SALMO 32 – Salmo de Davi
Este Salmo revela simultaneamente a bem-aventurança já alcançada de uma vez para todo o sempre quando se é justificado pelo Senhor, quando Ele perdoa o nosso pecado para sempre por causa de Jesus Cristo.
De modo que em vez de nos atribuir, imputar iniquidade, Ele nos atribui a justiça do próprio Cristo, para que sejamos justificados, isto é, declarados justos, absolvidos de nossas culpas perante Ele, para todo o sempre.
Todavia, mesmo naqueles que alcançam tal bem-aventurança, simplesmente pela fé, assim como era o caso de Davi, ele cita o seu próprio exemplo, quando deixou de confessar seus pecados ao Senhor.
Ele usa uma metáfora forte para poder expressar os sentimentos que o dominavam naquela condição.
Ele diz que era como que os seus ossos tivessem envelhecido, ou seja, ele perdeu o seu vigor e força, por causa da tristeza profunda que o pecado produzia todos os dias no seu coração.
Debaixo dos seus pecados não confessados, ele sentia a mão de Deus não como mão consoladora, mas como uma mão corretiva e disciplinadora, que estava sobre ele dia e noite, tirando-lhe todo o vigor espiritual.
Todavia, ele sabia que estas tristezas produzidas por Deus são para conduzir ao arrependimento, que trará de volta a alegria e a paz espirituais que haviam sido perdidas.
Por isso se dispôs a confessar o seu pecado e não mais ocultar a sua iniquidade de Deus.
Ele o fizera e foi perdoado pelo Senhor.
Veja que ele está falando de alguém que já havia sido justificado, de alguém que chamou de homem piedoso, o qual sempre fará súplicas ao Senhor para encontrá-lo, porque aquele que O conhece de fato, já não pode mais suportar viver longe da Sua presença, e quem produz tal afastamento, sempre é o pecado, nas suas mais variadas formas.
São estes que se arrependem continuamente, e que confessam suas faltas ao Senhor, que são consolados pelo Espírito, porque Ele não consola quem está no pecado, senão apenas quem está santificado, porque é Espírito consolador, mas também é Espírito santificador.
Ele primeiro santifica, e depois consola.
Os que levam o pecado a sério, e que procuram se apresentar diante de Deus aprovados, sempre serão livrados por Ele, mesmo quando transbordarem as muitas águas da aflição, porque estas não conseguirão afogar o amor e o fogo do zelo de suas almas.
O Senhor os preservará nas tribulações e lhes cercará com cânticos de livramento.
Instruirá e ensinará o caminho pelo qual devem seguir, e lhes dará conselhos estando com Seus olhos fixados neles.
Contudo o que permanece rebelde contra o Senhor, em vez de ser instruído com mansidão, será dominado com a força de freios e cabrestos tal como se faz com o cavalo ou a mula, que não têm entendimento.
Estes terão que curtir sofrimentos sem consolações.
Mas os que confiam no Senhor, serão assistidos pela Sua misericórdia, e se alegrarão nEle, no espírito, e se regozijarão na sua justiça, porque são retos de coração.
“Bem-aventurado aquele cuja iniquidade é perdoada, cujo pecado é coberto.
Bem-aventurado o homem a quem o SENHOR não atribui iniquidade e em cujo espírito não há dolo.
Enquanto calei os meus pecados, envelheceram os meus ossos pelos meus constantes gemidos todo o dia.
Porque a tua mão pesava dia e noite sobre mim, e o meu vigor se tornou em sequidão de estio.
Confessei-te o meu pecado e a minha iniquidade não mais ocultei.
Disse: confessarei ao SENHOR as minhas transgressões; e tu perdoaste a iniquidade do meu pecado.
Sendo assim, todo homem piedoso te fará súplicas em tempo de poder encontrar-te.
Com efeito, quando transbordarem muitas águas, não o atingirão.
Tu és o meu esconderijo; tu me preservas da tribulação e me cercas de alegres cantos de livramento.
Instruir-te-ei e te ensinarei o caminho que deves seguir; e, sob as minhas vistas, te darei conselho.
Não sejais como o cavalo ou a mula, sem entendimento, os quais com freios e cabrestos são dominados; de outra sorte não te obedecem.
Muito sofrimento terá de curtir o ímpio, mas o que confia no SENHOR, a misericórdia o assistirá.
Alegrai-vos no SENHOR e regozijai-vos, ó justos; exultai, vós todos que sois retos de coração.”
