Uma Defesa da Doutrina da Justificação pela Fé – Parte 2
por Charles Haddon Spurgeon,
II – Em segundo lugar, POR UMA QUESTÃO DE FATO, O RECEBER A CRISTO É ACOMPANHADO DA CRUCIFICAÇÃO DO PECADO. Vou agora expor a minha própria experiência de quando eu acreditei em Jesus. E enquanto eu faço isso alegro-me em lembrar que existem centenas, senão milhares neste lugar que experimentaram o mesmo. E existem milhões nesse mundo e mais milhões no Céu que sabem a Verdade a qual eu declaro. Quando eu acreditei que Jesus era o Cristo [O Salvador] e descansei minha alma nEle, eu senti em meu coração, a partir desse momento, um intenso ódio ao pecado, e de todos os tipos. Eu tinha amado o pecado antes, alguns pecados particularmente, mas esses pecados tornaram-se, a partir daquele momento, os mais detestáveis para mim e, embora a propensão para eles ainda esteja lá, o amor para eles não existia mais.
E quando eu, em qualquer momento pecava, sentia uma dor interior e horror em mim mesmo por fazer as coisas que antes eu concordava e gostava. Meu prazer para com o pecado tinha desaparecido. As coisas que um dia eu amei, eu abominava e corava só de pensar. Então comecei a caçar os meus pecados. Eu vejo, agora, um paralelo entre a minha experiência referente ao pecado e os detalhes da crucificação de Cristo. Eles enviaram Judas para o jardim para procurar o nosso grande Substituto, e foi justamente dessa forma que comecei a “caçar” o pecado, porque ele estava escondido em meio à escuridão da minha alma. Eu era ignorante e não sabia o que era pecado, pois era noite como em qualquer alma, mas, sendo encorajado a destruir o mal, meu espírito arrependido pegou emprestado lanternas e tochas, e saiu como se estivesse perseguindo um ladrão.
Eu vasculhei o jardim do meu coração vez após vez, com um ardor intenso para encontrar todo pecado. E eu busquei a Deus para me ajudar, dizendo: “Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração; prova-me, e conhece os meus pensamentos” [Salmos 139.23]. Eu não cessei até que eu tinha encontrado as minhas transgressões secretas. Essa busca interior é uma das minhas ocupações mais constantes. Eu policio minha natureza de novo, e de novo para tentar prender esses criminosos, esses pecados abomináveis, para que possam ser crucificados com Cristo! Oh você, em quem se esconde iniquidade por causa da sua ignorância espiritual, desperte para um exame rigoroso da sua natureza e não mais tolere que seu coração seja esconderijo para o mal!
Eu me lembro de quando eu encontrei o meu pecado. Quando o descobri, eu o agarrei e o arrastei para o Trono do Julgamento. Ah, meus irmãos e irmãs, vocês sabem quando isso ocorreu com vocês – e quão duro foi o julgamento que liberou a Consciência. Sentei-me no julgamento, eu mesmo. Eu levei o meu pecado de um tribunal a outro. Eu olhei para ele diante dos homens e tremia só de pensar que a maldade do meu exemplo pudesse arruinar as almas de outros homens! Eu olhei para o meu pecado diante de Deus e eu abominava-me no pó e nas cinzas [Jó 42.6]. Meu pecado era vermelho como o carmesim diante dEle e diante de mim também. Julguei o meu pecado e o condenei – condenado como um criminoso para morrer como um criminoso. Eu ouvi uma voz dentro de mim que, assim como Pilatos, dizia “Vou castigá-lo e deixá-lo ir! Vou envergonhá-lo um pouco. Não deixarei que o mal seja feito com muita frequência. Deixarei a luxúria ser controlada e mantida sob controle“.
Mas, ah, minha alma disse: “Crucifica-o! Crucifica-o!” E nada podia abalar meu coração desse propósito, que eu deveria matar todos os assassinos de Cristo, se possível, e não permitir que nenhum deles escapasse, pois a minha alma os odiava com ódio mortal e de bom grado os pregou todos na cruz. Lembro-me, também, como eu comecei a enxergar a vergonha do pecado. Assim como o meu Senhor foi cuspido, escarnecido e acusado, agora minha alma começou a derramar o desprezo sobre todo orgulho do pecado, desprezar as suas promessas de prazer e acusá-lo de milhares de crimes! Ele tinha me enganado. Ele me levou à ruína. Ele esteve bem perto de me destruir! Eu o desprezava e derramei esse desprezo sobre os seus enganos e tudo o que ele ofereceu de doçura e de prazer.
