Legado Puritano
Quando a Piedade Tinha o Poder
Textos
Conteúdo Geral da Bíblia – De Moisés ao Período Interbíblico
Os israelitas levaram três meses na jornada do Egito até o Monte Sinai, quando deixaram o cativeiro com Moisés.
Três dias depois de terem chegado ao citado monte o Senhor lhes falou audivelmente os dez mandamentos (Dt 5.22-24) que Ele mesmo iria registrar nas duas tábuas de pedra que daria a Moisés no cume do monte. Durante os quarenta dias e noites que Moisés lá  permaneceu, recebeu também outras leis que registrou num livro, chamado de livro da lei, inclusive, leis que descreviam o tabernáculo, que deveria ser construído segundo o modelo que lhe fora exibido (Hb 8.5; Êx 25.40), que era uma figura do verdadeiro tabernáculo que existe no céu (Hb 9.23,24).
As primeiras tábuas da lei foram quebradas por Moisés por causa do pecado do povo, que havia feito um bezerro de ouro para adorar, julgando que ele permaneceria no monte, pois demorava a retornar.
Ainda que os israelitas não o soubessem, o culto que se oficiaria no tabernáculo era também uma figura daquilo que Cristo viria a fazer no futuro, não com o sangue de animais, mas com o Seu próprio sangue, entrando no tabernáculo celestial para efetuar a purificação do pecado do povo que compraria para Deus com o Seu sangue  (Hb 9.23-26).
Aquele santuário terrestre falava intensamente acerca da santidade do Senhor. Nenhum templo das diversas religiões do mundo nada tinham de parecido com o tipo de culto que Deus havia instituído para os israelitas cumprirem no tabernáculo. E o ofício sacerdotal com a apresentação de sacrifícios no tabernáculo, foi instituído por Deus para que fosse feita expiação pelo pecado do seu povo de Israel. Era isto que aplacava a Sua ira divina e os tornava aceitáveis a Ele. De igual modo, os crentes são aceitos por Deus somente e exclusivamente por causa do sacrifício e sacerdócio de Jesus. É por ser o nosso Sumo Sacerdote que podemos estar de pé na presença de Deus e ter firme confiança para nos aproximarmos dEle, através do caminho que foi aberto pelo sacrifício de Jesus (Hb 10.19-22).
Exatamente um ano após a saída de Israel do Egito, o tabernáculo foi concluído e levantado (Êx 40.17), consumindo a sua construção cerca de nove meses, pois como vimos, três meses haviam sido gastos na jornada do Egito até o Sinai. A primeira vez que foi levantado, foi ao sopé do referido monte, e  como  era  um santuário portátil, foi desmontado cinquenta dias após (Núm 10.11) porque a nuvem que permanecia sobre ele havia se  movimentado para o deserto de Parã, indicando que o povo deveria levantar acampamento e dirigir-se para aquele local (Havia uma nuvem durante o dia e uma coluna de fogo durante a noite, sobre o tabernáculo).
As jornadas dos israelitas eram determinadas pelo Senhor de acordo com a movimentação da nuvem ou do fogo que permaneciam sobre o tabernáculo.
Isto indicava em figura que a vida do crente deve ser dirigida segundo o mover do Espírito Santo.
Desde que haviam saído do Egito, cerca de quarenta e cinco dias após, o povo teve saudade da comida e do tempero da terra da escravidão, e passou a murmurar contra Moisés e Arão pela falta da fartura de comida. Sem que o soubessem, Deus estava colocando a obediência deles à prova, em face das dificuldades. Eles falharam porque murmuraram. Mas, mesmo assim o Senhor lhes deu codornizes e o maná, que passou a cair do céu todos os dias, exceto aos sábados, e isto, por um período de quarenta anos, até entrarem em Canaã. Pelo maná o Senhor pôs também à prova e exercitou a obediência dos israelitas, posto que era dado na quantidade exata para todo o povo. Se alguém recolhesse demais faltaria para outros, e não poderia ser guardado de um dia para o outro pois estragava.
O pão nosso de cada dia, não apenas material, mas sobretudo o espiritual, pois nem só de pão material vive o homem, deve ser buscado em cada dia. As bênçãos e misericórdias do Senhor são renovadas em cada manhã. Devemos orar pelas nossas necessidades presentes, confiantes na providência do Deus bondoso, onipotente e misericordioso, que é nosso Pai.  
Na marcha rumo ao Sinai, murmuraram também pela falta de  água em Refidim. E mais uma vez reclamaram por terem deixado o Egito para sofrerem no deserto.
O livro de Números está  repleto de passagens em que são relatadas as murmurações e os pecados dos israelitas, enquanto caminhavam no deserto, e a forma como o Senhor os visitou com Seus juízos. Paulo diz que tudo o que foi escrito foi para advertência dos crentes na igreja de Jesus, de modo a não cairmos no mesmo erro (I Cor 10.1-13). É digno de nota que as pragas cessavam quando os sacerdotes faziam expiação pelo povo com seus incensários e apresentação de sacrifícios de animais (Núm 8.19; 16.46-48; 18.1,5). É com tal eficácia do sacrifício e do sacerdócio, em favor do povo de Deus,  que a pessoa de Jesus é exaltada e deve ser completamente reverenciada pela sua igreja, uma vez que é exclusivamente em razão do Seu sacrifício e sacerdócio que somos livrados da ira de Deus, e podemos estar na Sua presença.
Desde que saiu do Egito e peregrinou no deserto, por quarenta anos, juntamente com os israelitas, rumo a Canaã, Moisés pôs-se a escrever, por inspiração e revelação divinas, o Pentateuco (penta = cinco, e teuco = tomos), isto é, os cinco livros da lei (Gên, Êx, Lev, Núm e Dt).