SALMO 34 – Salmo de Davi
(quando se fingiu de louco na presença de Abimeleque)
“Bendirei o SENHOR em todo o tempo, o seu louvor estará sempre nos meus lábios. Gloriar-se-á no SENHOR a minha alma; os humildes o ouvirão e se alegrarão. Engrandecei o SENHOR comigo, e todos, à uma, lhe exaltemos o nome. Busquei o SENHOR, e ele me acolheu; livrou-me de todos os meus temores. Contemplai-o e sereis iluminados, e o vosso rosto jamais sofrerá vexame. Clamou este aflito, e o SENHOR o ouviu e o livrou de todas as suas tribulações. O anjo do SENHOR acampa-se ao redor dos que o temem e os livra. Oh! Provai e vede que o SENHOR é bom; bem-aventurado o homem que nele se refugia. Temei o SENHOR, vós os seus santos, pois nada falta aos que o temem. Os leõezinhos sofrem necessidade e passam fome, porém aos que buscam o SENHOR bem nenhum lhes faltará. Vinde, filhos, e escutai-me; eu vos ensinarei o temor do SENHOR. Quem é o homem que ama a vida e quer longevidade para ver o bem? Refreia a língua do mal e os lábios de falarem dolosamente. Aparta-te do mal e pratica o que é bom; procura a paz e empenha-te por alcançá-la. Os olhos do SENHOR repousam sobre os justos, e os seus ouvidos estão abertos ao seu clamor. O rosto do SENHOR está contra os que praticam o mal, para lhes extirpar da terra a memória. Clamam os justos, e o SENHOR os escuta e os livra de todas as suas tribulações. Perto está o SENHOR dos que têm o coração quebrantado e salva os de espírito oprimido. Muitas são as aflições do justo, mas o SENHOR de todas o livra. Preserva-lhe todos os ossos, nem um deles sequer será quebrado. O infortúnio matará o ímpio, e os que odeiam o justo serão condenados. O SENHOR resgata a alma dos seus servos, e dos que nele confiam nenhum será condenado.”
No comentário deste salmo, nós usaremos um texto de autoria de Spurgeon, em domínio público, na Internet, que traduzimos do original inglês, intitulado: O ensino das Crianças:
“Vinde, filhos, e escutai-me; eu vos ensinarei o temor do Senhor.” (Sl 34.11)
É uma coisa singular que os homens piedosos descubram frequentemente seu dever quando estão situados nas condições mais humilhantes. Nunca em sua vida, Davi estivera em pior perigo do que o que lhe inspirou este Salmo. É, como lemos no seu começo “Salmo de Davi, quando se fizera amalucado na presença de Abimeleque, e, por este expulso, ele se foi”. Davi foi levado diante do Rei Aquis, o Abimeleque da Filistia, a fim de tentar escapar, ele simulou estar louco, com uns sintomas muito degradantes que bem podiam confirmar sua loucura. Foi expulso do palácio, e, como é normal quando tais pessoas passam pela rua, um certo número de crianças deve ter se reunido ao seu redor. Em dias posteriores, ao cantar louvores a Deus, e recordando como havia chegado a ser o palhaço de criancinhas, pareceu dizer: “Tenho me rebaixado na estima das gerações vindouras, por minha insensatez nas ruas diante das crianças. Agora tratarei de desfazer este mal.”. “Vinde, filhos, e escutai-me; eu vos ensinarei o temor do Senhor.”.
É muito possível que se Davi nunca houvesse se encontrado nestas circunstâncias, nunca haveria pensado neste dever, porque não encontro nenhum outro Salmo no qual ele dissesse: “Vinde, filhos, e escutai-me; e vos ensinarei o temor do Senhor.”. Teria o cuidado de suas cidades, províncias e nação pressionando-o, e pôde prestar pouca atenção à educação dos jovens. Porém aqui, levado à mais humilde posição que alguém possa ocupar, havendo chegado a ser como privado da razão, recorda seu dever. O cristão exaltado e próspero nem sempre se lembra dos cordeiros; esta tarefa geralmente recai sobre os Pedros, cuja confiança e soberba têm sido vencidas, e que se regozijam em responder assim de uma maneira prática a pergunta: “Tu me amas ?”.
De nosso texto extrairei primeiro uma doutrina, em segunda lugar, dois alentos, em terceiro, três instruções, em quarto, quatro instruções, e em quinto lugar cinco temas para crianças, tudo isto tomado do texto.
I. Primeiro, UMA DOUTRINA. “Vinde, filhos, e escutai-me; eu vos ensinarei o temor do Senhor.”. A doutrina é que as crianças são capazes de receber o ensino do temor do Senhor. Os homens são em geral tanto mais sábios quanto mais insensatos têm sido. Davi havia sido sumamente insensato, e agora se transformou em extremamente sábio. E ao sê-lo, não era provável que expressasse sentimentos insensatos, nem que desse instruções que fossem ditadas por uma mente débil.
Temos ouvido falar de alguns que as crianças não podem compreender os grandes mistérios da Palavra de Deus. Inclusive sabemos de alguns mestres da Escola Dominical que cautelosamente evitam mencionar as grandes doutrinas do evangelho, porque creem que as crianças não estão preparadas para recebê-las. O mesmo erro se tem introduzido no púlpito, porque atualmente se crê, entre certa classe de pregadores, que muitas das doutrinas da palavra de Deus, ainda que corretas, não são adequadas para serem ensinadas ao povo, porque seriam confundidos para a própria destruição deles. Fora com esse sacerdotalismo, que é o mesmo erro em que incorrem os católicos romanos ! Tudo o que o meu Deus revelou deve ser pregado. Tudo o que tem revelado, ainda que não possa compreendê-lo, seguirei crendo, e pregando. Mantenho que não há nenhuma doutrina da Palavra de Deus que uma criança, se é capaz de salvação, não seja capaz de receber. Queria que as crianças fossem ensinadas em todas as grandes doutrinas da verdade sem uma só exceção, para que em tempos posteriores possam aferrar-se a elas. Posso dar testemunho de que as crianças podem compreender as Escrituras, porque estou seguro de que quando era somente um menino podia discutir acerca de muitos pontos intrincados de controvérsia teológica, no círculo de amigos de meu pai. De fato, as crianças são capazes de compreender algumas coisas nas primeiras etapas da vida, que dificilmente compreendemos posteriormente. As crianças têm de maneira eminente a simplicidade da fé. A simplicidade é equivalente ao mais alto conhecimento; em realidade, não podemos dizer que haja muita diferença entre a simplicidade de um menino e o gênio de mente mais profunda. O que recebe as coisas com simplicidade, como criança, terá frequentemente ideias que o homem propenso a fazer um silogismo com todas as coisas nunca chegará a alcançar.
