultado. Eles viram-No ser conduzido pelas ruas de
Jerusalém carregando Sua cruz. Eles viram-No pendurado no madeiro
entre dois ladrões e ouviram-No clamar: “Deus meu, Deus meu, porque
Me desamparaste?” Quão amargo é isto? Na medida em que eles
amavam seu Senhor, eles devem ter se entristecido profundamente por
Ele – e eles careciam que Ele dissesse: “Não se turbe o vosso coração”.
Hoje, aqueles que amam o Senhor Jesus têm de observar a repetição
espiritual de Seu vergonhoso tratamento nas mãos dos homens, ainda
hoje, pois Ele é crucificado novamente por aqueles que creditam Sua
Cruz como uma pedra de tropeço e pregam sua loucura. Ai de mim!
Como Cristo ainda é incompreendido, deturpado, desprezado, zombado
e rejeitado pelos homens! Eles não podem alcançá-lo, realmente, de
onde Ele se assenta, entronizado nos Céus dos céus! Mas, à medida que
podem, eles O matam de novo e de novo. Um espírito maligno é
manifesto para o Evangelho uma vez que era Cristo em Pessoa. Alguns
com amaldiçoadas blasfêmias e não poucos com ardilosos assaltos
sobre essa parte das Escrituras, e nisso, eles tem feito seu melhor ao
ferir o calcanhar do Filho da mulher. É uma grande tristeza ver grande
parte da humanidade passar pela Cruz com os olhos desviados, como
se a morte do Salvador fosse nada – nada, pelo menos, para eles. À
medida que você sente zelo pelo Crucificado e por Sua verdade
salvadora, isto é absinto e fel nessa era de descrença. Jesus Cristo está
pregado entre os dois ladrões da superstição e descrença, enquanto que
em volta d’Ele ainda reunidos a feroz oposição de rudes e educados, de
ignorante e sábios.
Além disso, os Apóstolos tinham uma perspectiva de esperança que seu
Senhor estaria longe deles. Eles não entenderam, primeiramente, Suas
palavras: “Um pouco, e não me vereis; e outra vez um pouco, e ver-me-

eis,
Porquanto vou para Pai”. Agora foram esclarecidos que estavam para ser
deixados como ovelha sem pastor, por seu Mestre e Líder que seria
retirado deles. Isto era, para eles, fonte de pavor e desânimo, por isso
disseram uns aos outros: “O que faremos nós sem Ele? Nós somos um
pequeno rebanho; como nos defenderemos quando Ele se for, e o lobo
estiver rondando? Quando os escribas e fariseus se reunirem sobre nós,
como responderemos a eles? Como a causa do nosso Senhor e seu reino
podem estar seguros em mãos trêmulas como as nossas? Ai do
Evangelho da salvação quando Jesus não estiver conosco!”.
Isso foi um sofrimento amargo – e algo parecido com esse sentimento
frequentemente passa por nossos corações enquanto trememos pela
arca do Senhor. Meu coração se entristece quando vejo o estado da
religião entre nós! Ó, uma hora do Filho do Homem nestes dias
tenebrosos! Está escrito que há de vir, no fim dos dias, escarnecedores –
e eles têm vindo, mas, ó, que o Senhor estivesse aqui em pessoa! Ó, que
o Senhor arrancasse Sua mão direita de Seu peito e nos mostrasse,
mais uma vez, as maravilhas de Pentecostes, até a confusão dos Seus
adversários e para o deleite de todos os Seus amigos!
Ele ainda não veio. Aproximadamente 2000 anos se passaram desde
que Ele partiu – a noite é tenebrosa e não há sinal de crepúsculo! O
navio da igreja está virando com a tempestade e Jesus não veio até nós!
Nós sabemos que Ele está conosco no sentido espiritual, mas ó, que
tivéssemos Ele na Glória do Seu Poder! Certamente Ele conhece nossas
necessidades e da urgência dos tempos, e que estamos aptos a clamar:
“É Seu tempo Senhor, para trabalhar, para aqueles que anulam a Vossa
Lei”.
