Legado Puritano
Quando a Piedade Tinha o Poder
Textos
Vontade e Inclinação Moral e Espiritual
Por vontade entendemos muito mais do que a faculdade da mente humana em fazer escolhas e tomar decisões, porque a vontade não é um poder soberano em nós, uma vez que pode ser influenciada por diversos fatores que pesarão preponderantemente em muitas das nossas escolhas e decisões, que apesar de serem o fruto do exercício de nossa vontade, pode-se dizer das mesmas que foram involuntárias, em diversas situações, ou seja, quando não nos achávamos no domínio pleno destas escolhas e decisões.
Daí termos associado à vontade, a nossa inclinação moral e espiritual, porque por um conjunto de fatores que não chegamos a compreender muito bem, há toda uma disposição diferenciada de pessoa para pessoa para pender para os mais diversos tipos de ânimo, espírito, temperamento, humor, padrões de obediência e de rebelião, enfim, de todo o somatório de poderes que operam na mente, no espírito e corpo de cada pessoa, e que determinam o seu pendor ou inclinação moral e espiritual.
De um modo geral, toda a humanidade se encontra naturalmente indisposta para as coisas espirituais, celestiais e divinas, e isto configura, na verdade, um estado de inimizade e oposição a tudo o que se refira efetivamente à vontade de Deus e seus mandamentos.
Mas, mesmo neste caso, alguns possuem um pendor natural para as coisas que são consideradas comportamentalmente aprovadas pela sociedade, e outros que vão na direção contrária a isto. E nem sempre uma chamada boa educação pode responder sozinha para a determinação de um bom comportamento.
Há vários fatores intrínsecos formadores da própria personalidade que preponderam sobre tudo o mais que se possa fazer de esforço para melhorar o procedimento daqueles que costumam fazer um uso inadequado da vontade por seguirem inclinações perniciosas inerentes à sua própria constituição interior.
Pessoas há que simplesmente não se permitem serem amoldadas por boas influências externas, sejam elas de qual natureza forem, naturais ou espirituais. E isto permanece como um grande mistério até hoje para todos nós, porque sucede assim.
Deus, que é o criador de tudo e de todos, não criou qualquer tipo de mal moral ou espiritual.
Portanto, não se pode atribuir isto a uma falha de fabricação, mas a um fator estranho que se introduziu não somente na criação dos homens, como também na dos anjos que se transformaram em demônios, porque sendo ambos seres morais, dotados de vontade própria, escolheram e se inclinaram para longe de Deus e do padrão de vida e de comportamento que nele existem e que dele emanam para todas as suas criaturas que lhe são obedientes.
Mas, no melhor dos homens, em razão da inimizade natural pecaminosa que há em todos, há a necessidade de nos esforçarmos para nos inclinarmos para as coisas que são de Deus, segundo o pendor do Espírito Santo, para que possamos ter a nossa vontade sendo dirigida pela boa, perfeita e agradável vontade de Deus, em tudo o que é justo e santo, Rom 8.6-13; 12.1,2.  
Assim, bem irá ao que se arrepender e se humilhar diante de Deus reconhecendo a sua plena dependência dele para tudo o que é bom e aprovado, uma vez observadas todas as limitações e dificuldades a que estamos naturalmente expostos.
Silvio Dutra Alves
Enviado por Silvio Dutra Alves em 22/12/2013
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