A Intimidade da Oração – Parte 3
O objetivo principal de toda oração é nos conduzir a Deus. Mas podemos atingir Sua presença e nos aproximarmos dele pelo meio de lhe pedir outras coisas, coisas temporais ou coisas do reino espiritual, do que pela oração direta para nossa união com Ele. A oração pela libertação de problemas pessoais ou de calamidades nacionais pode nos trazer mais perto dele do que uma mera aspiração devotada para estar absorvido nele.
A oração da mulher pobre para encontrar a sua dracma perdida pode significar mais do que a oração de muitos no claustro. Essa angústia é muitas vezes entendida por Deus como um meio inicial e exercício para a sua finalidade constante do reencontro com Ele. Sua paciência é tão extensa e gentil que Ele está disposto a começar conosco quando estamos mais longe do que em usá-Lo como um meio de fuga ou alívio. O Pai santo pode transformar do seu jeito, até mesmo o egoísmo. E Ele nos dá alguma resposta, embora o alívio não venha, se Ele nos mantiver orando, e cada vez mais dispostos e purificados em oração.
A oração nunca é rejeitada, desde que nós não cessamos de orar. O principal fracasso da oração é a sua cessação. A nossa insistência é uma parte da resposta de Deus, tanto de Sua resposta a nós e a nossa para ele. Ele está sublimando a nossa ideia de oração com o propósito de nos conduzir em meio a todos os problemas para mais perto de Si mesmo.
Uma imagem caseira tem sido usada. O marceneiro, quando cola duas placas, as mantém firmemente presas até que o cimento as mantenha unidas, e assim, quando a pressão externa não é mais necessária, então ele as solta. Assim sucede com as calamidades, depressões e decepções que nos esmagam em nosso estreito contato com Deus. A pressão sobre nós é mantida até que a união da alma com Deus esteja definida. O alívio imediato não estabelece o hábito da oração, embora possa nos fazer acreditar nela com uma rapidez muito rasa para durar ou para torná-la o princípio da vida de nossa alma em qualquer profundidade.
Uma fé que se baseia principalmente em impetração pode se tornar mais uma fé na oração do que fé em Deus. Se temos tudo que pedimos, devemos em breve vir a tratá-lo como uma conveniência, ou o pedido como uma espécie de mágica. O motivo de muita confusão sobre a oração é que nós somos menos ocupados sobre a fé em Deus do que sobre a fé na oração.
Aos olhos de Deus o grande objetivo da oração é a abertura ou a restauração da livre comunhão com Ele no reino de Cristo, a uma comunhão de vida, que pode até, em meio a nosso dever e serviço, se tornar tão inconsciente como o bater do nosso coração. Neste sentido, cada verdadeira oração traz a resposta com ela, e que não é somente "reflexiva", em nossa pacificação da alma, mas objetivamente em nossa obtenção de um lugar mais profundo e mais perto de Deus e do Seu propósito. Se a oração é o grande dom de Deus, é um dom inseparável do Doador, que, afinal, é o seu próprio grande presente, uma vez que a revelação é a sua auto-doação. Por isso Ele está ativamente conosco quando oramos, e exerce sua vontade através da oração. E, por outro lado, a oração nos faz perceber o quão longe de Deus nós estávamos, ou seja, ela nos faz perceber o nosso pior problema e repará-lo. A necessidade exterior acende o sentido da interior, e descobrimos que a resposta completa para a oração é o próprio Senhor que nos responde, e a alma faminta é saciada com a plenitude de Cristo.
Tradução, redução e adaptação feitas pelo Pr Silvio Dutra, do Livro Soul of Prayer (Alma da Oração) - CAPÍTULO I (A intimidade da Oração), de autoria de Peter Taylor Forsyth.
Silvio Dutra Alves
Enviado por Silvio Dutra Alves em 24/08/2013
Alterado em 24/08/2013