Mas eles sentiram uma terceira tristeza, e era essa – que Ele estava
para ser traído por um deles! Os 12 homens eram escolhidos, mas um
era o diabo e vendeu seu Senhor. Isso perfura o coração da fidelidade –
“o Filho do Homem é traído”. Ele não foi preso na “temporada de caça”,
mas Ele foi vendido por 30 peças de prata por quem Ele confiava Sua
pequena provisão. Aquele que pôs a mão no prato com Ele o vendeu por
um lucro vil. Isso os feriu até o coração, assim como o Mestre, Ele
mesmo, nosso Senhor sentiu a traição de um de Seus amigos. Desta
água que a fidelidade, nessa hora, foi feita para beber – para o que
vemos nesse dia? O que vemos em vários lugares além de pessoas que
têm reputação de ministros do Evangelho, os quais o principal negócio
parece ser minar nossa santa fé e demolir as Verdades de Deus que são
geralmente recebidas na Igreja de Cristo? Alguns deles pregam como se
fossem ordenados, não por Deus, mas pelo diabo! E ungidos, não pelo
Espírito Santo, mas pelo espírito da infidelidade!
Sob a bandeira do “pensamento avançado”, eles avançam em cima
das Verdades eternas, as quais os mártires se sustentaram e sangraram
– e por aqueles santos de outrora que as sustentaram nas suas horas
de morte. Isso não é um inimigo – senão teríamos suportado e
respondido. Se visivelmente e confessadamente o infiel ataca a
Inspiração, deixem-no fazer. É um país livre, deixem-no falar! Mas
quando um homem entra no púlpito, abre o Sagrado Livro, e nega que é
inspirado, o que ele está fazendo ali? Como sua consciência o permite
assumir tal posto o qual ele deturpa? Para fazê-lo um pastor-lobo – para
fazê-lo um aparador da vinha que, com seu machado, corta as raízes
das parreiras – isso é incompreensivelmente tolo por parte das igrejas! É
uma adaga em cada coração crente que Judas deva ser representado na
Igreja de Cristo por vários daqueles que se professam ministros de
Cristo. Eles traíram ao seu Mestre com um beijo.
Então veio um sofrimento posterior a esse, para um deles, sincero e
leal, que negaria naquela noite o seu Senhor. Pedro, em vários aspectos
o líder da companhia, fora avisado que negaria covardemente e
veementemente seu Senhor. Isso é amargura, de fato, que aqueles que
amam a Igreja de Deus são compelidos frequentemente a beber – ver
homens que não podemos deixar de crer que são discípulos de Jesus
Cristo levados pela tentação, pelo medo do homem ou pelos modismos
da época – então o Cristo e Seu Evangelho são praticamente negados
por eles!
O medo de ser considerado dogmático ou rotulado como puritano fecha
muitas bocas daqueles que deveriam declará-Lo ser Filho de Deus com
poder e exaltando Sua gloriosa majestade em desafio a todos que ousam
opor-se a Ele. Os corações de alguns que mais amam Jesus pesam a
qualquer sinal de mundanismo e mornidão de muitos que se professam
seguidores d’Ele. Por isso me parece ser a mais oportuna hora para
introduzi-los nas águas doces de nosso texto, da qual eu ofereço a vocês
beber até que cada traço de amargura se vá da sua boca – pois o Mestre
diz a vocês, justamente a vocês – “Não se turbe o vosso coração: credes
em Deus, crede também em Mim”.

II. Em nossa segunda categoria VAMOS BEBER DAS ÁGUAS DOCES e
refrescar nossas almas. Primeiro, nesse maravilhoso texto nosso Mestre
nos aponta os verdadeiros significados de consolação sobre cada tipo de
inquietude. Como Ele os coloca? “Não se turbe o vosso coração” –
creiam! Gentilmente olhem para vossas Bíblias e vocês verão que essa
direção é repetida. Ele diz, na abertura do verso 11, “Crede-me”. E
depois, novamente, na segunda sentença, “Crede-me”. Eu penso,
enquanto tentava entrar no significado dessa sagrada expressão, que eu
ouvia Jesus ao meu lado dizendo três vezes: “Crede-me! crede-me!
Crede-me!”.
Poderia algum dos 11 que estavam com Ele ter desacreditado seu
Senhor presente? Ele diz: “Crede-me! Crede-me! Crede-me!” como se
existisse uma grande necessidade de incitá-los a confiar n’Ele. Não
havia outro remédio, então, para um coração turbado? Nenhum é
requerido! Tudo isso é suficiente através de Deus. Se crendo em Jesus,
vocês continuam atribulados, creiam n’Ele novamente – até mais
completamente e de todo o coração. Se mesmo assim isso não tirar toda
a inquietude da vossa mente, creiam n’Ele em um terceiro grau – e
continua a fazê-lo aumentado a simplicidade e força. Considere isso
como único remédio para a doença do medo e tribulação! Jesus
prescreve: “Crede, crede, crede em Mim!” Não creia apenas em certas
doutrinas, mas em Jesus – n’Ele é possível cumprir que Ele mesmo fez!
