A intimidade da Oração – Parte 2
A oração não é mero desejo. Ela é um pedido - com a vontade. Nossa vontade está nisto. Ela é energia. “Orare est laborare”, ou seja: orar é trabalhar. Voltamo-nos para um Deus doador ativo, por isso entramos em ação. Porque não conseguimos orar, sem conhecer encontrá-lo ao vivo. Se Deus tem uma controvérsia com Israel, Israel deve lutar com Deus. Além disso, Ele é o doador não só da resposta, mas antes, da própria oração. Seu dom provoca a nossa oração. Ele nos pede, e isto nos leva a Lhe dirigir súplicas. E o que pedimos é principalmente o poder de pedir mais e pedir melhor. Oramos por mais oração. O verdadeiro "dom da oração" é graça de Deus, antes que seja nossa habilidade.
Assim, a oração é, para nós, paradoxalmente, tanto um dom quanto uma conquista, uma graça e um dever. Mas isso não quer dizer, que não seja um caso especial da verdade, que todo o dever é um dom, cada chamada para nós uma bênção, e que a tarefa na qual muitas vezes encontramos um fardo é realmente uma bênção? Quando olhamos para cima e abaixo dela, é uma carga, mas aqueles que olham para baixo dela ao lado de Deus, a veem como uma bênção. Isto é como se tivessem grandes asas - que aumentam o peso, mas também o voo. Se não temos nenhum dever para com Deus, Ele se fechará para nós. Negar o dever é negar a Deus. Nenhuma cruz, nenhum Cristo. "Quando a dor acaba o ganho termina também."
Estamos tão egoisticamente absorvidos com as bênçãos de Deus que nos esquecemos do Seu dom da própria oração. Mas orar não é uma questão simplesmente de vontade, mas de aceitar e usar, conforme a vontade de Deus o dom e o poder de orar. Em cada ato de oração nós já começamos a fazer a vontade de Deus, acima de todas as coisas pelas quais oramos. A oração de todas as orações é "seja feita a Tua vontade." E não tem esta petição um significado especial aqui? "Minha oração é Tua Vontade. Criaste isto em mim. É Teu mais do que é meu. É perfeita a Tua própria Vontade..." - Tudo isto é paráfrase, a partir deste ponto de vista, de "ouça a minha oração.". "A vontade de orar", dizemos, "é a Tua vontade. Que isto seja feito tanto em minha petição e em teu aperfeiçoamento da mesma.". A petição é metade da vontade de Deus. É a vontade de Deus incipiente. "Tua vontade" (na minha oração) "seja feita” (na tua resposta). É Teu tanto o querer quanto o realizar. Tua vontade seja feita no céu - na resposta, como na terra – na petição."
A oração tem sua grande finalidade atendida quando ela nos levanta para sermos mais conscientes e mais seguros do dom do que da necessidade, da graça do que do pecado. Como petição sobe por necessidade ou pecado, em nossa primeira oração que vem em primeiro lugar, mas pode cair em um lugar subordinado, quando, no final de nossa adoração, estamos cheios da plenitude de Deus. "Naquele dia nada Me pedireis.", disse Jesus. Tristeza interior preenche a oração de petição; alegria interior a oração de ação de graças. E esse pensamento nos ajuda a lidar com o problema, com o ser ouvido, e especialmente com a sua resposta. Ou melhor, quanto ao local e tipo de resposta. Vamos chegar um dia a um céu onde saberemos com gratidão que grandes recusas de Deus foram, por vezes, as verdadeiras respostas para a nossa verdadeira oração.
Tradução, redução e adaptação feitas pelo Pr Silvio Dutra, do Livro Soul of Prayer (Alma da Oração) - CAPÍTULO I (A intimidade da Oração), de autoria de Peter Taylor Forsyth.
Silvio Dutra Alves
Enviado por Silvio Dutra Alves em 22/08/2013