A Ressurreição dos Mortos – Parte 1
Por Charles Haddon Spurgeon
“Há de haver ressurreição dos mortos, tanto dos justos como dos injustos” Atos 24:15.
Meditando outro dia sobre o triste estado das igrejas em nosso tempo, fui conduzido a observar em retrospectiva aos tempos apostólicos, e a considerar em quê difere a pregação destes dias da pregação dos apóstolos. Notei a vasta diferença em seu estilo em relação à oratória formal e determinada da época presente. Observei que os apóstolos não tomavam um texto quando pregavam, nem se reduziam a somente um tema, e muito menos a algum lugar de adoração, e também descobro que paravam em qualquer lugar e declaravam desde a plenitude de seu coração o que sabiam de Jesus Cristo. Mas a principal diferença que observei radicava nos temas de sua pregação. Me surpreendi quando descobri que o elemento principal da pregação dos apóstolos era a ressurreição dos mortos. Percebi que eu estava pregando sobre a doutrina da graça de Deus, que havia sustentado a livre eleição, que estava conduzindo ao povo de Deus da melhor maneira que podia às profundas coisas de Sua palavra; mas me surpreendi ao descobrir que não estava copiando a maneira apostólica, nem sequer a metade do que eu poderia ter feito.
Os apóstolos, quando pregavam, sempre davam testemunho da ressurreição de Jesus, e a consequente ressurreição dos mortos. Parece que o Alfa e o Ômega de seu evangelho foi o testemunho de que Jesus Cristo morreu e ressuscitou outra vez dos mortos de acordo as Escrituras. Quando escolheram a outro apóstolo no lugar de Judas, que se converteu em um apóstata, disseram: “Alguém seja feito testemunha conosco, de sua ressurreição,” de tal forma que a essência do ofício de um apóstolo era ser uma testemunha da ressurreição.
E cumpriram muito bem o seu ofício. Quando Pedro se apresentou diante da multidão, declarou que: “Davi falou da ressurreição de Cristo”. Quando Pedro e João foram levados ante o concílio, a maior causa de sua prisão foi que os governantes estavam ressentidos “de que ensinassem ao povo, e anunciassem em Jesus a ressurreição dentre os mortos”. Quando foram postos em liberdade depois de terem sido examinados, nos é dito que: “Com grande poder os apóstolos davam testemunho da ressurreição do Senhor Jesus, e abundante graça era sobre eles”. Foi isto que motivou a curiosidade dos atenienses quando Paulo pregou no meio deles: “Parece que és pregador de novos deuses; porque lhes pregava o evangelho de Jesus e da ressurreição”. E isto provocou as risadas dos areopagitas, pois quando falou da ressurreição dos mortos, “Uns zombavam, e outros diziam: acerca disto te ouviremos ainda outra vez”. Em verdade Paulo disse, quando compareceu ante o concílio dos fariseus e dos saduceus: “Acerca da ressurreição dos mortos sou julgado hoje por vós”. E é igualmente verdadeiro que constantemente asseverava: “Se Cristo não ressuscitou, então nossa pregação é vã, vã também é a vossa fé… ainda estais em vossos pecados”.
A ressurreição de Jesus e a ressurreição dos justos são doutrinas na qual nós cremos, mas que raramente pregamos ou nos interessamos em ler. Ainda que eu tenha procurado em várias livrarias um livro especialmente relacionado com o tema da ressurreição, todavia não consegui comprar nenhum livro de nenhum tipo relacionado com o tema; e quando procurei nas obras do doutor Jonh Owen, que constituem uma mina inestimável do conhecimento divino, e que contêm muito do que é valioso sobre quase qualquer tema, escassamente pude encontrar, inclusive ali, mais que uma rápida menção da ressurreição. Foi classificada como uma verdade bem conhecida, e portanto, nunca foi discutida. Não surgiram heresias relacionadas com ela; teria sido quase uma misericórdia se tivessem surgido, pois sempre que uma verdade é disputada pelos hereges, os ortodoxos lutam impetuosamente por ela, e o púlpito ressoa com ela cada dia.
