Antídoto Feito do Próprio Veneno
Quando a Bíblia fala em tribulações, especialmente no contexto do Novo Testamento, isto não se refere especificamente a problemas graves e sérios em relação às nossas condições de saúde física e às demais diversas áreas do nosso viver, como a sentimental, emocional e financeira, ainda que isto não seja excluído.
Todavia, a referência mais comum diz respeito às lutas espirituais contra os principados e potestades das trevas que tentam impedir a todo o custo a nossa consagração a Deus e a continuidade do nosso empenho na oração, no culto de adoração público, e em tudo o mais que lhe é devido.
O controle da intensidade e profundidade de todas as nossas tribulações está sob o cuidado de Deus, de modo que não sejamos atribulados além do que possamos suportar, como se afirma em I Cor 10.13, onde não somente isto é afirmado, como também que Deus proverá a força que necessitamos bem como o livramento destas tribulações no momento oportuno.
O apóstolo Paulo não pediu o espinho na carne que lhe fora enviado, e nem seria de se supor que ele o pedisse. E assim também nós, não devemos pedir tribulações, mas é certo que elas nos virão à medida da nossa necessidade, para o nosso benefício e aperfeiçoamento em maturidade espiritual, conforme isto se encontra controlado pelo Senhor.
Assim, nunca devemos ficar numa posição de permanente perplexidade e desânimo enquanto debaixo de aflições, uma vez conhecendo nós qual é o seu grande objetivo. Ao contrário devemos ter a firme convicção de que produzirão afinal em nós um bom fruto, e também devemos buscar ânimo e força em nosso Senhor Jesus Cristo, especialmente pela oração e meditação na Sua Palavra.
O pecado original trouxe a toda a humanidade a morte espiritual e um estado ruim da alma em desordens de todo o tipo que a tornam totalmente diferente daquela imagem e semelhança com Deus, que havia sido designada por Ele em seu conselho eterno.
E Deus, em sua infinita sabedoria, tem usado estas desordens que nos afligem para o nosso próprio bem, por extirpar de nós pelo processo da mortificação pelo Espírito Santo, todas as nossas paixões carnais, para o qual cooperam grandemente estas aflições que perturbam a alma, e que não permitem que ela fique acomodada na condição ruim e mortal em que entrou por causa do pecado.
Assim, nos é ordenado por Deus que o invoquemos no dia da angústia, com a sua promessa de nos livrar para que possamos glorificá-lo, Salmo 50.15.
Desta forma, as aflições cooperam para o propósito de orarmos incessantemente a Deus, porque até os nossos próprios pecados diários são para nós, um motivo de grande aflição.
O Senhor conhece perfeitamente a nossa indisposição natural para a oração, e por isso, em sua sabedoria e amor permite que sejamos aproximados dele por este meio que nos leva a buscar nele auxílio e socorro, a saber as tribulações.
Assim, Deus prepara o antídoto para a picada mortal do pecado, com o seu próprio veneno, uma vez que não vivemos, em razão do pecado, num mundo de perfeição de justiça, paz e amor.