Quando Moisés escreveu o livro de Deuteronômio no último ano da sua vida, os israelitas estavam se preparando para entrarem em Canaã com Josué. Ele fez uma recordação das coisas que haviam acontecido para exortar o povo à obediência, lembrando-lhes que foram resgatados do Egito para servirem ao Senhor, amá-Lo e cumprirem Seus mandamentos. Caso fossem obedientes à  aliança  que o Senhor fizera com eles, seriam abençoados com as bênçãos que Ele havia prometido e que estão registradas nos livros de Levítico e Deuteronômio. E caso transgredissem os mandamentos, descumprindo a aliança, seriam amaldiçoados com as maldições previstas nos citados livros.
Daí se aprende por princípio que a vida do crente é abençoada por Deus quando ele cumpre os mandamentos de Cristo. E do mesmo modo, deixa de ser abençoado quando não pratica a Palavra. No caso da igreja, deve ser considerado que Cristo resgatou o crente da maldição da lei, fazendo-se Ele próprio maldição no nosso lugar (Gl 3.13,14). Mas, o crente rebelde será sujeito à disciplina, podendo até mesmo ser entregue a Satanás para destruição da carne, para que o espírito seja salvo no dia do Senhor (I Cor 5.3-5).
Entretanto é dever dos crentes fiéis que estiverem firmes na fé no Senhor, que sejam longânimos para com todos os seus irmãos em Cristo. Que saibam discernir entre aqueles que são insubmissos, desanimados ou fracos na fé; de modo que admoeste somente os insubmissos, pois os desanimados devem ser alvo da sua consolação, e os fracos do seu amparo, mas é sua obrigação serem longânimos para com todos, até mesmo com os insubmissos, na expectativa de que se arrependam e retornem à comunhão, porque são filhos de Deus, comprados para Ele pelo sangue de Cristo.
Estes são ensinos típicos da Nova Aliança, respaldados nas palavras e no exemplo do próprio Jesus que havia instruído os apóstolos a exercerem na igreja a disciplina de exclusão apenas nos casos de insubmissão revelada na resistência de determinados crentes à admoestação da liderança da igreja relativa aos pecados contra o corpo de Cristo (Mt 18.17),  e a perdoarem os pecados daqueles em que se percebesse evidências de genuíno arrependimento (Lc 17.3,4).
Mesmo os excluídos devem ser alvo da longanimidade dos que estiverem firmes, pois caso venham a se arrepender e a se consertarem, posteriormente, deverão ser perdoados (Mt 18.21,22).
Moisés alertou o povo, e esta palavra valeria para todas as gerações de israelitas, que o Senhor levantaria ainda um profeta (Dt 18.15-19) que faria conhecida a Sua vontade final. E quem não O ouvisse seria julgado. Trata-se de uma clara referência a Jesus, pois o que nele crê não é julgado, e o que não crê já está julgado (Jo 3.18).
Afinal, quase tudo na lei apontava para Jesus: os   sacrifícios, os utensílios do tabernáculo, o ofício dos sacerdotes. A finalidade da própria formação da nação de Israel e da lei dada por meio de Moisés, tinham em vista ensinar que devemos entregar nossas vidas a Jesus e viver para Ele, de acordo com a Sua vontade, expressada nos Seus mandamentos.
Ainda que fossem oferecidos sacrifícios de animais no Velho Testamento e exigido o derramamento de sangue para a expiação do pecado, a Bíblia ensina acerca da impossibilidade da remoção do pecado com tais sacrifícios (Hb 10.4,11). Não há  justificação e remissão nas bases de Hb 10.16-18, fora de Cristo (Hb 9.11,12). Deste modo, tanto os que viveram na dispensação da Lei (de Moisés até a morte de Jesus), e mesmo os que  viveram  antes dela (de Adão até Moisés), e que obtiveram justificação pela fé‚ e remissão dos pecados, alcançaram-no também com base no sangue de Jesus, que Se ofereceu por todos os homens na cruz.
Jesus é o único e suficiente e aceitável sacrifício, capaz de satisfazer à justiça divina, tanto para os que viveram nos dias do Antigo Testamento, quanto para os que têm vivido na presente dispensação da graça. Lembremos que o véu do templo foi rasgado (Mt 27.51) indicando a terminação de uma aliança, de um ministério, cuja forma de culto tinha por base os serviços do tabernáculo, e posteriormente, do templo, dando lugar ao início de um novo ministério de muito maior glória (II Cor 3.3-11), e baseado em superiores promessas (Hb 8.6,7).
Entretanto, podemos aprender muito acerca do culto que devemos prestar ao Senhor, através dos princípios que estão revelados no tabernáculo e no ofício dos sacerdotes. O tabernáculo fala assim em figura tanto a respeito de Jesus, quanto do seu corpo, que é a igreja. Os sacerdotes deveriam ministrar em santidade no tabernáculo terrestre. Jesus é o sacerdote perfeito e santo que intercede continuamente por nós à direita do Pai. De igual modo, todos os crentes devem servir ao Senhor em santidade de vida.
No Lugar Santo do tabernáculo  havia  três  objetos de ouro: Um altar para queima de incenso; um candelabro de sete hastes e uma mesa para os pães. As sete lâmpadas do candelabro deviam ser alimentadas com azeite, e serem acesas à tarde, e apagadas pela manhã (Êx 30.8; I Sam 3.3), e isto todos os dias. Isto além de indicar que Jesus é a luz, ensina-nos que sendo também nós luz no Senhor, devemos andar na Sua luz todos os dias, e devemos andar também como filhos da luz, mantendo a chama do Espírito Santo acesa em nossas vidas, enchendo-nos diariamente da Sua presença, o que está  representado pelo azeite com o qual eram acesas as lâmpadas. O incenso devia ser queimado à tarde e de manhã, diariamente, quando se acendia e se apagava as lâmpadas do candelabro (Êx 30.8). As orações dos santos são apresentadas continuamente, no altar que existe no tabernáculo celestial (Apo 8.3,4), e mais do que as orações dos santos, isto representa a própria intercessão ininterrupta de Cristo em favor de sua igreja, como sumo sacerdote à direita do Pai.