Se querem saber se é possível ensinar as crianças, lhes apontarei muitos exemplos em nossas igrejas, e em famílias piedosas: não prodígios, senão meninos que vemos com frequência: Timóteos e Samuéis, e também meninas pequenas, que têm chegado a conhecer muito cedo o amor do Salvador. Assim como um menino é capaz de ser condenado ainda cedo, também é capaz de ser salvo. Tão cedo como um menino pode pecar, este menino pode, se lhe assiste a graça de Deus, crer e receber a Palavra de Deus. Tenham a certeza de que tão cedo como o menino pode conhecer o mal, é competente, sob a condução do Espírito Santo, para aprender o bem. Nunca vá à sua classe com o pensamento de que as crianças não podem compreender, porque se não lhes faz compreenderem é porque não compreende você mesmo. Se não lhes ensina os caminhos que deseja, é porque você não é adequado para a tarefa; você deveria falar palavras mais simples, mais adequadas para sua capacidade, e logo descobrirá que não era culpa da criança, senão do adulto, que ela não aprendesse. Mantenho que as crianças são capazes de salvação. O Senhor, que em sua soberania divina resgata ao encanecido pecador do horror de seus pecados, pode converter um menino de suas tolices juvenis. O que na hora undécima encontra a alguns ociosos na praça do mercado, e os envia à sua vinha, pode chamar a homens no amanhecer do dia de suas vidas para trabalharem para ele. O que pode mudar o curso de um rio quando corre abaixo em seu curso, e fazê-lo grande em seu crescimento, pode controlar um riacho que acabou de brotar, e fazer que corra pelo canal que deseja. Pode fazer todas as coisas. Pode operar no coração das crianças como lhe apraz, porque tudo está sob seu controle.
Temo que muitos de vocês não esperem ouvir acerca de crianças que são salvas. Por todas as igrejas tenho dado conta de uma espécie de repugnância contra qualquer piedade temporã, infantil Assusta-nos a ideia de uma criança que ame a Cristo; e se ouvimos de uma menina seguindo ao Salvador, dizemos que é imaginação infantil, uma impressão temporã que logo se desvanecerá. Queridos amigos, lhes rogo, nunca tratem a piedade infantil com suspeitas. É uma planta tenra, não a manuseiem demasiadamente. Ouvi algo que creio é uma narração genuína. Uma menina de uns cinco a seis anos, que amava verdadeiramente a Jesus, pediu à sua mãe para unir-se à igreja. A mãe lhe disse que era muito pequena. A menina muito triste, e certo tempo depois sua mãe, observou que havia piedade em seu coração, e contou o fato a um pastor. Este falou com a menina, e disse à sua mãe: “Estou totalmente convencido de sua piedade, porém não posso permitir que participe dos cultos porque é muito pequena.”. Quando a menina ouviu isto, uma estranha sombra cobriu seu rosto, no dia seguinte, quando sua mãe foi à sua cama, encontrou-a com lágrimas nos olhos, morta de dor, seu coração havia se partido, porque não lhe deixaram seguir a seu Salvador e fazer como ele lhe havia convidado. Eu não haveria assassinado aquela menina por todo um mundo ! Tenham cuidado como tratam com a piedade juvenil. Sejam ternos com ela. Creiam que as crianças podem ser salvas, tanto quanto vocês. Quando veem um jovem coração trazido ao Senhor, não o coloquem de lado, falando duro, e desconfiando de tudo. É melhor às vezes ser enganados que ser o meio de destruição de alguém. Que Deus envie a seu povo uma convicção mais firme de que os pequeninos brotos da graça são dignos de todo o cuidado.
II. Em segundo lugar, dar-lhes-ei DOIS ALENTOS, em encontrarão a ambos no texto. O primeiro alento é o do exemplo piedoso. Davi disse: ““Vinde, filhos, e escutai-me; eu vos ensinarei o temor do Senhor.”. Não te envergonharás de seguir os passos de Davi, verdade ? Não porás objeções para seguir o exemplo de alguém que foi o primeiro eminente em santidade, e logo eminente em grandeza. Acaso o pastorzinho, o matador do gigante, o salmista de Israel e o monarca, haveriam ido pelos passos que tu tenhas demasiado orgulho para seguir ? Ah não! Estou seguro de que te sentirás feliz de ser com era Davi. Porém se queres um exemplo maior, inclusive que o de Davi, escuta ao Filho de Davi, como saem doces palavras de sua boca: “Deixai vir a mim os pequeninos, e não os impeçais, porque dos tais é o reino dos céus.”. Estou seguro de que lhes animaria se pensassem sempre nestes exemplos. Vocês ensinam a crianças, e isso não os desonra. Alguns dizem de vocês que são meramente mestres da Escola Dominical, porém vocês são personagens nobres, com um cargo honroso, e têm ilustres predecessores. Encanta-nos ver pessoas de uma certa posição na sociedade tendo interesse na Escola Dominical. Um grande fato em muitas de nossas igrejas é que as crianças são deixadas aos jovens para serem cuidados, e que dentre os membros mais velhos, com maior sabedoria, se preocupam porém muitos poucos deles, e muito frequentemente os membros mais acomodados da igreja se acham de lado como se o ensino dos pobres não fosse a especial atividade dos ricos. Espero o dia em que os fortes de Israel sejam achados ajudando nesta grande batalha contra o inimigo. Tenho ouvido que nos Estados Unidos há presidentes, juízes, membros do Congresso, e pessoas nas mais altas posições, não condescendendo, porque desdenho empregar esta palavra, senão honrando-se em ensinar às crianças nas Escolas Dominicais. O que ensina uma classe na Escola Dominical tem ganhado um bom título. Antes preferiria ter o título de M.E.D. (Mestre da Escola Dominical) do que uma licenciatura ou um diploma ou qualquer outra honra que se possa conferir.
