O Ladrão Que Creu – Parte 1
Por Charles Haddon Spurgeon.
“Então disse: Jesus, lembra-te de mim, quando entrares no teu reino. Respondeu-lhe Jesus: Em verdade te digo que hoje estarás comigo no paraíso” (Lucas 23:42, 43).
Faz algum tempo que preguei sobre a história completa do ladrão moribundo. Não me proponho a fazer o mesmo no dia de hoje, somente quero vê-lo desde um ponto de vista específico. A história da salvação do ladrão agonizante é um exemplo notável do poder de salvação de Cristo, e de sua abundante disposição para receber a todos que vêm a Ele, em qualquer condição em que possam estar. Não posso considerar este ato de graça como um exemplo solitário, como tampouco a salvação de Zaqueu, a restauração de Pedro, ou o chamado de Saulo, o perseguidor.
Em certo sentido, toda conversão é única: não há duas iguais, e contudo, qualquer conversão é um modelos de outras. O caso do ladrão moribundo é muito mais semelhante à nossa conversão, do que diferente; de fato, seu caso se pode considerar mais como típico do que como um fato extraordinário, e assim o considerarei neste momento. Que o Espírito Santo fale por ele para alentar aqueles que estão à beira do desespero!
Recordem, amados amigos, que nosso Senhor Jesus, no momento que salvou a esse malfeitor, estava em seu ponto mais baixo. Sua glória havia minguado no Getsêmani, e diante de Caifás, Herodes e Pilatos; mas agora havia alcançado seu nível mais baixo. Despido de sua túnica, e cravado na cruz, a atrevida multidão zombava de nosso Senhor que, agonizante, estava morrendo; então Ele “foi contado entre os transgressores” e foi feito como escória de todas as coisas. Contudo, ainda nessa condição, concluiu esse maravilhoso ato de graça. Vejam a maravilha produzida pelo Salvador despojado de toda Sua glória, e pregado no madeiro em um espetáculo de vergonha, à beira da morte! Quão certo é que pode fazer grandes maravilhas de misericórdia agora, visto que regressou a Sua glória, e está assentado no trono de luz! “Pode salvar por completo aos que por meio dele se achegam a Deus, posto que vive para sempre para interceder por eles”.
Se um Salvador agonizante salvou o ladrão, meu argumento é que Ele pode fazer ainda mais agora que vive e reina. Todo poder no céu e na terra Lhe foi dado; pode algo no momento presente se sobrepor ao poder de Sua graça? Não é somente a debilidade de nosso Salvador que faz memorável a salvação do ladrão penitente; é o fato de que o malfeitor moribundo o viu diante de seus próprios olhos. Você pode se pôr em seu lugar, e imaginar a alguém que está suspenso em agonia de uma cruz? Poderia facilmente crer que era o Senhor da glória, e que logo iria a seu reino?
Não seria pouca a fé para que, em um momento assim, cresse em Jesus como Senhor e Rei. Se o apóstolo Paulo estivesse aqui, e quisesse agregar um versiculo ao Novo Testamento, ao capítulo onze do Livro de Hebreus, começaria certamente seus exemplos de fé admirável com a fé deste ladrão, que creu em um Cristo crucificado, ridicularizado e agonizante, e clamou a Ele como a alguém cujo reino viria com certeza. A fé do ladrão foi ainda mais notável porque estava sob uma terrível dor, e condenado a morrer. Não é fácil exercitar a paciência quando se é torturado por uma angústia mortal. Nosso próprio descanso mental às vezes se vê perturbado pela dor do corpo quando somos sujeitados por um sofrimento agudo, não é fácil mostrar essa fé que cremos possuir em outras situações. Este homem, sofrendo como estava, e vendo ao Salvador em um estado tão triste, contudo, ainda assim creu para a vida eterna. Fala aqui uma fé que raramente se vê.
