Legado Puritano
Quando a Piedade Tinha o Poder
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Como Deus Vê a Idolatria – Deuteronômio 12
Da grande verdade que há somente um Deus surgem todas as grandes leis fundamentais, especialmente a de que somente este Deus deve ser adorado, e que nós não devemos ter nenhum outro deus diante dEle, e por isto este é o primeiro dos dez mandamentos, e o segundo está relacionado ao primeiro.
A mão que sempre está por detrás de toda falsa adoração, de toda idolatria a falsos deuses é a de Satanás, o arquiinimigo de Deus.
No livro de Deuteronômio o culto a falsos deuses está relacionado à operação dos demônios:
“Ofereceram sacrifícios aos demônios, não a Deus, a deuses que não haviam conhecido, deuses novos que apareceram há pouco, aos quais os vossos pais não temeram.” (Dt 32.17).
E em Levítico encontramos também a seguinte citação do próprio Deus:
“E nunca mais oferecerão os seus sacrifícios aos demônios, após os quais eles se prostituem; isso lhes será por estatuto perpétuo pelas suas gerações.” (Lev 17.7).
O que se tem em vista então com a proibição da idolatria não é a simples escolha de uma forma de adoração diferente da única verdadeira, mas a associação com Satanás e os demônios.
Na verdade, não há alternativas diferentes para os homens a não ser a de estar a serviço do reino da Luz, ou então do reino das trevas.
Quem não se junta ao Senhor Jesus, espalha, e permanece debaixo da escravidão do pecado e do diabo.
Quem está fora do governo do Senhor, está automaticamente debaixo do governo de Satanás.
Por isso, o primeiro mandamento aponta para o dever de todo homem de reconhecer a Deus como o único soberano e Senhor de sua alma, porque se alguém se rebela contra isto, e não se coloca debaixo do governo de Deus, ficará como a Bíblia ensina sob o governo de Satanás, onde na verdade, todo homem se encontra, antes que seja libertado pela fé em Cristo.
“Eu, que sou a luz, vim ao mundo, para que todo aquele que crê em mim não permaneça nas trevas.” (Jo 12.46).
“para lhes abrir os olhos a fim de que se convertam das trevas à luz, e do poder de Satanás a Deus, para que recebam remissão de pecados e herança entre aqueles que são santificados pela fé em mim.” (At 26.18).
“pois outrora éreis trevas, mas agora sois luz no Senhor; andai como filhos da luz” (Ef 5.8).
“e que nos tirou do poder das trevas, e nos transportou para o reino do seu Filho amado;” (Col 1.13).
Vemos desta forma, que não é sem razão que são insistentes em toda a Lei de Moisés as exortações contra a adoração de falsos deuses, e particularmente contra a idolatria.
E, não são menores as exortações de que os israelitas se apegassem ao Senhor de todo o seu coração e que aprendessem, ensinassem e cumprissem os Seus mandamentos, em todos os dias das suas vidas, porque apesar de fazerem parte do povo da aliança, qualquer um deles que não estivesse ligado a Deus pela fé, permanecia na condição de escravo do pecado e de Satanás, portanto propenso a atender-lhe os desígnios malignos expressados nas obras infrutíferas das trevas.
A história de Israel comprovou que toda a insistência da Lei não foi capaz de impedir que se desviassem do Senhor, em sua grande maioria, e em todas as suas gerações.
Eles viriam a destruir os ídolos e altares dos falsos deuses em Canaã, mas fariam tal como fizera Jeú nos dias dos reis, que sob o mandado de Deus exterminou com a dinastia de Acabe e com o culto idolátrico a Baal em Israel, sem que, todavia ele mesmo se voltasse de todo o seu coração para o Senhor.
Quem não é pelo Senhor, é contra Ele.
Ainda que o homem não se julgue inimigo de Deus e não deseje ser amigo de Satanás, em seu espírito, se ele não se converter de todo o seu coração ao Senhor, viverá em inimizade contra Deus, e estará debaixo da Sua ira, por causa da nautrezas terrena que todos possuímos.
Somente Jesus pode amarrar o valente (Satanás) e libertar o pecador do seu senhorio tirânico. Mas Ele somente poderá libertar aqueles que renunciarem às trevas, para virem para a Sua maravilhosa Luz.