Contudo, estou persuadido de que há muito poder nesta doutrina; e se a prego esta manhã, observarão que Deus reconhecerá a pregação apostólica, e haverá conversões. Pretendo colocá-la à prova, agora, para ver se não há algo que não podemos perceber no presente na ressurreição dos mortos, que seja capaz de mover os corações dos homens e levá-los a sujeitarem-se ao Evangelho de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.
Há pouquíssimos cristãos que crêem na ressurreição dos mortos. Poderiam assombrar-se ao escutar isso, mas não me surpreenderia se descobrisse que você mesmo abriga dúvidas com respeito a esse tema. Pela ressurreição dos mortos se quer expressar algo muito diferente da imortalidade da alma que cada cristão crê, e nisso está no mesmo nível do pagão, que também crê nela. A luz da natureza é suficiente para nos dizer que a alma é imortal, assim que o infiel que duvida é um néscio pior que um pagão, pois este, antes que a revelação fosse dada, o tinha descoberto: há débeis vislumbres nos homens de razão que ensinam que a alma é uma coisa tão maravilhosa que há de perdurar para sempre.
Mas a ressurreição dos mortos é uma doutrina bastante diferente, que trata, não com a alma, senão com o corpo. A doutrina consiste em que este corpo material no qual existo agora há de viver com minha alma; que não somente é a “faísca vital da chama celestial”, a que há de arder no céu, senão o próprio incensário no qual o incenso de minha vida fumega, é santo para o Senhor e há de ser preservado para sempre.
O espírito, todo o mundo o confessa, é eterno; mas quantos há que negam que os corpos dos homens se levantarão efetivamente de suas sepulturas no grande dia! Muitos de vocês crêem que terão um corpo no céu, mas creem que será um fantasmagórico corpo etéreo, no lugar de crer que será um corpo semelhante a este: carne e sangue – ainda que não o mesmo tipo de carne, pois não toda carne é a mesma carne – um corpo substancial, sólido, tal como o que temos aqui.
E há um grupo, todavia menor, de pessoas entre vocês que creem que os ímpios terão corpos no inferno; pois está ganhando terreno por toda a parte a convicção de que não haverá tormentos reais para os condenados que afetem seus corpos, senão que haverá de ser um fogo metafórico, um enxofre metafórico, cadeias metafóricas e uma tortura metafórica.
Mas se fossem cristãos como professam ser, creriam que cada homem mortal que haja existido, não somente viverá pela imortalidade de sua alma, senão que seu corpo viverá outra vez, que a própria carne na qual caminha agora na terra é tão eterna como a alma, e existirá eternamente. Essa é a peculiar doutrina do cristianismo.
Os pagãos não adivinharam nem imaginaram nunca tal coisa, e por isso, quando Paulo falou da ressurreição dos mortos, “uns zombavam,” o que demonstra que entendiam que falava da ressurreição do corpo, pois não teriam zombado se somente houvesse falado da imortalidade da alma, pois isso já havia sido proclamado por Platão e Sócrates, e havia sido recebido com reverência.
Agora estamos a ponto de pregar que haverá uma ressurreição dos mortos, tanto dos justos como dos injustos. Vamos considerar primeiro a ressurreição dos justos; e em segundo lugar, a ressurreição dos injustos.
I. Haverá UMA RESSURREIÇÃO DOS JUSTOS.
A primeira prova que oferecerei disto, é que há sido a constante e invariável verdade dos santos desde os primeiros períodos de tempo. Abraão cria na ressurreição dos mortos, pois se diz na Epístola aos Hebreus, no capítulo 11, e no versículo 19, que “pensava que Deus é poderoso para levantar, ainda dentre os mortos, de onde, em sentido figurado, também o recobrou”. Não guardo nenhuma dúvida de que José cria na ressurreição, pois deu instruções concernentes a seus ossos; e seguramente não haveria sido tão cuidadoso de seu corpo, se não houvesse crido que haveria de ser ressuscitado dos mortos. O patriarca Jó era um firme crente na ressurreição, pois comentou no texto que é citado repetidamente: “Eu sei que o meu Redentor vive, e ao fim se levantará sobre a terra; e depois de consumida esta minha pele, ainda em minha carne verei a Deus”. Davi cria na ressurreição mais além de qualquer sombra de dúvida, pois cantou sobre Cristo: “Porque não deixarás minha alma no Hades, nem permitirás que teu Santo veja corrupção”. Daniel creu nela, pois disse: “Muitos dos que dormem no pó da terra serão despertados, uns para a vida eterna, e outros para vergonha e confusão perpétua”. As almas não dormem no pó, os corpos sim.
