SALMO 48 e 49
SALMO 48 – Salmo dos filhos de Core
SALMO 49 – Salmo dos filhos de Core
Estaremos comentando estes salmos em conjunto.
Quão duro e corrompido é o coração carnal para que possa entender qual é a verdadeira natureza da glória. O homem se aplica a fazer coisas grandiosas, espetaculares, para se orgulhar delas e fazer com que seu coração seja inteiramente dominado pela glória destas coisas terrenas que ele fabrica pela sua própria imaginação, engenhosidade e habilidades. Contudo, há uma glória ao redor dele, criada pelo próprio Deus, numa grandiosidade que não pode ser igualada, quer na sua variedade e formas, quer na sua própria essência. Veja as estrelas do céu. O próprio firmamento. As árvores, suas flores e frutos. Os animais que enchem tanto a terra, quanto os mares e os céus. Os minerais em sua grande variedade e preciosidade. Tão grandes e numerosas são as obras de Deus que não podem ser mensuradas. No entanto, não é comum que o homem se glorie nelas, porque afinal, não são obras de suas próprias mãos. Então, endurecido para a beleza da criação, volta-se para se gloriar em coisas efêmeras criadas pelas suas próprias mãos. Isto é uma forma de idolatria. Da pior das idolatrias, porque está centrada no culto de si mesmo, de sua própria inteligência, capacidade e poder. Para estes de nada lhes serve o grande alerta de Deus pronunciado pelo profeta em Sua Palavra: “23 Assim diz o Senhor: Não se glorie o sábio na sua sabedoria, nem se glorie o forte na sua força; não se glorie o rico nas suas riquezas; 24 mas o que se gloriar, glorie-se nisto: em entender, e em me conhecer, que eu sou o Senhor, que faço benevolência, juízo e justiça na terra; porque destas coisas me agrado, diz o Senhor.” (Jer 9.23,24). Na verdade o homem, em sua presente condição de estar sujeito ao pecado, não tem nada do que se gloriar em si mesmo, senão do que se envergonhar e se humilhar diante do Senhor para que seja purificado dos seus pecados, e assim, sendo preservado, e mantendo o seu coração na humildade, possa fazer uma justa avaliação da verdadeira glória, que se encontra somente no próprio Senhor. Como diz o salmista nestes salmos, que Ele é grande e mui digno de ser louvado na sua cidade, no seu monte belo e sobranceiro que é a alegria de toda a terra, o monte Sião, situado na cidade do grande Rei, a saber, Jerusalém. É somente naquilo que se refere a Deus e que pertence ao Seu culto, que devemos nos gloriar, assim como os israelitas se gloriavam no templo do Senhor, não propriamente pelas edificações propriamente ditas, mas por ser o lugar dedicado ao Seu serviço e adoração. Gloriar-se na construção de templos de pedra é algo que o Senhor não aprova, porque isto é idolatria. Devemos nos gloriar somente nEle. É bom lembrarmos o que Jesus disse aos discípulos, quando maravilhados lhe falavam acerca da beleza do templo de Jerusalém: “1 Ora, Jesus, tendo saído do templo, ia-se retirando, quando se aproximaram dele os seus discípulos, para lhe mostrarem os edifícios do templo. 2 Mas ele lhes disse: Não vedes tudo isto? Em verdade vos digo que não se deixará aqui pedra sobre pedra que não seja derribada.” (Mt 24.1,2). Deus não está interessado na beleza exterior das coisas que fazemos, nem mesmo no que diz respeito ao nosso corpo e vestimentas, senão no interior do nosso coração, nas Suas virtudes que o estejam adornando. É neste tipo de beleza que Ele se gloria e acha a verdadeira glória, e não na das coisas que são passageiras, como por exemplo a da própria flor, que tem a sua glória, mas não devemos nos gloriar nelas porque delas é dito que: “Porque: Toda a carne é como a erva, e toda a sua glória como a flor da erva. Secou-se a erva, e caiu a sua flor;” (I Pe 1.24). Falando de flores, os homens costumam usá-las como adorno em seus festejos carnais, nos quais gastam grandes somas de dinheiro, para se gloriarem não propriamente no que fizeram, mas uns sobre os outros, na superação que não tem limite de se desejar mostrar que se é mais do que os outros, naquilo que realizam. Quanta pobreza e miséria há neste modo de pensar, porque as mesmas flores que adornam seus festejos carnais, são também usadas para adornarem suas sepulturas. No entanto, não podem lembrar disso, porque o seu coração não está ligado continuamente na simplicidade que é devida a Cristo, e assim, não conseguem se amoldar às coisas simples, senão às que eles consideram grandes, e que aos olhos de Deus não passam de abominação, por causa do desejo de glória que há em seus corações pervertidos pela soberba. A glória efêmera das torres, dos palácios, das naus terrenas, passará pelo tempo ou pelo juízo de destruição que virá da parte do Senhor sobre toda a terra. Deveríamos ser então sensatos e não colocarmos o nosso coração nas coisas que são da terra, senão nas que são do céu. Aqueles que desejam se tornar poderosos na terra, haverão de ser abatidos pelo Senhor, e aos mansos fará com que herdem a terra para sempre.