O que estava sendo ordenado aos israelitas, através de Moisés, não era meramente uma questão de se evitar um culto exterior e formal, mas que se mortificasse todo tipo de idolatria, no mais profundo do coração.
Seria pela comunhão com o Senhor, que poderiam experimentar uma verdadeira abominação pelos falsos deuses.
O homem não amará a santidade se não andar na Luz em comunhão com Deus.
Não abominará o pecado se o Espírito Santo não lhe der um coração puro, que sentirá repulsa por tudo aquilo que provoca a justa ira do Senhor, por ofender a Sua justiça e santidade.
É caminhando no Espírito, que não se tem prazer nas obras da carne.
Tudo irá bem com aquele que caminhar com Deus tendo o governo dEle sobre o seu coração.
O Senhor é sol e escudo para os que nEle confiam. Ele é um castelo forte contra toda investida do mal. Por isso não se pode sequer pensar em vitória sobre o pecado e os poderes das trevas, sem se levar em conta, uma anterior e necessária comunhão com o Senhor, por se andar na Sua Luz (I João 1).    
O mundo moderno está repleto de perigos, para nos afastar da comunhão com Deus. Objetos, imagens, entretenimentos dos mais variados tipos, podem ocupar o lugar que é devido exclusivamente ao Senhor, e assim afastar a Sua santa presença de nossas vidas.
Se antes, era necessário vigiar e orar em todo o tempo, em prol da manutenção da comunhão com Deus, hoje, tal necessidade é mais imperiosa do que nunca.  
Cada um daqueles falsos deuses em formas de esculturas, e de outros objetos associados ao seu culto deveria ser procurado diligentemente pelo povo de Deus, para serem destruídos, e eis aí uma grande ilustração para a Igreja de Cristo, que deve fazer o mesmo tipo de procura de todas aquelas coisas que têm atrapalhado ou impedido a comunhão com o Senhor, para que sejam extirpadas para sempre de suas vidas.
Essa busca deve ser feita no território do nosso próprio coração, o qual era ilustrado pelas abominações da terra de Canaã, que deveria ser purificada pelos israelitas, para poderem habitar nela juntamente com o Senhor.
Deste modo, para que não houvesse o risco de oferecerem sacrifícios, e culto de adoração a demônios, todo serviço religioso deveria ser feito pelos israelitas somente no tabernáculo, que foi o lugar designado por Deus, naquela Antiga Aliança, como o único lugar separado para o serviço religioso.
Isto era uma medida preventiva para que ninguém estabelecesse a sua própria forma de cultuar e adorar a Deus, que poderia se desviar numa forma corrompida associada aos demônios.
Jesus deixou também limites demarcados para a adoração da Igreja. Há ministérios e governos constituídos. Uma disciplina para ser aplicada. Uma ordem e decência a serem observadas.    
A ordenança de Moisés para que os israelitas não imitassem a forma dos cananeus de cultuarem os seus falsos deuses (v. 4), e que nem sequer lhes perguntassem como era o culto destes deuses tinha o alvo de que não se sentissem tentados a enfeitar, a melhorar, segundo o parecer e imaginação deles, a forma de culto e adoração que haviam sido estabelecidos por Deus.  
Os sacrifícios só poderiam ser oferecidos no tabernáculo.
A meditação na Palavra, as orações e louvores que fossem feitos em cada lar, não deveriam ser diante de imagens de escultura, em altares improvisados, ou debaixo de árvores frondosas, que fossem consagradas como lugar místico para adoração, conforme faziam os cananeus.
Nenhum culto seria aceito por Deus, que fosse realizado em conformidade com a fantasia da imaginação de cada um, ao contrário, Ele traria aos seus praticantes os castigos previstos na aliança.
Deus está acima de qualquer falso deus e jamais lhe agradará ser adorado como fazem aqueles que lhes prestam culto. Na verdade eles estão cultuando, sabendo ou não sabendo, a demônios.  
O culto a Deus, no tabernáculo, deveria ser feito pelos israelitas com prazer, com alegria (v. 7, 12) e não como uma obrigação maçante.
