Legado Puritano
Quando a Piedade Tinha o Poder
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SALMO 57 – Salmo de Davi quando fugia de Saul na caverna
 

“Tem misericórdia de mim, ó Deus, tem misericórdia, pois em ti a minha alma se refugia; à sombra das tuas asas me abrigo, até que passem as calamidades.
Clamarei ao Deus Altíssimo, ao Deus que por mim tudo executa.
Ele dos céus me envia o seu auxílio e me livra; cobre de vergonha os que me ferem. Envia a sua misericórdia e a sua fidelidade.
Acha-se a minha alma entre leões, ávidos de devorar os filhos dos homens; lanças e flechas são os seus dentes, espada afiada, a sua língua. Sê exaltado, ó Deus, acima dos céus; e em toda a terra esplenda a tua glória.
Armaram rede aos meus passos, a minha alma está abatida; abriram cova diante de mim, mas eles mesmos caíram nela.
Firme está o meu coração, ó Deus, o meu coração está firme; cantarei e entoarei louvores.
Desperta, ó minha alma! Despertai, lira e harpa! Quero acordar a alva.
Render-te-ei graças entre os povos; cantar-te-ei louvores entre as nações.
Pois a tua misericórdia se eleva até aos céus, e a tua fidelidade, até às nuvens.
Sê exaltado, ó Deus, acima dos céus; e em toda a terra esplenda a tua glória.”

Nós usaremos como comentário deste salmo, o sermão que Spurgeon escreveu sobre o mesmo, e que estamos apresentando a seguir em forma adaptada:
Quando Davi fez a oração deste Salmo ele estava fugindo de Saul, que o procurava com o exército de Israel para tirar-lhe a vida.
Ele estava na caverna de Adulão, onde se juntaram a ele seus pais, seus irmãos e todos os homens que se achavam em aperto, e os endividados e todos os amargurados de espírito – cerca de quatrocentos homens. (I Sm 22: 1,2)

“Porque assim diz o Alto, o Sublime, que habita a eternidade, o qual tem o nome de Santo: Habito no alto e santo lugar, mas habito também com o contrito e o abatido de espírito, para vivificar o espírito dos abatidos, e vivificar o coração dos contritos.” (Is 57; 15)

O Senhor habita no terceiro céu, mas habita também nos corações dos contritos e abatidos de espírito na terra, que se humilham perante Ele e o buscam. Isto não renova a tua esperança em meio aos teus sofrimentos e problemas?
O Altíssimo vem ao teu encontro para te dar livramento.
Davi começa muitos Salmos com lágrimas mas os termina com louvor e alegria, isto porque Deus nos visita no meio da nossa tribulação, no meio do nosso clamor angustiado, e nos livra dando-nos um cântico de vitória e de alegria.
Davi orou quando estava na caverna.
Deus ouvirá a oração que for feita na terra, no mar e até no fundo do mar. Ele não é somente Deus das montanhas, mas também dos vales.
O trono de graça do Senhor sempre está acessível aos que o buscam com um coração sincero e contrito.
As melhores orações são feitas nas cavernas da aflição porque vêm do profundo do nosso coração. Se alguém esta noite encontra-se em posição em que sua alma esteja angustiada, e sentindo nuvens a cercar o seu coração, este é um momento especial para comunhão e intercessão que prevaleça, para provar a fidelidade de Deus à sua promessa de estar junto do abatido e contrito de coração.

O Salmo 142 começa com Davi dizendo, que pediria misericórdia a Deus com sua voz.
Podemos cometer dois grandes erros na aflição. O primeiro está na acomodação ao mal, em nossa descrença pensando que Deus não está interessado em fortalecer o nosso coração e alegrar a nossa alma. Com isto, não clamamos por socorro como fez Davi. Não oramos. Não confiamos. Não cremos.

O segundo grande erro é o de subestimar a dor. E tocarmos a vida com o coração atribulado julgando que somos mais fortes do que qualquer problema.
Davi não tinha vergonha de assumir e reconhecer que há situações que o nosso inimigo, seja ele qual for, e venha na forma que for, é mais forte do que nós. E não temos outra alternativa senão a de recorrer ao auxílio do Altíssimo, do Todo Poderoso.
Há um mistério nisto, que Paulo bem conheceu: quando somos fracos então somos fortes.
A graça do Senhor se revela poderosa em nossa fraqueza.
O ato de prosseguir tentando parecer ser mais fortes do que as forças que nos oprimem e deprimem, pode fazer com que nós, nesta nossa auto-confiança venhamos a ficar amargurados, endurecidos, obstinados e frios.
O poder não é nosso e nem das forças que nos assolam, mas é exclusivo de Jesus Cristo. Todo o poder Lhe foi dado nos céus e na terra, Ele tem autoridade sobre tudo e todos. É seu prazer ajudar-nos quando clamamos por socorro.