Lhes fará bem atentar a uma ou duas passagens para ver o quê estes santos homens pensavam. Por exemplo, em Isaías, em 26:19, se lê: “Teus mortos viverão; seus cadáveres ressuscitarão. Despertai e cantai, os que habitais no pó! Porque seu orvalho é como orvalho das ervas, e a terra lançará de si os mortos”. Não ofereceremos nenhuma explicação. O texto é positivo e seguro.
Deixemos que fale outro profeta: Oséias, no capítulo 6 e versículos 1 e 2: “Vinde e tornemos a Jeová; porque ele arrebatou, e nos curará; fez a ferida, e no-la atará. Nos dará vida depois de dois dias; no terceiro dia nos ressuscitará, e viveremos diante dele”. Ainda que isto não declare a ressurreição, a usa como uma figura que não seria útil se não fosse considerada como uma verdade estabelecida. Paulo também declara em Hebreus 11:35, que essa foi a fé constante dos mártires, pois diz: “Outros foram atormentados, não aceitando o resgate, a fim de obter melhor ressurreição”.
Todos esses homens e mulheres santos que, durante o tempo dos Macabeus, se mantiveram firmes por sua fé, e suportaram o fogo e a espada e inarráveis torturas, creram na ressurreição, e essa ressurreição os estimulava para entregar seus corpos às chamas, sem que lhes importasse nem sequer a morte, senão que criam que depois alcançariam uma bendita ressurreição.
Mas nosso Senhor trouxe a ressurreição à luz da maneira mais excelente, pois explicita e frequentemente a declarou. “Não vos maravilheis disto”, disse, “porque virá a hora quando todos os que estão nos sepulcros ouvirão sua voz”. “Vem a hora quando chamará aos mortos a juízo, e estarão diante de seu trono”. Em verdade, em toda Sua pregação houve um fluxo contínuo de uma crença firme, e de uma positiva declaração pública da ressurreição dos mortos. Não os aborrecerei com passagens dos escritos dos apóstolos: eles abundam no tema. De fato, a Santa Escritura está tão cheia desta doutrina que me surpreende, irmãos, que nos tenhamos apartado tão rapidamente da firmeza de nossa fé, e que se chegasse a crer em muitas igrejas que os corpos materiais dos santos não viverão outra vez, e especialmente que os corpos dos ímpios não terão existência futura. Nós sustentamos segundo nosso texto, que “Há de haver ressurreição dos mortos, tanto dos justos como dos injustos”.
Uma segunda prova, pensamos, a encontramos na transposição de Enoque e Elias ao céu. Lemos de dois homens que foram ao céu em seus corpos. “Caminhou, pois, Enoque com Deus, e desapareceu, porque Deus o tomou para si” (Gênesis 5:24), e Elias foi transportado ao céu em um carro de fogo (2 Reis 2:11). Nenhum destes dois homens deixou suas cinzas no sepulcro: nenhum deixou seu corpo para que fosse consumido pelos vermes, e ambos ascenderam ao alto em seus corpos mortais – sem dúvida transformados e glorificados. Agora, esses dois indivíduos foram a garantia de que todos iremos ressuscitar da mesma maneira. Seria provável que dois espíritos resplandecentes estivessem no céu vestidos de carne, enquanto o resto de nós estivéssemos desnudos? Seria algo razoável que Enoque e Elias foram os únicos santos que tiveram seus corpos no céu, e que nós estivéssemos ali unicamente em nossas almas, pobres almas! Desejando contar outra vez com nossos corpos?
Não, nossa fé nos diz que havendo estes dois homens ido ao céu com segurança, como o expressa John Bunyan[2], por uma ponte que ninguém mais pisou, graças ao qual não se viram na necessidade de atravessar o rio, nós seremos alçados das águas, e nossa carne não habitará para sempre na corrupção.