Permitam que lhes rogue que se animem, porque seus deveres são assim honrosos. Que o régio exemplo de Davi, que o nobre e piedoso exemplo de Jesus, lhes inspirem com uma renovada diligência e um crescente ardor, com uma perseverança confiada e permanente, para prosseguir em sua poderosa obra, dizendo, como disse Davi: “Vinde, filhos, e escutai-me; eu vos ensinarei o temor do Senhor.”.
O segundo alento que lhes darei é o alento de um grande êxito. Davi disse: “ Vinde filhos, e escutai-me; eu vos ensinarei o temor do Senhor.”. Não disse: “Talvez lhes ensinarei o temor do Senhor”, senão que “vos ensinarei”. Teve êxito, e se ele não o teve, outros o têm tido. O êxito das Escolas Dominicais. Ali onde as hostes estelares cantam perpetuamente seu grande louvor, ali onde as multidões em vestiduras brancas permanentemente lançam suas coroas ao pés do Redentor, poderemos contemplar o êxito das Escolas Dominicais. Ali, também, onde milhões de crianças se reúnem domingo após domingo para louvar ao Senhor Jesus, vemos com alegria o êxito das Escolas Dominicais. E aqui acima, em quase cada púlpito de nossa terra, e ali nos bancos onde se sentam os diáconos, e de onde os piedosos membros se unem no culto, vemos o êxito das Escolas Dominicais. E remotamente, do outro lado do oceano, nas ilhas dos mares do Sul, em terras onde moram os que antes se prostravam ante ídolos de madeira e pedra, temos missionários salvos nas Escolas Dominicais, de onde milhares, remidos por meio de seus labores, contribuem tanto para a poderosa corrente de um imenso, incalculável êxito, quase diria que infinito, e em todo caso sem paralelo, da instrução das Escolas Dominicais.
Prossigam! Prossigam! Muito é o que se tem feito, mais se fará ainda. Que todas as suas vitórias do passado lhes inflamem com ardor; que a recordação de campanhas de triunfo e de campos de batalha ganhos para o seu Salvador nos reinos da salvação e da paz, sejam o alento de vocês para um renovado cumprimento do dever.
III. Agora, em terceiro lugar, lhes darei TRÊS ADMOESTAÇÕES: A primeira é: recordem a quem estão ensinando. Trata-se de crianças. “Vinde filhos”. Creio que deveríamos ter sempre respeito para com a nossa audiência, não no sentido de termos que ter cuidado quanto ao que estamos pregando ao senhor Fulano de Tal, ao Senhor Isso, ou ao Magistrado Aquilo, porque diante de Deus isto é uma vaidade. Porém devemos recordar que estamos pregando a homens e mulheres que têm almas, de maneira que não deveríamos ocupar seu tempo com coisas que não valham à pena de serem ouvidas. Agora, quando vocês ensinam na Escola Dominical, estão, se é possível, numa situação mais responsável ainda do que a de um pastor, porque este prega a pessoas adultas, a homens com juízo, que se não lhes agrada o que ele prega, têm a opção de ir para alguma outra parte. Vocês ensinam a crianças que não têm a opção de irem para algum outro lugar. Se ensinam mal às crianças, elas o crerão, se lhes ensinarem heresias, elas as receberão. O que lhes ensinarem agora, nunca mais esquecerão. Vocês não estão semeando numa terra virgem, como alguns dizem, porque tem estado muito tempo ocupada pelo diabo; porém, estão semeando sobre uma terra mais fértil agora que jamais o será, que produzirá agora o fruto de melhor forma do que em tempos futuros; estão semeando em um coração jovem, e o que semeiam é bastante certo que permanecerá ali, especialmente se ensinam o mal, porque isto nunca será esquecido. Cuidado com o que farão a eles. Não os escandalizem. Muitas crianças são tratadas como as crianças da Índia, nas quais colocam pratos de cobre sobre suas cabeças para que nunca cresçam. Há muitos que agora sabem que são simples, porque quando estiveram ao seu cuidado quando eram pequeninos nunca lhes deram a oportunidade para alcançar conhecimento, de modo que quando se fizeram adultos já não lhes importava nada. Tenham cuidado acerca dos seus objetivos; vocês estão ensinando crianças, vigiem então o que estão fazendo. Se puserem veneno no manancial, impregnarão toda a corrente. Tenham cuidado com o que fazem ! Se torcerem o arbusto a velha árvore ficará torta. Tenham cuidado! É a alma de uma criança que estão manipulando. É a alma de uma criança o que estão preparando para a eternidade, se Deus está com vocês. Faço-lhes uma solene admoestação em nome de cada criança. Certamente, se é traição administrar veneno aos moribundos, será muito mais criminoso administrar veneno à vida jovem. Se é mal extraviar aos de cabelos brancos, há de ser muito pior conduzir o coração jovem a um caminho de erro no qual poderá caminhar para sempre. Daí a severa admoestação de Cristo aos que viessem a escandalizar a qualquer dos pequeninos.
