Legado Puritano
Quando a Piedade Tinha o Poder
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COMENTÁRIO DO SEGUNDO CAPÍTULO DO LIVRO DE JUÍZES – PARTE 3
A história da Igreja, tal como a narrada em Juízes, tem revelado o modo como Deus tem levantado pessoas que qualificou e capacitou extraordinariamente, pela Sua graça, para redirecionar o Seu povo à prática da justiça e da santidade, e isto nos faz lembrar de Lutero, Calvino, Jonathan Edwards, Spurgeon, e muitos outros, que em suas próprias épocas, foram instrumentos nas mãos do Senhor para o referido propósito.  
É notável também, que sempre segue a um período de grande reforma e retorno à santidade, períodos de apostasias.
Tal como se deu com Israel, ocorre com a Igreja, e por isso, cada época testemunhará acerca daqueles que Deus levantou e continuará levantando para avivar o Seu povo.
Isto indica que o ideal seria que a Igreja permanecesse permanentemente avivada e fiel à vontade de Deus.
Mas como o evangelho opera entre pecadores, e por serem estes dados a se desviarem da vontade do Senhor, sempre será necessário manter uma postura de reforma, de modo a não se experimentar apostasias, que sempre virão, sem falta, se deixamos esfriar este espírito de manter as pessoas ocupadas em serem fiéis à vontade de Deus.
Veja o caso de Israel, que enquanto vivia Josué e os anciãos da sua geração, o povo andou obedientemente cumprindo a vontade do Senhor, especialmente no que se refere à ocupação e conquista de Canaã.
Mas quando uma nova liderança se levantou, e que não tinha o mesmo empenho em conduzir o povo nos caminhos de Deus, o resultado é o que encontramos no livro de Juízes, que afirma o seguinte nos versos 16 a 19: “16 Mas o Senhor suscitou juízes, que os livraram da mão dos que os espojavam. 17 Contudo, não deram ouvidos nem aos seus juízes, pois se prostituíram após outros deuses, e os adoraram; depressa se desviaram do caminho, por onde andaram seus pais em obediência aos mandamentos do Senhor; não fizeram como eles. 18 Quando o Senhor lhes suscitava juízes, ele era com o juiz, e os livrava da mão dos seus inimigos todos os dias daquele juiz; porquanto o Senhor se compadecia deles em razão do seu gemido por causa dos que os oprimiam e afligiam. 19 Mas depois da morte do juiz, reincidiam e se corrompiam mais do que seus pais, andando após outros deuses, servindo-os e adorando-os; não abandonavam nenhuma das suas práticas, nem a sua obstinação.”.
E tal é esta obstinação da natureza terrena, do coração carnal, que se diz que o povo não deu ouvido aos juízes e se prostituiu após outros deuses (v. 17).
A advertência bíblica para que nos empenhemos com toda diligência em confirmar a nossa vocação e eleição, não é de pouca monta, porque se refere a uma luta titânica contra um inimigo poderoso que é a nossa natureza pecaminosa, que pode ser mortificada somente pelo Espírito Santo, mas este trabalho não poderá ser realizado se não cooperarmos com a Sua vontade, por não nos tornarmos verdadeiramente submissos ao Senhor, e por não crermos e não nos dispormos a colocar em prática, todas as coisas que nos tem ordenado em Sua Palavra, e especificamente em nossa caminhada diária.
Assim, os cananeus não seriam expulsos por Deus, para que por meio deles, provasse a fidelidade de Israel.
De igual modo o diabo e todos os seus demônios permanecem no mundo, não por que isto seja agradável ao Senhor, mas para que por meio desta presença, a nossa fidelidade possa ser provada, de maneira a permanecermos firmes em fazer a vontade de Deus, em meio a todas as tentações que o inferno possa realizar.  
E parece que a missão da Igreja de ser sal e luz do mundo se deteriora cada vez mais, permitindo que a luz do evangelho não brilhe em todo o seu fulgor e que o sal perca o seu poder de salgar e preservar.
Isto decorre do pecado de os cristãos em serem mundanos, ignorando a ordenança bíblica de serem um povo distinto e de não amarem o mundo e não tomarem a forma dele, como nos exortam especialmente os apóstolos João e Paulo, respectivamente.  
Muitos cristãos não querem ser diferentes do mundo. Ao contrário, querem trazer para suas vidas e para dentro da Igreja aquilo que não é de Cristo, mas do mundo.
Pensam erroneamente, que esta será a melhor forma de trazer outros à conversão.
Estamos empenhados numa batalha espiritual de vida ou de morte. Na qual operam principados e potestades com toda a fúria inimaginável, para permanecerem na posse das almas humanas, as quais, para serem resgatadas demandam que primeiro seja amarrado o valente que as aprisiona, e este é um trabalho único e exclusivo para o Senhor Jesus e o Espírito Santo de Deus, sob a atração exercida por Deus Pai para trazer os pecadores em submissão a Seu Filho.
E como isto poderá ocorrer quando os cristãos se tornam mundanos?    
Deus usaria Israel caso eles evitassem o pecado de se misturar com o pecado das nações pagãs. E não é portanto para se admirar que tantas exortações sejam feitas na Sua Palavra neste sentido.
E para o propósito de desencorajar o Seu povo à mistura com as nações de Canaã, Deus acrescentou variadas e grandes ameaças de maldições e castigos para os israelitas no caso de serem desobedientes a tal ordenança específica.
Muitas aflições viriam sobre eles, da parte do próprio Deus, caso se misturassem com as práticas abomináveis daquelas nações.
O que acontece com a Igreja de Cristo em nossos dias não é muito diferente disso.
Muitas bênçãos não são alcançadas, e muita correção da parte do Senhor sobrevém à Igreja, exatamente por causa deste pecado de se assumir a forma do mundo.
Se, conforme dizer do apóstolo é necessário não se conformar ao mundo para que se possa conhecer a boa, agradável e perfeita vontade de Deus, então não é difícil de se entender que quando se toma a forma do mundo não somente ficamos impossibilitados de fazer a vontade de Deus, como até mesmo de conhecê-la, conforme se afirma em Rom 12.2.
Deus quer um povo santo, puro e separado, e este segundo capítulo de Juízes nos revela isto de forma muito direta e clara, e este povo, é formado na dispensação da graça, por pessoas que se convertem das trevas do mundo para a luz de Jesus.
Tudo o que estiver misturado com o mundo, passará debaixo do juízo ou da correção do Senhor, porque nada que provém do mundo pode ser um canal apropriado para trazer a nós a presença real e santa de Jesus.
Assim, todo ministério mundano não prevalecerá, e ficará destituído da graça de Deus.
Os pastores mundanos não terão qualquer mensagem recebida da parte de Deus para ser pregada com poder ao Seu povo. Porque o Espírito Santo não se detém onde mora o orgulho e disposições de mundano proceder.
Aquele que não separa o que é vil do que é precioso, não pode ser a boca de Deus.
Deste modo, todos os cristãos que se deixarem seduzir pelos prazeres deste mundo estarão áridos, vazios e confusos.
Serão como o povo de Israel, depois de ter fabricado o bezerro de ouro.
A presença da nuvem de glória entre eles se retirará e o Senhor não caminhará mais com eles, até que se arrependam e voltem a viver em verdadeira santidade.
Silvio Dutra Alves
Enviado por Silvio Dutra Alves em 10/07/2013
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