Recordem, também, que estava rodeado de zombadores. É fácil nadar com a corrente, mas é duro ir contra ela. Este homem ouviu os sacerdotes orgulhosos, quando ridicularizavam ao Senhor, e a grande multidão do povo, todos a uma só voz, unirem-se no escárnio; seu companheiro captou o espírito da hora e também zombou, e ele talvez tenha feito o mesmo por um breve momento; mas pela graça de Deus foi transformado, e creu no Senhor Jesus apesar de todo seu desprezo. Sua fé não foi afetada pelo que o cercava; ele, pelo contrário, ladrão agonizante como era, se reafirmou em sua confiança. Como uma rocha saliente, colocada no meio da torrente de águas, declarou a inocência do Cristo, de quem outros blasfemavam. Sua fé é digna de que a imitemos em seus frutos. Nenhum outro membro de seu corpo estava livre exceto sua língua, e a utilizou sabiamente para repreender a seu irmão malfeitor, e defender ao Seu Senhor. Sua fé tornou manifesto um valente testemunho e uma confissão ousada. Não vou elogiar o ladrão, ou a sua fé, mas a exaltar a glória dessa graça divina que deu ao ladrão uma fé assim, e logo imerecidamente o salvou por seu meio. Estou ansioso de mostrar quão glorioso é o Salvador, esse Salvador que salva de maneira completa, aquele que em um momento assim, pôde salvar a esse homem, e dar-lhe uma fé tão grande, e tão perfeita e rapidamente prepará-lo para a felicidade eterna. Vejam o poder desse Espírito que podia produzir tal fé em um solo tão pouco promissor, e em um clima tão pouco propício. Entremos de imediato no centro do nosso sermão.
Primeiro, observem ao homem que foi o último companheiro de nosso Senhor na terra; segundo, observem que esse mesmo homem foi o primeiro companheiro de nosso Senhor na porta do paraíso; e terceiro, vejamos o sermão que nosso Senhor nos prega neste ato de graça. Oh, que o Espírito Santo abençoe este sermão do princípio ao fim!
I. Com muito cuidado OBSERVEMOS QUE O LADRÃO CRUCIFICADO FOI O ÚLTIMO COMPANHEIRO DE NOSSO SENHOR NA TERRA. Que triste companhia nosso Senhor selecionou quando esteve aqui. Não se juntou com os religiosos fariseus nem com os filosóficos saduceus, senão que era conhecido como o “amigo de publicanos e de pecadores”. Como me regozijo nisto! Me dá a segurança de que Ele não recusará associar-se comigo. Quando o Senhor Jesus me fez seu amigo, seguramente que não fez uma seleção que lhe trouxesse crédito. Crês que ganhou alguma honra quando te fez seu amigo? Acaso ganhou algo por causa de nós alguma vez? Não, irmãos meus; se Jesus não tivesse se inclinado tão baixo, talvez não teria vindo a mim; e se não tivesse procurado ao mais indigno, não teria vindo a ti. Assim o sentes, e estás agradecido pois Ele veio “não para chamar a justos, senão pecadores”. Como o Grande Médico, nosso Senhor passava muito tempo com os enfermos: se dirigia para onde podia exercitar sua arte de curar.
Os sãos não necessitam de um médico: não podem apreciá-lo, nem oferecem a oportunidade para que ele exercite sua habilidade; por conseguinte, Ele não frequentou suas moradas. Sim, depois de tudo, nosso Senhor fez uma boa escolha quando te salvou e quando me salvou; em nós encontrou abundante campo para a sua misericórdia e graça. Houve suficiente espaço para que Seu amor pudesse trabalhar dentro dos terríveis vazios de nossas necessidades e pecados; e ali Ele fez grandes coisas por nós, pelas quais nos alegramos.