Na mesa eram colocados doze pães em duas fileiras de seis, sendo trocados todos os sábados (Lev 24.5-9). Eles representavam que Jesus é o pão da vida do qual devemos nos alimentar.
No Santo dos Santos estava a arca com o propiciatório (tampa), tudo  em ouro, com os dois querubins alados, um em cada extremidade, com suas asas estendidas sobre o propiciatório. No seu interior estavam guardados: as duas tábuas com os dez mandamentos, um pote de maná  e a vara de Arão que havia florescido e dado  amêndoas. Ao  lado  da  arca  era guardado o livro da lei (o Pentateuco). A arca era de madeira de acácia, revestida de ouro por dentro e por fora. Isto indicava tanto a humanidade (madeira), quanto a divindade (ouro) de Jesus. Ensina também em figura que o seu povo deve ser puro assim como Ele é puro e refletir a sua glória tanto interna, quanto externamente (o que era simbolizado pelo ouro).
Um grosso véu separava o Lugar Santo, do cômodo mais interior, o Santo dos Santos, e somente o sumo-sacerdote podia entrar no Lugar Santíssimo, como também era chamado, uma única vez por ano, para fazer expiação por si e por todo o povo, aspergindo o sangue de animais sobre o propiciatório.
Este véu foi rasgado de alto a baixo, quando Jesus morreu na cruz, indicando que a morte do Senhor é o único caminho que permite ao pecador achegar-se à presença de Deus.
Tudo o que havia no Santo dos Santos ensinava em figura que a entrada na presença do Senhor exige reverência, com um coração sincero, em plena certeza de fé, e os corações purificados de má  consciência e tendo o corpo santificado de qualquer impureza da carne, assim como nos ensina a Palavra de Deus na epístola aos Hebreus (10.1-22).
Através do tabernáculo o Senhor visava ensinar ao seu povo que  Ele é santo, e os seus servos devem também ser como Ele é. O conceito de  santidade  inclui  a  ideia  de  pureza absoluta. Este estado não pode ser produzido pelo homem, e por isso o Senhor declara que  é Ele mesmo que nos santifica e é a sua operação na nossa vida que nos vai santificando mais e mais. A santificação é um longo processo que dura toda a vida e consiste no despojamento das obras da carne e do revestimento das virtudes de Cristo, para que sejamos úteis e operosos no serviço de Deus.
Como o pecado entristece o coração de Deus, era exigido do ofertante que apresentasse um animal para ser sacrificado para cobertura do seu pecado, e que afligisse sua alma, isto é, que também sentisse tristeza e arrependimento pela falta cometida.
Uma vez tratado o problema do pecado (ainda que em figura, e para purificação da consciência), deveria ofertar também um holocausto e uma oferta pacífica.
O holocausto representava a consagração a Deus daquele que teve o pecado perdoado, pela apresentação anterior da oferta pelo pecado. Ninguém estava dispensado de apresentar tal oferta, e mesmo em caso de pobreza que não permitisse a compra de um cordeiro ou cabrito (Lev 5.6), deveria ser oferecido um par de rolas ou de pombos (Lev 5.7), e caso a pobreza fosse extrema,  deveria oferecer a décima parte de um efa de farinha (Lev 5.11).
Ninguém em pecado pode consagrar-se ao Senhor. E muito menos ter comunhão com Ele, o que era representado pela oferta pacífica, que deveria ser apresentada depois do holocausto, da qual o ofertante podia comer partes da oferta, alegre e juntamente com familiares e amigos.
Ao instituir a Nova Aliança, Jesus revogou as prescrições cerimoniais da lei. Eram inúmeras as situações em que uma pessoa era considerada imunda, sendo impedida de entrar no santuário, como por  exemplo,  quem  tinha  fluxo,  lepra, quem  tivesse tocado em algum cadáver,  ou tocado ou se alimentado de algum animal imundo, e permanecia em tal condição de acordo com os diversos períodos fixados pela lei.
Deus, que tudo sabe, preanunciou a Moisés que Israel se afastaria tanto da Sua presença, por causa do pecado, que seria levado em cativeiro para outras nações, saindo portanto da terra prometida, mas, caso confessassem a sua iniquidade, que cometeram contra o Senhor,  Ele  se  lembraria  deles no seu estado de humilhação a que foram sujeitos pelo castigo da Aliança, mas, Ele também se lembraria da aliança que havia feito com Abraão, Isaque e Jacó de ser para sempre o Deus de Israel, e abençoaria aqueles que se arrependessem  (Lev 26.44,45).
Quão grandioso é o Senhor e a Sua misericórdia.
Em quem confiaremos ? Em Sua promessa ou na acusação de Satanás ?
Se o crente cai no pecado, deve voltar-se para o Senhor que é rico em perdoar. É na promessa que Ele fez a Abraão de que nos abençoaria por sermos de Jesus, é que devemos confiar, e não nas acusações da nossa consciência ou do diabo.  
Se algum crente tem andado em território do Inimigo, deve buscar lugar de arrependimento diante do Senhor lamentando as suas faltas, pois assim como Ele procedeu em relação a Israel, muito mais procederá em relação a nós, que nos temos aliançado com Ele através de Jesus (Tg 4.7-10).
