A Humildade de Cristo em Nós - Parte 2
Cristo era totalmente manso e humilde de coração, como Ele próprio afirma em Mt 11.29.
Em tudo o que fez nunca estava buscando ser servido, mas servir; nunca estava buscando o que era do Seu interesse, mas buscar e salvar o que se havia perdido, como vemos em Lc 19.10; e tão intenso foi o Seu serviço em favor dos homens, que não tinha sequer onde reclinar a Sua cabeça, e raramente tirava tempo para descansar.
Ele se gastou completamente por amor aos pecadores, até à morte na cruz.
Paulo chamou o exemplo de Cristo para alertar os filipenses porque ninguém jamais poderá se humilhar tanto quanto Cristo se humilhou, porque Ele não era nenhum homem pecador, mas se fez homem, sendo Deus, exaltado à destra do Pai, coroado de honra e glória diante dos serafins, querubins, arcanjos e anjos no céu.
E o que Jesus fez?
Humilhou-se a si mesmo, esvaziando-se e tomando a forma de servo, assumindo a natureza do homem, apesar de ser Deus, como Paulo afirma nos versos 6 a 8 deste segundo capítulo de Filipenses.
Ele fez isto porque era governado completamente por um sentimento de humildade e não de orgulho.
E é este mesmo sentimento de Cristo que todos os crentes devem ter, conforme se ordena no verso 5.
Cristo não considerou uma desonra o fato de ter sido feito menor do que os anjos, ainda que por um determinado período, a saber, enquanto viveu neste mundo esvaziado da Sua glória divina, como vemos em Hb 2.9, porque considerou maior coisa fazer a vontade do Pai relativamente à salvação dos pecadores.
Os crentes têm um serviço para fazer para Deus, que é a continuidade do mesmo serviço de Cristo, e para tanto eles necessitam ter o mesmo sentimento de humildade que houve em Cristo Jesus.
Jesus comprovou a Sua humildade através da Sua obediência ao Pai, como vemos no verso 8, e é do mesmo modo que a nossa humildade é comprovada diante de Deus, a saber, na nossa obediência a Ele.
Jesus se manifestou também para o propósito de nos ensinar qual é o modo correto de se viver para Deus.
E este modo que ele nos revelou é em completa submissão e serviço, escolhendo fazer a vontade de Deus, em vez da nossa própria vontade, e gastando-se inteiramente na Sua obra, porque afinal nos deu vida para que trabalhássemos para Ele.
Fomos colocados neste mundo para tal propósito, e bem-aventurados são todos aqueles que não somente descobrem isto, como também se aplicam a isto.
A humilhação voluntária de Jesus se comprova também no fato de que Ele tem o nome que é sobre todo o nome, como vemos no nono verso deste segundo capitulo de Filipenses; e por isso, ao nome de Jesus se dobra e se dobrará todo joelho dos que estão nos céus, na terra e debaixo da terra, e toda língua confessa e confessará que Jesus é Senhor, como se afirma nos versos 10 e 11.
Isto porque Ele sempre foi e será o Senhor de tudo e de todos.
E como se viu Este que é o Senhor em Seu ministério terreno?
Na forma de servo e em completa humildade.
Servo na verdadeira acepção da palavra, ou seja, servindo de fato tanto a Deus quanto aos homens criados à Sua imagem e semelhança.
E como devem ser e andarem então os crentes, os quais não estavam na glória do céu antes de serem gerados, e que nunca tiveram e jamais terão a mesma intensidade de glória do Senhor deles?
Caberia se deixarem dominar por qualquer forma de orgulho ou vanglória ao se compararem com o Senhor deles, no exemplo que lhes deixou para ser seguido por eles?
Jesus viveu suportando pacientemente a maldade dos homens, em grande pobreza a ponto de não ter onde reclinar a cabeça; viveu de ofertas e sabia o que era a aflição; não viveu em pompa externa e não buscou nenhuma posição que o exaltasse sobre os demais homens, buscando fama e honrarias deste mundo.
Ele não deu somente o Seu serviço aos homens mas sobretudo a Sua própria vida morrendo por eles na cruz.
Ninguém nunca desceu tanto ou poderá descer tanto em humilhação, tanto quanto nosso Senhor, porque Ele estava na glória do céu quando veio assumir a nossa humanidade, ao ser gerado com um corpo humano no ventre de Maria.
Ele passou a ter a natureza humana além da natureza divina na qual Ele subsistia, e consentiu, apesar de sua perfeição gloriosa, em suportar conviver com pecadores falhos, impuros, imperfeitos e ignorantes como nós.
Se Ele não tivesse feito isto, jamais poderíamos receber a natureza divina para estar em nós, além da nossa natureza humana.
Para nós, receber a natureza divina é uma grande honra e glória. Mas para Cristo, assumir a nossa natureza humana, sendo Deus, foi uma grande humilhação, mas a Palavra nos afirma que Ele não se envergonhou disto, porque não se envergonha em nos chamar de irmãos, por ter-se feito semelhante a nós, como lemos em Hb 2.11 e 11.16.
Em face dos argumentos apresentados quanto à humilhação de Cristo e da consequente exaltação relativa à recompensa da Sua humilhação, e da necessidade de os crentes seguir o Seu exemplo, o apóstolo afirmou logo em seguida no verso 12 que a consequência lógica e natural de tudo isto é que todos os crentes devem desenvolver a sua salvação com temor e tremor; ou seja, os crentes devem ter a devida consideração para com estas verdades, quanto ao que é esperado deles, de maneira que se tornem semelhantes ao Seu Senhor.
Desenvolver a salvação nada mais é do que se santificar em obediência à vontade de Deus.
Não somos naturalmente humildes.
Ao contrário, somos governados pela carne.
Por isso é preciso mortificar a carne para que possamos ser governados pelo Espírito Santo, e assim, crescermos em humildade diante de Deus, para que Ele possa nos transformar segundo a semelhança de Cristo.
Silvio Dutra Alves
Enviado por Silvio Dutra Alves em 23/01/2014