Crede n’Ele assim como em Deus!
Algumas vezes estamos aptos a pensar que é fácil crer em Jesus assim
como em Deus, mas isso é um pensamento da infância espiritual –
crentes mais avançados não pensam assim. Para um judeu, isso
certamente era o certo a se fazer, e eu penso que para nós, gentios
também o é, quando nós temos algum tempo na fé, em acreditarmos em
Deus como uma coisa natural – mas fé em Jesus requer mais
confiança. Eu creio no poder de Deus na criação, naquilo que Ele faz o
que Ele deseja, e molda aquilo que Ele fez. Eu creio no Seu poder na
providência, que Ele efetua Seus propósitos eternos, e age conforme
Sua vontade entre os exércitos no céu e entre os habitantes deste
mundo inferior. Eu creio, a respeito de Deus, que todas as coisas são
possíveis para Ele. Apenas desta forma sou chamado a crer em Jesus,
que Ele é tão Onipotente em poder e tão certo quanto Seu trabalho
como Senhor, de quem vem todas as forças da natureza – e tão certo
como cumprir Seus propósitos como Deus é atingir Sua concepção nos
trabalhos da providência.
Confiando no Salvador com fé implícita que cada homem sensato se
rende a Deus, nós devemos apenas dar ao nosso Senhor a fé que Ele,
com justiça, clama. Ele é confiável e verdadeiro e Seu poder pode
efetuar Suas promessas – vamos depender verdadeiramente Dele e a
perfeita paz há de vir em nossos corações. Estes discípulos sabiam que
o Salvador estava para ser levado, então eles não O veriam ou ouviram
Sua voz. O que é isto? Não era em Deus que nós confiamos? “Ninguém
jamais viu a Deus” – já que vocês acreditam em um Deus invisível
trabalhando em todas as coisas, sustentando todas as coisas, da
mesma maneira, creiam em um ausente e invisível Cristo, que ainda é
poderoso como se vocês pudessem vê-Lo andando sobre as águas,
multiplicando os pães, curando os enfermos, ou ressuscitando mortos!
Creiam n’Ele – e sofrimento e suspiros fugirão!
Creiam n’Ele enquanto viverem, assim como creem na eternidade de
Deus. Vocês creem na existência eterna do Todo-Poderoso a quem vocês
não viram. Ainda assim, creiam na vida eterna do Filho de Deus. Sim,
embora o tenham visto morrer, embora o tenham visto deitado no
sepulcro, ainda creiam n’Ele, Ele que ainda não deixou de ser.
Procurem por Sua volta, assim como creem em Deus. Sim, e quando Ele
te deixar, e uma nuvem o receber ocultando-o de seus olhos, creiam
que Ele vive, assim como Deus vive – e por que Ele vive, vocês devem
viver também! Vocês creem na sabedoria de Deus; vocês creem na
fidelidade de Deus, vocês creem na divindade de Deus- “Assim como
credes em Deus”, disse Jesus, “Crê também em mim”. Fé em Jesus
Cristo, Ele mesmo, como uma eterna e Divina Pessoa, é a melhor
extinção para cada tipo de medo! Ele é o “Rei Eterno, Imortal, Invisível,”
“Maravilhoso, Conselheiro, O Poderoso Deus. O Pai Eterno, O Príncipe
da Paz” E, portanto, vocês podem seguramente descansar n’Ele. Esse é
o primeiro ingrediente dessa consolação inestimável.
Mas agora nosso Senhor prossegue em dizer que apesar d’Ele estar
partindo, Ele estava apenas indo para a casa do Pai. “Na casa de meu
Pai há muitas moradas”. Sim, e isso é uma doce consolação. “Estou
indo,” Ele diz, “e no caminho, vocês me verão flagelado, sangrando,
zombado e esbofeteado. Mas Eu tenho que passar por tudo isso para a
alegria, descanso e honra da Casa de Meu Pai”. Deus está sempre
presente, e ainda como na terra Ele tenha um tabernáculo no qual Ele
especialmente se manifesta, existe um lugar onde Ele, de uma maneira
peculiar, é revelado. O Templo era uma daquelas incomparáveis casas
de Deus, do qual olhos não viram – nós a chamamos de céu, o pavilhão
de Deus, a casa dos santos anjos e daqueles espíritos puros que
habitam em Sua imediata presença.