Oh pecado, quão vergonhoso uma coisa pode ser por sua causa! Eu vi que tudo é baseado, intermediado, e desprezívelmente concentrado em você! Meu coração machucou o pecado através do arrependimento, feriu-o com censuras e o golpeou negando a mim mesmo. Então, foram feitas uma afronta e um escárnio. Mas isso não bastou – o pecado deve morrer. Meu coração chorou pelo o que o pecado tinha feito e eu estava decidido a vingar a morte do meu Senhor por mim. Assim minha alma cantou a sua determinação:
“Oh, como eu odeio os meus desejos
Que crucificaram o meu Deus!
Aqueles pecados que perfuraram e pregaram sua carne
Rapidamente, no madeiro mortal!
Sim, meu Redentor, eles devem morrer!
Meu coração assim decretou:
Não vou poupar os culpados
Pelos quais meu Salvador sangrou”.
Então eu carreguei os meus pecados para o local da crucificação. Eles gostariam de ter escapado, mas o poder de Deus os impediu e, como uma escolta de soldados, os conduziu para a execução. A mão do Senhor estava presente e Seu Espírito todo revelador despiu meu pecado, como Cristo foi despido!
Ele pôs diante de meus olhos, até mesmo meu pecado secreto diante da luz da Sua Face! Oh, como foi um espetáculo quando eu O contemplei! Eu tinha olhado, antes, para as vestes luxuosas e as cores com as quais o pecado tinha se pintado para fazê-lo parecer tão bonito quanto Jezabel quando ela se pintou. Mas agora eu vi sua nudez e horror – e eu fiquei bem perto de entrar em desespero! Mas o meu espírito se ergueu, porque eu sabia que eu estava perdoado, e eu disse: “Jesus Cristo me perdoou, porque eu acreditei nEle. E eu vou levar minha carne à morte crucificando-a na Sua Cruz“. Conduzindo-a aos cravos, eu me lembro, como a carne se esforçou para manter a sua liberdade. Um, dois, três, quatro – os cravos entraram e prenderam a coisa maldita no madeiro com Cristo, para que ela não possa nem correr nem se esquivar – e, agora, glória a Deus, embora o meu pecado não esteja morto, ele está crucificado e deve, finalmente, morrer!
Está pendurada lá em cima. Posso vê-la sangrando a sua vida. Às vezes, esforça-se para descer e tenta arrancar os cravos, para ir atrás da vaidade. Mas os cravos sagrados a prendem bem rápido – é o abraço da morte e ela não pode escapar. Infelizmente, ela morre uma morte lenta, passando com muita dor e lutando! Mas ainda assim ela morre. E em breve o seu coração será traspassado com a lança do amor de Cristo e será totalmente aniquilada. Então, a nossa natureza imortal não mais será sobrecarregada com o corpo desta morte, mas, pura e imaculada, se elevará para estar perante a face de Deus para sempre.
Agora, eu não estou falando alegoricamente de coisas que deveriam ser feitas, mas, na verdade, não passam de meras idéias. Eu estou descrevendo em figura o que acontece na realidade – que cada homem que crê em Jesus imediatamente se esforça para se livrar do pecado. E você pode saber se ele acreditou em Jesus Cristo ou não, vendo se há uma mudança em suas motivações, sentimentos, vida e conduta. Você diz que duvida disso? Você pode duvidar se quiser, mas os fatos falam por si. Virão até mim, me atrevo a dizer, antes que esta semana termine, como na maioria das semanas da minha vida, homens que tinham sido escravos da intoxicação, agora sóbrios, por acreditarem em Jesus Cristo!
