Legado Puritano
Quando a Piedade Tinha o Poder
Textos
A Humildade de Cristo em Nós - Parte 1
Tal como Jesus é, somos também chamados a ser neste mundo, seguindo as Suas pegadas de amor, graça e misericórdia.
Sem isto, o nosso zelo, sem discernimento destas verdades, somente servirá para produzir feridas em nós mesmos e naqueles que estão ao nosso redor, porque será um zelo sem amor e misericórdia; um zelo com muita ousadia e nenhuma moderação, porque temos recebido o Espírito de ousadia, mas Ele é também Espírito de amor e de moderação.
Lembremos portanto, que Deus detesta o pecado mas pode e quer perdoar qualquer tipo de pecado, exceto a blasfêmia contra o Espírito Santo.    
Nós lemos o seguinte registro no diário de David Brainerd, missionário entre os índios americanos, depois dele ter passado alguns dias se lamentando por suas próprias misérias e inabilidade para fazer a obra missionária, por julgar estar obtendo pouco fruto para Deus no trabalho que realizava:
“Sábado, 13 de agosto: Fui capacitado pela oração secreta a elevar minha alma a Deus, com desejo e prazer... Todas as minhas tristezas antigas pareciam desaparecer docemente... Eu desejava que outros deveriam saber quão bom é Deus. Minha alma estava cheia de ternura e amor, até mesmo para com o mais inveterado de meus inimigos. Eu desejei compartilhar com eles a mesma misericórdia e amor que Deus teve para comigo... Que Deus me ajude a ser sempre assim! Amém! Amém!”.
Depois de uma semana, estando muito enfraquecido e doente com a tuberculose que o devastava, há anos, escreveu:
Domingo, 21 de agosto: “Ao meio dia, eu caí diante do meu Deus, gemendo debaixo da minha vileza e esterilidade, e sentia como fosse culpado de assassinar almas, falando com almas imortais da maneira como fizera até então. À tarde Deus se agradou de me dar alguma ajuda, e me foi permitido confirmar em meus ouvintes a natureza e necessidade do verdadeiro arrependimento.”.
     “Segunda-feira, 22 de agosto: “... Tive alguns intensos e apaixonados desejos de alma por uma maior santidade, e manifestações muito claras da minha incapacidade absoluta para obter, ou trabalhar isto em mim, por ser devido completamente ao poder de Deus. Oh! Com que ternura e amor desejo abastecer de santidade a minha alma! Eu quero adquirir uma conformidade a Deus, mas ai! Eu não posso acrescentar um côvado de graça à minha estatura. Porém minha alma nunca deve deixar de se esforçar por isto, ou pelo menos gemer por não poder se esforçar por isto, e obter maior pureza de coração.
À noite eu gastei algum tempo instruindo o meu pobre povo. Oh, que Deus tenha misericórdia de suas almas!”.
“Terça-feira, 6 de dezembro: Fiquei desconcertado em ver a vaidade e leviandade de cristãos professos. Passei a noite com um amigo crente que foi capaz em alguma medida de simpatizar comigo em meus conflitos espirituais. Achei um pouco de refrigério em pode contar com uma pessoa com a qual pudesse conversar sobre tentações interiores.”.
O testemunho pessoal de Brainerd nos revela o caráter essencial do que é o evangelho, e o que é a vida com Deus, que é produzida por ele em nós.
Consequentemente, os crentes não devem mais viver como viviam antes da sua conversão.          
Eles foram chamados para viverem em unidade em amor, no poder e instrução do Espírito.  
Então a unidade referida pelo apóstolo é tanto unidade de mente, incluídos aí os pensamentos e a vontade; quanto de coração.  
O homem não pode produzir isto. É fruto da graça de Deus. Mas não podemos ter isto se não o buscarmos e se não formos diligentes nesta busca.

Os crentes não devem ter um espírito de oposição porque Cristo veio desfazer todas as inimizades.
Não há portanto maior inimigo para um crente do que o orgulho e a paixão, que nos levam a fazer as coisas em contradição a nossos irmãos.
Quando as fazemos para ostentarmos a nós mesmos, nós destruímos o amor cristão.
Lembremos que sem Cristo nada podemos fazer em relação às coisas celestiais, espirituais e divinas.
Até mesmo para a nossa obediência a Ele, o nosso coração e vontade devem ser dispostos pelo Seu poder e graça para isto.
É Ele quem efetua em nós o querer e o realizar.
Isto explica porque faraó permaneceu endurecido por Deus nos dias de Moisés, mesmo em face dos sucessivos juízos a que foi submetido.
Se o Senhor não nos conduzir ao arrependimento pela Sua bondade, permanecemos endurecidos e incapazes de obedecê-lO, fazendo Sua vontade.
Então, não está em nós, a capacidade para produzir esta vida de Deus.
Isto explica a necessidade de termos um derramar contínuo da graça e do amor do Espírito Santo em nossos corações.      
Cristo veio nos humilhar, e então não deve existir entre nós um espírito de orgulho.
Nós temos que ser severos com nossas próprias faltas, e misericordiosos com os julgamentos que fazemos das faltas dos outros.
Um espírito egoísta destrói o amor cristão. Por isso não devemos buscar aquilo que seja do nosso próprio interesse sem levar em conta o que é do interesse dos outros.
Nós temos que amar o nosso próximo como a nós mesmos, sabendo que nós, tanto quanto eles, estávamos destituídos da graça de Jesus, em completa situação de miséria e debaixo de uma condenação eterna.  
Importa fazer valer portanto sobretudo a misericórdia e a humildade em nosso testemunho de vida.  
Jesus nos deixou o exemplo supremo disto para que seguíssemos os Seus passos. Se o fizermos somos bem-aventurados e temos a aprovação de Deus.
A Igreja de Filipos estava comunicando com as necessidades de Paulo na prisão, mas ele estava lhes lembrando que ainda que dessem todos os seus bens aos pobres, e ainda que dessem o corpo deles à fogueira, se eles não vivessem na unidade do amor de Cristo, em humildade, nada disto lhes aproveitaria.  
Os que são de Cristo devem viver como Cristo  viveu neste mundo deixando-nos o Seu exemplo para ser seguido por nós.
Silvio Dutra Alves
Enviado por Silvio Dutra Alves em 23/01/2014
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