A Generosidade Recompensada – Deuteronômio 15
No 15º capítulo de Deuteronômio são dados mandamentos relativos ao perdão das dívidas a cada sete anos (v. 1-7), no chamado ano sabático, citado em Levítico 25.
Como as dívidas, especialmente dos pobres deveriam ser perdoadas a cada sete anos, são dadas também ordens relativas para que não houvesse nenhuma precaução da parte dos credores, criando obstáculos a um empréstimo caridoso (v. 7-11), especialmente quando estivesse próximo o ano sabático.
A libertação de servos israelitas que tivessem sido comprados por dinheiro, também deveria ser feita a cada sete anos (v. 12-18).
Este ano de liberação tipificava a graça do evangelho, pela qual é proclamado o ano aceitável do Senhor, e pelo qual obtemos o perdão de nossas dívidas, quer dizer, o perdão de nossos pecados, e somos ensinados por Jesus, a perdoar dívidas, assim como também o fomos por Deus.
Esta lei do perdão de dívidas a cada sétimo ano tinha em vista prevenir que qualquer israelita caísse em pobreza extrema, que serviria para repreensão tanto da nação de Israel, quanto da religião deles, cuja reputação lhes cabia preservar.
A liberalidade no perdão foi encorajada pela promessa de Deus, que Ele abençoaria os credores compensando-os em seu aparente prejuízo (v. 4-6, 10); e a atitude de se prevenir de futuros prejuízos, negando-se a emprestar por temor da proximidade do ano sabático, seria considerado por Deus como sendo pecado (v. 9).
Em Pv 22.7 lemos a seguinte verdade:
“O rico domina sobre os pobres; e o que toma emprestado é servo do que empresta.”
Deste modo, havia uma promessa específica da parte de Deus atrelada à obediência a este mandamento de liberar as dívidas dos pobres, em que a nação de Israel, em sendo fiel ao cumprimento do mandamento, viria a ser credora de muitas nações, e consequentemente, dominaria sobre elas.
É uma prática secular entre os israelitas se auxiliarem financeiramente como irmãos, e não é de se estranhar que por séculos tenham sido eles os grandes agentes financeiros do mundo; e podemos ver nisto o cumprimento literal e fiel da promessa que Deus fez a eles quanto ao cumprimento deste mandamento específico da lei.
É afirmado que sempre haveria pobres em Israel para o propósito de os israelitas exercitarem a generosidade, de modo que uma mão fechada indicaria um coração endurecido, que não seria abençoado por Deus. Daí ser ordenado o contrário, que generosamente abrissem a mão ao necessitado.
O empréstimo generoso é encorajado na Lei, porque se não fosse possível confiar no que tomou o empréstimo, sempre seria possível confiar na promessa de compensação de Deus, e mesmo que isto não fosse feito neste mundo, certamente Ele o fará, justo Juiz que é na ressurreição dos justos (Lc 6.34, 35).
Dar e emprestar é uma prova prática de confiança em Deus, e quando se faz isto, por motivo de obediência à Sua vontade, e com alegria no coração, isto nos torna alvo do Seu agrado, porque ama a quem dá com alegria (II Cor 9.7).
Nos versículos 12 a 18 temos uma repetição da lei relativa aos servos, já comentada em Êxodo 21.
Nos versículos 19 a 23 há também uma repetição relativa à lei dos primogênitos do gado dos israelitas, que deveriam ser santificados ao Senhor (v. 19), sendo oferecidos como sacrifício pacífico, cuja carne eles comeriam no tabernáculo, salvo se tivessem algum defeito, caso em que não deveriam ser ofertados diante do Senhor, mas deveriam ser sacrificados nas próprias casas dos israelitas como alimento comum.
Estas são apenas algumas das muitas prescrições civis e cerimoniais da Lei dada a Moisés, que Pedro e Paulo chamaram de jugo pesado e insuportável, que graças a Deus, não figuram como prescrições na Nova Aliança que temos com Jesus Cristo.