No céu, Deus pode-se dizer que tem Sua habitação e Jesus estava
voltando para lá para ser recebido com toda a honra que aguardava Ele
ao completar a tarefa. Ele na verdade, estava voltando para casa – como
um filho que está retornado a casa do pai, da qual ele se foi por causa
dos negócios do pai. Ele estava indo para onde Ele estaria com o Pai,
onde Ele estaria perfeitamente em repouso, onde Ele estaria acima dos
ataques dos ímpios – onde Ele nunca sofreria ou morreria novamente –
Ele estava indo para reassumir a Glória que Ele tinha com o Pai antes
do mundo existir! Ó, se eles perfeitamente entenderam isso, eles teriam
entendido as palavras do Salvador, “Se me amásseis, certamente
exultaríeis porque eu disse: Vou para o Pai; porque meu Pai é maior do
que eu”.
A imaginação erra ao imaginar a Glória do retorno do nosso Senhor; a
honrável escolta que anunciava Sua aproximação da Cidade Eterna; a
sinceridade da volta do Conquistador pelos céus! Eu penso que o
salmista nos deu liberdade para crer que quando o Senhor ascendeu, os
seres resplandecentes do céu vieram encontrar com Ele e clamaram:
“Levantai, ó portas, as vossas cabeças, levantai-vos, ó entradas eternas,
e entrará o Rei da Glória”. Podemos não crer em serafins brilhantes e
anjos ministradores que:
“Eles trouxeram Sua carruagem do alto
Para suportar-Lo em Seu trono;
Bateram suas triunfantes asas e clamaram,
O glorioso trabalho está feito!”?
“Ele foi visto dos anjos”. Eles viram que “jubilosa reentrada”, a abertura
das portas eternas para o Rei da Glória e o triunfo Dele através das
ruas celestiais, que levou cativo o cativeiro e dispensou dons entre os
homens! Eles viram a entronização de Jesus que foi feito um pouco
abaixo dos anjos para sofrer a morte, mas foram eles que o coroaram
com glória e honra!
Não são essas coisas das quais meus lábios balbuciantes podem falar,
mas são coisas para vocês considerarem quando o Espírito do Senhor
está sobre vocês. Meditem sobre isso para o seu deleite! Jesus se foi
através do Calvário para a casa do Pai! Tendo acabado seu trabalho e
concluído sua guerra, Ele é recompensado por Sua estadia entre
homens como um Homem. Toda vergonha da qual Seu trabalho
necessitava está agora perdido no esplendor de Seu reino mediador!
Vocês, povo de Deus, não se atribulem, pois seu Senhor é Rei, seu
Salvador reina! Homens ainda podem zombar d’Ele, mas não podem
roubá-lo de nem um só raio de Glória! Eles podem rejeitá-Lo, mas o
Senhor Deus Onipotente O coroou! Eles podem negar Sua existência,
mas Ele vive! Eles podem rebeldemente clamar: “Rompamos as suas
ataduras, e sacudamos de nós as suas cordas”, mas o Senhor
estabeleceu Seu Reino sobre Seu Santo Monte Sião e ninguém pode
empurrá-Lo de Seu trono! Aleluia!
“Deus o exaltou soberanamente, e lhe deu um nome que é sobre todo o
nome: para que ao nome de Jesus se dobre todo o joelho.” Não se turbe o
vosso coração pelo barulho da controvérsia, da blasfêmia e da censura
de uma era maligna! Embora haja confusão como quando o mar ruge
em sua plenitude, e os ímpios espumam na sua raiva contra o Senhor e
contra seu Ungido, contudo o Senhor se assenta sobre o dilúvio! O
Senhor permanece Rei para sempre! Novamente, digamos: “Aleluia”!
O Príncipe foi para os Seus novamente! Ele entrou no palácio de Seu Pai!
Os céus O receberam! Porque devemos nos atribular?
Em terceiro lugar, nosso Senhor deu para Seus servos consolo de outra
maneira – para entenderem por conclusão que uma grande maioria o
seguiria até a casa de Seu Pai. Ele não apenas os assegurou que ele
estava indo para a casa de Seu Pai, mas Ele disse: “Na casa de Meu Pai
há muitas moradas”. Essas moradas não foram construídas para
ficarem vazias! Deus não faz nada em vão e, além disso, é natural
concluir que uma multidão de espíritos, incontáveis, subirá no tempo
certo para ocupar aquelas muitas moradas na casa do Pai! Agora, eu
vejo nessa grande consolação uma razão, um indubitável medo que se o
Senhor se ausentasse, Seu Reino poderia falhar. Como haveriam de se
converter se Ele fosse crucificado? Como eles poderiam esperar, pobres
criaturas como eram, estabelecer um reino de justiça na Terra? Como
poderiam eles tornar o mundo de cabeça para baixo e trazer multidões
aos Seus pés, as quais Ele comprou com Seu sangue, se Seu braço
direito conquistador não foi visto sobre suas cabeças?