O grande privilégio de ser a nação eleita pelo Deus Altíssimo deveria ser reconhecido como um motivo de servi-lo voluntariamente e de coração, alegremente.  
A referência ao animal imundo que poderia ser comido pelos israelitas, constante do verso 15, não é às espécies de animais que eram classificados como imundos na Lei, pois o consumo da carne de tais animais era proibido na Antiga Aliança, mas aos animais que não haviam sido sacrificados no tabernáculo; pois não haveria como sacrificar no tabernáculo, todos os animais, cuja carne seria consumida em todas as tribos de Israel, levando-se principalmente em conta que o tabernáculo seria erigido num lugar previamente designado por Deus, no território de uma das tribos.
Foi feita uma advertência solene para que se cumprisse estritamente tudo o que era exigido pela Lei, e que pelas contingências da peregrinação no deserto, não pudesse ainda estar sendo cumprido (v. 8-10), como por exemplo, a legislação relativa às festas.
À guisa de ilustração, a festa das primícias somente poderia ser cumprida depois que eles entrassem em Canaã e colhessem os primeiros frutos da terra.
Desta forma, o povo de Deus só deve viver numa condição incerta, que pode ser tolerada, enquanto perdurar a necessidade, mas que não deve ser permitida uma vez que esta for superada.
Os casos de necessidade foram suportados enquanto a necessidade prevaleceu, mas a necessidade seria removida assim que eles tivessem conquistado a terra de Canaã.
Enquanto uma casa está sendo construída há muita poeira e sujeira que deverão ser inteiramente removidas assim que a construção for concluída.    
Deste modo, este capítulo 12º de Deuteronômio é encerrado com a exortação de que nada deveria ser acrescentado ou retirado das ordenanças de Deus (v. 32), sob qual pretexto fosse, nada deveria ser alterado daquilo que Deus haja ordenado para que a Sua Palavra não fosse invalidada.
Nada deveria ser alterado para ser tornado mais atraente, mais magnífico, mais praticável ou o que fosse, porque o nosso dever, assim como o dos israelitas é o de cumprir o que Deus nos tem ordenado em sua totalidade, e não o que julguemos ser da nossa conveniência.
Deus criou o homem para que faça a Sua vontade, e, se o homem pensa que faz a vontade de Deus não dando a devida atenção e obediência ao que Ele tem ordenado, certamente prestará contas a Ele, pelo seu procedimento desobediente.
O que importa fazer afinal, não é humanizar o cristianismo, mas cristianizar a humanidade, como afirmou o teólogo Karl Barth.      



“1 São estes os estatutos e os preceitos que tereis cuidado em observar na terra que o Senhor Deus de vossos pais vos deu para a possuirdes por todos os dias que viverdes sobre a terra.
2 Certamente destruireis todos os lugares em que as nações que haveis de subjugar serviram aos seus deuses, sobre as altas montanhas, sobre os outeiros, e debaixo de toda árvore frondosa;
3 e derrubareis os seus altares, quebrareis as suas colunas, queimareis a fogo os seus aserins, abatereis as imagens esculpidas dos seus deuses e apagareis o seu nome daquele lugar.
4 Não fareis assim para com o Senhor vosso Deus;
5 mas recorrereis ao lugar que o Senhor vosso Deus escolher de todas as vossas tribos para ali pôr o seu nome, para sua habitação, e ali vireis.
6 A esse lugar trareis os vossos holocaustos e sacrifícios, e os vossos dízimos e a oferta alçada da vossa mão, e os vossos votos e ofertas voluntárias, e os primogênitos das vossas vacas e ovelhas;
7 e ali comereis perante o Senhor vosso Deus, e vos alegrareis, vós e as vossas casas, em tudo em que puserdes a vossa mão, no que o Senhor vosso Deus vos tiver abençoado.
8 Não fareis conforme tudo o que hoje fazemos aqui, cada qual tudo o que bem lhe parece aos olhos.
9 Porque até agora não entrastes no descanso e na herança que o Senhor vosso Deus vos dá;
10 mas quando passardes o Jordão, e habitardes na terra que o senhor vosso Deus vos faz herdar, ele vos dará repouso de todos os vossos inimigos em redor, e morareis seguros.
