Amor aos Inimigos – Mateus 5.43-48
“43 Ouvistes que foi dito: Amarás ao teu próximo, e odiarás ao teu inimigo.
44 Eu, porém, vos digo: Amai aos vossos inimigos, e orai pelos que vos perseguem;
45 para que vos torneis filhos do vosso Pai que está nos céus; porque ele faz nascer o seu sol sobre maus e bons, e faz chover sobre justos e injustos.
46 Pois, se amardes aos que vos amam, que recompensa tereis? não fazem os publicanos também o mesmo?
47 E, se saudardes somente os vossos irmãos, que fazeis demais? não fazem os gentios também o mesmo?
48 Sede vós, pois, perfeitos, como é perfeito o vosso Pai celestial.” (Mt 5.43-48)
Nestes versículos 43-48 temos a última das seis ilustrações que nosso Senhor utilizou para explicar seu ensino relativo à lei de Deus para o homem, em contraposição com a interpretação pervertida que os escribas e fariseus haviam feito da mesma.
Não era portanto, nenhum acerto na lei que Jesus estava fazendo nestas passagens, mas dando a correta interpretação da lei, contra o ensino errôneo que vinha sendo ministrado aos judeus.
De igual modo, há tal necessidade ainda em nossos dias na Igreja, porque há muitos que não interpretam a Palavra de Deus corretamente, apesar de alegarem serem os autênticos guardiões da Palavra, tal como os escribas e fariseus se tinham em tal conta.
É importante pois, à luz do que temos aprendido que não devemos ser crédulos, isto é, não darmos crédito simplesmente ao que nos é ensinado relativamente à Bíblia, pela mera alegação de que devemos nos submeter à autoridade daqueles que nos ensinam.
Se o ensino for correto amém. Mas, caso contrário, devemos nos submeter à verdade revelada, e não à suposta verdade, que é resultante de uma interpretação incorreta da mesma.
Por exemplo, nosso Senhor utilizou para explicar seu ensino relativo à lei de Deus para o homem, em contraposição com a interpretação pervertida dos escribas e fariseus que se deveria amar o próximo e odiar os inimigos.
Imediatamente alguém pergunta: onde encontraram isto no Antigo Testamento?
Há nele alguma afirmação que diga isto?
A resposta é, desde pronto: Não.
Porém, era isto que ensinavam os escribas e fariseus e o interpretavam assim.
Diziam que o próximo era somente um israelita; ensinavam pois os judeus a amarem os judeus, porém lhes diziam também que os demais teriam que considerá-los não somente como estranhos senão como inimigos.
De fato chegaram inclusive a indicar que era quase um direito, um dever, odiar aos estrangeiros.
Sabemos pela história do ódio e ressentimento que dividia o mundo antigo.
Os judeus consideravam a todos os demais como cães e muitos gentios depreciavam os judeus.
Havia esse horrível muro de separação que dividia o mundo e que produzia com isso uma intensa animosidade.
Disto os cristãos devem aprender que não estão honrando a Deus quando desprezam aqueles que não são cristãos.
Deus não faz acepção de pessoas e lhes ordena que amem a seu próximo como a si mesmos.
Não importa o quanto sejam perseguidos ou desprezados.
Devem amar seus inimigos, conforme Jesus nos ensinou.
Este amor aos inimigos não significa contudo em estar em acordo com eles e concordar com tudo o que fazem.
Ao contrário, nós vemos o próprio Senhor advertindo seriamente os escribas e fariseus.
Não se deve negociar a paz com a venda da verdade.
Dizer a verdade. Repreender o errado. São formas de se expressar amor pelo próximo, porque com isto estamos zelando pelo destino eterno de sua alma.
A pregação densa e forte do evangelho, chamando as pessoas ao arrependimento, tal como havia feito por exemplo, João, o Batista, em relação aos escribas e fariseus era uma grande prova de amor, e não o contrário, porque todo aquele que lhe desse ouvido e se arrependesse, seria livrado da condenação eterna.
O cristão pode ser amaldiçoado por seus inimigos, mas é seu dever se esforçar para que eles cheguem a alcançar a bênção da salvação em Jesus Cristo, que deve ser oferecida a todos sem exceção.