Há uma notável passagem em Judas, na qual se diz de que quando o arcanjo Miguel contendia com o diabo pelo corpo de Moisés, não se atreveu a proferir “juízo de maldição” (Judas 9). Agora, isto se refere à grande doutrina de que os anjos vigiam os ossos dos santos. Certamente nos informa que o corpo de Moisés era vigiado por um grandioso arcanjo; o diabo pensava perturbar esse corpo, mas Miguel contendia com ele por essa causa. Agora, haveria uma contenda acerca desse corpo se não fosse de nenhum valor? Contenderia Miguel por aquilo que haveria de servir unicamente de alimento dos vermes? Lutaria com o inimigo por aquele que haveria de ser espargido aos quatro ventos do céu, para não ser reunido nunca em um esqueleto melhor e novo? Não, seguramente que não.
Disto aprendemos que um anjo vigia sobre cada tumba. Não é uma ficção quando esculpimos sobre o mármore os querubins com suas asas. Há querubins com asas estendidas sobre as lápides sepulcrais de todos os justos; e onde há “os rústicos antepassados da aldeia dormem”, em algum canto recoberto de urtigas, ali está um anjo noite e dia para vigiar cada osso e proteger cada átomo, para que na ressurreição esses corpos, com mais glória do que a que tiveram na terra, possam levantar-se para morar para sempre com o Senhor. A custódia dos corpos dos santos, por parte dos anjos, demonstra que ressuscitarão outra vez dos mortos.
Mas, ademais, as ressurreições que já aconteceram nos dão esperança e confiança de que haverá uma ressurreição de todos os santos. Não recordam que está escrito que quando Jesus ressuscitou dos mortos, muitos dos santos que estavam em seus sepulcros ressuscitaram, e vieram à cidade, e apareceram a muitos? Não ouviram que Lázaro, ainda que esteve morto três dias, saiu do sepulcro à palavra de Jesus? Não leram nunca como a filha de Jairo despertou do sonho da morte quando Ele disse: “Talita cumi”? Não O viram às portas de Naim, ordenando que o filho da viúva se levante do caixão? Esqueceram-se que Dorcas, que fazia vestidos para os pobres, se sentou e viu a Pedro depois de ter estado morta? E não se lembram de Eutico que caiu do terceiro piso abaixo, e foi levantado morto, mas, ante a oração de Paulo, foi ressuscitado de novo? Ou não voa sua imaginação ao tempo quando o envelhecido Elias se deitou sobre o menino morto, e a criança respirou, e espirrou sete vezes, e sua alma voltou a ele? Ou não leram que quando enterraram a um homem, tão rapidamente como tocou os ossos do profeta, reviveu, e se levantou sobre seus pés? Estes são presentes da ressurreição; uns quantos espécimes, umas quantas joias ocasionais que são lançadas no mundo para nos dizer quão cheia de joias da ressurreição está a mão de Deus. Ele nos tem dado provas de que é capaz de ressuscitar aos mortos pela ressurreição de uns quantos que depois foram vistos na terra por testemunhas infalíveis.
Mas agora devemos deixar estas coisas e devemos referi-los ao Espírito Santo a modo de confirmação da doutrina de que os corpos dos santos ressuscitarão de novo. O capítulo no qual encontrarão uma grande prova está na Primeira Epístola aos Coríntios, 6:13: “Mas o corpo não é para a fornicação, senão para o Senhor, e o Senhor para o corpo”. O corpo, então, é do Senhor. Cristo morreu, não somente para salvar minha alma, senão para salvar meu corpo. Se afirma que Ele “veio buscar e salvar o que se havia perdido”.
Quando Adão pecou perdeu seu corpo, e perdeu também sua alma; era um homem perdido, perdido por completo. E quando Cristo veio para salvar a Seu povo, veio para salvar seus corpos e suas almas. “Mas o corpo não é para a fornicação, senão para o Senhor”. Acaso é este corpo para o Senhor, e contudo, será devorado pela morte? Acaso é este corpo para o Senhor, e os ventos espalharão para bem longe suas partículas de onde nunca encontrarão a seus congêneres? Não! O corpo é para o Senhor, e o Senhor o terá. “E Deus, que levantou ao Senhor, também a nós levantará com seu poder”.