11 Então haverá um lugar que o Senhor vosso Deus escolherá para ali fazer habitar o seu nome; a esse lugar trareis tudo o que eu vos ordeno: os vossos holocaustos e sacrifícios, os vossos dízimos, a oferta alçada da vossa mão, e tudo o que de melhor oferecerdes ao Senhor em cumprimento dos votos que fizerdes.
12 E vos alegrareis perante o Senhor vosso Deus, vós, vossos filhos e vossas filhas, vossos servos e vossas servas, bem como o levita que está dentro das vossas portas, pois convosco não tem parte nem herança.
13 Guarda-te de ofereceres os teus holocaustos em qualquer lugar que vires;
14 mas no lugar que o Senhor escolher numa das tuas tribos, ali oferecerás os teus holocaustos, e ali farás tudo o que eu te ordeno.
15 Todavia, conforme todo o teu desejo, poderás degolar, e comer carne dentro das tuas portas, segundo a bênção do Senhor teu Deus que ele te houver dado; tanto o imundo como o limpo comerão dela, como da gazela e do veado;
16 tão-somente não comerás do sangue; sobre a terra o derramarás como água.
17 Dentro das tuas portas não poderás comer o dízimo do teu grão, do teu mosto e do teu azeite, nem os primogênitos das tuas vacas e das tuas ovelhas, nem qualquer das tuas ofertas votivas, nem as tuas ofertas voluntárias, nem a oferta alçada da tua mão;
18 mas os comerás perante o Senhor teu Deus, no lugar que ele escolher, tu, teu filho, tua filha, o teu servo, a tua serva, e bem assim e levita que está dentre das tuas portas; e perante o Senhor teu Deus te alegrarás em tudo em que puseres a mão.
19 Guarda-te, que não desampares o levita por todos os dias que viveres na tua terra.
20 Quando o Senhor teu Deus dilatar os teus termos, como te prometeu, e tu disseres: Comerei carne (porquanto tens desejo de comer carne); conforme todo o teu desejo poderás comê-la.
21 Se estiver longe de ti o lugar que o Senhor teu Deus escolher para ali pôr o seu nome, então degolarás do teu gado e do teu rebanho, que o Senhor te houver dado, como te ordenei; e poderás comer dentro das tuas portas, conforme todo o teu desejo.
22 Como se come a gazela e o veado, assim comerás dessas carnes; o imundo e o limpo igualmente comerão delas.
23 Tão-somente guarda-te de comeres o sangue; pois o sangue é a vida; pelo que não comerás a vida com a carne.
24 Não o comerás; sobre a terra o derramarás como água.
25 Não o comerás, para que te vá bem a ti, a teus filhos depois de ti, quando fizeres o que é reto aos olhos do Senhor.
26 Somente tomarás as coisas santas que tiveres, e as tuas ofertas votivas, e irás ao lugar que o Senhor escolher;
27 oferecerás os teus holocaustos, a carne e o sangue sobre o altar do Senhor teu Deus; e o sangue dos teus sacrifícios se derramará sobre o altar do Senhor teu Deus, porém a carne comerás.
28 Ouve e guarda todas estas palavras que eu te ordeno, para que te vá bem a ti, e a teus filhos depois de ti, para sempre, se fizeres o que é bom e reto aos olhos do Senhor teu Deus.
29 Quando o Senhor teu Deus exterminar de diante de ti as nações aonde estás entrando para as possuir, e as desapossares e habitares na sua terra,
30 guarda-te para que não te enlaces para as seguires, depois que elas forem destruídas diante de ti; e que não perguntes acerca dos seus deuses, dizendo: De que modo serviam estas nações os seus deuses? pois do mesmo modo também farei eu.
31 Não farás assim para com o Senhor teu Deus; porque tudo o que é abominável ao Senhor, e que ele detesta, fizeram elas para com os seus deuses; pois até seus filhos e suas filhas queimam no fogo aos seus deuses.
32 Tudo o que eu te ordeno, observarás; nada lhe acrescentarás nem diminuirás.“ (Dt 12.1-32).
Silvio Dutra Alves
Enviado por Silvio Dutra Alves em 26/03/2014
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