Para que não haja aqui alguém que se desespere e diga: “nunca se dignará a olhar para mim,” quero que estejam advertidos que o último companheiro de Cristo na terra foi um pecador, e não um pecador comum. Havia transgredido as leis do homem, pois era um ladrão. Alguém que se chama “bandido”; e suponho que provavelmente esse era o caso. Os bandidos desses dias mesclam o assassinato com seus roubos: era provavelmente um pirata armado contra o governo romano, fazendo disto um pretexto para saquear se a ele fosse apresentada a oportunidade. Ao fim, foi feito prisioneiro e foi condenado por um tribunal romano, que de forma geral, era usualmente justo, e neste caso, certamente o foi; pois o mesmo confessa a justiça de sua condenação. O malfeitor que creu na cruz era um ladrão convicto, que havia permanecido na cela dos condenados e logo sofreria a pena capital por seus crimes. Um criminoso convicto era a última pessoa com a qual nosso Senhor teve que tratar nesta terra. Que amante das almas dos culpados é Ele! Como se inclina até o mais baixo da humanidade! À este homem tão indigno, antes que deixasse a vida, o Senhor da glória falou com graça incomparável, falou-lhe com palavras tão maravilhosas como nunca se poderão superar ainda que procures em todas as Escrituras: “Hoje estarás comigo no paraíso.”
Não creio que em nenhuma parte deste Tabernáculo se encontre alguém que tenha sido convencido diante da lei, que nem sequer se possa culpar de uma transgressão contra a honestidade comum; mas se houvesse uma pessoa assim entre os meus ouvintes, a convidaria a que encontrar perdão e transformação em seu coração por meio de nosso Senhor Jesus Cristo. Podes chegar a Ele, quem quer que sejas; este homem o fez. Aqui há um exemplo de alguém que havia chegado ao fundo da culpa, e que o reconheceu; não procurou desculpas, nem buscou um manto para tapar seu pecado; estava nas mãos da justiça, enfrentando sua sentença de morte, e contudo creu em Jesus, e disse uma humilde oração para Ele, e ali mesmo foi salvo. Como é a amostra assim é o todo. Jesus salva a outros do mesmo tipo. Por isso, deixem-me expor de forma muito simples, de maneira que ninguém me interprete mal, nenhum de vocês está excluído da infinita misericórdia de Cristo, por maior que seja a iniquidade de vocês: se crêem em Jesus, Ele os salvará.
Este homem não somente era um pecador; era um pecador que apenas havia despertado. Não creio que antes tivesse pensado seriamente no Senhor Jesus. De acordo com os outros evangelistas, parece que se tinha unido com seu companheiro ladrão para zombar de Jesus: se em realidade não utilizou palavras de opróbrio, no mínimo chegou a consentir com elas, de maneira que o evangelista não lhe fez injustiça quando disse, “também os ladrões que estavam crucificados com ele lhe injuriavam da mesma maneira”. Contudo, repentinamente, se desperta a convicção de que o homem que está agonizando ao seu lado é algo mais que um homem. Lê o título sobre a sua cabeça, e acertadamente crê: “Este é Jesus, o rei dos judeus”. Ao crer-lhe assim, fez sua petição ao Messias, que havia encontrado havia pouco tempo, e se encomenda em suas mãos. Querido eitor, vês esta verdade, que no momento em que um homem sabe que Jesus é o Cristo de Deus pode pôr de imediato confiança Nele e ser salvo? Um certo pregador, cujo evangelho era muito duvidoso, dizia: “vocês, que viveram no pecado por cinquenta anos, creem que em um instante podem ser limpos pelo sangue de Jesus?” Respondo: “Sim, certamente cremos que em um instante, por meio do precioso sangue de Jesus, a alma mais negra pode se tornar branca. Certamente cremos que em um simples instante podem ser absolutamente perdoados os pecados de sessenta ou setenta anos, e que a velha natureza, que ia se tornando cada vez pior, pode receber sua ferida de morte em um instante, enquanto a vida eterna pode ser implantada de imediato na alma.” Assim foi com este homem. Havia tocado no fundo, mas em um momento, se despertou a convicção de que o Messias estava junto a ele, e crendo, o viu e viveu.
