Legado Puritano
Quando a Piedade Tinha o Poder
Textos
A intimidade da Oração – Parte 1
É difícil e até mesmo uma coisa formidável escrever sobre oração, e alguém teme tocar a Arca. Talvez ninguém deve empreendê-lo a menos que tenha gasto mais labuta na prática da oração, do que em seu princípio. Mas talvez também o esforço de olhar para o seu princípio possa ser considerado graciosamente por Aquele que vive sempre para interceder para sabermos como  melhor orar. Todo o progresso na oração é uma resposta à oração - a nossa própria ou de outra pessoa. E toda oração verdadeira promove o seu próprio progresso e aumenta nosso poder para orar.
  O pior pecado é a falta de oração. Pecado evidente, ou crime, ou as inconsistências gritantes que muitas vezes nos surpreendem nas pessoas cristãs são o efeito disto, ou a sua punição. Somos deixados por Deus por falta de buscá-Lo. A história dos santos mostra muitas vezes que suas faltas foram fruto e vindicação de negligência na oração. Suas vidas, em algumas épocas, também tendem a se tornar desumanas por seu isolamento espiritual. Eles deixaram os homens, e foram deixados pelos homens, porque em sua contemplação não encontraram a Deus, eles encontraram, senão o pensamento ou a atmosfera de Deus. Somente a oração mantém viva a solidão humana. Ela é o grande produtor de simpatia. Confiando no Deus e Pai de Jesus Cristo, e transacionando com Ele, entramos em sintonia com os homens. O nosso egoísmo se retira antes da chegada de Deus, e  caminhamos na luz com o nosso Pai e com os nossos irmãos. Nós percebemos o homem como ele é em Deus e para Deus, seu Amoroso Pai. Quando Deus enche o nosso coração Ele abre mais espaço para o homem do que o coração humanista possa encontrar. A oração é um ato, é de fato um ato de amizade. Não podemos verdadeiramente orar por nós mesmos, sem passar além de nós mesmos e da nossa experiência individual. Se devemos começar com isto a natureza da oração nos leva para além disto, tanto a Deus quanto ao homem. Mesmo  a oração privada é uma oração comunal.
Não desejar orar, então, é pecado sobre pecado. E isso acaba por não sermos capazes de orar. Esse é o seu castigo - mudez espiritual, ou, pelo menos, afasia, e fome. Nós não tomamos o nosso alimento espiritual, e assim nós erramos, definhamos e morremos. "No suor do teu rosto comereis o vosso pão." O que foi dito é verdade tanto para o trabalho físico quanto para o espiritual. É verdade tanto da vida do pão quanto do pão da vida.
     A oração traz consigo, como o alimento faz, uma nova sensação de poder e de saúde. Somos levados a isso pela fome, e, tendo comido, estamos revigorados e fortalecidos para a batalha que até mesmo envolve a nossa vida física. Porque o coração e a carne clamam pelo Deus vivo. O dom de Deus é gratuito, é, portanto, um presente para a nossa liberdade, ou seja, a renovação de nossa força moral, o que faz de nós humanos. Sem este dom sempre renovado, a nossa própria liberdade pode nos escravizar. A vida de cada organismo é senão a constante vitória de uma energia superior, constantemente alimentada, sobre as forças mais baixas e mais elementares. A oração é a assimilação da força moral de um Deus santo.
     Devemos trabalhar por esta vida. Para alimentar a alma, devemos labutar em oração. E quão trabalhoso é isto! "Ele orou em agonia." Devemos orar até às lágrimas se for necessário. A nossa cooperação com Deus é a nossa receptividade, mas isto é uma ativa, uma receptividade trabalhosa, uma importunação que drena nossa força para longe se não tocar as fontes da Força Eterna. A oração é a poderoso apropriação do poder, do poder divino. Por isso, é criativa.

Tradução, redução e adaptação feitas pelo Pr Silvio Dutra, do Livro Soul of Prayer (Alma da Oração) - CAPÍTULO I (A intimidade da Oração), de autoria de Peter Taylor Forsyth.
Silvio Dutra Alves
Enviado por Silvio Dutra Alves em 22/08/2013
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