Toda uma geração de israelitas foi impedida de entrar em Canaã por causa da incredulidade. Dos doze espias apenas Josué e Calebe foram poupados por Deus e receberam herança na terra, porque apesar das dificuldades creram na promessa do Senhor e não foram rebeldes contra Ele como os demais. Não podemos nos deixar intimidar pelas ameaças do inimigo de nossas almas. Devemos olhar para o Senhor e prosseguir adiante, assim como fizeram Josué e Calebe.
Mesmo mantendo sob juízo aqueles que não creram nEle, o Senhor nem por isso deixou de ser bondoso para com a nação de Israel, por amor à promessa que fizera aos patriarcas de ser o Deus de Israel. A sandália e a roupa deles não se gastou enquanto peregrinaram no deserto. Nenhum juízo teria vindo sobre eles se tivessem andado em obediência, e caso se arrependessem dos seus pecados.
Entretanto, ainda que aqueles que se arrependessem pudessem retornar à comunhão com o Senhor, dependendo da falta que praticassem, teriam  que dar contas da mesma em juízo, perante as autoridades de Israel, já  que se encontravam debaixo da Antiga Aliança, que prescrevia a pena do olho por olho, dente por dente, como retribuição legal das ofensas cometidas contra o próximo (Êx 21.24; Lv 24.20; Dt 19.21).
Ao instituir a Nova Aliança no Seu sangue, Jesus excluiu tal penalidade da Aliança (Mt 5.38), retirando da esfera do poder eclesiástico (da igreja) a autoridade para o julgamento de questões civis, passando esta para a esfera do governo civil de cada nação, que tem liberdade para legislar sobre o assunto. E ordenou à igreja, o princípio de não fazer justiça pelas próprias mãos, de estar pronta para suportar injustiças, sem guardar rancor (Mt 5.39-42).
Jesus modificou outros preceitos da Antiga Aliança, além do citado, os quais foram substituídos por novos preceitos, conforme podemos observar no capítulo quinto do evangelho de Mateus.
Não podemos esquecer que muitos preceitos da Antiga Aliança foram dados como normas para regular as relações da sociedade civil da nação de Israel. Eram, por assim dizer, a Constituição daquele país.
Como a Antiga Aliança foi feita exclusivamente com aquela nação, e a Nova Aliança a partir de Jesus, que a substituiu, é estabelecida com pessoas de todas as nações, assim como Deus havia prometido a Abraão, que em Seu descendente (Cristo) seriam abençoadas todas as nações  do  mundo,  então,  seria de se esperar que tal Constituição fosse alterada, inclusive para Israel.
Sempre houve, em todas as nações, mesmo em Israel, aqueles que são de Deus e aqueles que não Lhe pertencem. Os que amam ao Senhor importam-se em cumprir Seus mandamentos e fazer Sua vontade. Isto já não ocorrerá jamais com os que não O amam. Por isso, já  era de se esperar que numa Aliança feita com todas as pessoas de uma nação, como era o caso da Antiga, que foi celebrada no Sinai pela mediação de Moisés, quando o povo saiu do Egito, que a maioria deles a violasse, como de fato ocorreu em todas as gerações de Israel  (Jer 11.1-17; 31.31,32). Pois, mais são os que se perdem do que os que se salvam. São poucos os que dão com a porta estreita da salvação e entram por ela.
É incorreto julgar que a aliança era quebrada ou violada, quando alguém transgredia qualquer mandamento da lei. É bom lembrar que Deus havia feito provisão de meios para o perdão e restauração do transgressor arrependido, especialmente nos ofícios do tabernáculo. Qual foi a resposta que Deus deu à oração de Salomão, consagratória do templo de Jerusalém, quando este conclamou ao Senhor para ser misericordioso com as faltas do povo de Israel, quando entrassem no templo, ou orassem voltados para ele ? Não está  em II Crôn 7.14 ? O perdão era também um mandamento da Lei. A restauração do pecador arrependido era também um dos seus preceitos.
Deus não age portanto em relação àqueles que O temem de modo frio e legalista, quando estes transgridem a Sua Lei, já  que contempla o que está nos seus corações.  Se ali vislumbra uma tênue tristeza pelo pecado, e uma pequena fagulha de arrependimento, move-se de íntima compaixão e assiste e restaura o faltoso pela Sua graça.
A Bíblia está  repleta de exemplos que confirmam esta verdade. Até os assírios da cidade de Nínive foram perdoados nos dias de Jonas, porque se arrependeram de seus pecados. O rei Manassés, que agiu tão perversamente em Judá, foi também perdoado, quando se humilhou perante o Senhor, quando ouviu o pesado juízo que lhe estava reservado caso não se arrependesse.
As maldições previstas na Lei contra a infidelidade de Israel, na Antiga Aliança, eram terríveis, mas não poderiam ser de outro modo, porque Deus lidaria em quase todo o tempo com pessoas ímpias, transgressoras voluntárias da Sua vontade, e que tinham prazer nisso. Não se promulgam tais leis senão para malfeitores (I Tim 1.8-11). Para estes a lei é terrível e pesada. Mas, ela é boa para aqueles que se utilizam dela de modo legítimo, isto é, para aqueles que temem ao Senhor, porque estes, são beneficiados pela Sua misericórdia.
A falta de fé impediu toda uma geração de israelitas de entrar em Canaã. Deus já  havia suportado com paciência muitas murmurações deles, e até mesmo quando fizeram o bezerro de ouro, não lhes sentenciou que toda a nação deixaria de entrar na terra. Mas, quando lhe voltaram as costas desejando voltar para o Egito, aí então receberam a sentença de que não entrariam na terra prometida (Núm 14.1-38). Isto ensina em figura, que a entrada na Canaã celestial não é por obras ou pelos méritos dos homens, mas pela fé em Jesus. Todo o que nEle crê e persevera na fé, confiando em Deus, tem a sua entrada no céu garantida e assegurada.  