A segunda é, lembrem que estão ensinando para Deus. “Vinde, filhos, e escutai-me; eu vos ensinarei o temor do Senhor.” Se vocês, como mestres, ensinassem somente geografia, estou seguro de que não haveria muito problema se dissessem a seus alunos que o pólo Norte está próximo do Equador. Porém não estão ensinando geografia, nem matemática, nem uma profissão deste mundo, estão ensinando, no melhor da sua capacidade, para Deus. Vocês lhes dizem: “crianças venham aqui para que se lhes ensine a palavra de Deus, venham aqui, para que sejamos os instrumentos de salvação de suas almas.”. Tenham cuidado quanto ao seu objetivo quando estão lhes ensinando para Deus. Atem as mãos deles, se o desejarem, porém, por amor a Deus, não ataquem seus corações. Decidam o que quiserem sobre as coisas temporais, porém lhes rogo, em questões espirituais, tenham cuidado com a maneira pela qual os conduzem. Tenham cuidado em lhes inculcar a verdade, e somente a verdade ! E agora, quão solene se torna o trabalho de vocês ! O que está fazendo um trabalho para si mesmo, que o faça como quiser, porém o que está trabalhando para outro, que tenha cuidado acerca de como faz seu trabalho. O que está agora ao serviço de um rei, que tenha cuidado de como leva a cabo seus deveres, porém o que trabalha para Deus, deve tremer, se faz mal o seu trabalho, pois a palavra diz:”maldito aquele que faz descuidadamente a obra do Senhor”. Ah! Temo que muitos entre nós, estão longe de ter esta perspectiva!
A terceira admoestação é: recordem que suas crianças necessitam de ensino. O texto implica isso, quando diz, “Vinde, filhos, e escutai-me; eu vos ensinarei o temor do Senhor.”. Isto faz que seu trabalho seja tanto mais solene. Se as crianças não necessitassem de ensino não me sentiria tão inquieto pelo que estão lhes ensinando de maneira correta, porque as obras não necessárias os homens podem fazê-las como bem lhes pareça. Porém esta obra é necessária. Teu filho necessita de ensino. Nasceu em iniquidade, em pecado foi concebido por sua mãe. Tem um coração mau. Não conhece a Deus, e jamais o conhecerá se você não ensiná-lo. Não é como alguma boa terra que possua uma boa semente oculta em suas entranhas. Ao contrário, tem má semente em seu coração. Deus pode colocar a boa semente ali. Vocês que professam serem seus instrumentos para espalhar a semente no coração da criança, lembrem: se esta semente não for semeada, ficará perdida para sempre, sua vida será uma vida alienada de Deus, e a sua morte será inevitável, e a sua parte será no fogo eterno. Tenha cuidado então, de como ensina, recordando a premente necessidade do caso. Esta não é uma casa incendiada necessitando da sua ajuda na bomba de água, nem um barco naufragando no mar, que necessita do teu remo no bote salva-vidas, mas um espírito imortal que clama a você: “Passa aqui e ajuda-nos.”. Rogo-lhes, ensinem “no temor do Senhor” e somente isto, tenham desejo de dizer, e dizer com verdade, “no temor do Senhor os instruirei.”.
IV. Isto me leva ao quarto ponto, a QUATRO INSTUÇÕES, e estas estão todas no texto.
A primeira é: faz com que as crianças venham à tua escola. “Vinde filhos.”. A grande queixa de parte de muitos hoje, é que não podem conseguir crianças. Vão buscá-las. Em Londres estamos indo de casa em casa, esta é uma boa ideia, e se deveria ir de casa em casa por todos os povoados, por todas as cidades, por todas as ruas, e conseguir o maior número possível de crianças, porque Davi disse, “Vinde filhos”. Assim, meu conselho é que consigam que venham as crianças, e que façam qualquer coisa para levá-lo a cabo. Mas não seja muito detalhista no modo de como trará as crianças à escola, porque, se eu não pudesse ter pregadores trajando casacos pretos para pregar à minha congregação, eu os teria em uniforme militar, mas eu teria uma congregação de certo modo. É melhor fazer coisas estranhas como esta do que ter uma igreja vazia, ou uma sala de aula vazia.
Quando eu estava para ir à Escócia, nós enviamos antes, um pastor para obter ouvintes, e o plano foi muito bem sucedido.
Evite meios ilícitos, mas faça tudo o que for possível para atrair as crianças à escola. Eu tenho ouvido de ministros que saíram pelas ruas à tarde no dia do Senhor e falaram às crianças que estavam brincando nas proximidades, e as convidaram a virem para a escola. Isto é o que um professor sério fará; ele dirá, "João, venha à nossa escola; você não pode imaginar que lugar agradável é.". A seguir, ele conduz as crianças à escola e em sua maneira amável, ele lhes conta estórias e anedotas sobre meninas e meninos que amaram o Senhor, e desta forma, a escola fica repleta de alunos. Vá e pegue as crianças. Não há nenhuma lei contra isto, tudo é justo na guerra contra o diabo. Assim minha primeira instrução é, conquiste as crianças, e faça-o por todos os modos que você possa fazê-lo.