Agora vejam o verso seguinte: “Não sabeis que vossos corpos são membros de Cristo”? Não unicamente a alma é uma parte de Cristo, unida a Cristo, senão o corpo também o é. Estas mãos, estes pés, estes olhos, são membros de Cristo, se sou um filho de Deus. Sou um com Ele, não unicamente enquanto à minha mente, senão um com Ele enquanto à este corpo físico. O próprio corpo é tomado em união. A cadeia de ouro que ata a Cristo a Seu povo se estende ao redor do corpo e da alma também. Acaso não disse o apóstolo: “Os dois serão uma só carne. Grande é este mistério; mas eu digo isto com respeito de Cristo e da igreja”? (Efésios 5:31,32). “Os dois serão uma só carne”, e o povo de Cristo não somente é um com Ele em espírito senão que são “uma só carne também”. A carne do homem está unida com a carne do Deus-homem; e nossos corpos são membros de Jesus Cristo. Bem, enquanto viva a cabeça, o corpo não pode morrer; e enquanto Jesus viva, os membros não podem perecer.
Ademais, o apóstolo disse, no versículo 19: “Ou ignorais que vosso corpo é templo do Espírito Santo, o qual está em vós, o qual possuís da parte de Deus, e que não sois vossos? Porque foram comprados por preço”. Diz que este corpo é o templo do Espírito Santo; e quando o Espírito Santo mora em um corpo, não somente o santifica, senão que o torna eterno. O templo do Espírito Santo é tão eterno como o Espírito Santo. Pode-se demolir outros templos e seus deuses também, mas o Espírito Santo não pode morrer, nem “pode perecer Seu templo”. Acaso este corpo conteve uma vez ao Espírito Santo será pasto de vermes sempre? Não será visto mais, senão que será como os ossos secos do vale? Não, os ossos secos viverão, e o templo do Espírito Santo será edificado outra vez. Ainda que as pernas – os pilares – desse templo caiam, ainda que os olhos – suas janelas – se escureçam, e aqueles que veem através deles não vejam mais, contudo, Deus reconstruirá este tecido, iluminará outra vez os olhos, e restaurará seus pilares e renovará sua beleza, sim, “quando isto que é corruptível for revestido de incorrupção, e isto que é mortal for revestido de imortalidade”(1 Coríntios 15:53).
Mas o argumento fundamental com o que concluímos nossa prova é queCristo ressuscitou dos mortos, e, em verdade, Seu povo também ressuscitará. O capítulo que lemos ao começo da reunião é prova de uma demostração de que se Cristo ressuscitou dos mortos, todo Seu povo há de ressuscitar; que se não há ressurreição, então Cristo não ressuscitou. Mas não considerarei esta prova por muito tempo, pois eu sei que todos vocês sentem seu poder, e não há necessidade de que eu a exponha claramente.
Como Cristo ressuscitou, em realidade, dos mortos: carne e sangue, assim será para nós. Cristo não era um espírito quando ressuscitou dos mortos; Seu corpo podia ser tocado. Acaso Tomé não colocou sua mão em Seu flanco? E não lhe disse Cristo: “Apalpai-me, e vede; porque um espírito não tem carne e nem ossos, como veem que eu tenho”. E se ressuscitaremos como ressuscitou Cristo – e isso não é o que se nos ensina – então ressuscitaremos em nossos corpos, não como espíritos, não como excelentes coisas etéreas, feitos de não sei o quê, de alguma substância sumamente elástica e refinada, senão que “como o Senhor nosso salvador ressuscitou, assim todos os seus seguidores ressuscitarão”.
Ressuscitaremos em nossa carne, ainda que “não toda carne é a mesma carne”, ressuscitaremos em nossos corpos, ainda que não todos os corpos são os mesmos corpos; e ressuscitaremos em glória, ainda que não todas as glórias são as mesmas glórias. “Uma carne é a dos homens, outra carne é a das bestas”, e há uma carne deste corpo, e outra carne do corpo celestial. Há aqui um corpo para a alma, e outro corpo para o espírito do além; e contudo, será o mesmo corpo que ressuscitará de novo do sepulcro: o mesmo, digo, em identidade, ainda que não em glória ou em adaptação.
Charles Haddon Spurgeon
Enviado por Silvio Dutra Alves em 01/10/2013