Assim nossa primeira ocupação é a de recorrer a Deus; façamos conhecidas de Deus nossas dúvidas e temores.
Se tens de sair do teu estado atual de depressão, corra imediatamente para Deus, como fez Davi. Ele diz nos dois primeiros versículos do Salmo 142:
1. Ao Senhor ergo a minha voz e clamo, com a minha voz suplico ao Senhor.
2. Derramo perante ele a minha queixa, à sua presença exponho a minha tribulação.

Se não tens força para clamar com tua voz, ou não há um lugar adequado para tal, clama com o coração, grita com a tua alma, fala com o Senhor em silêncio, mas não deixes de clamar. Contempla somente ao Senhor, porque somente nEle há esperança.
Se tens pecado contra Deus, saiba que Ele está disposto a perdoar. Ele pode perdoar completamente a maior das ofensas.
Lembra que Jesus pagou com sua morte o preço exigido para o perdão de todos os nossos pecados.
Basta apenas confessar. Davi confessou que estava com o seu espírito abatido, mas determinou-se não ocultar nada de Deus. Faça o mesmo.
Ele diz nos versos 2 e 3 do nosso Salmo.
2. Derramo perante ele a minha queixa, à sua presença exponho a minha tribulação.
3. Quando dentro em mim me esmorece o espírito, conheces a minha vereda. No caminho em que ando me ocultam armadilha.

Quando estamos na caverna da aflição não são palavras religiosas que irão nos ajudar. Não são meras palavras que temos que falar, mas colocar toda nossa angústia diante de Deus.
Tal como uma criança devemos dizer ao Senhor todas as nossas angústias, nossas queixas, nossas misérias, temores.
Se lhe confessarmos tudo, Ele dará ao nosso espírito um grande alívio, pois tem prometido libertar do cativeiro a alma que lhe clama por socorro na angústia (Sl 50: 15)

Vão é o socorro humano quando estamos na caverna. Deus pode levantar homens para virem em nosso auxílio, mas devemos reconhecer que eles não viriam e não agiriam bem em nosso favor se o Senhor não os dirigisse em tal sentido.
É importante destacar que, quando Davi fez esta oração ele se encontrava num grande refúgio que era a caverna de Adulão, e estava em companhia de seus familiares e de quatrocentos homens que haviam feito dele o seu chefe, mas Davi sabia que não há segurança confiável em nada neste mundo. E dispôs-se a buscar o único e verdadeiro e seguro refúgio, o Senhor nosso Deus.
É preciso reconhecer como Davi que somente no Senhor há esperança e interesse em socorrer a nossa alma. Por isso ele orou assim nos versos 4 e 5:
4. Olha à minha direita e vê, pois não há quem me reconheça, nenhum lugar de refúgio, ninguém que por mim se interesse.
5. A ti clamo, Senhor; e digo: Tu és o meu refúgio, o meu quinhão na terra dos viventes.

As tribulações aprisionam a nossa alma, colocam-na no cárcere; ali perdemos a alegria da salvação, porque a alma é como um pássaro que só canta em liberdade.
Os grilhões da maldade, da perseguição do inimigo que busca aprisionar a nossa alma, não podem resistir ao poder de Jesus que quebra todas as cadeias que nos prendem, e nos dá perfeita liberdade. Podemos caminhar livremente em Jesus. E por isso Davi orou:
6. Atendes ao meu clamor, pois me vejo muito fraco. Livra-me dos meus perseguidores, porque são mais fortes do que eu.
7. Tira a minha alma do cárcere, para que eu te dê graças ao teu nome: os justos me rodearão, quando me fizeres esse bem.

