A Melhor Escolha
“Lucas 10:38 Indo eles de caminho, entrou Jesus num povoado. E certa mulher, chamada Marta, hospedou-o na sua casa.
Lucas 10:39 Tinha ela uma irmã, chamada Maria, e esta quedava-se assentada aos pés do Senhor a ouvir-lhe os ensinamentos.
Lucas 10:40 Marta agitava-se de um lado para outro, ocupada em muitos serviços. Então, se aproximou de Jesus e disse: Senhor, não te importas de que minha irmã tenha deixado que eu fique a servir sozinha? Ordena-lhe, pois, que venha ajudar-me.”
Essa história é completa em si mesma. Cristo tinha feito o bem por todos os lugares que passava, sendo isto todo o seu objetivo e ofício. E agora a providência e o santo amor divino o direcionaram a estas duas mulheres, que lhe haviam recebido antes em seus corações, e agora em sua casa; e ele lhes preparou um banquete mais gracioso do que elas poderiam lhe dar.
Maria sentou-se aos pés de Jesus, sabendo que como de costume dos seus lábios sempre gotejava mirra preciosa em suas palavras graciosas, Cantares 5.13, e, portanto, ela se esqueceu de todas as demais coisas.
A partir da ida de Cristo a essas mulheres observe que onde Deus tem começado um trabalho da graça, ele não irá interrompê-lo, mas o aperfeiçoará até o dia do Senhor; e enviará os seus servos, os profetas, para efetuá-lo.
Isto deve nos encorajar a nos esforçarmos para crescer na comunhão uns com os outros, se professamos ser guiados pelo mesmo Espírito pelo qual Cristo foi guiado.
Os lábios do justo são agradáveis, e suas línguas são prata refinada. Às vezes, o pecado do homem faz com que a instrução seja inoportuna, e é lamentável lançar pérolas aos suínos, Mat 7.6.
Assim, para não priorizarmos outros interesses em relação à instrução que devemos buscar em Cristo, devemos aprender a escolher esta melhor parte, assim como Maria fizera no passado.
Para tanto, devemos lamentar a nossa apatia e pedir a Deus a influência espiritual, que pode nos tornar dispostos.
Não devemos impedir que os nossos afazeres cotidianos nos impeçam de ouvir a Cristo, tal como Marta fizera naquela ocasião.
Ela estava preocupado em servir, mas não estava disposta a dar atenção a Cristo, porque considerou mais importante continuar preparando a refeição.
"E Jesus, respondendo, disse-lhe: “Marta, Marta".
Estas e as palavras que se seguiram contêm uma reprovação a Marta. O Senhor a chamou gentilmente pelo seu próprio nome. Cristo viu nela uma mistura do bem com o mal, e portanto, repetiu o nome dela, antes de lhe dizer: “Andas inquieta e te preocupas com muitas coisas. Entretanto, pouco é necessário ou mesmo uma só coisa; Maria, pois, escolheu a boa parte, e esta não lhe será tirada.” (Luc 10.41,42).
É provável que Marta tenha se sobrecarregado com um peso maior do que ela poderia suportar. Ninguém lhe havia imposto aquele fardo, e muito menos Deus o faria, mas ela o tomou por sua própria escolha.
Então movida pelo orgulho teve a ousadia de repreender o próprio Senhor por julgá-lo como indiferente à sua aflição e não ter, segundo ela, sido sensível o bastante para repreender sua irmã Maria por estar Lhe ouvindo, para que ela o deixasse e fosse ajudá-la nos afazeres domésticos.
Ainda hoje, quantos irmãos em Cristo, especialmente irmãs, são tentados a se queixarem de Cristo por não terem tempo de ouvi-lo por causa de suas muitas tarefas domésticas e outros tipos de afazeres?
É preciso estar vigilante contra isto, porque Cristo não nos impede de darmos conta de nossas ocupações, ao contrário nos ordena isto, e nos fortalece e capacita para a sua realização, mas a Sua lei jamais mudará de que Deus e o Seu reino devem vir em primeiro lugar, em relação a tudo o mais.
A ansiedade apaga a fé, e sem fé é impossível agradar a Deus.
Por isso nosso Senhor primeiro repreendeu Marta para que pudesse depois instruí-la, dizendo-lhe que ela deveria como sua irmã Maria se esforçar para estar a Seus pés, porque somente uma coisa é necessária para agradarmos a Deus, que é esta de estarmos sempre ao seu dispor, amando-o acima de todas as demais coisas.
Se fizermos tudo neste mundo e se viermos a faltar nisto que é vital, somos a mais miserável de todas as criaturas, porque somente o ser humano tem uma alma para ganhar ou perder.
O que dará o homem em troca da sua alma?
De que vale ganhar o mundo inteiro e vir por fim a perder a alma?
Por isso nosso Senhor mostrou a Marta qual era a sua doença e por amor lhe ministrou o remédio adequado.
Antes de escrever este texto, ainda ontem eu meditava sobre o imenso valor que há em se ter o privilégio de se estar debaixo da instrução de ministros fiéis que pregam o verdadeiro evangelho de Jesus e que mantêm permanente comunhão com Deus. Eles são os portadores da riqueza de inestimável valor que é a Palavra pela qual somos gerados novas criaturas.
Eles nos dão acesso de graça e pela graça à maior graça que pode e deve ser alcançada para se ter vida eterna.
É portanto uma bem-aventurança poder frequentar as reuniões de oração e adoração onde Cristo é realmente exaltado, porque se tem ao alcance da mão o maior tesouro de todo o universo, o único capaz de enriquecer para sempre o nosso espírito, ressuscitando-o de entre os mortos para provar da vida do próprio Deus.
E enquanto Maria estava debaixo desta experiência, Marta estava ainda sem experimentá-la ou então se afastando da mesma por conta de sua visão que era carnal naquela ocasião.
Lembremos que todas as coisas pertencentes a este mundo e à vida que temos em nossa relação com ele, nos serão tiradas um dia, mas todas as coisas que temos recebido por meio da nossa fé em Jesus Cristo jamais poderão ser tiradas de nós, seja até mesmo pela morte, ou por poderes do inferno, ou por tribulações, angústias ou pelo que for, conforme nos ensina Paulo em Romanos 8.
“Entretanto, pouco é necessário ou mesmo uma só coisa; Maria, pois, escolheu a boa parte, e esta não lhe será tirada.” (Lucas 10.42)
Silvio Dutra Alves
Enviado por Silvio Dutra Alves em 15/10/2013