Assim que, meus irmãos, se vocês nunca tiveram uma convicção religiosa em suas vidas, se viveram até agora uma vida totalmente ímpia, ainda assim, se neste exato momento creem que o amado Filho de Deus veio ao mundo para salvar aos homens do pecado, e sinceramente reconhecem seus pecados e confiam Nele, imediatamente serão salvos. Sim, enquanto digo estas palavras, a obra da graça pode ser consumada pelo Ser glorioso que foi ao céu com poder onipotente para salvar.
Desejo expor este caso de forma muito simples: este homem que foi o último companheiro de Cristo sobre a terra, era um pecador na miséria. Seus pecados lhe haviam encurralado: agora tinha a recompensa por suas obras. Constantemente encontro pessoas nesta condição: viveram uma vida de libertinagem, excessos e descuidos, e começam a sentir que caem em seus corpos as chamas de fogo da tempestade da ira; vivem em um inferno terreno, um prelúdio da condenação eterna. O remorso como uma áspide os picou, convertendo seu sangue em fogo. Este homem estava neste terrível estado, e mais, estava no extremo. Já não podia viver muito: a crucificação era inevitavelmente fatal; em pouco tempo as pernas lhe romperiam para pôr fim a sua existência infeliz. Ele, pobre alma, não tinha de vida senão um curto espaço do meio-dia ao pôr-do-sol; mas esse era o tempo suficiente para o Salvador, que é poderoso para salvar. Alguns têm muito medo que as pessoas adiem o momento de vir a Cristo se afirmamos isto. Não posso impedir o que os homens de má fé façam com a verdade, mas eu vou proclamá-la de todas as maneiras. Se estão a uma hora de morrer, creiam no Senhor Jesus Cristo, e serão salvos. Se não chegarem jamais a seus lares, porque poderão morrer no caminho, se agora creem no Senhor, serão salvos de imediato. Olhando para Jesus e confiando nele, Ele lhes dará um coração novo e um espírito reto, e tirará a mancha dos vossos pecados. Esta é a glória da graça de Cristo. Como gostaria de enaltecer sua graça com uma linguagem adequada! A última vez que foi visto na terra antes de morrer foi em companhia de um criminoso convicto, a quem falou da maneira mais amorosa. Venham, oh culpados, e Ele os receberá com abundante graça!
Mais ainda, este homem a quem Cristo salvou no último momento era um homem que já não podia realizar boas obras. Se a salvação fosse pelas boas obras, não poderia ter sido salvo; posto que estava atado de pés e mãos ao madeiro de seu destino funesto. Tudo havia terminado para ele quanto a qualquer ato ou obra de justiça. Poderia dizer uma ou duas boas palavras, mas isso era tudo; não podia executar nada bom; se sua salvação tivesse dependido de uma vida ativa de serviço, certamente que nunca poderia ter sido salvo. Como pecador que era, não podia exibir um arrependimento duradouro do pecado, pois tinha curtíssimo tempo para viver. Não podia ter experimentado uma amarga convicção de seus atos, que tivesse durado meses e anos, pois seu tempo estava medido em instantes, e estava à beira da sepultura. Seu fim estava muito perto, e contudo, o Salvador o pôde salvar, e o salvou tão perfeitamente que antes do pôr-do-sol, estava no paraíso com Cristo.
