Sobre o Perdão
Extraído de um sermão de John Piper
O perdão de uma pessoa impenitente não parece o mesmo que o perdão de uma pessoa arrependida.
Na verdade, eu não estou certo de que na Bíblia o termo perdão seja sempre aplicado a uma pessoa que não se arrepende. Jesus disse em Lucas 17:3-4: "Acautelai-vos. Se teu irmão pecar contra ti, repreende-o; se ele se arrepender, perdoa-lhe. Se, por sete vezes no dia, pecar contra ti e, sete vezes, vier ter contigo, dizendo: Estou arrependido, perdoa-lhe." Portanto, há um sentido em que o perdão pleno só é possível em resposta ao rrependimento.
Mas, mesmo quando a pessoa não se arrepender (cf. Mateus 18:17), somos ordenados a amar nossos inimigos e orar por aqueles que nos perseguem e fazer o bem a quem nos odeia (Lucas 6:27).
A diferença é que, quando uma pessoa que nos ofendeu não se arrepende com contrição e confissão e conversão (transformação do pecado para a justiça), ela corta o trabalho pleno do perdão. Nós ainda podemos estabelecer limites para a nossa má vontade, podemos entregar nossa ira nas mãos de Deus, podemos tentar fazer-lhe bem, mas não podemos realizar a reconciliação ou a intimidade.
Thomas Watson disse algo muito impactante:
“Nós não somos obrigados a confiar em um inimigo, mas somos obrigados a perdoá-lo.” (Body of Divinity, p. 581)
Você pode realmente olhar alguém nos olhos e dizer: “Eu te perdoo, mas eu não confio em você.” Isso é o que a mulher cujo marido abusou de seus filhos tinha a lhe dizer.
Mas ó quão crucial é a condição do coração aqui. O que faria disto uma coisa imperdoável a ser dita se você estivesse pensando assim: “E além do mais, eu não me importo com o fato de não voltar a confiar em você, e eu não vou aceitar qualquer um dos seus esforços para tentar estabelecer a confiança novamente, na verdade, eu espero que ninguém confie em você de novo, e eu não me importo se a sua vida está totalmente arruinada.” Isso não é um espírito de perdão. E nossas almas estariam em perigo.
John Piper
Enviado por Silvio Dutra Alves em 23/08/2013