Cristo, o Objeto e Fundamento da Fé para a Justificação, em sua Morte
“Quem os condenará? É Cristo Jesus quem morreu.” Rom 8.34
Veremos como não é a pessoa de Cristo simplesmente, mas Cristo morrendo, o objeto da fé para a justificação.
Não é olhando para o Cristo triunfante, mas sim para o Cristo crucificado que a fé opera para a nossa justificação; porque Ele se fez maldição em nosso lugar em sua morte. Ele foi tipificado pela serpente morta de bronze que Moisés levantou no deserto, e para a qual quando os que estavam morrendo olhavam, eram curados e viviam.
Quando se olha apenas para as excelências pessoais da glória que está em Jesus Cristo, e quando o coração se afeiçoa a ele somente nisto, comete-se um erro porque a primeira visão que uma alma humilde deve ter, é a de contemplá-lo como o seu Salvador, feito pecado por nós, e que se fez maldição em nosso lugar, obedecendo até a morte para nos remir do pecado, Rom 8.3.
Cristo, é, para nós, precioso e excelente em sua pessoa, ainda mais quando considerado com suas vestes salpicadas de sangue. Sim, e eu digo mais, que considerando a fé para justificação, que é, este ato o que justifica um pecador; porque esta justificação está baseada na obediência de Cristo até à morte.
Segundo a Lei, todas as coisas são purificadas com sangue, e sem sangue não há remissão de pecados, Heb 9.22.
Por isso Paulo diz em sua Epístola aos Coríntios, que nada conheceu entre eles senão Cristo, e este crucificado, 1 Coríntios 2.2.
Assim também, em sua Epístola aos Gálatas, ele chama a sua pregação entre eles de a pregação da fé, 3.2. E qual foi o objetivo principal do mesmo, senão apresentar Cristo crucificado diante de seus olhos? Gál 3.1.
Nosso Senhor instituiu a santa ceia para ser um memorial da Sua morte, porque é nesta que se baseia a nossa justificação.
Por isso a fé é chamada de fé em seu sangue, Rom 3.25, porque nosso Senhor derramou o seu sangue para a remissão dos pecados.
Assim, tanto em Ef 1.7 e Col 1.14, vemos que temos a redenção pelo seu sangue, a remissão dos pecados, a sua pessoa nos dá o direito legal para nos apropriarmos de todas as promessas, e seu sangue garante o seu cumprimento, porque fomos comprados por um preço completo e adequado, 1 Tm 2.6.
E como o pecado é a força da lei, e das ameaças da mesma, assim a satisfação da justiça por Cristo é a força de todas as promessas do evangelho.
Em uma palavra, uma alma humilde que recorre a Cristo, está agora viva e glorificada no céu, mas porque Ele foi crucificado e se fez pecado por nós.
A fé deve contemplar até o fim o Cristo crucificado, ou seja, para a intenção de Deus e de Cristo em seus sofrimentos, e não simplesmente para a história trágica de sua morte e sofrimentos. É o coração e mente, e intenção de Cristo no sofrimento, que a fé principalmente olhe para ele e o coração seja atraído para descansar no Cristo crucificado.
O desejo do coração de Cristo é o de que os pecadores possam alcançar o perdão, e o coração de Cristo está tão cheio nisto, para consegui-lo, de modo que o coração do pecador possa desejá-lo, e achar por fim, descanso nele.
Sem isso, a contemplação e meditação da história de seus sofrimentos, e da grandeza deles, será completamente inútil. E ainda, o uso principal que muitos crentes carnais fazem dos sofrimentos de Cristo, é simplesmente o de terem compaixão pelos sofrimentos do Senhor, e se indignarem com o fato dele ter padecido nas mãos daqueles que o crucificaram, mas isto nada mais é do que a história trágica como a de um grande e nobre personagem, cheio de virtudes heróicas, que comoverá os espíritos ingênuos, que leiam ou ouçam sobre isso, sim, e suas afeições são movidas na forma de uma ficção, elaborada por sua imaginação fantasiosa, o que é senão uma devoção carnal.
Em vez de focarmos no fato histórico, devemos sim, procurar entender o significado e propósito dos sofrimentos de Cristo, pelo que Ele próprio nos ensina nos evangelhos, e os seus apóstolos em suas epistolas, na Bíblia.
Por isso importa termos a mente de Cristo, 1 Cor 2.16, especialmente a sua mente em todos os seus sofrimentos.
Para que tivéssemos uma melhor compreensão do infinito significado e importância de sua morte, Deus instituiu os sacrifícios de animais e a Páscoa no Velho Testamento para tipificá-la, e também o revelou aos profetas, como vemos por exemplo em Isaías 53 e no Salmo 22.
“A saber, que Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não imputando aos homens as suas transgressões, e nos confiou a palavra da reconciliação.”, 2 Cor 5.19.
Cristo veio ao mundo para apresentar a si mesmo como sacrifício pelos nossos pecados, Heb 10.5.
“então, acrescentou: Eis aqui estou para fazer, ó Deus, a tua vontade. Remove o primeiro para estabelecer o segundo. Nessa vontade é que temos sido santificados, mediante a oferta do corpo de Jesus Cristo, uma vez por todas. Ora, todo sacerdote se apresenta, dia após dia, a exercer o serviço sagrado e a oferecer muitas vezes os mesmos sacrifícios, que nunca jamais podem remover pecados; Jesus, porém, tendo oferecido, para sempre, um único sacrifício pelos pecados, assentou-se à destra de Deus, aguardando, daí em diante, até que os seus inimigos sejam postos por estrado dos seus pés. Porque, com uma única oferta, aperfeiçoou para sempre quantos estão sendo santificados. E disto nos dá testemunho também o Espírito Santo; porquanto, após ter dito: Esta é a aliança que farei com eles, depois daqueles dias, diz o Senhor: Porei no seu coração as minhas leis e sobre a sua mente as inscreverei, acrescenta: Também de nenhum modo me lembrarei dos seus pecados e das suas iniqüidades, para sempre. Ora, onde há remissão destes, já não há oferta pelo pecado.” (Hebreus 10.9-18).
“Porquanto o que fora impossível à lei, no que estava enferma pela carne, isso fez Deus enviando o seu próprio Filho em semelhança de carne pecaminosa e no tocante ao pecado; e, com efeito, condenou Deus, na carne, o pecado,” (Romanos 8.3).
Silvio Dutra Alves
Enviado por Silvio Dutra Alves em 04/11/2013