Conhecimento e Sabedoria
1 - Conhecimento
Há um conhecimento natural que todos os homens podem alcançar, dentro de certos limites, e um conhecimento espiritual que somente aqueles que são nascidos do Espírito Santo podem obter.
Tanto num caso como noutro (natural e espiritual) pode existir progresso no aumento do conhecimento, sendo que no que tange ao espiritual, isto será possível não apenas mediante o nosso esforço em diligência para adquirir o citado conhecimento, como também somos dependentes da iluminação e revelação do Espírito Santo, e daí a necessidade da oração e da prática da Palavra de Deus.
Um bom caráter, será o fator principal gerador de uma boa consciência, em uma maior aplicação para o desenvolvimento e aperfeiçoamento de nossa inteligência intelectual e emocional, notadamente no que se refere ao campo espiritual, e muito contribuirá para uma maior aquisição de conhecimento das coisas espirituais, celestiais e divinas, porque, apesar de Deus trabalhar com a nova natureza que recebemos pela fé em Cristo, tudo reflete no homem total que somos, a saber, corpo, alma e espírito.
O conhecimento espiritual no qual o cristão deve se empenhar para o seu crescimento é o relativo à graça de Jesus, ou seja, em tudo o que é chamado a receber e a viver segundo lhe está disponibilizado em Cristo, pela sua graça, 2 Pe 3.18.
2 – Sabedoria
Sabedoria, biblicamente falando, abrange muito mais do que a definição clássica de se fazer o uso adequado dos conhecimentos adquiridos.
Este é um assunto por demais extenso, e por isso gostaríamos de resumi-lo ao enfoque da sabedoria e sensatez que é segundo Deus, e o da sabedoria e sensatez que é segundo o mundo.
O próprio texto grego do original do Novo Testamento nos ajuda muito no estabelecimento de tal distinção porque possui palavras específicas para indicar um uso mais preciso das referidas palavras.
Por exemplo: a palavra sábio no grego, quando indica o tipo de conhecimento, habilidades e mentalidade adquiridos, é geralmente fronimos.
E quando indica o conjunto de conhecimentos e o modo da sua aplicação, a palavra geralmente usada é sofós.
Agora, tanto num caso, como no outro, é possível ser sábio e sensato segundo Deus, nas coisas espirituais, celestiais e divinas; ou então ser sábio segundo o mundo e a carne apenas nas coisas terrenas e naturais, ou então nas do reino espiritual da maldade.
Toda pessoa chega a este mundo naturalmente desprovida do conhecimento de Deus, e portanto não pode possuir a sensatez, a sabedoria, a prudência e inteligência divinas, traduzidas no modo de discernir todas as pessoas e coisas, segundo o modo de Deus discerni-las.
Tal sabedoria, somente pode ser adquirida, e crescer em graus, mediante a conversão e consagração a Cristo.
Nós lemos em I Cor 1.26,27 o seguinte:
“Irmãos, reparai, pois, na vossa vocação; visto que não foram chamados muitos sábios segundo a carne, nem muitos poderosos, nem muitos de nobre nascimento; pelo contrário, Deus escolheu as coisas loucas do mundo para envergonhar os sábios e escolheu as coisas fracas do mundo para envergonhar as fortes;”
A expressão “as coisas loucas” foi traduzida da palavra grega, morós, usada por Paulo no original grego, no gênero neutro, a qual significa néscio, insensato, tolo ou estulto. Significado este, que encontramos nos demais textos do Novo Testamento que utilizam a referida palavra.
Como a referência “as coisas loucas” está em contraposição à citação “os sábios”, então teríamos uma melhor tradução com “Deus escolheu os insensatos, ou tolos, do mundo, para envergonhar os sábios”.
Mas Deus pode escolher e amar pessoas insensatas?
Sim. Deus pode amar o insensato e não a sua insensatez.
Os crentes estão também sujeitos a serem insensatos, ou seja, a não terem discernimento, não como um atributo permanente, mas por lapsos avulsos de bom senso.
Todavia, em Ef 5.17 os crentes são convocados a não serem insensatos, mas procurar saber a vontade de Deus.
Mesmo crentes estão sujeitos a serem sábios segundo o mundo em muitos sentidos, mas eles têm o que o mundo não tem, que é a fonte da verdadeira sabedoria habitando neles, a qual é Cristo, e que pode levá-los a terem cada vez mais a sabedoria que é segundo Deus.
Pela rápida exploração destes conceitos relativos à sabedoria, podemos entender que não é à toa que Deus nos ordena a não nos gloriarmos na nossa sabedoria, Jer 9.23, porque ela está sujeita a diversas limitações em si mesma, e não responde por si só, a tudo o que compõe a nossa personalidade.
Silvio Dutra Alves
Enviado por Silvio Dutra Alves em 22/12/2013