Em seguida, conquiste o amor das crianças, se você puder fazê-lo. "Deixai vir a mim as criancinhas”. “Oh!”. Pensam as crianças, “como é agradável ter um professor assim, um professor que nos deixa chegar perto dele, um professor que não diz: “ Vão!”, mas “Venham!”. A falha de muitos professores é que eles não deixam suas crianças chegarem perto deles; mas esforçam-se para criar em seus alunos um tipo de respeito temeroso.
Antes que você possa ensinar as crianças, você deve tomar a chave de prata da bondade para abrir seus corações, e assim obter sua atenção. Diga, "venham a mim crianças.". Nós temos conhecido alguns bons homens que eram objeto de aversão às crianças. Você conhece a história de dois meninos aos quais haviam perguntado um dia se eles gostariam de ir para o céu? Para muita surpresa do seu professor, disseram que não o desejavam realmente. Quando lhes perguntaram, "porque não?" um deles disse, "eu não gostaria de ir para o céu porque o vovô está lá, e ele certamente diria: “Fiquem longe meninos, quero estar distante de vocês!” Por isso eu não gostaria de estar no céu com meu avô.”. Portanto, se um menino tem um professor que fala de Jesus, mas que sempre tem um olhar amargo, o que o menino pensará? “Eu quero saber se Jesus é como você; se Ele for eu não gostaria dele.". Então há um outro professor, que, se for sempre assim perturbado, os ouvidos das crianças permanecerão fechados; ao mesmo tempo, que ele ensina que deveriam perdoar-se mutuamente, e que devem ser amáveis com ele. “Bem”, pensa o jovem, "que é muito bonito de ouvir não há nenhuma dúvida, mas meu professor não é um exemplo para mim para que eu possa fazê-lo.". Se você se mantiver distante de uma das suas crianças, o seu poder sobre ela terá ido embora, e você não será capaz de ensinar-lhe qualquer coisa. É de nenhum proveito tentar ensinar àqueles que não lhe amam; assim, tente fazer-lhes amar você, e então eles aprenderão qualquer coisa que lhes ensinar.
Em seguida, ganhe a atenção das crianças. "Venham crianças, venham ouvir-me.". Se elas não lhe escutarem, você pode falar, mas você falará para nenhuma finalidade. Se não escutarem, você realizará seu trabalho como uma tarefa penosa desprovida de propósito para si próprio e para seus alunos. Você nada poderá fazer sem obter antes a atenção deles. Bem, isso depende de você mesmo; se você lhes der alguma coisa de importância para se ocuparem, eles certamente o escutarão. Dê-lhes algo de valor para ouvirem e eles certamente ouvirão. Esta regra pode não ser universal, mas é muito proveitosa. Não se esqueça de contar-lhes algumas coisas engraçadas. As anedotas são muito objetadas pelos críticos dos sermões, que dizem que não devem ser usadas no púlpito; mas alguns de nós sabem melhor do que esses, nós sabemos o que acordará uma congregação; nós podemos testemunhar com base em nossa experiência, que umas poucas anedotas aqui e ali são coisas de primeira qualidade para se obter a atenção inicial das pessoas que não escutarão a doutrina secamente. Tente colecionar boas ilustrações, tantas quanto lhe seja possível; sempre que for ministrar, se você for realmente um professor sábio, você sempre poderá encontrar ilustrações dentro de um conto para dizer às suas crianças. Então, quando seus alunos começarem a achar o ensino maçante, e você estiver perdendo a sua atenção, diga-lhes: “Vocês conhecem os Cinco Sinos ?" Se houver tal lugar onde residam, todos dirigirão sua atenção para a sua pergunta, “Vocês conhecem a volta do Leão Vermelho?”. Diga-lhes então algo que você leu ou ouviu sobre isto, e certamente poderá fixar sua atenção à lição. Uma criança uma vez disse, "Pai, eu gosto de ouvir o Sr. Fulano pregar, porque diz muitas coisas engraçadas em seus sermões”. Sim, as crianças sempre amam as “coisas engraçadas".
Faça parábolas, retratos, figuras para eles, e você progredirá sempre. Eu estou convicto, será que eu seria um menino atento a tudo o que você disse, caso você não apresentasse um conto agora e de vez em quando, você veria frequentemente a parte de trás da minha cabeça, e eu não sei, se eu me sentaria em uma sala de aula quente, mas cochilaria e iria dormir, ou iria brincar com o Juca à minha esquerda, e faria muitas coisas estranhas como descansar, se você não se esforçasse em despertar o meu interesse.
Lembre-se então de fazer com que seus alunos lhe deem ouvidos.
A quarta admoestação é, tenham cuidado com o que ensinam às crianças: “Vinde, filhos, e escutai-me; eu vos ensinarei o temor do Senhor.”.