O Senhor Jesus na realidade disse: “Eu vou, mas vou abrir o caminho
para um vasto exército que virá às moradas preparadas. Como o grão
de trigo que é lançado no chão para morrer, vou trazer muitos frutos
que devem residir nas moradas de descanso". Isso é uma parte da
nossa consolação nesta hora. Pouco importa como os homens lutam
contra o Evangelho, pois o Senhor conhece os que são Seus – e Ele
resgatará, pelo Seu poder, aqueles redimidos pelo Seu sangue! Ele tem
uma multidão de acordo com a Eleição da Graça daqueles que Ele trará.
Ainda que eles pareçam, hoje, um pequeno remanescente, contudo Ele
encherá muitas moradas! Isso permanece firme como uma rocha –
“Todo o que o Pai me dá virá a mim; e o que vem a mim de maneira
nenhuma o lançarei fora”.
Eles se vangloriam que “não virão a Cristo”, mas o Espírito de Deus
previu que eles rejeitariam a salvação do Senhor. O que diz Jesus para
pessoas como eles? “Mas vós não credes porque não sois das minhas
ovelhas, como já vo-lo tenho dito. As minhas ovelhas ouvem a minha voz,
e eu conheço-as, e elas me seguem; E dou-lhes a vida eterna”. A
incredulidade ímpia dos homens é a sua própria condenação! Mas
Jesus não perde a recompensa de Sua paixão. Nós arremessamos de
volta nas faces dos desprezadores de Cristo o desprezo o qual eles
derramaram sobre Ele e lembramos que aqueles que O desprezam serão
desmerecidos – seus nomes serão escritos na terra. E se eles não vierem
a Ele? É para o próprio prejuízo deles, e bem fez Ele ao dizer: “Ninguém
pode vir a mim, se o Pai que me enviou o não trouxer” A sua maldade é a
sua incapacidade e sua perdição! Eles traíram, por sua oposição, o fato
é que eles não escolheram o Altíssimo.
Mas “voltarão os resgatados do SENHOR, e virão a Sião com júbilo, e
perpétua alegria haverá sobre as suas cabeças” e “Ele verá o fruto do
trabalho da sua alma, e ficará satisfeito”. Esse assunto não é deixado
para o livre-arbítrio do homem, de modo que Jesus pode se
decepcionar! Ah não: “eles não irão para Ele, para que tenham vida” –
mas eles devem ainda saber que o eterno Espírito tem poder sobre a
consciência humana e vontades, e pode fazer homens dispostos no dia
do Seu poder! Se Jesus é exaltado, Ele trará todos os homens a Ele. Não
deverá haver falhas quanto ao trabalho de redenção do Senhor, apesar
dos desobedientes rejeitaram o conselho de Deus contra eles mesmos. O
que Jesus comprou com Seu sangue, Ele não perderá! Para aquilo que
Ele morreu para cumprir certamente se cumprirá! E o que Ele
ressuscitou para executar deverá ser executado, apesar de todos os
demônios do inferno e dos descrentes sobre a Terra, que deverão se
juntar contra Ele! Ó, inimigos, não se alegrem por causa do Messias,
pois embora pareça que Ele caiu, se levantará novamente!
Mas nosso Senhor foi mais longe, quando Ele disse: “Eu vou vos
preparar o lugar”. Eu penso que Ele não apenas se referia as muitas
moradas espirituais, mas do derradeiro lugar para nossos corpos
ressurretos, dos quais eu falarei daqui a pouco. Na despedida do nosso
Senhor, assim como em Sua continuação na presença de Seu Pai, Ele
se comprometia em preparar um lugar para Si mesmo. Ele estava indo
para que Ele pudesse tirar todos os impedimentos do caminho. Seus
pecados bloquearam a estrada – como montanhas, suas iniquidades
fecharam todas as passagens – mas agora que Ele se foi, pode-se dizer:
“E o rei irá adiante deles, e o SENHOR à testa dele”. Ele quebrou todos
os muros de divisão e abriu todos os portões de ferro. O caminho para o
reino está aberto para todos os Crentes. Ele passou pela morte para a
Ressureição e Assunção para remover cada obstáculo do nosso
caminho.