Moisés organizou o povo, e designou a ordem das tribos ao redor do tabernáculo, três de cada um dos quatro lados. Isto ensinava que o nosso Deus é o centro da vida do Seu povo, e ninguém mais. Ao mesmo tempo ensina-nos que Ele exige ordem e decência na Sua presença. Esta ordem ao redor do tabernáculo seria desfeita quando eles conquistassem Canaã com Josué, pois cada tribo ocuparia o território que lhe foi designado, exceto a tribo de Levi, que foi separada pelo Senhor para o serviço do santuário e para ensinar a Lei em todo o território de Israel.
O tabernáculo permaneceu em Silo até os dias de Davi, quando foi transferido para Jerusalém, que havia sido conquistada por Davi, dos jebuseus.
As batalhas contra as nações pagãs de Canaã, evidenciavam que os israelitas obtinham vitórias quando obedeciam ao Senhor e marchavam com fé em Suas promessas. Mas eram vencidos quando lhe eram desobedientes. O Senhor mesmo lhes havia advertido através da Lei que isto sempre ocorreria: vitória sobre os inimigos quando guardassem a aliança cumprindo os mandamentos do Senhor, e o contrário, em caso de desobediência.
Isto sempre ocorreu em relação a Israel enquanto vigorou a Antiga Aliança, nos seus quase mil e quinhentos anos, de Moisés a Jesus.
O livro de Josúe narra a conquista e a distribuição da terra de Canaã pelas tribos de Israel.
Jericó era uma cidade de guerreiros e fortificada, com muralhas tão largas que havia até residências sobre elas, como a da prostituta Raabe, que havia acolhido os espias que foram enviados por Josué. Mas as suas muralhas ruíram pelo poder do Senhor enquanto o povo rodeava a cidade e louvava o Seu nome.
Entretanto, uma cidade muito menor em importância, chamada Ai, venceu os israelitas, por causa da desobediência de um único homem chamado Acã, que transgrediu a vontade do Senhor, que havia ordenado que nada do despojo da cidade de Jericó deveria ser tomado pelos israelitas.
Acã e tudo quanto possuía foram apedrejados até a morte, sendo queimados a fogo posteriormente.
Enquanto vivia Moisés, a terra havia se rompido e engolido a Datã, Coré e Abirão, que haviam contestado o governo de Moisés sobre Israel, e principalmente o sacerdócio de Arão. O argumento deles parecia até razoável: Ora, se toda a  nação era abençoada, e todos eram servos do Senhor, porque Moisés e Arão teriam a primazia na liderança da nação ? Estavam esquecidos que Israel não era uma democracia, mas uma teocracia. Deus mesmo havia escolhido Moisés e Arão, e ponto final. Rejeitá-los era o mesmo que rejeitar o Senhor. Era como afirmar indiretamente  que  Ele  havia  errado  na  escolha que fez.
Eles erraram ao incitar o povo contra Moisés e Arão. Foi nesta ocasião que o Senhor confirmou o sacerdócio de Arão trazendo uma peste sobre o povo que só cessou quando Arão intercedeu em favor deles usando o seu incensário. Fogo saiu da parte do Senhor e consumiu os revoltosos, juntamente com outros duzentos e cinquenta príncipes de Israel, que lhes haviam seguido na tentativa de conspiração.
E para dissipar qualquer dúvida sobre a Sua vontade em relação a Arão ordenou que fossem colocadas varas diante da arca representando cada tribo de Israel, sendo que o nome de Arão deveria ser registrado na vara de Levi, tribo à qual pertencia. De todas as varas somente a de Arão floresceu e dava amêndoas.
Estes acontecimentos produziram um grande e saudável temor na geração que conquistaria Canaã com Josué.
Acã ficou sendo um nome equivalente a perturbação. E o lugar onde foi apedrejado ficou sendo conhecido por vale de Acor, que significa perturbação grave e em excesso (Js 7.24,26, Is 65.10).
Mas, como o tempo se encarrega de tudo apagar em nossa memória (daí a importância de estarmos sempre lendo a Bíblia para nada esquecermos) tais incidentes foram esquecidos ou não receberam a devida atenção das gerações posteriores, ao ponto de terem ocorrido sucessivas opressões de povos inimigos no período narrado no livro de Juízes, e que durou cerca de trezentos anos.
Os israelitas transgrediam os mandamentos, idolatravam, então eram subjugados pelas nações inimigas até quando, não suportando mais a opressão, clamavam ao Senhor por livramento, então Ele levantava um juiz (como Gideão e Sansão por exemplo), que os livravam. Experimentando a bênção  da  liberdade, com o passar dos anos, especialmente a geração subsequente voltava a pecar, e aí o ciclo citado se repetia. Isto durou até o Senhor levantar o profeta Samuel, que era reconhecido como homem de Deus por todas as tribos de Israel. Samuel era extremamente fiel à Palavra do Senhor e tinha grande intimidade com Ele. Fundou uma escola de profetas para aprendizado da Palavra e sua disseminação por Israel.
Conclamou o povo a abandonar a idolatria e voltar-se para o Senhor.
Tendo realizado uma profunda reforma na vida religiosa da nação.
A este tempo o povo pediu um rei como o tinham todas as demais nações.
Deus lhes levantou Saul, que era um rei segundo  o coração do povo, isto é, segundo aquilo que eles tinham em mente do padrão ideal para um rei. Mas, como contemporâneo de Saul já  vivia um jovem, segundo o coração de Deus, apesar de sua aparência comum, ser franzino e um pastor de ovelhas. O povo se antecipou pedindo um rei, pois o Senhor já  estava preparando Davi para tal propósito.
Houve guerra entre os seguidores de Saul, depois de sua morte, e os homens de Davi, para que este pudesse assumir o trono. Tudo isto poderia ter sido evitado se o povo soubesse esperar o tempo de Deus.