V. Em quinto lugar, quero dar-lhes CINCO LIÇÕES DE ESCOLA DOMINICAL, cinco temas para ensinar às suas crianças, e estes se encontram nos versículos que se seguem ao nosso texto: “Vinde, filhos, e escutai-me; eu vos ensinarei o temor do Senhor.” (Sl 34.11). A primeira coisa que se deve ensinar é A MORALIDADE. "Quem é o homem que ama a vida, e quer longevidade para ver o bem ? Refreia a tua língua do mal, e evite que os seus lábios falem dolosamente; aparte-se do mal, e pratique o que é bom, busque a paz e empenhe-se por alcançá-la.” (Sl 34.12-14; I Pe 3.10b,11). A segunda coisa a ensinar é A PIEDADE, e uma constante crença na vigilância de DEUS; “Os olhos do Senhor estão sobre os justos, e atentos os seus ouvidos ao clamor deles.”(Sl 34.15). A terceira é A MALDADE DO PECADO. “O rosto do Senhor está contra os que praticam o mal, para cortar da terra a memória deles.” (Sl 34.16). “Clamam os justo, e o Senhor os ouve, e os livra de todas as suas tribulações.” (Sl 34.17). A quarta é A NECESSIDADE DE UM CORAÇÃO QUEBRANTADO. “Perto está o Senhor dos que têm o coração quebrantado, e salva os de espírito oprimido.”. A quinta é A INESTIMÁVEL BÊNÇÃO DE SER UM FILHO DE DEUS: “Muitas são as aflições do justo, mas o Senhor de todas o livra.” (Sl 34.19). “Preserva-lhe todos os ossos, nem um deles será quebrado.”(Sl 34.20). “O Senhor resgata a alma dos seus servos, e dos que nele confiam, nenhum será condenado.”(Sl 34.22)..
Tenho lhes dados estas divisões, e agora tratemos de uma por uma: Aqui, pois, temos uma lição modelo para vocês : “Vinde, filhos, e escutai-me; eu vos ensinarei o temor do Senhor.”. Davi começa com uma pergunta: “Quem é o homem que deseja ver dias felizes ?”. Às crianças agrada este pensamento, lhes agrada a ideia de viverem até serem velhos. Com esta introdução começa ele o ensino sobre moralidade: "Refreie a sua língua do mal, e evite que os seus lábios falem dolosamente; aparte-se do mal, pratique o que é bom, busque a paz e empenhe-se por alcançá-la.”.
Nós nunca ensinamos a moralidade como forma de salvação. Deus proíbe que nós confundamos as obras do homem, sob qualquer forma com o redenção que está em Cristo Jesus! "pela graça é que temos conservado a fé, e isso não vem de nós, é dom de Deus." Contudo nós ensinamos a moralidade quando nós ensinamos a espiritualidade; e eu descobri que o evangelho sempre produz a melhor moralidade em todo o mundo. Eu tive um professor da escola dominical que ministrava muito sobre moralidade aos meninos e meninas sob seu cuidado, falando a eles muito particularmente acerca daqueles pecados que são os mais comuns à juventude. Podem honesta e convenientemente dizer muitas coisas às suas crianças que ninguém mais pode dizer, especialmente lembrá-las dos pecados que se encontram, comumente em crianças, a saber, pecados de pequenos roubos, ou de desobediência aos pais, ou de quebra do dia de descanso. Eu mandaria o professor ser muito particular em mencionar estes males um por um; para ele é de pouco proveito falar-lhes sobre pecados no atacado. Você deve fazer exame de um por um, assim como Davi. Primeiro aponte para o cuidado com a língua: " Refreie a sua língua do mal, e evite que os seus lábios falem dolosamente.". Depois, então, em segundo lugar, aponte para a conduta total:. “aparte-se do mal, pratique o que é bom, busque a paz e empenhe-se por alcançá-la.". Se a alma da criança não for preservada por outras partes do ensino, esta parte pode ter um efeito benéfico sobre a sua vida, e somente isto, e não além. A moralidade, entretanto, por si é comparativamente uma coisa pequena. A melhor parte do que você ensina é a santidade. Eu não disse "religião," mas santidade. Muitos povos são religiosos de alguma forma, sem serem santos. Muitos têm todos os sinais externos da santidade, toda a parte externa da piedade; tais homens que nós chamamos de "religiosos," mas não têm nenhum pensamento correto sobre Deus. Pensam sobre seu lugar de adoração, seu domingo, seus livros, mas nada sobre Deus. Que não respeita Deus, não ora a Deus, não ama a Deus, é um homem sem santidade, o que quer que sua religião externa possa ser. Trabalhe para ensinar sempre a criança a ter um olho em Deus; escreva em sua memória estas palavras, "Deus está me vendo". Auxilie-a a recordar que cada ato e pensamento seus estão sob o olhar atento de Deus. Não deve o professor da EBD desconsiderar que não é um dever menor colocar constantemente ênfase sobre o fato que há um Deus que observa tudo que acontece. Oh, que sejamos mais santos; e que nós falemos mais da santidade , e que amemos de fato a santidade! A terceira lição é o mal do pecado. Se a criança não aprender isto, nunca aprenderá como se chega ao céu. Nenhum de nós sempre soube quem era o salvador Jesus Cristo até que viemos a saber a coisa má que é o pecado. Se o Espírito Santo não nos ensinasse que somos pecadores jamais conheceríamos a bênção da salvação. Deixe-nos procurar sua graça, então, quando nós ensinamos, que nós devemos sempre colocar a ênfase sobre a natureza abominável do pecado. "o rosto do Senhor é contra aqueles que praticam o mal, para cortar a sua lembrança da terra". Não poupe, sua criança; deixe-a saber a que o pecado conduz. Não, aja como algumas pessoas, que são receosas do discurso claramente e amplamente relativo às consequências do pecado. Eu ouvi de um pai, um cujo filho, um rapaz novo, muito ímpio, morreu de maneira muito repentina. O pai não fez, como alguns costumam fazer, ao dirigir