Ele se foi de nós, também, para preencher cada condição, pois era
absolutamente necessário que todos os que entrariam no céu deveriam
vestir uma perfeita justiça e deveriam ser formados em perfeito caráter –
nenhum pecado pode entrar na Cidade Santa! Os santos não poderiam
ser perfeitos sem serem lavados no Seu precioso sangue e renovados
pelo Espírito Santo. E assim o Salvador permaneceu na morte da cruz –
e quando Ele ressuscitou, nos enviou o Espírito santificador para ser
utilizado para Seu descanso. Assim Ele pode preparar o lugar para
nosso descanso removendo o pecado que bloqueava toda a entrada. Ele
se foi, também, para que pudesse estar em uma posição para assegurar
o lugar para todo Seu povo. Ele entrou nos céus como precursor, para
ocupar o lugar em seu nome; para tomar posse do Céu como um
Representante de todo o Seu povo.
Ele estava indo para que pudesse, no próprio céu, atuar como
Intercessor, pleiteando diante do Trono de Deus e, portanto, ser capaz
de salvar perpetuamente a todos os que viriam a Deus por Ele. Ele
estava indo para lá para assumir os reinos da Providência, ter todas as
coisas debaixo de Seus pés, e tendo todo o poder dado a Ele nos Céus e
na Terra então Ele poderia abençoar Seu povo abundantemente.
Estando nos céus, nosso Senhor ocupa uma posição de vantagem para
a certeza do cumprimento de Seus propósitos de amor. Como José
desceu ao Egito para provisionar os celeiros, preparar para Israel um
lar em Gósen, e se assentar no trono para sua proteção, assim tem
nosso Senhor ido embora para a Glória para nosso bem – e Ele o faz
para nós, sobre Seu trono, o que não poderia ter feito tão
vantajosamente por nós aqui.
Ao mesmo tempo, estou inclinado a pensar que existe um significado
especial nestas palavras, melhor do que o esperado, em preparar o céu
para nós. Eu penso que nosso Senhor Jesus queria dizer: “Eu vou para
vos preparar um lugar” nesse sentido – que poderia haver, no final, um
lugar encontrado para toda sua humanidade. Notem essa palavra:
“lugar”. Nós estamos também aptos para cogitar vagas ideias da última
herança daqueles que alcançam a ressureição dos mortos. “Céu é um
estado”, dizem alguns. Sim, certamente é um estado – mas é um lugar
também – e no futuro será muito distintamente um lugar. Observem
que nosso abençoado Senhor foi-se embora em um corpo – não um
desencarnado espírito – mas como Único que tendo comido com os
discípulos e que seu corpo foi tocado por eles. Seu corpo precisava de
um “lugar”. E ele foi preparar um lugar para nós – não apenas onde
devemos estar por um tempo como espíritos puros, mas como nós
estaremos derradeiramente – corpo, alma e espírito.
Quando um filho de Deus morre, para onde o espírito vai? Não há
dúvida sobre isso – somos informados pelo inspirado apóstolo –
“Ausente do corpo, presente com o Senhor”. Mas importa e alguma
coisa ainda resta. Meu espírito não é tudo de mim mesmo, pois eu sou
ensinado assim para respeitar meu corpo e considera-lo como uma
parte preciosa do meu ser completo – o templo de Deus. O Senhor
Jesus Cristo não redimiu apenas meu espírito, mas meu corpo também,
e consequentemente Ele quer dizer ter um “lugar” onde o eu – essa
pessoa que aqui está, na plenitude da minha individualidade – deva
descansar para sempre. Jesus quer dizer ter um lugar para toda a
humanidade de Sua escolha que eles devam estar onde Ele está e como
Ele é. Nossa última moradia será o estado da bendição, mas deve ser
um lugar adequado para nossos corpos ressurretos!
Céu não é, portanto, uma nuvem-terra – alguma coisa aerada,
impalpável e onírica. Ah não, será um lugar tão real quanto a Terra é
um lugar! Nosso glorioso Senhor foi para o derradeiro propósito de
preparar um adequado lugar para Seu povo. Haverá um lugar para seus
espíritos, se é que espíritos precisam de lugar, mas Ele foi para
preparar um lugar para eles como corpo, alma e espírito. Eu me deleito
em lembrar que Jesus não foi como espírito, mas em Seu corpo
ressurreto, tendo cicatrizes de Suas feridas. Venham vocês que pensam
que nunca ressuscitarão! Vocês que imaginam que o espalhamento do
nosso pó proíbe toda esperança de restauração de nossos corpos! Nós
devemos ir onde Cristo foi e como Ele foi. Ele dirige o caminho com Seu
corpo e nós devemos segui-Lo em nossos corpos. Derradeiramente
haverá a redenção completa da posse comprada – nenhum osso será
deixado nas regiões da morte – nenhuma relíquia para o diabo se
gloriar!