Mulheres desvirtuadas, que se tornaram puras e castas por crer em Jesus, virão, e tantos homens e mulheres que eram amantes de todos os tipos de prazeres malignos, que se apartaram imediatamente deles, e continuaram a resistir a todas as tentações porque eles são novas criaturas em Cristo Jesus! O fenômeno da conversão é único, mas o efeito da conversão é mais singular ainda! E não é uma coisa escondida – pode ser visto a cada dia. Se for simplesmente uma emoção na qual o homem sentiu uma aflição de espírito e, em seguida, bem breve, pensou que estava em paz e tornou-se feliz porque se auto-satisfez, eu não verei qualquer bem particular nele. Mas se é verdade que a regeneração altera os gostos e afetos dos homens, no final, as alterará radicalmente, transformando-as completamente em novas criaturas! Se é assim, eu digo, então Deus pode nos enviar milhares de conversões! E como isso é assim, nós estamos completamente certos, pois vemos isso sempre.
III - Em terceiro lugar, podemos ir um passo adiante e dizer que A RECEPÇÃO DE JESUS CRISTO NO CORAÇÃO PELA FÉ SIMPLES É CALCULADA PELA CRUCIFICAÇÃO DA CARNE. Quando um homem crê em Jesus, a primeira força que o ajuda a crucificar a carne é que ele tem visto a maldade do pecado, na medida em que viu Jesus, seu Senhor, morrer por causa disso. Os homens pensam que o pecado não é nada, mas o que pecado faz? O que ele não faz? O vírus do pecado, o que isso contamina? Sim, o que isso não contamina? Sua influência tem sido maligna na maior escala concebível.
O pecado inundou o mundo com sangue e lágrimas através de uma declarada guerra! O pecado cobriu o mundo com opressão e por isso tem esmagado o animo de muitos, e quebrado o coração de milhares! O pecado gerou a escravidão, a tirania, sacerdócio, revolta, calúnia e perseguição! O pecado tem sido o fundamento de todos os sofrimentos humanos. Mas a coroação, o ponto culminante da vilania do pecado foi quando Deus, Ele mesmo, desceu à Terra em forma humana – pura, perfeita, intenção de uma mensagem de amor – e veio para fazer milagres de misericórdia e redenção. Então o homem pecador nunca poderia descansar até que ele tivesse crucificado seu Deus encarnado! Os monarquistas inventaram uma palavra quando o Parlamento, após a Segunda Guerra Civil, ganha por Oliver Cromwell, executou o rei da Inglaterra em 1649. Chamaram os destruidores do rei Charles I de “regicidas”, e agora temos de criar uma palavra para descrever o pecado – o pecado é um Deicida.
Todo pecador, se pudesse, mataria a Deus, pois ele diz em seu coração: “Não há Deus”. Isso significa que ele deseja que não exista nenhum. Ele iria se alegrar, de fato, se ele pudesse ter a certeza de que Deus não existe. Na verdade, esse é o pesadelo de sua vida: que exista um Deus – um Deus justo, que o levará a julgamento! Seu desejo secreto é que não exista nenhuma religião e nem Deus, pois assim ele poderia, então, viver como quisesse. Agora, quando a um homem é dado ver que o pecado em sua essência é o assassino do Emanuel, Deus conosco, o seu coração se renova, ele odeia o pecado a partir desse exato momento. “Não”, ele diz: “Eu não posso continuar em tamanha maldade! Se esse é o verdadeiro significado de cada delito contra a Lei de Deus – que seria colocar Deus, Ele mesmo, fora do seu próprio mundo, se pudesse – eu não posso suportar isso.”
Seu espírito recua com horror, e ele sente -
“Meus pecados têm trazido a Ira
Sobre a cabeça inocente!
Quebrante, quebrante, meu coração, oh choque-se meus olhos!
E deixe minhas tristezas sangrarem.
Arrebente, Servo poderoso, a minha alma duríssima,
Até que as águas quentes fluam
E o profundo arrependimento domine meus olhos
Em angustia sincera”.
Então o crente tem visto também, na morte de Cristo, um exemplo surpreendente da Grande Graça de Deus, pois se o pecado é uma tentativa de assassinato de Deus – e é isto mesmo – então quão maravilhoso é que as criaturas que cometeram esse pecado não foram destruídas de uma vez! Quão notável seja o fato que Deus devesse considerar que vale a pena elaborar um plano para a sua restauração! E Ele, com uma habilidade incomparável, criou uma maneira que envolveu a entrega de Seu Unigênito e bem-amado Filho. Embora este fosse um pagamento inigualável, contudo, não voltou atrás. Ele “amou o mundo de tão maneira, que deu o Seu Filho Unigênito, para que todo aquele que nEle crê não pereça, mas tenha a vida eterna” [João 3.16]. E isso por uma raça de homens que eram os inimigos desse Deus bom e gracioso!