Davi assumiu o trono cerca de mil anos antes de Cristo, e fez de Jerusalém a capital do reino. Com isto, deu início ao cumprimento da bênção profética de Jacó acerca do seu filho Judá, registrada no livro de Gênesis, cerca de novecentos anos antes, pois afirmou que o cetro jamais se arredaria de Judá (Gên 49.10).
Ora, esta profecia terá  o seu cumprimento final em Jesus, que é descendente de Davi, que era também da cidade de Belém de Judá  (II Sm 7.16).
O rei eterno de Jerusalém será  Jesus, de quem o reinado de Davi foi tipo.
A humildade, a obediência de Davi, e especialmente a sua dependência de Deus são além de inspiradoras, um bom exemplo para ser seguido principalmente por aqueles que têm sido chamados por Deus para serem líderes na igreja.
As vitórias sobre os inimigos eram obtidas porque Ele orava e reconhecia  que  o  Senhor  era  quem  dava  a vitória a Israel sobre as nações inimigas.
Ele era homem de oração e de louvor, como podemos verificar nos Salmos, que são na quase totalidade, de sua autoria. Seu fervor de espírito foi revelado quando dançou com todas as suas forças diante do Senhor, quando trouxe a arca para Jerusalém (II Sm 6.14).
Quando se descuidou da vigilância espiritual e caiu no pecado de adultério com Bate-Seba, veio a arrepender-se profundamente, mais tarde.
Quando fez o censo de Israel sem consultar a vontade do Senhor a respeito, e quando um anjo enviado por Ele já  havia dizimado a população de Jerusalém e se preparava para destruir a cidade, Davi se humilhou na presença do Senhor, e com isto foi ordenado ao anjo que tornasse a colocar a sua espada na bainha.
Este pecado poderia ser perdoado em qualquer outro, mas não em Davi, que estava se deixando mover na ocasião muito mais por interesses políticos do que pelos relativos ao reino de Deus. Ele queria ter a exata noção do tamanho do exército que estava a seu serviço, pensando possivelmente em executar um plano de domínio sobre todas as nações. No entanto, a praga que veio sobre a população dizimou certamente a muitos do exército de Israel. Era Deus quem dava a vitória sobre os inimigos e não o poderio militar da nação. Davi estava se esquecendo disso, mas o castigo do Senhor trouxe-o de volta à visão da fé, de modo a não mais esquecer a quem de fato pertence o poder.
O reinado de Davi foi levantado pelo Senhor para ser tipo do reinado de Jesus, e por isso dissemos que o seu pecado poderia ter sido perdoado na pessoa de um outro rei. Afinal, muito se pede a quem muito é dado.
Não foi este o mesmo caso que se deu com  Moisés quando foi impedido de entrar na terra de Canaã pelo Senhor, em razão da contenda das águas de Meribá ? Ele bateu na rocha em vez de falar à mesma. Indagou ao povo, se porventura o Senhor daria água a pessoas rebeldes como eles. No entanto, Ele havia dito a Moisés que daria água ao povo, como de fato deu, independente das circunstâncias que estavam ocorrendo.
Moisés era tipo de Jesus como profeta (Dt 18.15), e por isso dizemos que este seu pecado poderia ter sido relevado em um outro qualquer, mas não nele.
Por isso a igreja de Cristo deve orar muito em favor daqueles que são investidos pelo Senhor em posições de liderança, especialmente pelos pastores, pois estão expostos a um maior juízo em relação ao pecado.
Davi desde pequenino enfrentou várias tribulações com firmeza de fé no Senhor, como a vitória que Deus lhe deu por causa da sua fé, sobre o gigante Golias. Mas, foi exatamente por isso que o seu nome é lembrado e reverenciado pelos israelitas até os dias de hoje. E sua vida é uma inspiração para a igreja de Cristo, porque nos revela que Deus de fato exalta àquele que se humilha, e que aperfeiçoa o caráter dos seus filhos por meio de muitas provações.
Deste modo, todos os reis que viveram em obediência ao Senhor e não se importaram em serem populares agradando a homens, não somente foram abençoados como abençoaram a nação.
E por outro lado, aqueles que consentiram em manter os altares espalhados pela nação para adoração de outros deuses, e que não governaram pela Palavra do Senhor, foram mal sucedidos, como também sujeitaram a nação aos juízos de Deus, que culminariam com a expulsão dos israelitas do seu território, sendo espalhados pelas nações, através dos cativeiros assírio e babilônico. Tudo isto está  registrado nos livros dos Reis e de Crônicas.
A nação de Israel, através dos juízos que recebeu da parte de Deus em razão do pecado, tendo sido até expulsa da terra prometida, tornou-se exemplo para a igreja de Cristo, no sentido de nos ensinar que o pecado é o que pode efetivamente afastar-nos da presença de Deus, e que devemos zelar para não viver pecando, pois fomos libertados da escravidão do pecado, por meio da morte de Cristo, tendo sido batizados na Sua própria morte, para que a Sua vida ressurrecta seja a nova vida na qual devemos viver, pois somente ela pode garantir a vitória sobre o pecado que tão de perto nos assedia por todos os dias da nossa vida (Rom 6).
Salomão recebeu sabedoria e riqueza como nenhum outro homem teve antes dele ou terá  depois, conforme lhe fora  prometido  pelo  Senhor.  A  prova  da sabedoria que recebeu está nos livros de Eclesiastes e Cantares, que são de sua autoria, e na maioria das citações do livro de Provérbios que são também de sua autoria. Mas, a sua riqueza acabou ofuscando a sua sabedoria, uma vez que chegou a perder o temor do Senhor, vindo a permitir que em Israel fossem erigidos altares a divindades de outras nações, por atender ao pedido de suas esposas, com as quais casou para estabelecer alianças políticas e estender as fronteiras e o domínio do seu reino.