Jesus disse a Maria: “Seu irmão deve ressuscitar”. Ele não precisava
dizer “o espírito do seu irmão deve viver imortalmente”, mas “seu irmão
deve ressuscitar”. Seu corpo virá da tumba. Bem podia o coração dos
apóstolos ser consolado quando eles aprenderam para qual
incumbência abençoada que seu Senhor estava indo.
A próxima consolação era a promessa de Seu assegurado retorno – “Se
vou preparar-vos o lugar, Eu virei novamente”. Ouçam, então! Jesus está
voltando! Da mesma maneira que Ele ascendeu, Ele retornará – isto é,
realmente, literalmente e de forma encarnada! Ele queria dizer sem jogo
de palavras quando Ele tão claramente disse, sem provérbios: “Eu
voltarei” ou mais docemente ainda: “Eu vou embora e voltarei a vocês.”
Essa é nossa mais alta nota de alegria: “Vejam, Ele vem!” Essa é nossa
consolação sem falhas! Observem que o Salvador, nesse lugar, não diz
nada sobre morte; nada sobre a paz e o descanso dos Crentes até que
Ele venha, pois Ele olha para o fim. Não é necessário colocar cada
Verdade Divina em uma única sentença – e então nosso Senhor se
contenta em mencionar a mais brilhante de nossas esperanças – e deixa
outras bênçãos para mencionar em outro tempo. Aqui a consolação é
que Ele virá – virá pessoalmente se juntar a nós!
Ele não enviará um anjo, ou ainda um hoste de querubins para nos
buscar em nosso estado eterno, mas o Senhor, Ele mesmo, descerá dos
céus. Será nosso dia do casamento e a glorioso Noivo virá pessoalmente!
Quando a Noiva está preparada para seu Marido, Ele não vem buscá-la
para Sua casa? Oh Amados, vocês não veem onde os pensamentos do
nosso Senhor estão? Ele estava habitando no dia feliz de Sua última
vitória quando Ele virá para ser admirado por todos aqueles que
acreditam! Isto era onde os pensamentos do nosso Senhor estavam.
Mas infelizmente, eles esquecem Seu advento. O Senhor virá – deixem
seus corações anteciparem o dia dos dias! Seus inimigos não podem
parar Sua vinda!
“Não se turbe o vosso coração”. Seus inimigos devem odiá-lo, mas eles
não podem impedi-Lo. Eles não podem impedir Seu glorioso retorno,
nem por um piscar de olhos! Que resposta será Sua vinda para cada
adversário! Como eles chorarão e lamentarão por causa d’Ele! Tão
certamente quanto Ele vive, Ele virá, e que confusão isso trará sobre os
homens sábios que a esta hora estão discursando contra Sua deidade e
ridicularizando Sua Expiação! Novamente, eu digo: “Não se turbe o
vosso coração” como para a presente condição da religião – ela não
durará muito. Não se preocupem vocês mesmos com a incredulidade
embora esse homem tenha se tornado um traidor, ou o outro que pode
ter se tornado desobediente, pois as rodas do tempo estão correndo
para o dia da gloriosa manifestação do Senhor dos Céus!
Quão grande será o assombro de todo mundo quando, com todos os

sagrados anjos, Ele descer dos Céus e glorificar seu povo? Para isto é a

próxima consolação – Ele nos receberá! Quando Ele vier, Ele receberá Seus
seguidores com uma recepção cortês. Será sua recepção de casamento!
Será a ceia do casamento do Filho de Deus! Então descerá dos Céus a
nova Jerusalém preparada como uma noiva para seu marido. Então
virá o dia da Ressureição e os mortos em Cristo ressuscitarão. Então
todo Seu povo que estiver vivo na hora de Sua vinda será
repentinamente transformado de modo a ser entregue de todas as suas
fragilidades e imperfeições de seus corpos mortais – “Os mortos
ressuscitarão incorruptíveis e nós seremos transformados”. Então nós
seremos apresentados espírito, alma e corpo “sem manchas, ou rugas,
ou qualquer coisa dessas” – na clara e absoluta perfeição de nossa
humanidade santificada – apresentados ao próprio Cristo.
Essa é a mais doce ideia que o Céu pode ter, que seremos como Cristo,
que O veremos, que falaremos com Ele, que comungaremos com Ele
mais intimamente, que nós O glorificaremos, que Ele nos glorificará e
que nós nunca seremos separados d’Ele para sempre e sempre! “Não se
turbe o vosso coração” – tudo isso está à mão e a partida de nosso
Senhor nos assegura isso. Isso foi o último ponto da consolação, que
quando Ele vier e receber Seu povo Ele próprio, Ele os alojará
eternamente onde Ele está, para que eles possam estar com Ele.
