A Bíblia Provada e Comprovada – Parte 3
Por Charles Haddon Spurgeon
“As palavras do SENHOR são palavras puras, como prata refinada em fornalha de barro, purificada sete vezes.” Salmo 12:6
III. Agora, em terceiro lugar, O QUE AS PALAVRAS DO SENHOR EXIGEM?
As exigências dessas palavras são muitas. Primeiro, merecem ser estudadas. Amados, posso suplicar-lhes que pesquisem constantemente a Escritura inspirada? Você diz: “aqui tenho a ultima novela que saiu! O que devo fazer com ela?” Jogue-a fora. “Aqui tenho outra peça de ficção que se converteu sumamente popular. Que farei com ela?” Deixa-a de lado, ou deixe-a cair entre as barras da grade onde você se encontra. Esse sagrado volume é a mais recente das novelas. Para alguns de vocês será um livro eternamente novo.
Nós contamos com um grupo que ministra Bíblias à leitores, porém necessitamos em grande medida de leitores da Bíblia. Lamento que inclusive entre algumas pessoas que levam o nome de ‘cristão’, a Escritura Sagrada é o livro menos lido de suas bibliotecas. Alguém perguntou sobre um pregador, outro dia: “Como você mantêm sua congregação? Dá sempre algo novo para o povo?”. “Sim” o outro respondeu, “ele lhes fornece o Evangelho; nesses dias, isso é o mais novo que saiu.” Certamente assim é; o velho, velho Evangelho é algo sempre novo. A doutrina moderna é somente nova de nome; não é nada, depois de tudo, senão uma confusa mescla de rançosas heresias e de mofadas especulações.
Se o Senhor registrou Suas palavras em um Livro, esquadrinhem suas páginas com um coração crente. Se não o aceitam como palavra inspirada de Deus, não posso convidá-los a prestar-lhe uma atenção particular; porém, se o consideram como o Livro de Deus, os exorto, assim como irei encontrá-los no trono de juízo de Cristo, para que estudem a Bíblia diariamente. Não tratem ao Eterno Deus sem o devido respeito, mas sim se deleitem na Sua Palavra.
Vocês a leem? Então, creiam nela. Oh, anelem crer intensamente em cada palavra que Deus falou! Não a considerem como um credo morto, mas sim deixem que os sustente com sua mão todo-poderosa. Não sustentem nenhuma controvérsia com alguma das palavras do Senhor. Creiam sem nenhuma mistura de dúvida. Ao irmão do famoso Unitário, o Dr. Priestly, se permitiu pregar em lugar de seu irmão, em sua capela de Birmingham; porém, lhe foi solicitado que não escolhesse nenhum tema controverso. Ele obedeceu suas instruções ao pé da letra, mas foi rebelde contra seu espírito, vendo que adotou o texto: “E indiscutivelmente grande é o mistério da piedade: Deus foi manifestado em carne.”
Certamente não há nenhuma controvérsia entre os homens espirituais em relação à gloriosa verdade da encarnação de nosso Senhor Jesus. Assim também, todas as palavras do Senhor estão fora da região de debate: para nós são certezas absolutas. Enquanto uma doutrina não se converta em certeza absoluta para um homem, jamais poderá conhecer sua doçura: a verdade tem pouca influência na alma enquanto não seja crida com plenitude.
Continuando, obedeçam ao Livro. Façam como liberdade, façam de todo coração, façam constantemente. Não se apartem do mandamento de Deus. Que o Senhor os fala perfeitos em toda boa obra, para fazer Sua vontade! “Fazei tudo o que os disser.” Vocês que não são convertidos, obedeçam a palavra do Evangelho: “O que crer e for batizado, será salvo.” O arrependimento e a fé são por sua vez os mandamentos e os dons de Deus; não descuide deles.
Alem disso, essas palavras de Deus devem ser preservadas. Não renunciem a uma só linha da revelação de Deus. Talvez não saibam a particular importância do texto assediado, porém não lhes corresponde a vocês calcular o valor proporcional das palavras de Deus: se o Senhor falou, estejam preparados a morrer pelo que Ele disse. Sempre me perguntei se, de acordo com os conceitos de algumas pessoas, existe alguma verdade pela qual valha a pena que um homem morra na fogueira. Eu diria que não, pois não estamos seguros de nada, de acordo aos conceitos modernos. Valeria à pena morrer por uma doutrina que pode ser mentira na semana seguinte? As descobertas recentes podem mostrar que temos sido vítimas de uma opinião antiquada: Não seria melhor que esperássemos para ver o que passa? Seria uma desgraça morrer na fogueira muito logo, ou ficar preso por um dogma que, em poucos anos, será substituído.
Irmãos, não podemos suportar essa teologia volúvel. Que Deus nos envie uma raça de homens que tenham firmeza! Homens que creiam em algo, e que estejam dispostos a morrer por suas crenças. Esse Livro merece o sacrifício de todo nosso ser, para manter cada uma de suas linhas.
Crendo e defendendo a Palavra de Deus, então, a proclamemos. Saiam essa tarde, nesse primeiro domingo de verão, e preguem nas ruas as palavras de vida. Saiam para alguma reunião em alguma casa, ou a um escritório, algum albergue, e declarem as palavras divinas. “A verdade é poderosa e prevalecerá,” afirmam: porém, não prevalecerá se não se dá a conhecer. A própria Bíblia não faz maravilhas a menos que suas verdades sejam publicadas por onde quer que seja. Preguem entre os pagãos que o Senhor reina desde a cruz. Preguem, em meio das multidões que o Filho de Deus veio para salvar aos perdidos, e que qualquer que creia Nele terá vida eterna. Falam saber a todos os homens que “De tal maneira Deus amou o mundo, que deu seu Filho unigênito, para que todo aquele que Nele creia, não se perda, mas tenha a vida eterna.” Isso não se fez em algum canto escondido: não o guardem como um segredo. Vão por todo o mundo, e preguem o Evangelho a toda criatura – e que o Senhor lhes abençoe! Amém.
Porções da Escritura lidas antes do sermão: Salmo 12 e Salmo 119: 137-152.
Charles Haddon Spurgeon
Enviado por Silvio Dutra Alves em 27/09/2013