Por isso Jesus afirma que não podemos servir a Deus e ao dinheiro. E o Espírito Santo nos adverte através do apóstolo Paulo que o amor do dinheiro é a raiz de todos os males (I Tim 6.9,10).
Quando o que nos move na obra do Senhor já não são exclusivamente os interesses do reino de Deus, mas o alvo de ter sucesso ou dinheiro, poderemos até a vir a nos desviar da fé, como ocorreu com Salomão, que havia, dantes, sido poderosamente usado pelo Senhor.
Em razão da idolatria de Salomão, o reino que era  um  só para todas as tribos, daí ser chamado de Reino Unido (Saul, Davi e Salomão), foi dividido por Deus em dois segmentos: dez tribos ao norte, que passaram a ter sua capital em Samaria, a partir do rei Onri, que foram designadas como Israel ou Reino do Norte; e a tribo de Judá, ao Sul, onde estava o templo em Jerusalém, chamada de Reino do Sul ou Judá, em que se perpetuaria no trono a descendência de Davi até ao tempo do cativeiro babilônico.
Ambos os reinos foram para o cativeiro por terem transgredido a aliança e especialmente em razão da idolatria que foi introduzida como religião oficial do Reino do Norte com o seu primeiro rei, chamado Jeroboão I, que estabeleceu o culto ao bezerro, tendo feito dois bezerros de ouro, colocando um em Dã e outro em Betel, movido pelo interesse político de manter os israelitas no seu próprio território, evitando que fossem adorar a Deus no templo que ficava no Reino do Sul.
A idolatria se expandiu muito em Israel a partir dos dias do rei Acabe, que começou a reinar em 874 a.C. Para protestar contra tal avanço do culto a Baal, Deus levantou os profetas Elias e Eliseu para principalmente convencer àquela geração que somente Ele é Deus e não Baal.
A fidelidade de Davi devia ter sido esquecida pois quando Acabe começou a reinar Ele já  havia morrido há  cerca de cem anos.
Israel foi levado em cativeiro pela Assíria em 722 a.C., e Judá para Babilônia, em 586 a.C. Estas são as datas das levas finais de cativos.
A maior parte dos profetas escritores, com exceção de Ageu, Zacarias e Malaquias, realizou o seu ministério durante o período do Reino Dividido (931 a.C. a 586 a.C.). Alguns no Reino do Sul, e outros no Reino do Norte, ou em ambos. (Consulte sua tabela cronológica para obter maiores informações sobre isto).
Enquanto o Senhor protestava através deles contra o pecado de Israel ou de Judá, e das nações dos seus dias, revelava-lhes também visões referentes ao ministério de Jesus e do tempo do fim. Ao mesmo tempo que repreendia a infidelidade da nação pelo ministério dos profetas, o Senhor lhes infundia esperança pelas promessas de restauração futura, de modo que isto lhes serviria de consolação durante o período que permaneceriam no cativeiro, de forma a saberem que não haviam sido abandonados definitivamente por Ele, mesmo em face de estarem sendo submetidos à disciplina da aliança.
Lembre-se que era a Antiga Aliança que ainda estava em vigor. Esta só seria substituída pela Nova a partir da morte de Jesus.
O templo de Jerusalém, que havia sido construído por Salomão, foi destruído pelos babilônios, quando Judá  foi levado para o cativeiro.
Mas quando os babilônios foram vencidos pelos medo-persas, estes decretaram o retorno dos judeus para a sua própria terra, sendo iniciadas imediatamente as obras de reconstrução do templo em 536 a.C. Mas, por oposição dos samaritanos estas  foram  paralisadas, e  isto permaneceu até 520 a.C., quando foram reiniciadas, tendo Deus levantado os profetas Ageu e Zacarias para animar e incentivar o povo na reconstrução, tendo o templo sido concluído em 516 a.C.
Era bem mais humilde, comparado ao templo de Salomão, tendo sido ampliado pelo rei Herodes, próximo dos dias de Jesus, passando a ter o esplendor que encantou todo o mundo de então, pois Herodes, sendo Idumeu, querendo agradar politicamente os judeus, começou tal remodelação do templo.
Voltemos a 516 a.C. O templo fora reconstruído, mas os muros de Jerusalém permaneciam destruídos, e o renovado interesse pela Palavra de Deus, que havia surgido no retorno à Palestina, tendo os judeus sido convencidos que o motivo do cativeiro foi a idolatria dos seus antepassados, necessitava ser reforçado.
Para tanto, o Senhor moveu o coração de Esdras para lhes ensinar a Palavra e preparar homens para o mesmo propósito, tendo daí surgido os escribas, que faziam cópias das Escrituras e as interpretavam para o povo. Este veio para Jerusalém em 458 a.C.
Outro que foi movido pelo Senhor na mesma época foi Neemias, que veio para governar a cidade e reconstruir os seus muros, por volta de  444 a.C.
Como o pecado tão de perto assedia o homem, mesmo com toda a ação de Esdras, Neemias e dos profetas Ageu e Zacarias, o povo voltaria a se  afastar  do Senhor, e por isso Malaquias foi levantado como o último profeta deste chamado Período da Restauração, para protestar contra a infidelidade do povo.
Pertence também a tal período a narrativa do livro de Ester que revela como os judeus foram livrados do extermínio que havia sido planejado pelo general persa Hamã.

O Período Interbíblico                                                                                                                                                        

Desde Malaquias nenhum profeta foi levantado por Deus em Israel, por cerca de quatrocentos anos, até que viesse João Batista como precursor de Jesus, conforme havia sido predito pelo Espírito através do profeta Isaías. João é o último profeta da Antiga Aliança que veio revelar Aquele que seria o Mediador da Nova Aliança. Mas como precursor de Jesus ele pregou o evangelho, pelo arrependimento e fé em Jesus para a remissão dos pecados.