Ó, alegria! Alegria! Alegria! Indescritível Alegria! Não podemos agora, de
uma vez por todas, descartar todo o medo na perspectiva da bem-

aventurança infinita reservada a nós?
“Veja que Glória, como resplandece!
Mais brilhante que uma fantasia!
Há uma majestade transcendente,
Jesus reina, o Rei dos santos!
Abra suas asas, Minh ‘alma, e voe
Diretamente para aquele mundo de alegria!
Multidões jubilosas, Seu trono circundante,
Canta com êxtase do Seu amor!
Pelos céus Seus louvores soam,
Enchendo todos os pátios abaixo.
Abra suas asas, Minh ‘alma, e voe
Diretamente para aquele mundo de alegria!
O Senhor fala-nos como se nós agora soubéssemos sobre Seus
acontecimentos e feitos – e então nós fazemos tanto quanto todos os
propósitos práticos em questão. Ele diz: “Para onde Eu vou vocês
conhecem”. Ele não está indo para um lugar desconhecido, remoto ou
perigoso. Ele apenas foi pra casa. “Para onde Eu vou vocês conhecem”.
Quando uma mãe manda seu filho para a Austrália, ela está geralmente
atribulada porque ele pode nunca mais vê-lo novamente, mas ele
responde: “Querida Mãe, a distância é nada, agora, cruzamos o oceano
em poucas semanas e eu devo retornar rapidamente”.
Então a mãe está feliz. Ela pensa que o oceano é como um pequeno
ponto azul entre ela e seu filho – e o procura para ele retornar, se
necessário. Então o Salvador diz: “Para onde Eu vou vocês conhecem”.
Tanto quanto dizer: “Eu vos disse, Eu estou indo para a casa do Pai,
para as moradas aonde seus espíritos logo irão. E Eu estou indo para o
propósito bendito de fazer ficar pronto para receber vocês na totalidade
da sua natureza. Vocês estão prontos para saber tudo sobre Minha
partida e Meu negócio. Eu estou indo para o glorioso lugar que olhos
não viram, mas Meu Espírito revelará a vocês. Vocês sabem para onde
Eu vou e vocês conhecem também o caminho pelo qual eu vou – Eu
estou indo pelo sofrimento e morte, pela Expiação e justiça – esse é o
caminho para o Céu para vocês também e vocês o acharão totalmente
em Mim. Vocês devem, no tempo certo, entrar no Céu pela Minha
Expiação, pela Minha Morte, pelo Meu Sacrifício, pois “Eu sou o
caminho”. Vocês sabem o caminho, mas lembrem-se, é apenas o
caminho e não o fim. Não imaginem que os ímpios podem Me dar um
fim! Creiam que Cristo na Cruz, Cristo no sepulcro não é o fim, mas o
caminho”.
Isso, amados, é o caminho para todos nós bem como para nosso
Senhor. Ele não poderia ter alcançado Sua coroa exceto pela Cruz, nem
Sua mediadora Glória exceto pela morte! E aquele caminho uma vez
feito em sua própria pessoa está aberto para todos que acreditam n’Ele.
Assim vocês sabem para onde o Senhor foi e vocês conhecem o caminho
– logo, sejam encorajados, pois Ele não está tão longe – Ele não está
inacessível! Vocês logo estarão com Ele. “Não se turbe o vosso coração”.
Ó valente Mestre, Tu deves ser seguido por uma tribo de covardes? Não,
nos não desanimaremos pelas provações do dia. Ó, santo Mestre, Você
encontrou sua morte com a canção, pois, “depois da ceia eles cantaram
um hino!” e não devemos nós ir pelas nossas dores com confiança
jubilosa? Ó confiável Senhor, oferecendo a nós acreditar em Ti com um
Deus, Ele mesmo, nós cremos em Ti, pela sua Graça, e nós crescemos
confiantes!
Ó, meu Mestre, Sua imperturbada serenidade de fé infunde a si mesma
em nossas almas e nos faz fortes! Quando nós escutarmos Seu corajoso
falar sobre Sua morte que Tivestes que cumprir em Jerusalém, e então,
de Sua Glória posterior, nós, também, pensaremos esperançosamente
de toda a oposição de homens ímpios e, esperando por Sua aparição,
nos consolaremos com esta esperança bendita! Não se atrase, Ó nosso
Senhor! Venha
Charles Haddon Spurgeon
Enviado por Silvio Dutra Alves em 01/07/2013
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