Legado Puritano
Quando a Piedade Tinha o Poder
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A segunda epístola de Paulo aos Tessalonicenses foi escrita no período final da sua 2a viagem missionária, em torno de 51/52 d. C., quando se encontrava em Corinto.
Ele havia fugido para Corinto por causa de perseguição que havia sofrido dos judeus em Tessalônica e Bereia, cidades da Macedônia, que ficam ao Norte da Grécia; tendo deixado Timóteo e Silas (Silvano) cuidando do trabalho em Tessalônica, e lhes pediu que fossem ter com ele posteriormente em Corinto.
A vinda de ambos para estar com Paulo trazendo notícias da Igreja de Tessalônica (I Tes 3.6)   deu ocasião à escrita da primeira epístola aos Tessalonicenses.
As dúvidas que ainda permaneciam quanto à segunda vinda do Senhor, e da notícia de que alguns estavam procedendo desordenadamente na Igreja, não querendo trabalhar; foi um dos principais motivos que levaram Paulo a lhes escrever esta segunda epístola.
Paulo citou tanto o nome de Timóteo, quanto o de Silvano na saudação inicial (v. 1), como havia feito também na primeira epístola aos Tessalonicenses, porque ambos tinham estado com ele na fundação daquela Igreja e davam assistência ao trabalho como cooperadores do apóstolo. 
Como de costume em todas as suas epístolas ele saudou os tessalonicenses com a graça e paz de Deus Pai e de Jesus Cristo (v. 2); tendo também manifestado a sua gratidão a Deus pela vida dos tessalonicenses; dizendo que era um dever dar graças por eles porque isto era justo, uma vez que a fé deles crescia muito assim como o amor mútuo transbordava de uns para com os outros (v. 3).
A Igreja de Tessalônica estava sofrendo perseguição especialmente dos próprios concidadãos (I Tes 2.14), e havia demonstrado constância e fé nas perseguições e aflições que estavam suportando por amor ao evangelho, de maneira que o próprio apóstolo Paulo se gloriava deles junto às demais Igrejas (v. 4). 
Como eles estavam sofrendo por causa do evangelho, então estavam dando uma prova clara de que há um justo juízo de Deus, que começa a julgar pela Sua própria casa, isto é, os Seus próprios filhos, permitindo que sejam afligidos neste mundo, para que não sejam condenados no porvir juntamente com os ímpios (I Cor 11.31,32).
Paulo podia falar de um justo juízo de Deus, que seria manifestado aos tessalonicenses, porque havia dito anteriormente no verso 4 que eles estavam sendo constantes na fé em todas as perseguições e aflições que estavam suportando; isto é, eles estavam firmes na fé no Senhor Jesus, em seus sofrimentos, debaixo das perseguições injustas que estavam padecendo.
Entretanto, estas aflições não são para serem consideradas como se algo estranho estivesse acontecendo, conforme disse o apóstolo Pedro em relação ao fogo das tribulações que sofremos neste mundo por causa do nosso bom testemunho de Cristo, como se vê em (I Pe 4.12-14). 
 É preciso ser coparticipantes dos sofrimentos de Cristo, em favor do evangelho, para que sejamos achados dignos do reino de Deus (v. 5).
Os cristãos devem estar atentos ao  princípio espiritual relativo ao juízo de Deus, porque não podem considerar o modo pelo qual Deus trata com eles, assim como Ele age em relação aos que são do mundo.
Deus não corrige e disciplina os ímpios, senão somente os que lhe amam e lhe estão sujeitos; então os cristãos devem se examinar constantemente, para que não sejam visitados pelas correções de Deus.
Veja por exemplo o caso da Igreja de Corinto onde muitos estavam fracos, doentes e morrendo por causa de estarem padecendo debaixo da potente mão do Senhor, em razão do modo desordenado como andavam na Sua presença (I Cor 11.30). 
Daí aprendemos que é importante nos humilharmos debaixo da potente mão do Senhor, quando ela está nos corrigindo, emendando o nosso modo de caminhar desordenado, de maneira que o Senhor nos exalte em tempo oportuno, isto é, que nos dê alivio de Suas correções, que visam ao nosso aperfeiçoamento espiritual. 
Evidentemente, nem toda enfermidade e aflição é fruto de correções de Deus, e muitas delas têm a finalidade de nos manter dependentes dEle e da Sua graça.