Nestes quatrocentos anos entre Malaquias e João Batista, Deus estava preparando o mundo para que Jesus viesse e o evangelho pudesse ser espalhado por todas as nações da terra, dando assim, cumprimento à promessa feita a Abraão, que era também uma revelação do Seu propósito eterno de fazer convergir todas as coisas em Jesus Cristo.
No Período Interbíblico, como são conhecidos os quatrocentos anos em que nenhum profeta se levantou em Israel, os dois reinos que preparariam o caminho para a pregação do evangelho foram os impérios grego e romano. O primeiro dando a língua grega ao mundo, na qual foi escrito o evangelho, e que também por ordem de Alexandre, o Grande, o Velho Testamento foi vertido para o grego em Alexandria, depois da sua morte, formando a versão  chamada  Septuaginta;  tudo  isto já estava determinado por Deus para disseminar a Sua Palavra em todo o mundo, pois estavam se aproximando os dias em que a Antiga Aliança seria substituída pela Nova.
Os romanos teriam também grande importância criando estradas ligando todo o mundo conhecido de então para que por elas passassem suas legiões de soldados. Jesus viria portanto na plenitude dos tempos, quando as condições facilitassem a propagação do evangelho no mundo. Vale lembrar também que os cativeiros que espalharam os israelitas pelo mundo fez com que estes formassem sinagogas por toda a parte para cultuarem a Deus, tendo o evangelho sido pregado nas mesmas, e ao povo gentio, que através delas havia tomado conhecimento da lei do Deus de Israel.
Os escribas que se levantaram nas gerações posteriores aos escribas dos dias de Esdras, que eram sinceros e tementes a Deus e que interpretavam fielmente a Sua Palavra, não foram, em sua maioria movidos pelos mesmos sentimentos que havia nos primeiros escribas, e começaram a acrescentar ensinamentos em suas interpretações que eram totalmente estranhos à verdade revelada. Por  exemplo, eles  ensinavam  que  o próximo deveria ser amado, mas os inimigos odiados. Nada há  na lei de Moisés, nos livros históricos e poéticos e nos profetas, qualquer afirmação para se odiar os inimigos. Por isso Jesus corrigiu tal ensino no sermão do monte, pregando o dever de se amar os inimigos e não odiá-los.
Além dos escribas, surgiu no Período Interbíblico uma seita formada por religiosos que incorreram no mesmo erro legalista dos escribas. Estes se consideravam os santos de Israel, os separados, como  designava  o  seu nome: os fariseus. Na verdade eram homens de grande ambição, pois o seu real desejo não era servir ao Senhor, mas ter influência no Sinédrio, que era o tribunal que tinha poder sobre todos os judeus, mesmo os espalhados pelo mundo, no tocante às questões religiosas. As civis e políticas eram da competência dos romanos, aos quais estava sujeita a nação. Os reis de Israel eram escolhidos por eles, como os Herodes, que sequer eram judeus.
Não passavam de representantes do poder romano, que designavam procuradores e cônsules para todas as províncias sob o seu domínio. A estes cabia verificar se os interesses do império romano estavam sendo observados pelas nações subjugadas.
Os romanos não se intrometiam nas questões religiosas, mas regiam as nações com mãos de ferro, no que tangia às questões civis.
O Sinédrio era presidido pelos sacerdotes de Israel, assistidos pelos fariseus e também por outro grupo, os saduceus, cuja influência se fazia mais presente no templo, e que eram movidos mais pelo interesse político do que pelo religioso. Daí o grande comércio que era feito nas instalações do templo, que Jesus condenou veementemente.
Ele confrontou também a visão carnal que os judeus passaram a ter do reino de Deus, tanto os líderes religiosos quanto o povo em geral.
Haviam perdido a fé, e com ela a justiça, o amor  e a misericórdia. Davam mais importância ao ritualismo que haviam elaborado para a guarda do sábado, do que ao próprio homem. O sábado foi estabelecido como dia de descanso para o homem, como indicava a própria palavra “Sabath”, e não o homem para o sábado.
Jejuavam para parecerem espirituais aos homens, e não para intensificarem a comunhão com Deus.
O sistema religioso que haviam elaborado depois de Esdras, durante os quatrocentos anos do Período Interbíblico, havia desfigurado de tal forma a verdade da Palavra de Deus, que Jesus afirmou que eles a invalidaram substituindo-a por mandamentos de homens, que haviam desenvolvido ao longo dos anos através da tradição rabínica, que formou o sistema que até hoje é conhecido como judaísmo.
O judaísmo é portanto uma invenção dos homens. Não é sequer a prática da Antiga Aliança conforme fora dada por Deus a Moisés.
O legalismo do judaísmo não estava fundado portanto na Palavra do Senhor, mas na tradição rabínica.
O Senhor havia declarado aos líderes de Israel, nos dias do Seu ministério terreno, que eles erravam por não conhecerem as Escrituras e o poder de Deus. Mas importava que aquela geração não reconhecesse   o Senhor, como a respeito deles estava escrito, para que sendo rejeitado pelos judeus, pudesse o evangelho ser oferecido aos gentios.
“De sorte que neles se cumpre a profecia de Isaías: Ouvireis com os ouvidos, e de nenhum modo entendereis; vereis com os olhos e de nenhum modo percebereis. Porque o coração deste povo está endurecido, de mau grado ouviram com os seus ouvidos, e fecharam os seus olhos; para não suceder que vejam com os olhos, ouçam com os ouvidos, entendam com o coração, se convertam e sejam por mim curados.” (Mt 13.14
Silvio Dutra Alves
Enviado por Silvio Dutra Alves em 18/12/2013
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