Nosso padrão de tratamento das pessoas deve ser o mesmo com o qual são tratadas por Deus.
Ele é completamente longânimo e não busca fazer mal a ninguém por causa das ofensas que recebe dos pecadores.
Ele é perfeito em misericórdia e somos chamados a seguir o Seu exemplo.
Assim, a forma de tratar as demais pessoas nunca deve depender do que são, ou do que nos tenham feito.
É importante observar de modo prático, que Deus abençoa os ímpios lhes dando chuvas, o calor do sol, colheitas, saúde e tantos outros bens que não podemos enumerar, provando assim a Sua completa bondade.
Por outro lado, não deixa o homem, por causa da condenação eterna que lhe aguarda por causa do pecado, sem as aflições que lhe acompanham neste mundo, tanto internas, quanto externas, que provam que realmente, apesar de toda a bondade de Deus, e de ter criado tudo muito bom, como afirmou no princípio da criação, no entanto, esta se corrompeu por causa do pecado, e necessita da redenção e restauração que são operadas somente por nosso Senhor Jesus Cristo.
Então, este inferno que pode ser sentido na alma, por causa do pecado, que se traduz em desarmonia em relacionamentos, em depressões e tantas outras enfermidades da alma, são indicações misericordiosas da parte de Deus para nos alertar que há um inferno eterno aguardando por todo aquele que não se arrepender de seus pecados e se voltar para Ele.
Então, quando se vive na paz e no amor que há em Cristo Jesus, se comprova também, por outro lado, que há também um céu de bênção e glória eternas, que são acessados por meio da comunhão com Jesus, e que aguarda por todos aqueles que lhe amam verdadeiramente.
Deus sabe, que naturalmente, todos são seus inimigos, em razão de a natureza terrena humana ter sido corrompida pelo pecado.
Por isso, ninguém o amará e todos os seus mandamentos, fazendo renúncias, e praticando-os com prazer, se não for capacitado antes, pela própria graça que lhe for concedida por Deus.
Porque há esta indisposição natural inerente à condição do ser humano.
Daí a Bíblia afirmar que o estado do homem é de inimizade contra Deus e contra a Sua Lei.
Então se Deus ama os homens, é porque ama inimigos.
E assim como Deus os ama, também serão amados por todos os que se converterem a Ele, porque viverão este amor em razão de terem a habitação do Espírito Santo, que os move e habilita a isto.
Foi por amar o homem perdido no pecado que Deus enviou seu Filho unigênito ao mundo para salvá-lo.
Este amor aos inimigos nada tem a ver com sentimentalismo.
Há uma grande dose de sentimentalismo em relação a isto.
Há quem diz que tem que fazê-lo para que todos se tornem nossos amigos.
Não, nossa ação amorosa não tem como objetivo fazer com que todos se tornem nossos amigos.
Como pois, podemos manifestar o amor de Deus nos contatos com outras pessoas?
Do modo ordenado pelo Senhor: “Bendizei aos que vos maldizem. Orai pelos que vos perseguem.”
Isto pode ser dito com outras palavras da seguinte forma: “Respondam com palavras amáveis aos que lhes dirigem palavras ofensivas”.
“Façam o bem aos que vos odeiam”, quer dizer atos de benevolência em vez de atos malévolos.
Quando alguém se tem mostrado realmente malévolo e cruel para conosco, não devemos responder com a mesma moeda.
Devemos orar pelas pessoas que nos perseguem.
Devemos entender a diferença entre amar e agradar. Cristo disse: “Amai os vossos inimigos” e não que “Agradem seus inimigos”, Agradar é algo muito mais natural que amar.
Não somos chamados a agradar a todo mundo. Não é possível. Porém nos é ordenado amar.
O amor é mais que sentimento. O amor no Novo Testamento é muito prático, porque este é o amor de Deus, que guardemos os seus mandamentos. O amor é ativo.
E consiste em buscar sempre o bem para o nosso próximo, e jamais o que for relativo ao mal.
Silvio Dutra Alves
Enviado por Silvio Dutra Alves em 18/05/2014