As Imperfeições da Igreja aqui neste Mundo
“Eu estou morena e formosa, ó filhas de Jerusalém, como as tendas de Quedar, como as cortinas de Salomão. Não olheis para o eu estar morena, porque o sol me queimou. Os filhos de minha mãe se indignaram contra mim e me puseram por guarda de vinhas; a vinha, porém, que me pertence, não a guardei.” (Cantares 1.5,6)
O melhor dos santos de Deus, por mais alvo que esteja aqui embaixo, encontra-se num estado imperfeito; mas,
apesar do estado de imperfeição dos cristãos, eles não devem ficar desanimados.
Há uma glória e excelência nos santos de Deus, no meio de todas as suas imperfeições e decaimentos.
Nos primeiros versículos do 5º capítulo de Cantares, a igreja tendo mostrado seu fervoroso amor e afeição por Cristo e anseio por uma comunhão mais próxima com ele, tendo também confessado e professado sua própria fraqueza e incapacidade de chegar até ele, por cuja causa ela diz, "Leva-me após ti, apressemo-nos.", ela apresenta uma queixa contra aqueles que tentam desacreditá-la, aos quais chama de “filhas de Jerusalém”.
Estas filhas às quais a igreja se dirige são como quem não possui a graça santificante ainda nelas, ou que ao menos esta seja muito pequena).
Ela (a igreja) se rendeu ao que foi dito:"Eu sou morena por que o sol me queimou”, isto é, minha condição aqui é imperfeita, sujeita ao pecado, à aflição; não bela, portanto, aos olhos e julgamentos carnais.
Ela, nega o argumento, de ser portanto, desprezada pelos homens e rejeitada por Cristo como alguém que não tinha nada nele, ou melhor, os que se encontram extremamente queimados pelo sol podem ser belos e atraentes, e por isso ela diz no início do versículo que se via assim, interiormente rica e encantadora, como as tendas de Quedar e as cortinas de Salomão, e sabendo que podia estar sendo julgada de forma incorreta, se apressou em dizer: “não olheis para o eu estar morena”, ou seja, não me julguem de modo precipitado pelo que veem em mim.
Temos então aqui a confissão da igreja que apesar de sua riqueza interior pela habitação que possui do Espírito de Deus, todavia ainda há imperfeições no homem exterior, no velho homem, em contraposição à perfeição da nova criatura em Cristo Jesus.
Paulo revela em 1 Coríntios 13.9 esta condição de não existir uma perfeição completa da igreja enquanto neste mundo. Pois a promessa da sua plena perfeição será cumprida somente na volta daquele que é perfeito, a saber, Jesus, o Cabeça da igreja.
O apóstolo João também o confirma em I João 1.8, onde é dito que "se dissermos que não temos pecado nenhum, a nós mesmos nos enganamos, e a verdade não está em nós.”
Então, até que chegue o dia da sua ressurreição, a igreja está com a pele ressecada pelo sol ardente do pecado e das aflições, e apresenta diversas imperfeições no seu exterior que leva muitos a criticá-la, até mesmo alguns que dela participam por desconhecerem a sua própria imperfeição e a verdade de que esta nos acompanhará todos até o dia da nossa morte.
Os santos estão sujeitos a dores, vergonhas, seus corpos são vis, corruptíveis; em suas almas há muitos conflitos, corrupções em sua velha natureza, tentações, temores, tristezas; há falhas nos seus serviços, no seu arrependimento, fé, oração, etc.
A igreja sabe então que é imperfeita, mas sabe também que Cristo a ama embora seja aqui imperfeita, porque há de completar a obra da qual tem se encarregado de apresentá-la a si mesmo no dia das bodas do Cordeiro no céu, sem mancha, ruga ou coisa semelhante.
Então devemos olhar nossos pecados e falhas com tristeza, mas não devemos ser desencorajados por isto, deixando de prosseguir na busca da perfeição que nos está prometida e proposta por Deus.
Temos um grande e poderoso libertador que ama seus filhos em meio a todas as suas deformidades.
Na continuidade do versículo 6 a igreja diz: “Os filhos de minha mãe se indignaram contra mim e me puseram por guarda de vinhas”; eles a injuriaram, e procuraram levá-la a cuidar dos interesses deles, de suas vinhas, de modo que ela diz que não pôde cuidar da sua própria vinha, ou seja, aquela que lhe fora designada pelo Senhor Jesus: “a vinha, porém, que me pertence, não a guardei.” Estes seus irmãos, filhos de sua mãe, têm o nome de irmãos, porque se passam por tais, mas são falsos, hipócritas, mestres orgulhosos do erro que se apoderam do rebanho de Cristo para desviar o coração de suas ovelhas da comunhão com Ele.
Mas eles não logram êxito por muito tempo em seu intento, porque não é possível enganar os escolhidos do Senhor. Eles o conhecem e são por ele conhecidos, e ouvem a sua voz e o seguem, e não aos estranhos.
Então, a igreja se expressa no versículo 7 afirmando o seu amor e cuidado pelos interesses do seu Senhor: “Dize-me, ó amado de minha alma: onde apascentas o teu rebanho, onde o fazes repousar pelo meio-dia, para que não ande eu vagando junto ao rebanho dos teus companheiros.”
Silvio Dutra Alves
Enviado por Silvio Dutra Alves em 14/10/2013