“De agora em diante”, diz o crente em Cristo: “Eu não posso ter nada a ver com o pecado, uma vez que esse é uma ofensa a um Deus tão gracioso. Oh, você, maldito pecado, que conduziu o seu punhal no coração dAquele que possui toda a Graça e Misericórdia!” Isso faz com que o pecado seja excessivamente maligno. Além disso, o crente tem tido uma visão da Justiça de Deus. Aquele pecado não era o dEle próprio – Nele não havia pecado! Mas quando Ele voluntariamente o tomou sobre Si e foi feito maldição por nós, o Juiz de toda a terra não O poupou! Fazendo descer Seu arsenal de vingança Ele tomou Seus raios e atirou-os no Seu Filho, para Seu Filho ficar no lugar do pecador.
Não houve misericórdia para o Substituto do pecador. Ele teve que gritar como nunca alguém gritou, antes ou depois: “Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?” Uma cascata de aflição foi despejada em Seu espírito. A condenação do pecado o dominou. Toda a onda de choque de Deus veio sobre Ele. Agora, quando um homem vê este fato surpreendente, ele não pode mais ter um pensamento leviano da transgressão. Ele treme diante do Senhor três vezes Santo e chora secretamente no seu coração “como é possível eu pecar se esta é a opinião de Deus sobre o pecado? Se na Sua justiça, Ele feriu-O de uma forma sem limites, mesmo quando essa Justiça era apenas por imputação a Seu Filho, como Ele vai ferir quando sua culpa real está em mim? Oh Deus livra-me disso.” O crente também tem mais uma visão que, talvez, mais efetivamente do que qualquer outra altera a sua visão do pecado.
Ele viu o incrível amor de Jesus. Alguma vez você o viu, meu ouvinte? Se você viu, você nunca vai amar o pecado de novo! Oh, só de pensar que Aquele que foi o Mestre de toda a majestade do céu veio a ser vítima de toda a miséria do homem! Ele veio para Belém, e habitou entre nós, oferecendo mais de 30 anos trabalhosos de obediência à vontade do Pai. E no final Ele chegou ao cume de seus sofrimentos, a coroação da tristeza de Sua encarnação – Seu suor de sangue, e Sua morte agonizante na Cruz! Aquela foi uma Páscoa solene que Ele comeu com Seus discípulos, já com o Calvário em plena vista. Então ele se levantou e foi para Getsêmani.
“Getsêmani, a ‘prensa de azeite’,
(E o porquê deixe os chamados cristãos adivinhar)
O nome correto, o local adequado, onde a vingança se esforçou,
E apertou e lutou duro contra o Amor.
E foi ali que o Senhor da Vida chegou
E suspirou, e gemeu, e orou, e temeu;
O Deus encarnado prensado por tudo o que deveria suportar
Com bastante força, e nada a perder.”
Eis como Ele nos amou! Ele foi levado até Pilatos e foi açoitado. Açoitado com os terríveis açoites romanos, pesados, com pequenas bolas de chumbo e feitos de tendões entrelaçados de bois, no qual eles também colocaram pequenas lascas de ossos, de modo que cada golpe, uma vez que acertou, rasgou a carne! Nosso amado Senhor teve que sofrer isso de novo e de novo, sendo açoitado muitas vezes como esse verso parece declarar, que diz:
“Ele foi ferido pelas nossas transgressões,
E moído pelas nossas iniqüidades;
O castigo que nos traz a paz estava sobre Ele.
E pelas suas pisaduras fomos sarados”.
[Isaías 53.5]
Contudo, Ele nos amou, ainda nos amou! As muitas águas não poderiam apagar Seu amor, nem as inundações poderiam afogá-lo. Quando eles O pregaram no madeiro, Ele ainda nos amou. Quando cada osso foi deslocado, Ele chorou em monólogo triste, “Como água me derramei, e todos os meus ossos se desconjuntaram; [Salmo 22.14]” Ele nos amou ainda! Quando os cães O cercaram e os touros de Basã O rodeavam [Salmo 22.12], Ele ainda nos amou.
