Legado Puritano
Quando a Piedade Tinha o Poder
Textos
O Tempo da Longanimidade Está Acabando
O Senhor tem sentimentos gentis e amorosos, e sofre em todo a angústia de Seu povo, mas não é governado por Seus sentimentos, senão pela Sua Palavra, pela Sua justiça e verdade. Ele havia dito a Jeremias no início do Seu ministério quando lhe deu a visão da amendoeira, que Ele vela sobre a Sua Palavra para a cumprir. Então não deixaria de cumpri-la por maiores que fossem as tristezas que sentisse pela ruína de Israel.
Então ele disse a Jeremias que não ouviria nem mesmo a intercessão de Moisés ou de Samuel, que foram poderosos intercessores perante Ele, em favor de Israel. A tal ponto havia chegado a iniquidade dos judeus que nem mesmo a intercessão de Moisés ou de Samuel seria ouvida.
Portanto, isto deveria servir para desencorajar Jeremias a continuar intercedendo em favor deles, porque o Senhor já lhe havia dito que não intercedesse por aquele povo, em razão do estado maligno em que aquela geração se encontrava.
O Senhor disse a Jeremias que a Sua alma não poderia estar com aquele povo, então deveriam ser lançados de diante da Sua face, e saírem, ou seja, Jeremias não deveria estar lhes apresentando diante da face justa do Senhor com suas intercessões.
E quando eles perguntassem a Jeremias porque haviam sido rejeitados pelo Senhor e para onde iriam, a resposta que Deus mandou Jeremias lhes dar foi a seguinte:

“E quando te perguntarem: Para onde iremos? dir-lhes-ás: Assim diz o Senhor: Os que para a morte, para a morte; e os que para a espada, para a espada; e os que para a fome, para a fome; e os que para o cativeiro, para o cativeiro.” (Jer 15.2)