a seguinte palavra à sua família: "nós esperamos que seu irmão tenha ido para o céu.". Mas não; superando seus sentimentos naturais, foi-lhe concedido, pela graça de Deus, sentar junto às suas crianças, e dizer-lhes: "meus filhos; e filhas, seu irmão estava perdido; eu temo que ele esteja no inferno. Vocês souberam sobre sua vida e conduta, vocês viram como se comportou; e Deus tem-no agora afastado em seus pecados.". Então disse-lhes solenemente que do lugar do sofrimento, que cria, para onde tinha ido, deveria estar implorando para evitar e fugir da ira do porvir. Assim, usou o meio necessário para trazer suas crianças ao pensamento sério. Mas, se ao contrário se deixasse vencer pela ternura de coração e tivesse dito que esperava que seu filho tivesse ido para o céu, o que as outras crianças diriam ? "se ele foi para o céu, não há nenhuma necessidade para nós temermos; nós poderemos viver do modo que quisermos.". Não. Não. Eu não penso que não seja cristão afirmar que alguns homens estão indo para o inferno, quando nós vimos que suas vidas foram vidas infernais. Mas perguntamos: "pode você julgar suas criaturas?" Ó Não ! Mas podemos conhecê-los pelos seus frutos. Eu não os julgo, ou os condeno; pois julgam-se a si mesmos. Eu vi seus pecados antes do julgamento, e eu não duvido do que ocorrerá em seguida. "Mas não podem ser salvos na décima primeira hora?". Eu ouvi sobre alguém que foi, mas eu não sei que sempre haverá outro, e eu não posso dizer que sempre haverá. Seja honesto, a seguir, com suas crianças, e ensine-as, pela ajuda de Deus, que o "mal mata o mau." Mas você não terá feito parcialmente bastante a menos que você ensine com cuidado a quarta lição, a necessidade absoluta de uma mudança do coração. "o senhor está perto dos que têm um coração quebrantado; e salva os que têm um espírito contrito.". Oh! Possa Deus permitir-nos manter constantemente, isto nas mentes dos alunos, que importa antes, ser de um coração quebrantado e um espírito contrito, e que as boas obras serão de nenhum proveito a menos que haja uma natureza nova, que todos os deveres e os mais árduos e sérios trabalhos serão como nada, a menos que haja um arrependimento verdadeiro e completo em relação ao pecado, e total abandono do pecado através da atuação da graça e da misericórdia de Deus! Esteja certo: o que quer que você ensine às crianças, nunca deixe faltar os três “R”, — Ruína (estado do homem sujeito ao pecado), Redenção e Regeneração. Diga às crianças que são arruinadas pela queda, e que só há salvação para elas se forem redimidas pelo sangue de Jesus Cristo, e serem regeneradas pelo Espírito Santo. Mantenha constantemente diante delas estas verdades vitais, e então você terá a tarefa agradável de dizer-lhes o assunto doce da lição de fechamento. Em quinto lugar, diga às criança sobre a alegria e a bênção de ser cristão. “O Senhor resgata a alma dos seus servos, e dos que nele confiam, nenhum será condenado". Eu não necessito dizer-lhe como falar sobre esse tema. É verdadeiro o dito: "abençoado é o homem cuja transgressão é perdoada, e cujo pecado é coberto.". "Abençoado é o homem que faz do Senhor sua confiança." Sim, verdadeiramente é abençoado o homem, a mulher, a criança que confia no senhor Jesus Cristo, e cuja esperança está nele colocada, sempre dando acima de tudo, ênfase a este ponto — que os justificados são um povo abençoado da família escolhida de Deus, redimida pelo sangue e conservada pelo poder, sendo pessoas abençoadas aqui em baixo, e que serão abençoadas para sempre no céu. Deixe suas crianças verem que você pertence àquela companhia abençoada. Se souberem que você está com problemas, mas se for possível, vir à sua classe com um rosto alegre, de modo que seus alunos possam dizer: o "professor é um homem abençoado embora esteja curvado sob seus problemas.". Sempre buscando manter uma expressão regozijante, seus meninos e meninas saberão que sua religião é uma realidade abençoadora. Deixe isto ser o ponto principal de seu ensino, o de que embora "sejam muitas as aflições do justo," contudo "Preserva-lhe todos os ossos, nem um deles sequer será quebrado...O Senhor resgata a alma dos seus servos, e dos que nele confiam, nenhum será condenado". Assim tenho lhes dado cinco lições; e deixe-me agora dizer solenemente, que em toda a instrução que você seja capaz de dar às suas crianças, você deve estar profundamente consciente que você não é capaz de fazer qualquer coisa em prol da salvação da criança, mas que é Deus, ele mesmo que, do primeiro ao último, quem tudo faz. Você é simplesmente uma pena; e Deus pode escrever com você, mas você não deve escrever qualquer coisa de si mesmo. Você é uma espada; Deus pode matar o pecado da criança usando você, mas você não pode matar o seu próprio pecado. Tenha portanto sempre consciência disto, que você deve ser então o primeiro a ser ensinado por Deus e que você deve pedir a Deus para usá-lo como professor; a menos que o maior Mestre do que você o instrua, e instrua às crianças, elas perecerão. Não é sua lição que pode salvar as almas das crianças; é a bênção de Deus, o Espírito Santo acompanhando seus labores. Possa Deus abençoar e coroar seus esforços com abundante sucesso!
Ele fará isto se você gastar tempo em oração e súplica constantes.
Nunca o trabalho do professor e pregador sério será em vão no Senhor, e nunca se viu que o pão lançado sobre as águas se tivesse perdido.
Silvio Dutra Alves
Enviado por Silvio Dutra Alves em 14/10/2013