Quando os homens são livrados da prisão, eles agradecem e louvam à pessoa que os libertou. Muito mais nós devemos adorar e louvar a Jesus pela liberdade que Ele nos dá. Devemos glorificar o seu santo nome porque somente ele é digno de adoração.
Há uma coisa para ser conhecida em relação às tribulações que sofremos:
Quando Deus quer fazer grande a uma pessoa, ele primeiro a quebra em pedaços.
Deus queria fazer de Jacó, um príncipe, o que fez o Senhor?
Saiu numa noite e lutou com ele até raiar o dia. E lhe tocou no nervo da coxa de forma que ficou manco antes de mudar seu nome para Israel, que significa príncipe de Deus.
A luta era para retirar-lhe as próprias forças, e quando estas se esgotaram o chamou de príncipe. Agora, Davi seria rei sobre todo Israel.
Por onde passava o caminho para o trono de Davi?
Pela caverna de Adulão. Deveria ir para lá, perseguido por Saul, como um pária, um proscrito, porque esse era o caminho que o levaria a ser o rei que era segundo o coração de Deus.
Vocês não têm reparado em suas próprias vidas, que cada vez que Deus vai dar-lhes um crescimento, para lhes levar a uma esfera maior de serviço, ou nível mais elevado na vida espiritual, que primeiro vocês são derrubados? Por isso a Palavra diz que devemos ter por motivo de toda a alegria o passar por várias provações, porque esta é a maneira de Deus trabalhar conosco. Ele faz com que tenhamos fome antes de dar-nos de comer.
Desnuda-nos antes de nos vestir. Faz de nós nada, antes de fazer algo de nós.
Por que devemos passar pela caverna como Davi?
Primeiro porque para sermos uma pessoa de grande utilidade, Deus precisa antes ensinar-nos a orar.
Se chegarmos a ser grandes sem orar, nossa grandeza será nossa ruína.
A caverna nos ensina que dependemos inteiramente de Deus e que vão é o socorro do homem e nenhuma é a nossa força.
Há situações na vida em que ficamos totalmente entregues nas mãos de Deus; dependentes da Sua misericórdia e auxílio.
Com isso quer nos ensinar, a não confiarmos em nós mesmos, em nossa própria força, sabedoria, capacidade.
Mais, acima de tudo isso, o Senhor deseja ser conhecido. Quer que aprendamos que Ele é o nosso melhor amigo.
Quer que aprendamos que somente a Ele pertence todo o poder.
Quer que aprendamos que Ele é totalmente bondoso, misericordioso, amoroso e fiel.
Por isso Davi disse:
5. A ti clamo, Senhor; e digo: Tu és o meu refúgio, o meu quinhão na terra dos viventes.

Na aflição da caverna aprendemos a chorar com os que choram; aprendemos a valorizar o sofrimento dos nossos irmãos e compartilhamos com eles as suas lutas, intercedendo por eles e socorrendo-os em suas tribulações.
Sem a caverna não aprenderíamos nenhuma destas coisas, e por isso somos exortados a sermos gratos a Deus por tudo, e a entender que todas as coisas cooperam juntamente para o bem dos que amam a Deus.
Lembremos que, quando Deus nos retirar da caverna, uma vez cessado o perigo, ou por termos recebido forças para enfrentá-lo, devemos vigiar para não sairmos nos lamentando da experiência que passamos, ao contrário o Senhor quer que O louvemos pelo Seu poderoso livramento, porque os que cantam são os que seguem adiante.
Fora com todo o pessimismo e nuvens de tristeza que venham sobre nós, depois que temos sido libertados por Deus.
Que se encontrem somente palavras de louvor e gratidão em nossos lábios, e outros se juntarão a nós, para receberem da mesma alegria e unção.
Davi agia assim, e devemos agir do mesmo modo, orando juntamente com ele:
7. Tira a minha alma do cárcere, para que eu te dê graças ao teu nome: os justos me rodearão, quando me fizeres esse bem.


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A Igreja tem testemunhado a redenção de Cristo juntamente com o Espírito Santo nestes 2.000 anos de Cristianismo.
Veja várias mensagens sobre este testemunho nos seguintes links:
http://retornoevangelho.blogspot.com.br/
http://poesiasdoevangelho.blogspot.com.br/

A Bíblia também revela as condições do tempo do fim quando Cristo inaugurará o Seu reino eterno de justiça ao retornar à Terra. Com isto se dará cumprimento ao propósito final relativo à nossa redenção.
Veja a apresentação destas condições no seguinte link:
http://aguardandovj.blogspot.com.br/
 
Silvio Dutra Alves
Enviado por Silvio Dutra Alves em 16/10/2013
Alterado em 05/08/2021
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