Este pecador, que não pude descrever com cores demasiadamente negras, foi um que creu em Jesus, e confessou sua fé. Confiou no Senhor. Jesus era um homem, e assim ele lhe chamou; mas também soube que era o Senhor, e assim lhe chamou e disse: “Senhor, lembra-te de mim”. Tinha tal confiança em Jesus que se tão somente o Senhor pensasse nele, se tão-somente o recordasse quando chegasse ao seu reino, isso seria o que pediria dele. Ah, meus queridos leitores! A inquietude que sinto por alguns de vocês é que sabem tudo acerca do Senhor, e contudo não confiam nele. A confiança é o ato salvador. Há alguns anos estavam no ponto de confiar realmente em Jesus, mas agora seguem tão distantes dele como estavam então. Este homem não titubeou: se agarrou a essa única esperança. Não guardou em sua mente a segurança no Senhor como Messias como uma crença seca, morta, senão que a transformou em confiança e oração, “Senhor, lembra-te de mim quando entrares no teu reino”. Oh, que muitos de vocês possam confiar neste dia, na infinita misericórdia do Senhor! Seriam salvos, estou seguro que seriam: se vocês, ao confiarem Nele não são salvos, eu mesmo teria que renunciar a toda esperança. Isto é tudo o que nós temos feito: temos visto, e temos vivido, e continuamos vivendo porque vemos ao Salvador vivente; oh, que esta manhã, ao sentir o pecado, vejam a Jesus, confiando nele, e confessando essa confiança! Reconhecendo que Ele é Senhor para a glória de Deus Pai, vocês devem e serão salvos.
Como consequência de ter esta fé que o salvou, este pobre homem disse uma oração humilde porém apropriada, “Senhor, lembra-te de mim”. Isto não parece que seja pedir muito, mas como ele o compreendeu, é tudo o que um coração ansioso poderia desejar. Ao pensar no reino, tinha uma tão clara idéia da glória do Salvador, que sentiu que se o Senhor tão somente pensasse nele, seu estado seria salvo. José na prisão, pediu ao copeiro do rei que se lembrasse dele quando o rei restaurasse seu posto; porém o copeiro o esqueceu. Nosso José nunca esquece um pecador que clama a Ele dentro do mais profundo calabouço; em seu reino recorda os lamentos e queixas dos pobres pecadores oprimidos pelo sentimento de seu pecado. Não podes orar nesta manhã, e desta maneira assegurar-te um lugar na memória do Senhor Jesus?
Assim intentei descrever ao homem, e depois de ter feito o melhor que pude, falharei em meu propósito a menos que os faça ver que qualquer coisa que este ladrão tenha sido, não é senão uma descrição do que vocês são. Especialmente se foram grandes pecadores, e se viveram muito tempo sem se preocuparem pelas coisas eternas, são como este malfeitor; e contudo, vocês, sim, vocês, podem fazer o que o ladrão fez; podem crer que Jesus é o Cristo e encomendar suas almas em suas mãos, e Ele os salvará tão seguramente como salvou ao bandido condenado. Jesus com graça abundante disse: “Ao que vem a mim, de maneira alguma o lançarei fora”. Isto significa que se vocês vêm e confiam Nele, não importa o que sejam, Ele, por nenhuma razão, e sob nenhum fundamento, nem circunstância, os lançará fora. Compreendem esse pensamento? Sentem que lhes pertence, e que, se vão a Ele, encontrarão vida eterna? Me regozijo se já percebem esta verdade.
Há poucas pessoas que tenham tanto trato com almas abatidas e desesperadas como eu. Pobres rejeitados me escrevem continuamente. Apenas sei o motivo. Não tenho um dom especial para consolar, mas com gosto me inclino a reconfortar aos afligidos, e parece que eles sabem. Que alegria tenho quando vejo a um desalentado que encontrou a paz! Tive esta alegria várias vezes durante a semana que acaba de terminar. Quanto desejo que alguns de vocês, que têm o coração destroçado, porque não podem encontrar perdão, quisessem vir ao meu Senhor, e confiar Nele, e descansar! Ele não disse: “Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu os aliviarei”? Venham e o ponham à prova, e o descanso será de vocês.
Charles Haddon Spurgeon
Enviado por Silvio Dutra Alves em 30/11/2013