SALMO 35 – Salmo de Davi
Este é um dos chamados salmos de imprecação contra os inimigos, proferido por Davi. No entanto, deve ser notado que ele nunca buscou o mal dos seus inimigos que se levantavam contra ele injustamente, com tramas terríveis, para destruí-lo e virem a se regozijarem com o fato de terem dado cabo daquele que era o campeão de Deus nas Suas batalhas. Então muito mais do que para defender a sua própria honra, senão a do Senhor, Davi pede-Lhe que se levantasse e desse o pago aos seus inimigos. Ele mantinha a sua confiança no Senhor para que fosse livrado daqueles que impiamente tramavam contra a sua vida. Então ele orou para que eles próprios caíssem nos laços que haviam preparado para ele. Não eram pessoas de nações inimigas que estavam buscando o seu mal, mas pessoas que ele havia tratado com bondade e amizade. Eram muitos os que lhe tinham ódio, não porque lhes tivesse feito algum mal, mas porque era devotado ao Senhor, e não desejavam ter por governante alguém que não lhes satisfizesse às luxúrias carnais, e muito menos quem lhes exigisse o cumprimento dos mandamentos de Deus. Este foi o motivo que fizera com que se tornassem seus inimigos mortais. Por isso procuraram usar todos os meios fraudulentos para removê-lo da sua posição de governante. Para tal propósito se reuniram em conselho contra Davi quando viram que ele estava enfraquecido, e sem que lhe dessem tréguas rangiam os dentes contra ele em festim, e tramavam enganos não somente contra ele, mas contra todos os pacíficos da terra. Eles já tinham dado por certo que haviam conseguido arruiná-lo e diziam entre si: “Pegamos! Pegamos”. Como que a dizer: ”Finalmente conseguimos derrubá-lo”. Então Davi não entregou os pontos mas clamou ao Senhor naquela hora pedindo-Lhe que o julgasse segundo a Sua justiça e que não permitisse que tais ímpios se regozijassem contra ele. Que os Senhor os cobrisse então de vergonha e ignomínia, e que cantassem de júbilo e se alegrassem os que tinham prazer na retidão de Davi, ao reconhecerem que Deus lhe havia feito justiça, dando o pago aos seus inimigos, glorificando sempre ao Senhor. O vigor das palavras deste salmo incomoda aos “profetas” que julgam que a bondade de Jesus Cristo, exclui a virilidade que existe nEle e que é tantas vezes expressada nas páginas da Bíblia, especialmente nas cartas que dirigiu às sete igrejas do Apocalipse, e do modo como tratou os escribas e fariseus. A pretexto de desejarem ver a doçura de Jesus nos pastores, muitas ovelhas, equivocadamente, pensam que falta neles o amor e a bondade do Senhor, quando são repreendidas por eles, por causa dos seus pecados. No entanto, isto é uma exigência bíblica, e encontra-se em perfeita consonância com o caráter de Cristo que é ao mesmo tempo cordeiro e leão; exaltado e humilde; servo e rei, e que tem em suas mãos as chaves da morte e do inferno, e que tem recebido do Pai toda autoridade tanto no céu quanto na terra, não somente para introduzir os santos no Seu reino, como também para subjugar todos os seus inimigos a um sofrimento eterno no inferno.
“Contende, SENHOR, com os que contendem comigo; peleja contra os que contra mim pelejam. Embraça o escudo e o broquel e ergue-te em meu auxílio. Empunha a lança e reprime o passo aos meus perseguidores; dize à minha alma: Eu sou a tua salvação. Sejam confundidos e cobertos de vexame os que buscam tirar-me a vida; retrocedam e sejam envergonhados os que tramam contra mim. Sejam como a palha ao léu do vento, impelindo-os o anjo do SENHOR. Torne-se-lhes o caminho tenebroso e escorregadio, e o anjo do SENHOR os persiga. Pois sem causa me tramaram laços, sem causa abriram cova para a minha vida. Venha sobre o inimigo a destruição, quando ele menos pensar; e prendam-no os laços que tramou ocultamente; caia neles para a sua própria ruína. E minha alma se regozijará no SENHOR e se deleitará na sua salvação. Todos os meus ossos dirão: SENHOR, quem contigo se assemelha? Pois livras o aflito daquele que é demais forte para ele, o mísero e o necessitado, dos seus extorsionários. Levantam-se iníquas testemunhas e me argúem de coisas que eu não sei. Pagam-me o mal pelo bem, o que é desolação para a minha alma. Quanto a mim, porém, estando eles enfermos, as minhas vestes eram pano de saco; eu afligia a minha alma com jejum e em oração me reclinava sobre o peito, portava-me como se eles fossem meus amigos ou meus irmãos; andava curvado, de luto, como quem chora por sua mãe. Quando, porém, tropecei, eles se alegraram e se reuniram; reuniram-se contra mim; os abjetos, que eu não conhecia, dilaceraram-me sem tréguas; como vis bufões em festins, rangiam contra mim os dentes. Até quando, Senhor, ficarás olhando? Livra-me a alma das violências deles; dos leões, a minha predileta. Dar-te-ei graças na grande congregação, louvar-te-ei no meio da multidão poderosa. Não se alegrem de mim os meus inimigos gratuitos; não pisquem os olhos os que sem causa me odeiam. Não é de paz que eles falam; pelo contrário, tramam enganos contra os pacíficos da terra. Escancaram contra mim a boca e dizem: Pegamos! Pegamos! Vimo-lo com os nossos próprios olhos. Tu, SENHOR, os viste; não te cales; Senhor, não te ausentes de mim. Acorda e desperta para me fazeres justiça, para a minha causa, Deus meu e Senhor meu. Julga-me, SENHOR, Deus meu, segundo a tua justiça; não permitas que se regozijem contra mim. Não digam eles lá no seu íntimo: Agora, sim! Cumpriu-se o nosso desejo! Não digam: Demos cabo dele! Envergonhem-se e juntamente sejam cobertos de vexame os que se alegram com o meu mal; cubram-se de pejo e ignomínia os que se engrandecem contra mim. Cantem de júbilo e se alegrem os que têm prazer na minha retidão; e digam sempre: Glorificado seja o SENHOR, que se compraz na prosperidade do seu servo! E a minha língua celebrará a tua justiça e o teu louvor todo o dia.”
Silvio Dutra Alves
Enviado por Silvio Dutra Alves em 14/10/2013