Todavia, há muita diferença entre sofrer por motivo de correção por andarmos desordenadamente, e em sofrer por causa de um bom testemunho por causa do evangelho.
Mas, em se tratando de cristãos, tanto num caso, quanto noutro, o nome do Senhor será glorificado, e a Sua santidade vindicada através dos justos juízos que Ele aplica ao nosso viver.  
Quando a fé é provada nas tribulações e é aprovada, ela aumenta, tal como estava ocorrendo com os tessalonicenses.
Quando nos humilhamos nas correções de Deus e suportamos as aflições com paciência; e quando fazemos o mesmo quando somos perseguidos por causa do nosso bom testemunho, tanto num, quanto noutro caso, a fé ganhará porque será purificada e aumentará, de modo que tudo coopera juntamente para o bem dos que amam a Deus, porque a Sua poderosa mão está trabalhando para o nosso aperfeiçoamento.
Por isso o Senhor se agrada que os cristãos suportem com paciência as injustiças que eles sofrem neste mundo.
Não que Deus aprove ou se agrade da injustiça, mas que Seus filhos respondam com paciência, humildade e submissão à Sua vontade, às aflições que eles sofrem injustamente, por causa do evangelho como se vê em (I Pe 2.19-21). 
  As correções de Deus e os sofrimentos que os cristãos sofrem neste mundo lhes prepara para uma glória futura que lhes está prometida e já garantida pelo fato de pertencerem a Cristo.
A vida que eles terão no porvir é completamente sem defeito e mancha, porque serão perfeitamente santos e irrepreensíveis, e é por isso que são submetidos à purificação que Deus opera neles através do processo de santificação do Espírito.
Quanto de humildade, de amor, compaixão, misericórdia e tantas outras coisas se aprende das coisas que sofremos?
Deus não é injusto, portanto, ao permitir que os Seus filhos padeçam neste mundo, porque as aflições deles sempre deixarão este resíduo de serem melhorados como pessoas e lhes habilitará a buscarem mais ao Senhor e a confiarem somente nELe.
Quanto não se aprende sobre orar e clamar nos vales de aflição?
Quanto quebrantamento de coração é produzido pelas tribulações?
Quanta fortaleza da graça se recebe com os espinhos em nossa carne que nos protegem de sermos dominados pelo orgulho?
Assim, os filhos de Deus nunca estarão fora do controle do Seu justo juízo em relação a eles, porque nada lhes sucederá que não esteja debaixo da justa avaliação do Senhor das coisas que eles podem suportar ou não; e juntamente com as aflições Ele também lhes proverá o escape (I Cor 10.13).
Embora sofram, Deus os livrará de toda forma de sofrimento no futuro e lhes recompensará abundantemente por todas as dificuldades que eles experimentam agora, com paciência e perseverança na fé. 
Os sofrimentos dos cristãos são portanto também uma forma de chamada de Deus para os ímpios refletirem quanto às coisas que lhes aguardam no dia do Seu  Grande Juízo, quando Ele dará a devida paga aos transgressores da Sua vontade, e que se recusaram a se converterem dos seus  maus caminhos através da fé no evangelho  (v. 6 a 10).  
Por isso Paulo disse mais uma vez aos tessalonicenses que sempre orava por eles, para que Deus lhes fizesse dignos da sua vocação (chamada) cumprindo neles todo desejo da sua bondade em relação aos Seus filhos, e toda obra de fé, de maneira que o nome de Jesus fosse glorificado neles, e os tessalonicenses em Cristo, pelo poder operante da graça do Senhor em suas vidas (v. 11, 12). 
Ele iria explicar alguns fatos relacionados à segunda vinda do Senhor, logo a seguir, como veremos no comentário relativo ao segundo capítulo, mas desejava antes, fixar em suas mentes e corações, que esta segunda vinda deve ser objeto da vigilância e oração da Igreja, porque tem muito a ver com o trabalho que Deus está realizando nos cristãos no presente, para apresentá-los santos e irrepreensíveis a Cristo naquele dia; de maneira que tudo o que sofremos agora por amor a Cristo e ao evangelho, tem a ver com esta nossa  chamada por Deus, para sermos completamente santos perante Ele; uma vez que é por meio das provações que somos aperfeiçoados na perseverança e na nossa maturidade espiritual.
Silvio Dutra Alves
Enviado por Silvio Dutra Alves em 21/05/2014
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