Quando o desmaio de pavor veio sobre Ele até que foi trazido para o pó da morte e seu coração derretido como cera [Salmo 22,14], Ele ainda nos amou! Quando Deus O abandonou e o sol se apagou, as trevas da meia-noite cobriram o meio-dia, e uma densa meia-noite cobriu o Seu espírito. A escuridão, como a do Egito, pôde ser sentida. Ele nos amou ainda! Até que tenha bebido a última gota da bebida indizivelmente amarga, Ele ainda nos amou! E quando a luz brilhou em Seu rosto e Ele pôde dizer: “Está consumado”, aquela luz brilhou sobre a face daquele que ainda assim nos amou! Agora, cada homem a quem foi dado o crer em Jesus e conhecer o Seu amor, diz: “Como posso ofende a Ele? Como posso entristecer a Ele? Há ações nesta vida que eu poderia de outra maneira fazer, mas agora não me atrevo, pois tenho medo de maltratar meu Senhor”.
E se você disser “Ora essa, você tem medo dEle?” A resposta será: “Não estou servindo com medo, pois para o inferno eu nunca poderei ir.” Do que eu estou com medo, então? “Tenho medo daquele rosto querido, no qual vejo a corrente de lágrimas que uma vez Ele derramou por mim. Tenho medo daquela querida testa que usou a coroa de espinhos em meu lugar. Eu não posso me rebelar contra tamanha bondade. Seu amor ensanguentado me acorrenta. Como posso fazer uma maldade tão grande como colocar o meu sofrido Senhor na vergonha?” Vocês não sentem isso, meus amados irmãos e irmãs? Mesmo se você nunca confiou no Senhor Jesus, você deveria se ajoelhar aos seus pés e beijar as marcas dos seus cravos por tamanho amor! E se Ele fosse usá-lo como um banquinho para os pés, se isso fosse elevá-Lo mesmo que um pouco, você teria isso como a maior honra da sua vida!
Sim, se Ele mandasse você ir para a prisão e morrer por Sua causa, e dissesse isso Ele mesmo, e colocasse as mãos perfuradas em você, você iria para lá tão alegremente como os anjos voam pelo Céu! Se ele mandasse você morrer por Ele, mas com a carne sendo fraca, o seu espírito estaria disposto! Sim, e a carne seria feita forte o suficiente, também, pois Jesus olharia para você e Ele pode, com um olhar, expulsar o egoísmo, a covardia, e tudo o que nos impede de nos oferecermos como um sacrifício a Ele!
“Falam de moralidade!
Cordeiro que sangra
A melhor moralidade
É Lhe amar!”
Quando estamos mais uma vez cheio de amor a Ti, Oh Jesus, o pecado torna-se o dragão contra o qual temos uma guerra ao longo da vida! A santidade se torna a nossa mais nobre aspiração e a buscamos com todo nosso coração, alma e força! Se a mente racional considera honestamente a religião de Jesus Cristo, ela verá que os cristãos devem odiar o pecado, se eles são sinceros em sua fé. Eu poderia ir mais longe do que isso, mas eu não vou.
IV - A última coisa de todas é esta. O ESPÍRITO SANTO ESTÁ COM O EVANGELHO E ONDE ELE ESTÁ, A SANTIDADE SERÁ PROMOVIDA. Nunca se deve esquecer que, embora o receber Jesus Cristo pela simples fé é uma confissão de morte para o pecado e traz com ela uma experiência de ódio ao pecado – e é esperado que aconteça – há mais uma coisa. Se, queridos amigos, em qualquer trabalho de reavivamento, ou qualquer ministério, não houver nada mais do que você pode ver ou ouvir, eu acho que as muitas críticas e zombarias poderiam ser, pelo menos, racionais, mas eles não são assim! Um fato grandioso os torna para sempre irracionais.