Haveria gradações de juízos, segundo Levítico 26, que aumentariam à medida que o povo não se mostrasse arrependido, tal como não haviam se arrependido na grande seca, e portanto, lhes viria um juízo pior em seguida.
Por isso o Senhor disse a Jeremias que visitaria ainda os judeus com quatro tipos de juízos destruidores: morte pela espada; pelos cães, que nos dias do profeta não eram animais domésticos, mas selvagens; com as aves de rapina, e finalmente com os animais selvagens da terra, que os devorariam (Jer 15.3).  
Assim, antes de irem para o cativeiro, seriam submetidos ainda a tais juízos, porque desde os dias do rei Manassés, filho do rei Ezequias, os pecados de Judá haviam se agravado muito, especialmente porque eles passaram a adotar depois de Manassés, o culto da divindade moabita, Moloque, para o qual era exigido o sacrifício de crianças vivas, que eram queimadas no colo do enorme ídolo de ferro, que representava o referido deus, e que era aceso por dentro como uma grande fornalha.  
Tais eram as abominações de Judá, especialmente em Jerusalém, ao lado do próprio templo do Senhor, que ninguém na terra se entristeceria por eles quando lhes viessem os juízos do Senhor, porque veriam que era justo que aquele povo ímpio estivesse sendo arruinado daquela maneira (Jer 15.5).
Jeremias tinha sentido de perto a dor de coração que é produzida por aqueles que amamos. Ele tinha sido rejeitado pelos seus próprios familiares, pelos seus próprios amigos de Anatote, pelo povo de Judá como um todo. Eles estavam procurando pelo seu mal, a ponto de intentar matá-lo.
Então o Senhor se valeu do que estava sentindo Jeremias para falar dos Seus próprios sentimentos quanto à rejeição que Ele estava sofrendo da parte dos judeus, e por isso, Jeremias poderia agora entender o motivo de estar estendendo a Sua mão para destruí-los, porque estava cansado de suspender os Seus juízos e de abrandar o Seu coração divino para com os erros deles (v. 6).
Como podemos continuar confiando num amigo que sempre tem falhado conosco, e nos decepcionado, especialmente por nos rejeitar pelo que somos, por sermos santos, e quando procuramos somente pelo seu bem? Que tipo de amigo é este?    
E os judeus não haviam emendado os seus caminhos mesmo depois de terem sido visitados pelos terríveis juízos do Senhor, que havia permitido que muitos judeus morressem nas guerras, inclusive jovens casados, cujas mulheres ficaram viúvas.
Ao lamento de Deus Jeremias juntou o seu a partir do verso 10 do cap 15, porque estava sendo amaldiçoado pelos judeus, quando até mesmo vinha buscando o bem dos seus inimigos; sem nunca ter deixado de suplicar ao Senhor pelo bem deles, para que os livrasse no tempo da angústia e da calamidade.
Por isso o Senhor entregaria as riquezas e os tesouros dos judeus aos babilônios, sem que Ele recebesse qualquer pagamento por eles, porque venderia o Seu próprio povo por nada, ou seja, sem nada esperar em troca, e faria com que servissem os seus próprios inimigos numa terra estranha, a saber, na dos inimigos babilônicos, porque o fogo da ira do Senhor havia se acendido contra o Seu povo (Jer 15.14).
Jeremias então orou ao Senhor tanto para pedir-Lhe proteção contra os seus inimigos, como também para derramar a sua queixa perante Ele, porque estava considerando que o Senhor lhe havia iludido quando disse que o livraria dos seus inimigos, porque ele estava se sentindo como alguém cuja ferida e dor eram perpétuas e incuráveis, porque sua alma estava em grande tribulação, e a sua sede de justiça não estava sendo saciada por Deus, porque Ele parecia a ele, Jeremias, como se fosse uma miragem, um rio que não podia matar a sede, porque existia tal livramento somente na sua imaginação (Jer 15.18).
Esta queixa recebeu a justa repreensão da parte do Senhor, porque não lhe havia prometido livrar de dores e tribulações quando o comissionou, mas sim de ser morto pelos seus inimigos, que resistiriam grandemente à sua mensagem.
Então Jeremias foi convocado pelo Senhor a se converter a Ele, deixando tais pensamentos e amargura em sua alma para ser restaurado, e para que pudesse estar diante dEle, e caso separasse o que é precioso do que é vil, seria como a boca do próprio Senhor, e assim faria com que o povo viesse para ouvi-lo, e Jeremias deveria parar de ir até eles, como vinha fazendo até então, na expectativa de que se arrependessem com a sua mensagem, porque os que fossem justos viriam a Jeremias sem que ele necessitasse ir até eles (Jer 15.19).    
Então o Senhor colocaria Jeremias contra o povo rebelde como um forte muro de bronze, de modo que eles continuariam pelejando contra ele, mas não poderiam prevalecer, porque o Senhor seria com ele para livrá-lo e salvá-lo. E também o arrebataria da mão dos iníquos e o livraria da mão dos cruéis (Jer 15.20,21).
Todo este relato do 15º capítulo de Jeremias retrata de forma muito fiel o que está ocorrendo no mundo nestes dias em que temos vivido.
Os terríveis juízos de Deus, que foram despejados contra Israel nos dias do Velho Testamento, de há muito teriam assolado toda a humanidade, como nos dias do dilúvio, não fosse o fato de Jesus ter inaugurado uma nova dispensação, a da graça, em que temos vivido desde a Sua morte e ressurreição.
Contudo, a misericórdia e amor do Senhor têm prevalecido em demonstrações de grande longanimidade, e chamadas ao arrependimento, através do aumento considerável de cataclismos em todo o mundo, que são formas de demonstrar o Seu desagrado em relação à grande impiedade em que a humanidade como um todo tem vivido.
Assim, tem sido dado tempo para aqueles que se arrependerem possam ser livrados da Grande Tribulação que há de vir sobre todo o mundo, e da qual, as perseguições que Israel sofreu nos dias do profeta Jeremias com a ida da nação para o cativeiro em Babilônia, foi uma advertência para algo muito pior e maior que há de acontecer em breve.
Juízos inimagináveis virão da parte do Senhor, quando a iniquidade completar a medida em que já não poderá ser mais suportada pela Sua longanimidade, quando da volta de Jesus com poder e grande glória para julgar o mundo e estabelecer o Seu reino de justiça.    

Silvio Dutra Alves
Enviado por Silvio Dutra Alves em 17/05/2014
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