Legado Puritano
Quando a Piedade Tinha o Poder
Textos
Boas Vindas para Todos que Vêm a Cristo – P 3
Por Charles Haddon Spurgeon.

“Todo o que o Pai me dá virá a mim; e o que vem a mim de maneira nenhuma o lançarei fora.” (João 6:37)

III. O voo do tempo me apressa, portanto, lhes suplico que escutem com atenção enquanto lhes falo, em terceiro lugar, sobre a QUALIDADE INEQUIVOCA DA PROMESSA: “o que vem a mim de maneira nenhuma o lançarei fora”, isso é, por nenhuma razão, sob nenhuma circunstância, em nenhum momento, sobre nenhuma condição de nenhum tipo, “lhes lanço fora;” o quão quer dizer, bem interpretado: “Irei recebê-los, ire salvá-los, irei abençoá-los”.
Então, meu querido amigo, se viesse a Cristo, como Ele poderia lançar-lhe fora? Como poderia fazê-lo em consistência com Sua veracidade? Imaginem a meu Senhor Jesus fazendo essa declaração e a entregando como uma Escritura inspirada: “o que vem a mim de maneira nenhuma o lançarei fora”, no entanto, lançando alguém para fora, a esse alguém desconhecido que está parado na esquina. Vamos, seria uma mentira; seria uma mentira qualificada! Suplico-lhes que não blasfemem de meu Senhor, o Cristo veraz, ao suporem que pudera ser culpado de uma conduta como essa. Ele poderia ter feito o que quisesse quanto a quem receberia até o momento de fazer a promessa; porem, depois de comprometer Sua palavra, se obrigou a guardá-la pela veracidade de Sua natureza; e entanto que Cristo seja o Cristo verdadeiro, Ele tem que receber a toda alma que venha a Ele.
Porem, deixe-me perguntar-lhe: suponha que viesse a Cristo e que Ele o lançasse fora: com que mãos Ele poderia fazer isso? Você responde: “Com suas próprias mãos”. Como! Cristo dá um passo adiante para lançar fora a um pecador que veio a Ele? Pergunto de novo: com que mãos Ele poderia fazê-lo? Acaso o faria com essas mãos traspassadas que ainda mostram os sinais dos cravos? Acaso o Crucificado rejeitaria a um pecador? Ah, não! Ele não tem nenhuma mão com a que faria uma cruel obra como essa, pois entregou ambas mãos para que fossem cravadas ao madeiro pelos homens culpados. Não tem mãos nem pés nem coração com que pudesse rejeitar aos pecadores, pois todos esses membros foram perfurados em Sua morte pelos pecadores; portanto, não poderia lançá-los fora se viessem a Ele.
Deixe-me fazer outra pergunta: Que benefício seria para Cristo se Ele efetivamente o lançasse fora? Se meu amado Senhor, o da coroa de espinhos e do lado traspassado e das mãos perfuradas lhe fora lançar longe, que glória isso Lhe aportaria? Se o lançasse ao inferno, a você que veio a Ele, que felicidade daria isso para Ele? Se o lançasse fora, a você que buscou Seu rosto, a você que confiou em Seu amor e em Seu sangue, por qual método concebível esse ato o faria mais feliz ou grande? Não pode ser.
Que implicaria essa suposição? Imagine por um momento que Jesus efetivamente lançasse fora a alguém que viesse a Ele; se fosse comprovado que uma alma veio a Cristo e, contudo, Ele a lançou fora, que sucederia? Bem, haveria milhares de nós que não pregaríamos nunca mais! Logo eu acabaria com meu ofício. Se meu Senhor lançasse fora a um pecador que viera a Ele, eu não poderia com uma consciência limpa, ir pregar baseando-me em Suas palavras: “o que vem a mim de maneira nenhuma o lançarei fora”. Alem disso, sentiria que se Ele falhou em uma promessa, poderia falhar em outras. Eu não poderia sair e pregar um Evangelho possível, porem duvidoso. Eu devo ter os “farei” e os “assim será” provenientes do trono eterno de Deus; se não fosse assim, nossa pregação seria vã e nossa fé também seria vã.
Vejam quais seriam as consequências se uma alma viesse a Cristo e Cristo a lançasse fora. Todos os santos perderiam sua confiança Nele. Se um homem quebranta sua promessa uma vez, não tem o caso que diga: “bem, eu geralmente sou verdadeiro”. Comprovou que não cumpriu sua palavra uma vez, e não confiaria nele de novo, não é certo? Não; e se nosso amado Senhor, de quem todas Suas palavras são verdadeiras e verazes, poderia cumprir uma de Suas promessas uma só vez, perderia a confiança de Seu povo por completo e Sua Igreja perderia a fé que é sua vida mesma.
Ah Deus meu, e logo saberiam disso no céu, e uma alma que viesse a Cristo e fosse deixada fora deteria a musica das harpas do céu, borraria o lustre da terra da glória, e suprimiria seu gozo, pois os glorificados sussurrariam entre si: “Jesus quebrou Sua promessa. Lançou fora uma alma que orava e cria; então Ele poderia quebrar a promessa que nos fez, e poderia nos lançar fora do céu”. Quando começassem a louvá-Lo, esse ato solitário seu colocaria um nó em suas gargantas e não seriam capazes de cantar. Elas estariam pensando nessa pobre alma que confiou Nele, mas que foi lançada fora; assim que, como poderiam cantar: “Ao que nos amou, e nos lavou de nossos pecados com seu sangue”, se tivessem que acrescentar: “porem não lavou a todos que vieram a Ele, ainda que tenha prometido que o faria”?
Não gosto sequer de falar de tudo o que essa suposição implicaria; é algo muito terrível para mim, pois no inferno iriam ficar sabendo disso, e seria transmitido de uns para outros, e um terrível regozijo se apoderaria dos diabólicos corações do demônio e de seus companheiros, que diriam: “O Cristo não cumpre Sua palavra; o alardeado Salvador rejeitou a um que veio a Ele. Sempre recebia pecadores, inclusive as rameiras, e até permitiu que uma delas lavasse Seus pés com suas lágrimas; os publicanos e os pecadores vinham e se juntavam a sua volta, e Ele lhes falava em tons de amor; porem aqui está um… bom, ele era demasiadamente vil para que o Salvador o abençoasse; era tão extremamente desviado que Jesus não pode restaurá-lo. Cristo não pode limpá-lo. Ele pode salvar a pecadores menores, porem não aos maiores; podia salvar à mil e oitocentos anos. Oh, fez ostentação da salvação deles, porem Seu poder extinguiu-se agora e já não pode salvar pecadores.” Oh, nos salões do Hades, que piadas e zombarias seriam lançadas contra esse amado nome, e quase diria, ‘justamente’, se Cristo lançasse fora a um que viesse a Ele! Porem, amados, isso não pode jamais acontecer; é tão certo como o juramento de Deus, tão certo como o ser do SENHOR, que o que vem a Cristo não será lançado fora. Eu alegremente dou meu próprio testemunho diante dessa multidão reunida que:
“Eu vim a Jesus tal como estava
Cansado, desgastado e triste;
Encontrei Nele um lugar de repouso,
E Ele me alegrou.”

Venham, cada um de vocês, e comprovem por experiência própria que o texto é verdadeiro, por nosso Senhor Jesus Cristo. Amém.
Charles Haddon Spurgeon
Enviado por Silvio Dutra Alves em 17/08/2013
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