Onde quer que Jesus Cristo é pregado, está presente Um, que é grande em classe e alto em posição. Você não pode pensar que eu estou falando de qualquer autoridade terrestre. Não, estou falando do Espírito Santo – o sempre abençoado Espírito de Deus! Nunca há um sermão sobre o Evangelho pregado por um coração sincero sem que o Espírito Santo esteja lá, tomando as coisas de Cristo e as revelando aos homens. Quando um homem vira os olhos para Jesus e simplesmente confia nEle – nós concordamos que esta é uma questão vital – isso está acompanhando o ato – não, eu devo me corrigir, isso é a causa desse ato, um milagroso, sobrenatural poder que em um instante transforma um homem completamente, tirando-o do caminho para o caos e lhe dando vida nova! Se isto é assim, então crer em Cristo é algo muito maravilhoso.
Agora, se você for para o terceiro capítulo do Evangelho de João e também em suas epístolas, você verá que a fé está sempre ligada com a regeneração, ou o novo nascimento, novo nascimento que é obra do Espírito de Deus. Esse mesmo capítulo de João nos diz: “Necessário é nascer de novo“, e continua a dizer: “E, como Moisés levantou a serpente no deserto, assim importa que o Filho do homem seja levantado; Para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.” [João 3.14,15]. Onde quer que haja fé em Jesus Cristo, um milagre de purificação foi feito no coração! Negue isso e você negará o testemunho das Escrituras, que dizem claramente que, “Todo aquele que crê que Jesus é o Cristo, é nascido de Deus” [1 João 5.1]. E “Sabemos que todo aquele que é nascido de Deus não peca; mas o que de Deus é gerado conserva-se a si mesmo, e o maligno não lhe toca” [1 João 5:18].
Porque você dúvida, se nós somos exemplos pessoais que podem garantir que foi dessa forma que aconteceu conosco? Não quero dizer que eu e um ou dois mais afirmam isso, mas as testemunhas podem ser achadas em centenas e milhares – e todos eles concordam em afirmar que o poder do Espírito Santo, mudou o curso de seus desejos e os fez amar as coisas que são santas, justas e verdadeiras. Portanto, Senhores, mesmo se você acredita ou não, você deve ser tão gentil que compreenda uma coisa muito claramente – que, se pregar a salvação pela fé é desprezível, desejamos ser ainda mais desprezíveis! Certamente você não pode culpar-nos por agir como nós fazemos, se o ponto central do nosso argumento está correto!
Se a pregação da Cruz, embora seja loucura para os que perecem, é, aos que creem em Cristo, a Sabedoria de Deus e o Poder de Deus, não vamos desistir de pregar Cristo para você! Se é assim que os homens são feitos novas criaturas – que, enquanto os outros estão debatendo sobre moral, nosso Evangelho planta e produz isso – não vamos desistir de trabalhar para falar, tão pouco trocar o organismo eficaz do Evangelho pelas invenções da filosofia! Em suas escolas e em seus púlpitos estabeleçam Cristo Crucificado como a esperança do pecador mais e mais claramente! Apele ao pecador que olhe para Jesus! Olhe e viva!
O Evangelho é o grande promotor da ordem social, o grande recuperador de viciados e pessoas desamparadas da sociedade, o elevador da raça humana! Essa doutrina do perdão gratuito e renovação graciosa, dada livremente aos mais desprezados para que creiam em Jesus Cristo, é a esperança da humanidade! Não há bálsamo em Gileade, e nunca teve – mas este é o bálsamo do Calvário, pois é o medicamento verdadeiro – e Jesus Cristo é o Médico infalível. Façam isso, pecadores! Façam isso! Olhe para Jesus e as paixões que você não pode vencer serão entregues ao Seu poder de limpeza! Creia em Jesus e as loucuras que se agarram a você, e o esmagam como as cobras enlaçaram Laocoonte e seus filhos, lhe deixarão livres delas!
Sim, elas devem morrer através do olhar de Jesus e devem sair de você. Creia em Jesus e você terá a primavera da excelência, o chapéu da pureza, a fonte da virtude, a destruição do mal, o broto da perfeição! Deus concede-nos, ainda, o provar do poder do Senhor Jesus em nós mesmos e para proclamar o Seu poder por todos os lados!
“Alegrar-nos-emos se, com o nosso último suspiro,
Podemos suspirar o Seu nome;
Preguem Ele a todos,
E gritem na morte,
Vejam, vejam o Cordeiro!”
Amém e Amém!
Charles Haddon Spurgeon
Enviado por Silvio Dutra Alves em 21/11/2013