Todavia, por meio delas, muito se aprende sobre o caráter santo, justo e criterioso de Deus.
“1 Ao fim de cada sete anos farás remissão.
2 E este é o modo da remissão: todo credor remitirá o que tiver emprestado ao seu próximo; não o exigirá do seu próximo ou do seu irmão, pois a remissão do Senhor é apregoada.
3 Do estrangeiro poderás exigi-lo; mas o que é teu e estiver em poder de teu irmão, a tua mão o remitirá.
4 Contudo não haverá entre ti pobre algum (pois o Senhor certamente te abençoará na terra que o Senhor teu Deus te dá por herança, para a possuíres),
5 contanto que ouças diligentemente a voz do Senhor teu Deus para cuidares em cumprir todo este mandamento que eu hoje te ordeno.
6 Porque o Senhor teu Deus te abençoará, como te prometeu; assim, emprestarás a muitas nações, mas não tomarás empréstimos; e dominarás sobre muitas nações, porém elas não dominarão sobre ti.
7 Quando no meio de ti houver algum pobre, dentre teus irmãos, em qualquer das tuas cidades na terra que o Senhor teu Deus te dá, não endurecerás o teu coração, nem fecharás a mão a teu irmão pobre;
8 antes lhe abrirás a tua mão, e certamente lhe emprestarás o que lhe falta, quanto baste para a sua necessidade.
9 Guarda-te, que não haja pensamento vil no teu coração e venhas a dizer: Vai-se aproximando o sétimo ano, o ano da remissão; e que o teu olho não seja maligno para com teu irmão pobre, e não lhe dês nada; e que ele clame contra ti ao Senhor, e haja em ti pecado.
10 Livremente lhe darás, e não fique pesaroso o teu coração quando lhe deres; pois por esta causa te abençoará o Senhor teu Deus em toda a tua obra, e em tudo no que puseres a mão.
11 Pois nunca deixará de haver pobres na terra; pelo que eu te ordeno, dizendo: Livremente abrirás a mão para o teu irmão, para o teu necessitado, e para o teu pobre na tua terra.
12 Se te for vendido um teu irmão hebreu ou irmã hebreia, seis anos te servirá, mas na sétimo ano o libertarás.
13 E, quando o libertares, não o deixarás ir de mãos vazias;
14 liberalmente o fornecerás do teu rebanho, e da tua eira, e do teu lagar; conforme o Senhor teu Deus tiver abençoado te darás.
15 Pois lembrar-te-ás de que foste servo na terra do Egito, e de que o Senhor teu Deus te resgatou; pelo que eu hoje te ordeno isso.
16 Mas se ele te disser: Não sairei de junto de ti; porquanto te ama a ti e a tua casa, por estar bem contigo;
17 então tomarás uma sovela, e lhe furarás a orelha contra a porta, e ele será teu servo para sempre; e também assim farás à tua serva.
18 Não seja duro aos teus olhos de teres de libertá-lo, pois seis anos te prestou serviço equivalente ao dobro do salário dum mercenário; e o Senhor teu Deus te abençoará em tudo o que fizeres.
19 Todo primogênito que nascer das tuas vacas e das tuas ovelhas santificarás ao Senhor teu Deus; com o primogênito do teu boi não trabalharás, nem tosquiarás o primogênito das tuas ovelhas.
20 Perante o Senhor teu Deus os comerás, tu e a tua casa, de ano em ano, no lugar que o Senhor escolher.
21 Mas se nele houver algum defeito, como se for coxo, ou cego, ou tiver qualquer outra deformidade, não o sacrificarás ao Senhor teu Deus.
22 Nas tuas portas o comerás; o imundo e o limpo igualmente o comerão, como da gazela ou do veado.
23 Somente do seu sangue não comerás; sobre a terra o derramarás como água.“ (Dt 15.1-23).
Silvio Dutra Alves
Enviado por Silvio Dutra Alves em 26/03/2014