Salmo 48
“Grande é o SENHOR e mui digno de ser louvado, na cidade do nosso Deus.
Seu santo monte, belo e sobranceiro, é a alegria de toda a terra; o monte Sião, para os lados do Norte, a cidade do grande Rei.
Nos palácios dela, Deus se faz conhecer como alto refúgio.
Por isso, eis que os reis se coligaram e juntos sumiram-se; bastou-lhes vê-lo, e se espantaram, tomaram-se de assombro e fugiram apressados.
O terror ali os venceu, e sentiram dores como de parturiente.
Com vento oriental destruíste as naus de Társis.
Como temos ouvido dizer, assim o vimos na cidade do SENHOR dos Exércitos, na cidade do nosso Deus.
Deus a estabelece para sempre.
Pensamos, ó Deus, na tua misericórdia no meio do teu templo.
Como o teu nome, ó Deus, assim o teu louvor se estende até aos confins da terra; a tua destra está cheia de justiça.
Alegre-se o monte Sião, exultem as filhas de Judá, por causa dos teus juízos.
Percorrei a Sião, rodeai-a toda, contai-lhe as torres; notai bem os seus baluartes, observai os seus palácios, para narrardes às gerações vindouras que este é Deus, o nosso Deus para todo o sempre; ele será nosso guia até à morte.”
Salmo 49
“Povos todos, escutai isto; dai ouvidos, moradores todos da terra, tanto plebeus como os de fina estirpe, todos juntamente, ricos e pobres. Os meus lábios falarão sabedoria, e o meu coração terá pensamentos judiciosos. Inclinarei os ouvidos a uma parábola, decifrarei o meu enigma ao som da harpa. Por que hei de eu temer nos dias da tribulação, quando me salteia a iniquidade dos que me perseguem, dos que confiam nos seus bens e na sua muita riqueza se gloriam? Ao irmão, verdadeiramente, ninguém o pode remir, nem pagar por ele a Deus o seu resgate (Pois a redenção da alma deles é caríssima, e cessará a tentativa para sempre.), para que continue a viver perpetuamente e não veja a cova; porquanto vê-se morrerem os sábios e perecerem tanto o estulto como o inepto, os quais deixam a outros as suas riquezas. O seu pensamento íntimo é que as suas casas serão perpétuas e, as suas moradas, para todas as gerações; chegam a dar seu próprio nome às suas terras. Todavia, o homem não permanece em sua ostentação; é, antes, como os animais, que perecem. Tal proceder é estultícia deles; assim mesmo os seus seguidores aplaudem o que eles dizem. Como ovelhas são postos na sepultura; a morte é o seu pastor; eles descem diretamente para a cova, onde a sua formosura se consome; a sepultura é o lugar em que habitam. Mas Deus remirá a minha alma do poder da morte, pois ele me tomará para si. Não temas, quando alguém se enriquecer, quando avultar a glória de sua casa; pois, em morrendo, nada levará consigo, a sua glória não o acompanhará. Ainda que durante a vida ele se tenha lisonjeado, e ainda que o louvem quando faz o bem a si mesmo, irá ter com a geração de seus pais, os quais já não verão a luz. O homem, revestido de honrarias, mas sem entendimento, é, antes, como os animais, que perecem.”
Silvio Dutra Alves
Enviado por Silvio Dutra Alves em 16/10/2013