Prefácio da Epístola aos Romanos por Lutero – Parte 5
Primeiramente, é justo que um pregador do Evangelho, por uma revelação da lei e do pecado, reprove e mostre que o pecado não é o fruto vivo do Espírito e da fé em Cristo a fim de que os homens sejam levados a conhecerem a si mesmos, percebendo as suas próprias misérias e tornando-se humildes a ponto de clamarem por socorro. Isto é o que Paulo faz! Logo no início, no Capítulo 1, ele reprova os graves pecados e a incredulidade que foram e ainda são, claramente, evidenciados como os pecados dos pagãos que vivem sem a graça de Deus.
Ele diz: “A ira de Deus é revelada do céu pelo Evangelho, sobre todos os homens por causa de suas impiedades e injustiças. Porque ainda que saibam e diariamente reconheçam que há um Deus, no entanto, a própria natureza, sem a graça de Deus, é tão má que não são capazes de lhe agradecer e nem honrá-lo. É assim que indo de mal a pior caem numa idolatria cega que os leva a cometerem os pecados mais vergonhosos, com todos os vícios, e nem mesmo se envergonham disso, mas, pelo contrário, ainda incentivam outros a fazerem coisas tão vis e repreensíveis quanto as suas.
No capítulo 2, Paulo estende esta repreensão ainda mais longe, direciona-a para aqueles que exteriormente parecem ser justos, mas pecam em secreto. Tais eram os judeus e tais são todos os hipócritas que, sem o desejo ou amor pela lei de Deus, levam uma boa vida, mas odeiam a lei de Deus em seus corações, e ainda são propensos a julgarem outras pessoas. É esta a natureza de todos os hipócritas que apesar de se julgarem puros, estão cheios de cobiça, ódio, orgulho e toda imundícia (Mateus 23). Estes são os que desprezam a bondade de Deus e pela sua dureza acumulam para si mesmos ira. Assim, Paulo, como um fiel intérprete da lei, não permite que ninguém se considere sem pecado, mas proclama a ira de Deus sobre todos os que vivem pela sua própria natureza e vontade, fazendo-os se perceberem como pecadores. Na verdade, Paulo os reputa como endurecidos e impenitentes.
No capítulo 3, ele põe todos juntos e diz que um é como o outro. Todos são pecadores perante Deus, exceto que os judeus tiveram a Palavra de Deus. Com certeza, muitos não creram nela, mas isso não significa que a fé e a verdade de Deus perderam seu valor. Paulo ainda cita uma parte do Salmo 51 que diz que Deus permanece justo em suas palavras. Depois disso, Paulo volta novamente ao tema para provar pelas Escrituras que todos são pecadores e que por obras da lei ninguém é justificado, pois a lei foi somente dada para que o pecado pudesse ser conhecido.
Martinho Lutero
Enviado por Silvio Dutra Alves em 15/09/2013